domingo, 28 de fevereiro de 2010

SEMANA - ESTUDO DO EVANGELHO - CAPÍTULO 11 ÍTENS 5 à 7 - MARIA J. CAMPOS



FONTE BÁSICA

KARDEC, Allan. O Evangelho Segundo o Espiritismo.

AMAR O PRÓXIMO COMO A SI MESMO

Daí a César o que é de César

1. Qual era a verdadeira intenção dos fariseus, ao formularem a Jesus a questão do pagamento dos tributos ?
Eles não queriam, propriamente, conhecer a opinião de Jesus a respeito do pagamento dos tributos. Por trás desta atitude escondiam sua verdadeira intenção: fazer com que Jesus se traísse com as próprias palavras e, assim, tivesse contra ele a autoridade romana.

Também nos buscam, às vezes, esses falsos interessados na verdade. Vigiemos, portanto, para que nossas palavras não sejam usadas contra nós próprios.

2. A resposta de Jesus foi direcionada somente para a questão do pagamento dos tributos?
Não. Como em outras circunstâncias, Jesus aproveitou o momento para não só desmascarar as intenções maliciosas daqueles que formularam a questão, como também transmitir o ensinamento de cunho moral.

A superioridade moral de Jesus permitia-lhe perceber o que se passava no íntimo das pessoas.

3. Qual o verdadeiro sentido da sentença: “Daí a César o que é de César e a Deus o que é de Deus”?
Que o homem deve atender às obrigações decorrentes da vida material, respeitando as leis vigentes e honrando os compromissos assumidos, sem descuidar de cumprir a lei de Deus, através do cultivo dos valores espirituais que o conduzem à perfeição.

Daí a César o que é de César significa atender as obrigações que assumimos junto à sociedade da qual fazemos parte: sermos pais dedicados, bons irmãos, cidadãos responsáveis. Dar a Deus o que é de Deus equivale a cumprir os preceitos divinos do amor e da caridade, indispensáveis ao nosso progresso moral e espiritual.

4. Que lição ensinou Jesus, nessa passagem?
Jesus ensinou o principio de justiça e equilíbrio que deve reger o comportamento do verdadeiro cristão diante da vida, esclarecendo que é necessário atender às exigências passageiras, de ordem material, sem esquecer as obrigações para com a elevação do espírito.

Jesus nos deu uma lição de justiça, ao dizer “(...) a cada um o que lhe é devido”. Não se pode chegar a Deus senão cumprindo as obrigações para com nosso próximo.

5. Como colocar em prática esse ensinamento de Jesus, “ Daí a César o que é de César”?
Cumprindo todos os deveres contraídos para com a família, a autoridade, as instituições e a sociedade e observando o principio da fraternidade, segundo o qual “devemos proceder para com os outros como queiramos que os outros procedam para conosco”.

“Respeito aos direitos de cada um, como cada um deseja que se respeitem os seus.”
“É condenável todo prejuízo material que se possa causar a outrem”.


6. E o ensinamento “Dar a Deus o que é de Deus”, como exercitá-lo em nosso dia-a-dia?
Observando os preceitos divinos de amor e caridade, que nos levam à reforma íntima e nos conduzem ao aprimoramento espiritual.

Para que cumpramos a Lei de Deus, é necessário amar o próximo e praticar a caridade. Para que nos elevemos espiritualmente, necessitamos viver em sociedade, ao lado do nosso próximo.

Conclusão:
Para cumprir o preceito ensinado por Jesus, “Daí a César o que é de César e a Deus o que é de Deus”, devemos não só respeitar as leis humanas cumprindo nossas obrigações com a família, as instituições e a sociedade, como observar os preceitos divinos de amor e caridade, que nos possibilitam o progresso moral e espiritual.

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

ESTUDO DO LIVRO NOSSO LAR - CAPÍTULO 30 - JULIANA SOLARE



HERANÇA E EUTANÁSIA

Ainda não voltara a mim da profunda surpresa, quando Salústio se aproximou, informando a Narcisa:
- Nossa irmã Paulina deseja ver o pai enfermo, no Pavilhão 5. Antes de atender, julguei razoável consultá-la, porque o doente continua em crise muito aguda.
Mostrando gestos de bondade que lhe eram característicos, Narcisa acentuou:
Mande-a entrar sem demora. Ela tem permissão da Ministra, visto estar consagrando o tempo disponível em tarefa de reconciliação dos familiares.
Enquanto o mensageiro se despedia, apressado, a enfermeira bondosa acrescentava, dirigindo-se a mim:
Você verá que filha dedicada!
Não decorrera um minuto e Paulina estava diante de nós, esbelta e linda. Trajava uma túnica muito leve, tecida em seda luminosa. Angelical beleza caracterizava-lhe os traços fisionômicos, mas os olhos denunciavam extrema preocupação. Narcisa apresentou-a delicadamente e, sentindo talvez que poderia confiar na minha presença, perguntou, algo inquieta:
E papai, minha amiga?
Um pouco melhor - esclareceu a enfermeira, no entanto, ainda acusa desequilíbrios fortes.
É lamentável - retrucou a jovem, nem ele, nem os outros cedem no estado mental a que se recolheram. Sempre o mesmo ódio e a mesma displicência.
Narcisa nos convidou a acompanhá-la,e, minutos após, tinha diante de mim um velho de fisionomia desagradável. Olhar duro, cabeleira desgrenhada, rugas profundas, lábios retraídos, inspirava mais piedade que simpatia. Procurei, contudo, vencer as vibrações inferiores que me dominaram, a fim de observar, acima do sofredor, o irmão espiritual.
Desapareceu a impressão de repugnância, aclarando-se-me os raciocínios.
Apliquei a lição a mim mesmo. Como teria chegado, por minha vez, ao Ministério do Auxílio? Deveria ser horrível meu semblante de desesperado.
Quando examinamos a desventura de alguém, lembrando as próprias deficiências, há sempre asilo para o amor fraterno, no coração.
O velho enfermo não teve uma palavra de ternura para a filha que o saudou carinhosa. Através do olhar, que evidenciava aspereza e revolta, semelhava-se a uma fera humana enjaulada.
Papai, o senhor sente-se melhor? - perguntou com extremo carinho filial.
Ai!... Ai!... - gritou o doente em voz estentórica - não posso esquecer o infame, não posso descansar o pensamento... Ainda o vejo a meu lado, ministrando-me o veneno mortal!.
Não diga isso, papai - pediu a moça delicadamente, lembre-se de que Edelberto entrou em nossa casa como filho, enviado por Deus.
Meu filho?! - gritou o infeliz - nunca! nunca!... É criminoso sem perdão, filho do inferno!...
Paulina falava, agora, com os olhos rasos dágua.
Ouçamos, papai, a lição de Jesus, que recomenda nos amemos uns aos outros. Atravessamos experiências consangüíneas, na Terra, para adquirir o verdadeiro amor espiritual. Aliás, é indispensável reconhecer que só existe um Pai realmente eterno, que é Deus; mas o Senhor da Vida nos permite a paternidade ou a maternidade no mundo, a fim de aprendermos a fraternidade sem mácula. Nossos lares terrestres são cadinhos de purificação dos sentimentos ou templos de união sublime, a caminho da solidariedade universal. Muito lutamos e padecemos, até adquirir o verdadeiro título de irmão. Somos todos uma só família, na Criação, sob a bênção providencial de um Pai único.
Ouvindo-lhe a voz muito meiga, o doente se pôs a chorar convulsivamente.
Perdoe Edelberto, papai! Procure sentir nele, não o filho leviano, mas o irmão necessitado de esclarecimento. Estive em nossa casa, ainda hoje, lá observando extremas perturbações. Daqui, deste leito, o senhor envolve todos os nossos em fluidos de amargura e incompreensão, e eles lhe fazem o mesmo por idêntico modo. O pensamento, em vibrações sutis, alcança o alvo, por mais distante que esteja. A permuta de ódio e desentendimento causa ruína e sofrimento nas almas. Mamãe recolheu-se, faz alguns dias, ao hospício, ralada de angústia. Amália e Cacilda entraram em luta judicial com Edelberto e Agenor, em virtude dos grandes patrimônios materiais que o senhor ajuntou nas esferas da carne. Um quadro terrível, cujas sombras poderiam diminuir, se sua mente vigorosa não estivesse mergulhada em propósitos de vingança. Aqui, vemo-lo em estado grave; na Terra, mamãe louca e os filhos perturbados, odiando-se entre si. Em meio de tantas mentes desequilibradas, uma fortuna de um milhão e quinhentos mil cruzeiros. E que vale isso, se não há um átomo de felicidade para ninguém?
Mas eu leguei enorme patrimônio à família - atalhou o infeliz, rancorosamente -, desejando o bem-estar de todos.
Paulina não o deixou terminar, retomando a palavra:
- Nem sempre sabemos interpretar o que seja benefício, no capítulo da riqueza transitória. Se o senhor assegurasse o futuro dos nossos, garantindo-lhes a tranqüilidade moral e o trabalho honesto, seu esforço seria de valiosa previdência; mas, às vezes, papai, costumamos amealhar o dinheiro por espírito de vaidade e ambição. Querendo viver acima dos outros, não nos lembramos disso, senão nas expressões externas da vida.
São raros os que se preocupam em ajuntar conhecimentos nobres, qualidades de tolerância, luzes de humildade, bênçãos de compreensão.
Impomos a outrem os nossos caprichos, afastamo-nos dos serviços do Pai, esquecemos a lapidação do nosso espírito. Ninguém nasce no planeta simplesmente para acumular moedas nos cofres ou valores nos bancos. É natural que a vida humana peça o concurso da previdência, e é justo que não prescinda da contribuição de mordomos fiéis, que saibam administrar com sabedoria; mas ninguém será mordomo do Pai com avareza e propósitos de dominação. Tal gênero de vida arruinou nossa casa. Debalde, noutro tempo, busquei levar socorro espiritual ao ambiente doméstico.
Enquanto o senhor e mamãe se sacrificavam por aumentar haveres, Amália e Cacilda esqueceram o serviço útil e, como preguiçosas da banalidade social, encontraram ociosos que as desposaram, visando a vantagens financeiras. Agenor repudiou o estudo sério, entregando-se a más companhias. Edelberto conquistou o título de médico, alheando-se por completo da Medicina e exercendo-a tão-somente de longe em longe à maneira do trabalhador que visita o serviço por curiosidade. Todos arruinaram belas possibilidades espirituais, distraídos pelo dinheiro fácil e apegados à idéia de herança.
O enfermo tomou uma expressão de pavor e acrescentou:
- Maldito Edelberto! Filho criminoso e ingrato! Matou-me sem piedade, quando ainda necessitava regularizar minhas disposições testamentárias!
Malvado!... Malvado!...
- Cale-se, papai! Tenha compaixão de seu filho, perdoe e esqueça!...
O velho, porém, continuou a praguejar em voz alta. A jovem preparavase para discutir, mas Narcisa endereçou-lhe significativo olhar, chamando Salústio para socorrer o doente em crise. Calou-se Paulina, acariciando a fronte paterna e contendo, a custo, as lágrimas. Daí a instante, retirava-me em companhia de ambas, sob forte impressão.
As duas amigas trocaram confidências, ainda por alguns minutos, despedindo-se Paulina a evidenciar muita generosidade nas frases gentis, mas muita tristeza no olhar afogado em justa preocupação.
Voltando à intimidade, Narcisa disse, bondosa:
- Os casos de herança, em regra, são extremamente complicados.
Com raras exceções, acarretam enorme peso a legadores e legatários. Neste caso, porém, vemos não só isso, mas também a eutanásia. A ambição do dinheiro criou, em toda a família de Paulina, esquisitices e desavenças. Pais avarentos possuem filhos esbanjadores. Fui a casa de nossa amiga, quando o irmão, o Edelberto, médico de aparência distinta, empregou, no genitor quase moribundo, a chamada "morte suave". Esforçamo-nos por o evitar, mas foi tudo em vão. O pobre rapaz desejava, de fato, apressar o desenlace, por questões de ordem financeira, e aí temos agora a imprevidência e o resultado - o ódio e a moléstia.
E com expressivo gesto, Narcisa rematou:
- Deus criou seres e céus, mas nós costumamos transformar-nos em espíritos diabólicos, criando nossos infernos individuais.

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

ESTUDO DO LIVRO NO MUNDO MAIOR - CAPÍTULO 17 - JULIANA SOLARE



NO LIMIAR DAS CAVERNAS

Reunidos agora, Calderaro e eu, à comissão de trabalho socorrista que operaria nas cavernas de sofrimento, fui surpreendido pela expressão da Irmã Cipriana, que chefiava as atividades dessa natureza.
Constituía-se a turma de reduzido número de companheiros: sete ao todo.
Avistando-me ao lado do Assistente, perguntou Cipriana com singeleza, feitas as saudações usuais:
— Pretende o irmão André seguir em nossa companhia?
O abnegado amigo respondeu que o próprio Instrutor Eusébio lembrara a conveniência de minha visita aos abismos purgatoriais; esclareceu que eu me achava interessado em obter informes da vida nas esferas inferiores, para os relatar aos companheiros encarnados, auxiliando-os na preparação necessária à ciência de bem viver.
A diretora ouviu, bondosa, e objetou:
— Sim, a sugestão de Eusébio é valiosa, em se tratando de observações preliminares no Baixo Umbral. Como responsável, porém, pelos serviços diretos da expedição, não posso admiti-lo, por enquanto, em todas as particularidades.
Fixou em mim o olhar lúcido e meigo, como a lastimar a impossibilidade, e acrescentou:
— Nosso estimado André não tem o curso de assistência aos sofredores nas sombras espessas.
Afagou-me de leve, com a destra carinhosa, e acrescentou:
— Se nos é indispensável obter difíceis realizações preparatórias, a fim de colhermos o benefício das Grandes Luzes, é nos imprescindível a iniciação, para ministrarmos esse mesmo benefício nas grandes trevas.
Ante o meu indisfarçável desapontamento, a veneranda benfeitora continuou:
— No entanto, convenhamos que o nosso irmão não se encontra, junto de nós, sem problemas substanciais a resolver. Cada situação a que somos conduzidos é portadora de ocultos ensinamentos para nosso bem. Os desígnios superiores jamais nos propõem questões de que não necessitemos, na arena das circunstâncias. Se Eusébio foi levado a sugerir esta oportunidade, é que André Luiz tem nestes sítios urgente serviço a prestar. Considerando, porém, as responsabilidades que me cabem, não posso autorizar que nos siga em todos os passos; contudo, convido o Irmão Calderaro a permanecer, em companhia do prestimoso aprendiz, no limiar das cavernas, sem descerem conosco; mesmo aí, estudioso que é, ele encontrará inesgotável material de observação, sem necessidade de enfrentar situações embaraçosas, para as quais ainda não se aprestou convenientemente.
Em face da solução apresentada, alegria geral voltou a confortar-nos. Agradeci, contente. Calderaro também se manifestou reconhecido. E, no júbilo dos trabalhadores que se regozijam com o ensejo de incessantemente aprender para o bem, seguimos na direção de zona medonhamente sombria.
Ah! já divisara tremendos precipícios, onde entidades culposas se interpelavam umas às outras em deploráveis atitudes; vira chover faíscas chamejantes do firmamento sobre os vales da revolta; descobrira inúmeras entidades senhoreadas por estranhas alucinações em câmaras retificadoras; mas ali...
Estaríamos acaso alcançando a “selva escura”, a que se referira Alighieri, no poema imortal?
Laceravam-me o coração as vozes lamentosas dispersas a se evolarem para o céu de fumo! Não, não eram lamentações apenas; à proporção que nos adiantávamos, descendo, modificava-se a gritaria; ouvíamos também gargalhadas, imprecações.
Estacamos em enorme planície pantanosa, onde numerosos grupos de entidades humanas desencarnadas se perdiam de vista, em assombrosa desordem, à maneira de milhares de loucos, separados uns dos outros, ou aos magotes, segundo a espécie de desequilíbrio que lhes era peculiar.
Não me era possível calcular a extensão da várzea imensa, e ainda que houvesse marcos topográficos, para tal apreciação, o nevoeiro era demasiado denso para que se pudessem computar distâncias.
Percorremos alguns quilômetros em plano horizontal, e, quando o terreno se inclinou, de novo, abrindo outras perspectivas abismais, Irmã Cipriana e os colegas prazenteiramente se despediram de nós, deixando-nos, ao Assistente e a mim, com o aviso de que voltariam a buscar-nos dentro de seis horas.
Abraçando-me, a diretora disse, gentil:
Desejo-te, meu amigo, feliz êxito nos estudos. Certo, ao voltarmos, receberemos tuas confortadoras impressões.
Sorri, encantado, a tão generosa demonstração de apreço.
Logo após, Calderaro e eu nos achamos a sós na atra vastidão povoada de habitantes estranhos.
As conversações em torno eram inúmeras e complexas. Pareceu-me que aquele povo desencarnado não se dava conta da própria situação, pelo que me foi possível ajuizar de início.
Enquanto densas turbas de almas torturadas se debatiam em substância viscosa, no solo, onde andávamos, assembléias de Espíritos dementes enxameavam não longe, em intermináveis contendas por interesses mesquinhos.
A paisagem era francamente impressionante pelos característicos infernais que nos circundavam. Notando a displicência de muitos daqueles irmãos infelizes, não sopitei as lucubrações que me surgiam.
Os grupos de infortunados agiam, ali, desconhecendo os padecimentos uns dos outros. Certos grupos volitavam a pequena altura, como bandos de corvos negrejantes, mais escuros que a própria sombra a envolver-nos, ao passo que vastos cardumes de desventurados jaziam chumbados ao solo, quais aves desditosas, de asas partidas. Como explicar tudo isso?
Iniciei meu interrogatório, dirigindo-me ao instrutor:
Será que estes míseros precitos nos vêem?
Alguns sim, mas não nos ligam maior importância: estão muito preocupados consigo mesmos; abrigaram no coração sentimentos rasteiros, e tardarão em se libertarem deles.
Toda esta gente permanece, porém, desamparada, entregue a si mesma?
Não, respondeu Calderaro, paciente; funcionam, por aqui, inúmeros postos de socorro e variadas escolas, em que muita gente pratica a abnegação. Os padecentes e as personalidades torturadas são atendidas, de acordo com as possibilidades de aproveitamento que demonstram.
Estampou complacente expressão no rosto e considerou:
As regiões inferiores jamais estarão sem enfermeiros e sem mestres, porque uma das maiores alegrias dos céus é a de esvaziar os infernos.
Vendo bandos de seres a se locomoverem no ar, quase a nos rentear, recordei que em nossa colônia as faculdades de volitação não eram comumente exercidas para não melindrarmos aqueles que as não possuíam desenvolvidas; mas... e ali? Criaturas de baixas condições se moviam nos ares, embora a poucos metros do solo.
Calderaro, porém, explicou:
Não te surpreendas. A volitação depende, fundamentalmente, da força mental armazenada pela inteligência; importa, contudo, considerar que os vôos altíssimos da alma só se fazem possíveis quando à intelectualidade elevada se alia o amor sublime. Há Espíritos perversos com vigorosa capacidade volitiva, apesar de circunscritos a baixas incursões. São donos de imenso poder de raciocínio e manejam certas forças da Natureza, mas sem característicos de sublimação no sentimento, o que lhes impede grandes ascensões. No que se refere, entretanto, às entidades admitidas à nossa colônia espiritual, ainda em grande número incapacitadas de usar tal vantagem, o fenômeno é natural. É mais fácil recolher criaturas de maiores cabedais de amor com reduzida inteligência, e convivermos com elas, no processo evolucionário comum, do que abrigarmos pessoas sumamente intelectuais sem amor aos semelhantes; com estas últimas, a vida em comum, no sentido construtivo, é quase impraticável. Neste capítulo da volitação, portanto, impende observar os ascendentes naturais, levando em conta, com a própria Natureza, que os corvos voam baixo, procurando detritos, enquanto as andorinhas se libram alto, buscando a primavera.
Feito o reparo, perguntei, lembrando-me das injunções terrenas:
Mas... e as necessidades de subsistência?
O instrutor não se fêz rogado e informou:
Nada lhes falta quanto às exigências essenciais de socorro e de manutenção, como ocorre num nosocômio da esfera carnal.
O Assistente fez breve pausa e prosseguiu:
Referindo-nos ao manicômio, esclareço agora que minha intenção, ao visitar um hospício em tua companhia, foi justamente o de preparar-te para a excursão que ora efetuamos. Temos aqui, nestas assembléias de incompreensão e dor, infindas fileiras de loucos que voluntariamente se arredaram das realidades da vida. Fixaram a mente nas zonas mais baixas do ser, e, olvidando o sagrado patrimônio da razão, cometeram faltas graves, contraindo pesados débitos.
Já viste, em nossa organização espiritual de vida coletiva, irmãos sofredores convenientemente amparados; alguns ainda sofrem estranhas perturbações alucinatórias, outros são guardados à maneira de múmias perispiríticas em letargia profunda, aguardando-se-lhes o despertar; outros povoam vastas enfermarias para se reerguerem espiritualmente pouco a pouco. Aqui, no entanto, se congregam verdadeiras tribos de criminosos e delinqüentes, atraídos uns aos outros, consoante a natureza de faltas que os identificam. Muitos são inteligentes e, intelectualmente falando, esclarecidos, mas, sem réstia de amor que lhes exalce o coração, erram de obstáculo a obstáculo, de pesadelo a pesadelo. O choque da desencarnação para eles, ainda impermeáveis ao auxilio santificante, pela dureza que lhes assinala os sentimentos, parece galvanizá-los na posição mental em que se encontravam no momento do trânsito entre as duas esferas, e, dessa forma, não é fácil de logo arrancá-los do desequilíbrio a que imprevidentes se precipitaram. Retardam-se, às vezes, anos a fio, obstinando-se nos erros a que se habituaram, e, vigorando impulsos inferiores pela incessante permuta de energias uns com os outros, passam, em geral, a viver, não só a perturbação própria, mas também o desequilíbrio dos demais companheiros de infortúnio.
Ante o pandemônio que observávamos, o orientador continuou:
O Êrebo da concepção antiga, a crepitar em eternas chamas de vingança divina, é perigosa ilusão; entretanto, os lugares purgatoriais dos desejos e das ações criminosas, aguardando as almas enodoadas pelos desvarios, constituem realidades lógicas, nas zonas espirituais do mundo. Aqui, os avarentos, os homicidas, os cúpidos e os viciados de todos os matizes se agregam em deplorável situação de cegueira íntima. Formam cordões compactos, inclinando-se mais e mais para os despenhadeiros. Cada qual possui romance horrível, de angustiosos lances. Prisioneiros de si mesmos, cerram o entendimento às revelações da vida e restringem os horizontes mentais, movimentando-se em seu próprio interior, em ação exclusiva, nos impulsos primários, a cultivar o pretérito que deveriam expungir. Em melhorando, são assistidos por ativas e abnegadas congregações de socorro que aqui funcionam. Autoridades mais graduadas de nossa esfera, atendendo a imperativos superiores, improvisam tribunais com funções educativas, cujas sentenças, ressumando amor e sabedoria, culminam sempre em determinações de trabalho regenerador, através da reencarnação na Crosta Terrestre, ou de tarefas laboriosas no seio da Natureza, quando há suficiente compreensão e arrependimento nos interessados que feriram a Lei, ofendendo a si mesmos.
Deste vastíssimo arsenal de alienação da mente, ensombrada de culpas, sai o maior coeficiente das reencarnações dolorosas que povoam os círculos carnais. Daqui, como de outras zonas análogas, seguem para o campo físico, mais denso, milhões de irmãos em provas ríspidas, para que se alijem dos débitos e rearmonizem o Intimo perturbado. Poucos conseguem valer-se da oportunidade terrena, no sentido de restaurar as próprias energias. É sempre fácil fugir ao caminho reto; muito difícil, porém, o retorno.
Nesse instante aproximou-se de nós enorme e bulhenta colmeia de sofredores. Tratava-se de tenebroso agrupamento de irmãos positivamente loucos. Falavam a esmo, comentando homicídios; rememoravam com palavras cruéis cenas indescritíveis de dor e de perversidade.
Nenhum deles atinou com a nossa presença.
Calderaro, muito sereno, conhecendo-me a curiosidade inveterada, informou:
— Estes infelizes permanecem jungidos uns aos outros em obediência a afinidades quase perfeitas, e são contidos apenas pelas leis vibratórias que os regem. Se quiseres, porém, entrar em relação com a história de alguns deles, sonda a mente individual do tipo que te requeira maior atenção.
Aproveitando um momento em que lhes amainara a rixa, aproximei-me de infortunado irmão, que impressionava pelas faces macilenta.
Sintonizei-me na onda mental que ele oferecia, mas o quadro que vi não me permitiu longa perquirição.
Notei-lhe o motivo que cuhninara no desvario:
assassinara a esposa em pavorosas circunstâncias. Contudo, o mísero não transpirava arrependimento; acariciava o desejo de rever a vítima para supliciá-la, quantas vezes lhe fôsse possível.
Que tragédia se ocultava, ali, naquelas tormentosas reminiscências?
Atônito, ergui os olhos para o Assistente, em muda interrogação, mas, renteando-nos a fronte, levitava-se pesado grupo de seres monstruosos, fazendo ensurdecedor ruido, e logo esqueci o uxoricida que me prendera a atenção. Calderaro, percebendo-me a perplexidade, explicou:
— Este bando de Espíritos miseráveis, que se movimentam como lhes é possível, é constituído de antigos negociantes terrenos, cujo exclusivo anseio foi amontoar dinheiro para satisfazer a própria cupidez, sem beneficiar a ninguém. O ouro, que transitoriamente lhes pertencia, jamais serviu para semear a gratidão num só companheiro de jornada humana. Famintos de fortuna fácil, inventaram mil recursos de monopolizar os lucros grandes e pequenos, em nada lhes interessando a paz do próximo. Foram homens de pensamento ágil, sabiam voar mentalmente a longas distâncias, garantindo êxito absoluto às empresas materiais que levavam a termo com finalidade exclusivamente egoística. Não lhes incomodava o sofrimento dos vizinhos, ignoravam as dificuldades alheias, despreocupavam-se do valor do tempo em relação ao aprimoramento da alma. Queriam unicamente acumular vantagens financeiras, e nada mais.
Divorciados da caridade, da compreensão e da luz divina, criaram para si mesmos o mito frio e rígido do ouro, fundindo com ele a mente vigorosa e o tacanho coração... Escravizados, agora, à ideia fixa de ganhar sempre, voam pesadamente aqui e acolá, dementados e confundidos, procurando monopólios e lucros que não mais encontrarão.
Condoí-me. Quis deter alguns, confabular com eles fraternalmente, de modo a esclarecê-los; no entanto, o instrutor paralisou-me os braços, murmurando:
— Que fazes? seria inútil. Impossível é reajustar, num momento, apenas com palavras, tantas mentes em desequilíbrio cruel.
E, impulsionando-me para a frente, concluiu:
— Vamos: consumirias muitas semanas para conhecer a paisagem de dor que se nos estende à frente, e dispomos apenas de algumas horas.

domingo, 21 de fevereiro de 2010

SEMANA - ESTUDO DO EVANGELHO - CAPÍTULO 11 ÍTENS 1 à 4 - MARIA



FONTE BÁSICA

KARDEC, Allan. O Evangelho Segundo o Espiritismo.

AMAR O PRÓXIMO COMO A SI MESMO

O mandamento maior. - Fazermos aos outros o que queiramos que os outros nos façam. – Parábola dos credores e dos devedores

1. Como interpretar o maior mandamento da lei de Deus?
Esse mandamento está expresso no dever que cada um de nós, seus filhos, temos de amá-lo, com toda força de nosso espírito. Contudo, esse amor só será completo e a lei divina integralmente cumprida, se também, e igualmente, amarmos o nosso próximo como a nós mesmos.

Toda a lei e os profetas estão contidos nesses dois mandamentos: ‘Amar a Deus acima de todas as coisas e aos próximo como a si mesmo’.

2. Por que “o amor ao próximo” está contido na lei de Deus?
Porque, sendo a lei de Deus toda amor e justiça, o nosso Pai, amando igualmente a todos, jamais poderá permitir que cheguemos até Ele sem passar pelo nosso próximo.

Independente de religião, o que conta é o amor ao próximo.

3. É possível amar a Deus sem amar ao próximo?
Não, porque o amor de Deus só se concretiza quando demonstramos no relacionamento com o próximo.

“Nem todos os que dizem ‘Senhor, Senhor’ entrarão no reino dos céus”..

4. Como identificar, nessa regra, o conteúdo da Lei de Deus?
Temos aqui a fraternidade aplicada, pois, se jamais queremos o mal para nós, igualmente não o desejaremos aos outros. Assim, à medida que formos evoluindo rumo ao Pai, levaremos conosco o nosso próximo.

“Tratai todos os homens como quereríeis que eles vos tratassem”.

5. Que lição nos transmite essa parábola?
A de que é inútil pedir a Deus perdão de nossos erros quando não perdoamos, igualmente, o nosso próximo e dele guardamos rancor.

“É assim que meu Pai, que está no céu, vos tratará, se não perdoardes, do fundo do coração, as faltas que vossos irmãos houverem cometido contra um de vós”.

6. Na prática, em que consiste “amar o próximo como a si mesmo”?
Consiste em examinar a nossa própria consciência, para saber como gostaríamos que procedessem conosco em cada circunstância e, daí, adotamos esse procedimento para com o próximo.

“Amar o próximo como a si mesmo” (...) é a expressão mais completa da caridade, porque resume todos os deveres do homem para com o próximo. “A prática dessa máxima tende à destruição do egoísmo”.

Conclusão:
Amar o próximo como a si mesmo é preceito contido no mandamento d aLei de Deus. Constitui a expressão mais completa da caridade porque resume todos os deveres do homem para com o próximo, e o meio mais eficaz para se eliminar o orgulho e o egoísmo.

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

ESTUDO DO LIVRO NOSSO LAR - CAPÍTULO 29 - JULIANA SOLARE



A VISÃO DE FRANCISCO

Enquanto Narcisa consolava o doente aflito, fui informado de que me chamavam ao aparelho de comunicações urbanas.
Era a senhora Laura que pedia notícias. De fato, esquecera-me de avisá-la sobre as deliberações de serviço noturno. Pedi desculpas à minha benfeitora e forneci rápido relatório verbal da nova situação. Através do fio, a genitora de Lísias parecia exultar, compartilhando meu justo contentamento.
Ao termo de nossa ligeira conversa, disse, bondosa:
- Muito bem, meu filho! apaixone-se pelo seu trabalho, embriague-se de serviço útil. Somente assim, atenderemos à nossa edificação eterna.
Lembre, porém, que esta casa também lhe pertence.
Aquelas palavras encheram-me de nobres estímulos.
Regressando ao contacto direto com os enfermos, notei Narcisa a lutar heroicamente por acalmar um rapaz que revelava singulares distúrbios.
Procurei ajudá-la.
O pobrezinho, de olhos perdidos no espaço, gritava, espantadiço:
- Acuda-me, por amor de Deus! Tenho medo, medo!...
E, olhar esgazeado dos que experimentam profundas sensações de pavor, acentuava:
- Irmã Narcisa, lá vem "ele"!, o monstro! Sinto os vermes novamente!
"Ele"! "Ele"!. . . Livre-me "dele" irmã! Não quero, não quero!...
- Calma, Francisco - pedia a companheira dos infortunados, você vai libertar-se, ganhar muita serenidade e alegria, mas depende do seu esforço.
Faça de conta que a sua mente é uma esponja embebida em vinagre. É necessário expelir a substância azeda. Ajudá-lo-ei a fazê-lo, mas o trabalho mais intenso cabe a você mesmo.
O doente mostrava boa-vontade, acalmava-se enquanto ouvia os conceitos carinhosos, mas volvia à mesma palidez de antes, prorrompendo em novas exclamações.
- Mas, irmã, repare bem... "ele" não me deixa. Já voltou a atormentarme!
Veja, veja!...
- Estou vendo-o, Francisco - respondia ela, cordata -, mas é indispensável que você me ajude a expulsá-lo.
- Este fantasma diabólico!... - acrescentava a chorar como criança, provocando compaixão.
- Confie em Jesus e esqueça o monstro - dizia a irmã dos infelizes, piedosamente, vamos ao passe.
O fantasma fugirá de nós.
E aplicou-lhe fluidos salutares e reconfortadores, que Francisco agradeceu, manifestando imensa alegria no olhar.
- Agora - disse ele, finda a operação magnética, estou mais tranqüilo.
Narcisa ajeitou-lhe os travesseiros, mandou que uma serva lhe trouxesse água magnetizada.
Aquela exemplificação da enfermeira edificava-me. O bem, como o mal, em toda parte estabelece misterioso contágio.
Observando-me o sincero desejo de aprender, Narcisa aproximou-se mais, mostrando-se disposta a iniciar-me nos sublimes segredos do serviço.
- A quem se refere o doente? - indaguei, impressionado. Está, porventura, assediado por alguma sombra invisível ao meu olhar?
A velha servidora das Câmaras de Retificação sorriu carinhosamente e falou:
- Trata-se do seu próprio cadáver.
- Que me diz? - tornei, espantado.
- O pobrezinho era excessivamente apegado ao corpo físico e veio para a esfera espiritual após um desastre, oriundo de pura imprudência.
Esteve, durante muitos dias, ao lado dos despojos, em pleno sepulcro, sem se conformar com situação diversa. Queria firmemente levantar o corpo hirto, tal o império da ilusão em que vivera e, nesse triste esforço, gastou muito tempo. Amedrontava-se com a idéia de enfrentar o desconhecido e não conseguia acumular nem mesmo alguns átomos de desapego às sensações físicas. Não valeram socorros das esferas mais altas, porque fechava a zona mental a todo pensamento relativo à vida eterna. Por fim, os vermes fizeram-lhe experimentar tamanhos padecimentos que o pobre se afastou do túmulo, tomado de horror.
Começou, então, a peregrinar nas zonas inferiores do Umbral; no entanto, os que lhe foram pais na Terra possuem aqui grandes créditos espirituais e rogaram sua internação na colônia. Trouxeram-no os Samaritanos, quase à força. Seu estado, contudo, é ainda tão grave que não poderá ausentar-se, tão cedo, das Câmaras de Retificação. O amigo, que lhe foi genitor na carne, está presentemente em arriscada missão, distante de "Nosso Lar".
- E vem visitar o doente? - perguntei.
- Já veio duas vezes e experimentei grande comoção, observando-lhe o sofrimento, discreto. Tamanha é a perturbação do rapaz, que não reconheceu o pai generoso e dedicado. Gritava, aflito, mostrando a demência dolorosa. O genitor, que veio vê-lo em companhia do Ministro Pádua, do Ministério da Comunicação, pareceu muito superior à condição humana, enquanto se encontrava com o nobre amigo que obtivera
hospitalidade para o filho infeliz. Demoraram-se bastante, comentando a situação espiritual dos recém-chegados dos círculos carnais. Mas, quando o Ministro Pádua se retirou, compelido por circunstâncias de serviço, o pai do rapaz me pediu lhe perdoasse o gesto humano e ajoelhou-se diante do enfermo. Tomou-lhe as mãos, ansioso, como se estivesse a transmitir vigorosos fluidos vitais, e beijou-lhe a face, chorando copiosamente. Não pude conter as lágrimas e retirei-me, deixando-os a sós Não sei o que se passou, em seguida, entre ambos; mas notei que Francisco, desde esse dia, melhorou bastante. A demência total reduziu-se a crises que são, agora,
cada vez mais espaçadas.
- Como tudo isso comove! - exclamei sob forte impressão. Entretanto, como pode a imagem do cadáver persegui-lo?
- A visão de Francisco - esclareceu a velhinha, atenciosa -, é o pesadelo de muitos espíritos depois da morte carnal. Apegam-se demasiadamente ao corpo, não enxergam outra coisa, nem vivem senão dele e para ele, votando-lhe verdadeiro culto, e, vindo o sopro renovador, não o abandonam.
Repelem quaisquer idéias de espiritualidade e lutam desesperadamente pelo conservar. Surgem, no entanto, os vermes vorazes, e os expulsam. A essa altura, horrorizam-se do corpo e adotam nova atitude extremista. A visão do cadáver, porém, como forte criação mental deles mesmos, atormenta-os no imo da alma. Sobrevêm perturbações e crises, mais ou menos longas, e muito sofrem até à eliminação integral do seu fantasma.
Notando-me a comoção, Narcisa acrescentou:
- Graças ao Pai, venho aproveitando bastante, nestes últimos anos de serviço. Ah! como é profundo o sono espiritual da maioria de nossos irmãos na carne! Isto, porém, deve preocupar-nos, mas não deve ferir-nos. A crisálida cola-se à matéria inerte, mas a borboleta alçará o vôo; a semente é quase imperceptível e, no entanto, o carvalho será um gigante. A flor morta volve à terra, mas o perfume vive no céu. Todo embrião de vida parece dormir. Não devemos esquecer estas lições.
E Narcisa calou-se, sem que me atrevesse a interromper-lhe o silêncio.

terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

DICA DE UM BOM LIVRO


INDULGÊNCIA

O AMOR E O FUNDAMENTO


O fundamento da vida é o amor. Para chegar até ele é indispensável que conheças, na sua profundidade, todas as virtudes e passes a vivê-las, para que a tua vida mostre Deus, em todos os teus afazeres, sem te esqueceres de Jesus, nas tuas caminhadas.

A indulgência pode ser como uma rota para alcançar a paz interna.
Ser indulgente é manifestar grandeza de sentimentos, por trabalhar todos os dias no aprimoramento das suas capacidades espirituais.

Devemos fazer sempre correção no modo de ser, mas não intentar na correção dos outros, sustentando essa competência ante a vida dos nossos irmãos em caminho. Clemência para todos é nosso dever, criando, assim, em torno de nós, uma tranqüilidade imperdubável, como terapia para o nosso equilíbrio. Compete a nós esse trabalho, que deve ser em nós mesmos.

Tem tolerância para com todos, mas dá o exemplo de sua vida reta, sem alarde; comunga com o Evangelho de Jesus; mesmo assim, não revides os ataques, pois quem ofende esta envolvido em drama da consciência culpada; ora por ele. Além disso, todo aquele que se defende diante das agressões que recebe e revida busca mostrar algo que ainda não conquistou.

Para quem procura defesa, o Evangelho pode amar o ofensor e perdoar a quem o calunia. Quem cultiva a vida do Cristo recebe as bênçãos de Deus, onde estiver trabalhando para o seu aperfeiçoamento.

Se Deus é amor, o fundamento da grandeza universal é o hálito do Senhor a distribuir vida em todas as direções da Criação.

Sejamos branco com os que nos perseguem, mostrando ao ignorante que a vida no Bem é luz que distribuímos na nossa casa, no trabalho e no lazer. Cabe-nos ensinar com a existência, copiando os grandes homens que deram a vida como segurança para todos, e muitos dos quais são lembrados com respeito, fazendo crecer a esperança; como exemplo, vejamos o Cristo.

Sejamos condescendentes com os nossos companheiros, que assim estaremos ajudando na transformação do mundo e das criaturas. Deixe crescer no teu mundo íntimo o amor, que a maior vantagem será toda tua, aprimorando ou acordando os valores que foram
depositados por Deus em teu coração.

O Senhor, além de dar os dons de luz, ainda oferta o tempo, que os faz crescer e iluminar. Seja que for que vejas de mal nos outros, não assanhes o imprestável; comenta o bem que observas no teu irmão e confia neste procedimento.

A indulgência é segurança para o teu caminho e o amor é a vida para tua vida.

Se alguém menospreza, tolera e serve; se alguém te persegue, tolera e ajuda; se alguém te calunia, tolera e abençoa; porque a tolerância que não se limita à passividade alcança o objetivo do amor.

Podemos crer que a caridade é o mesmo amor em função divina, por ser o fundamento de toda a vida.

MIRAMEZ
Psicografia: João Nunes Maia
Livro: "Cura-te a ti mesmo"

domingo, 14 de fevereiro de 2010

SEMANA - ESTUDO DO EVANGELHO - CAPÍTULO 10 ÍTEM 19 a 21 - MARIA J. CAMPOS



FONTE BÁSICA

KARDEC, Allan. O Evangelho Segundo o Espiritismo.


A INDULGÊNCIA 3

É PERMITIDO REPREENDER OS OUTROS, NOTAR AS IMPERFEIÇÕES DE OUTREM, DIVULGAR O MAL DE OUTREM?


1. “Ninguém sendo perfeito, seguir-se-á que ninguém tem o direito de repreender o seu próximo?”
Não é bem assim. Ocorre que há várias maneiras de se denotar os erros do próximo. Se o fazemos com o sincero propósito de contribuir para o seu progresso e agimos com moderação, é perfeitamente correta a nossa atitude e, além disso, um dever que nos compete cumprir.

Nossos atos são julgados levando em conta a nossa intenção. Se ao repreender o próximo, guardamos o propósito de denegrir a sua imagem, é claro que a nossa atitude é censurável.

2. Mesmo imbuídos de boa intenção e moderação, que outro fator devemos levar em conta ao censurar o procedimento do próximo?
Devemos, primeiramente, verificar se não adotamos o mesmo procedimento que reprovamos no próximo. Senão, onde encontrarmos a força moral necessária para repreendê-lo?

Devemos tomar para nós os conselhos que dermos aos outros. Em termos de bons procedimentos, ninguém pode exigir de outrem aquilo que não pratica.

3. Será repreensível notarem-se as imperfeições dos outros, quando daí nenhum proveito possa resultar para eles, uma vez que não sejam divulgadas?
Depende da intenção com que repreendemos. É evidente que, se elas existem, nada nos impede de notá-las, e até ai não há mal algum de nossa parte. O que será repreensível é o intuito maldoso de divulgá-las, visando ao rebaixamento do próximo.

Com relação as faltas do próximo, recomenda-nos o Evangelho que as levemos em conta, tão somente para nos servir de referencia quando da análise de nossas próprias faltas, a fim de corrigimo-nos. Nunca, porém, com o fito de denegri-lo.

4. Existe algum inconveniente de em tudo enxergar somente a manifestação do bem?
Sim, porque semelhante ilusão prejudicaria o progresso e nos impediria de aproveitar as lições que o mal traz.

O uso correto da razão, faculdade que Deus nos concede, indica-nos o certo e o errado, o bem e o mal.

5. Que proveito devemos tirar para nós das imperfeições alheias?
Elas nos alertam para o dever de auto-avaliarmos, a fim de verificar o temos a corrigir, antes de censurar os outros, sobretudo porque cada um tem o direito de agir como melhor lhe apraz.

“Precisamos nutrir o cérebro com pensamentos limpos, mas não está em nosso poder exigir que os semelhantes pensem como nós”. (Emmanuel e André Luiz/Estude e Viva – nº 22).

6. Haverá casos em que seja útil revelar o mal de outrem?
É muito delicada esta questão e, para resolvê-la, necessário se toma apelar para a caridade bem compreendida. Se as imperfeições de uma pessoa só a ela prejudicam, nenhuma utilidade haverá nunca em divulgá-la. Se, porém, podem acarretar prejuízo a terceiros, deve-se atender de preferência ao interesse do maior número. Segundo as circunstâncias, desmascarar a hipocrisia e a mentira pode constituir um dever, pois mais vale caia um homem, do que virem muitos a ser suas vítimas. Em tal caso, deve-se pesar a soma das vantagens e dos inconvenientes. - São Luís. (Paris, 1860.).

Compreender e desculpar sempre, porque todos necessitamos de compreensão e desculpa nas horas de desacerto, mas observar a coerência para que os diques da tolerância não se esbarrondem, corroídos pela displicência sistemática, patrocinando a desordem.” (Emmanuel e André Luiz/Opinião Espírita – nº 32)..

7. Que outra maneira (indireta) existe de repreender o erro do próximo, sem alardear?
Podemos demonstrar, também, a nossa reprovação ante as imperfeições do próximo, e alertá-lo para isso, através do bom exemplo que possamos dar com o nosso proceder.

Enquanto a censura – bem intencionada – consegue esclarecer e orientar, o bom exemplo convence.


Conclusão:
Antes de repreender alguém, verifiquemos se não praticamos o ato censurado: a autoridade de censura está no exemplo do bem que dá aquele que censura. Enquanto a censura bem-intencionada esclarece e orienta, o bom exemplo convence.

sábado, 13 de fevereiro de 2010

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

ESTUDO DO LIVRO NOSSO LAR - CAPÍTULO 28 - JULIANA SOLARE



EM SERVIÇO

Encerrada a prece coletiva, ao crepúsculo, Tobias ligou o receptor, a fim de ouvir os Samaritanos em atividade no Umbral.
Justamente curioso, vim a saber que as turmas de operações dessa natureza se comunicavam com as retaguardas de tarefa, em horas convencionais.
Sentia-me algo cansado pelos intensos esforços despendidos, mas o coração entoava hinos de alegria interior. Recebera a ventura do trabalho, afinal. E o espírito de serviço fornece tônicos de misterioso vigor.
Estabelecido o contacto elétrico, o pequenino aparelho, sob meus olhos, começou a transmitir o recado, depois de alguns minutos de espera:
- Samaritanos ao Ministério da Regeneração!... Samaritanos ao Ministério da Regeneração!... Muito trabalho nos abismos da sombra. Foi possível deslocar grande multidão de infelizes, seqüestrando às trevas espirituais vinte e nove irmãos. Vinte e dois em desequilíbrio mental e sete em completa inanição psíquica. Nossas turmas estão organizando o transporte... Chegaremos alguns minutos depois da meia-noite... Pedimos providenciar...
Notando que Narcisa e Tobias se entreolhavam fundamente admirados, tão logo silenciou a estranha voz, não pude conter a pergunta que me desbordava dos lábios:
- Como assim? Por que esse transporte em massa? Não são todos espíritos?
Tobias sorriu e explicou:
- O irmão esquece que não chegou ao Ministério do Auxílio de outro modo. Conheço o episódio de sua vinda. É preciso recordar, sempre, que a Natureza não dá saltos e que, na Terra, ou nos círculos do Umbral, estamos revestidos de fluidos pesadíssimos. São aves e têm asas, tanto o avestruz como a andorinha; entretanto, o primeiro apenas subirá às alturas se transportado, enquanto a segunda corta, célere, as vastas regiões do céu.
E deixando perceber que o momento não comportava divagações, dirigiu-se a Narcisa, ponderando:
- É muito grande a leva desta noite. Precisamos tomar providências imediatas.
- Serão necessários muitos leitos! - murmurou a serva algo pesarosa.
- Não se aflija - respondeu Tobias resoluto, alojaremos os perturbados no Pavilhão 7 e os enfraquecidos na Câmara 33.
Em seguida, levou a destra à fronte, como a ponderar algo muito sério, e exclamou:
- Resolveremos facilmente a questão da hospitalidade; o mesmo, porém, não se dará no concernente à assistência. Nossos auxiliares mais fortes foram requisitados para garantir os serviços da Comunicação nas esferas da Crosta, em vista das nuvens de treva que ora envolvem o mundo dos encarnados. Precisamos de pessoal de serviço noturno, porquanto os operários em função com os Samaritanos chegarão extremamente fatigados.
- Ofereço-me, com prazer, para o que possa aproveitar - exclamei espontaneamente.
Tobias endereçou-me um olhar de profunda simpatia, mesclada de gratidão, fazendo-me experimentar cariciosa alegria íntima.
- Mas está resolvido a permanecer nas Câmaras, durante a noite? perguntou, admirado.
- Outros não fazem o mesmo? - indaguei por minha vez - sinto-me disposto e forte, preciso recuperar o tempo perdido.
Abraçou-me o generoso amigo, acrescentando:
- Pois bem, aceito confiante a colaboração. Narcisa e os demais companheiros ficarão também de guarda. Além do mais, mandarei Venâncio e Salústio, dois irmãos de minha confiança. Não posso permanecer aqui, de plantão noturno, em vista de compromissos anteriores; no entanto, caso necessário, você ou algum dos nossos me comunicará qualquer ocorrência de maior gravidade. Traçarei o plano dos trabalhos, facilitando quanto possível a execução.
E descortinou-se campo enorme de providências. Enquanto cinco servidores operavam em companhia de Narcisa, preparando roupa adequada e petrechos de enfermagem, eu e Tobias movíamos pesado material no Pavilhão 7 e na Câmara 33.
Não poderia explicar o que se passava comigo. Apesar da fadiga dos braços, experimentava júbilo inexcedível no coração.
Na oficina, onde a maioria procura o trabalho, entendendo-lhe o sublime valor, servir constitui alegria suprema. Não pensava, francamente, na compensação dos bônus-hora, nas recompensas imediatas que me pudessem advir do esforço; contudo, minha satisfação era profunda, reconhecendo que poderia comparecer feliz e honrado, perante minha mãe e os benfeitores que havia encontrado no Ministério do Auxílio.
Ao despedir-se, Tobias voltou a abraçar-me e falou:
- Desejo a vocês muita paz de Jesus, boa noite e serviço útil. Amanhã, às oito horas, você poderá descansar. O máximo de trabalho, cada dia, é de doze horas, mas estamos em circunstâncias especiais.
Respondi que as determinações me enchiam de sincero contentamento.
A sós com o grande número de enfermeiros, passei a interessar-me pelos doentes, com mais carinho. Dentre as figuras de auxiliares presentes, impressionou-me a bondade espontânea de Narcisa, que atendia a todos, maternalmente. Atraído pela sua generosidade, busquei aproximar-me com interesse. Não foi difícil alcançar o prazer de sua conversação carinhosa e simples. A velhinha amável semelhava-se a um livro sublime de bondade e sabedoria.
- Mas, a irmã aqui trabalha há muito? - perguntei, a certa altura da palestra amistosa.
- Sim, permaneço nas Câmaras de Retificação, em serviço ativo, há seis anos e alguns meses; entretanto, ainda me faltam mais de três anos para realizar meus desejos.
Ante a silenciosa indagação do meu olhar, falou Narcisa amavelmente:
- Preciso um endosso muito sério.
- Que quer dizer com isso? - perguntei interessado.
- Preciso encontrar alguns espíritos amados, na Terra, para serviços de elevação em conjunto. Por muito tempo, em razão de meus desvios passados, roguei, em vão, a possibilidade necessária aos meus fins. Vivia perturbada, aflita. Aconselharam-me, porém, recorrer a Ministra Veneranda, e nossa benfeitora da Regeneração prometeu que endossaria meus propósitos no Ministério do Auxílio, mas exigiu dez anos consecutivos de trabalho aqui, para que eu possa corrigir certos desequilíbrios do sentimento. No primeiro instante, quis recusar, considerando demasiada a exigência; depois, reconheci que ela estava com a razão. Afinal, o conselho não visava a interesses dela e sim ao meu próprio benefício. E ganhei muito,
aceitando-lhe o parecer. Sinto-me mais equilibrada e mais humana e, creio, viverei com dignidade espiritual minha futura experiência na Terra.
Ia manifestar profunda admiração, mas um dos enfermos próximos gritou:
- Narcisa! Narcisa!
Não me cabia reter, por mera curiosidade pessoal, aquela irmã dedicada, transformada em mãe espiritual dos sofredores.

domingo, 7 de fevereiro de 2010

SEMANA - ESTUDO DO EVANGELHO - CAPÍTULO 10 ÍTEM 18 - MARIA J. CAMPOS



FONTE BÁSICA

KARDEC, Allan. O Evangelho Segundo o Espiritismo.


A INDULGÊNCIA 2


1. O que é indulgência?
É uma das virtudes que caracterizam um verdadeiro cristão e que se expressa pela postura complacente, compreensiva, que se adota perante as faltas e imperfeições do próximo.

Ser indulgente é saber relevar, perdoar, esquecer, dissimular, diante de tudo que se possa ser reprovável pelo comportamento dos semelhantes.

2. É difícil sermos indulgentes para com o próximo?
Sim, levando-se em conta o mundo em que vivemos, onde o mal ainda sobrepuja o bem, razão por que é mais cômodo destacar os erros do próximo do que procurar suas virtudes.

Enxergar a maldade não exige de nós muito esforço, tal a forma como a ela nos habituamos.

3. Por que insistimos em evidenciar os erros dos outros, quando reconhecemos que somos portadores de graves erros também?
Porque o nosso comportamento é ainda, todo ele, sedimentado no orgulho, que nos faz alimentar a pretensão inútil de nos colocar em posição de vantagem e de superioridade, rebaixando o nosso irmão, sempre, ao nível de alguém menor ou pior que nós.

Enquanto o orgulho ainda estiver ditando as regras de nosso comportamento, só teremos olhos para exalçar os erros alheios, fingindo não lhes anotar as qualidades, porquanto estas, certamente, tendem a nos colocar em posição inferior, ferindo-nos o amor próprio.

4. O que está reservado às pessoas que se julgam superiores às demais, acreditando-se no direito de apontar as faltas alheias?
A justiça divina encarregar-se-á delas, fazendo-as reconhecer, muitas vezes pela dor, que o caminho da felicidade passa obrigatoriamente pelo próximo, a quem devemos todo o nosso respeito e atenção, sem jamais julgá-lo em posição inferior.

À medida que evolui, o espírito se conscientiza de que a sua felicidade está na razão direta da felicidade que proporciona ao semelhante, e toma o amor ao próximo como lema e objetivo de sua vida.

5. Ser indulgente significa fechar os olhos para os defeitos dos outros?
Não. O significado de indulgência vai além: significa que devemos buscar a centelha divina que habita o imo de cada um de nós e, desse modo, revelar e enaltecer os bons sentimentos e as virtudes do próximo.

Deixar de praticar o mal não basta para evoluir. É necessário também, e principalmente, que faça todo o bem ao alcance, em favor do próximo. Nisso está o verdadeiro caminho da felicidade plena.

6. De que modo a indulgência constitui uma forma de se praticar a caridade?
A indulgência, tendo por objetivo a prática de atitudes que visam á promoção do bem-estar do próximo, constitui-se, por isso, em uma das sublimes maneiras de se expressar à caridade.

“O verdadeiro caráter da caridade é a modéstia e a humildade, que consistem em ver, cada um, apenas superficialmente os defeitos de outrem, e esforçar-se por fazer que prevaleça o que há nele de bom e virtuoso!”.

7. Os espíritos nos recomendam praticar a caridade, tanto para o próximo como para nós mesmos. De que forma podemos ser caridosos para conosco?
Reconhecendo os nossos próprios defeitos e corrigindo-os enquanto é tempo, poupando-nos, assim, de dores e sofrimentos maiores.

O espiritismo vem nos lembrar a obrigação que temos de nos corrigir, consoante nos recomenda o Evangelho. Essa responsabilidade, contudo, é bem maior para aquele que já tem noção desse dever.

Conclusão:
É impossível amar a Deus sem praticar a caridade, e não se pode pensar em caridade esquecendo-se de ser indulgente para com os defeitos dos outros. A prática dessa virtude nos leva a considerar com mais rigor os nossos defeitos e a enaltecer as virtudes do próximo.

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

SEMANA - ESTUDO DO EVANGELHO - CAPÍTULO 10 ÍTEM 17 - MARIA



FONTE BÁSICA

KARDEC, Allan. O Evangelho Segundo o Espiritismo.


A INDULGÊNCIA 1


1. O que é indulgência?
É uma das virtudes que caracterizam um verdadeiro cristão e que se expressa pela postura complacente, compreensiva, que se adota perante as faltas e imperfeições do próximo.

Ser indulgente é saber relevar, perdoar, esquecer, dissimular, diante de tudo que se possa ser reprovável pelo comportamento dos semelhantes.

2. Por que é necessário julgar com severidade as nossas próprias ações?
Porque a nossa felicidade só edificada mediantes ações voltadas para o bem. Daí, a necessidade de julgar com bastante rigor os nosso atos, afim de corrigir os desvios e selecionar aqueles que efetivamente nos conduzem ao bom caminho, tornando-os por conduta.

Quanto às ações do próximo, compete-nos apenas relevá-las, deixando a deus o encargo de julgá-las.

3. Com quem, em especial, devemos usar de indulgência?
Com todos os nossos irmãos, sem qualquer distinção. Esse sentimento doce e fraternal, que deve nortear o nosso comportamento, é para ser estendido a todos os que nos compartilham a existência.

Jesus, ao nos prescrever que amassemos uns aos outros, não estabeleceu quaisquer condições ou limites para isso.

4. Por que devemos ser indulgentes para com os outros?
Porque precisamos igualmente de indulgência, já que não somos perfeitos. Ademais, o nosso Pai, pela sua infinita bondade, usa constantemente de indulgência para conosco.

A indulgência para que Deus se utiliza para conosco constitui o efeito reversivo da indulgência que usamos para com os nossos semelhantes.

5. Que efeito produzirá nossa indulgência no próximo?
A nossa reação pacífica e compreensiva diante de suas falhas poderá contribuir para sensibilizar-lhe o coração, concitando-o a corrigir-se e a trilhar o caminho do bem.

A indulgência para com o próximo tem como função clarear-lhe o raciocínio, renovar-lhe o modo de pensar e de ser e amparar-lhe a caminhada

6. Perdoar é suficiente para nos libertar?
Não. È um grande passo, porém não é suficiente. A lei de Deus, que é de amor, nos impõe o dever de não só perdoar, mas, acima de tudo, de auxiliar os nosso inimigos, através de oração, de pensamento fraternal e de atos que lhe ajudem a encontrar a felicidade.

Muitos criminosos se regeneram sob o amparo e a orientação caridosa de suas ex-vitimas, movidos que são pelo influxo da lei de amor.

Conclusão:
A indulgência é remédio salutar que ministramos ao nosso próximo e que tem por efeito clarear-lhe o raciocínio, renovar-lhe o modo de pensar, amparar-lhe a caminhada. Ela se reverte em beneficio de nós mesmos, através da indulgência que Deus e nossos semelhantes tem para conosco.