segunda-feira, 29 de março de 2010

SEMANA - ESTUDO DO EVANGELHO - CAPÍTULO 11 ÍTEM 11 - MARIA



FONTE BÁSICA

KARDEC, Allan. O Evangelho Segundo o Espiritismo.

AMAR O PRÓXIMO COMO A SI MESMO

O Egoísmo

1. Em que se apóia o egoísmo e por que ele impede o progresso moral?
O egoísmo tem como base o sentimento de interesse pessoal e impede que no coração do homem se desenvolvam outros sentimentos mais nobres, como a fraternidade e a caridade, entravando, assim, o progresso moral.

O homem egoísta é, muitas vezes, levado a sê-lo pelo egoísmo dos outros. Se estes pensam apenas em si próprios, ele passa a ocupar-se consigo, mais do que com os outros.

2. Por que é necessário combater o egoísmo dentro de nós?
Porque, sendo ele a negação da caridade e o causador de todas as misérias do mundo terreno, a felicidade dos homens só será possível quando for eliminado o egoísmo no coração de cada um.

O egoísmo é, pois, o alvo para o qual todos os crentes devem dirigir suas forças e sua coragem.

3. Por que é mais fácil vencer aos outros do que nós mesmos?
Porque para vencer aos outros basta dar vazão aos instintos e à animalidade que ainda predomina em nós; para vencer a nós próprios, no entanto é necessário renunciar aos nossos interesses e caprichos, em benefício do próximo, o que é muito mais difícil.

A prática dos sentimentos nobres ainda constitui um grande desafio para todos nós, em face do predomínio dos nossos interesses em relação aos do próximo.

4. Como devemos entender a atitude de Pilatos, diante de Jesus?
Como uma atitude egoísta, em que prevaleceram o apego e o prestígio do poder, tornando Pilatos indiferente à injustiça contra o Mestre.

A indiferença é uma das manifestações do egoísmo, pois nos faz voltar as costa para o próximo.

5. É possível eliminar o egoísmo da face da Terra?
Sim. O egoísmo, sendo um sentimento resultante da influência da matéria, se enfraquecerá á medida em que a vida moral for predominado sobre a material.

O egoísmo se assenta na importância que cada um atribui a si próprio. Destruindo essa importância ou, pelo menos, reduzindo-as às suas legítimas proporções, o egoísmo tende a desaparecer. O mal leva à busca do remédio que, no caso, é caridade.

6. Como promovermos a destruição do egoísmo em nós?
Começando em dar exemplo, como fez Jesus; praticando a caridade desinteressada, sem nos importamos com aqueles que nos tratam com ingratidão; tornado-nos, enfim, mais sensíveis ás necessidades e sofrimentos alheios.

Compreendendo o efeito danoso do egoísmo, iniciamos o nosso processo de reforma íntima, colaborando eficazmente para a melhoria da humanidade.

7. A ingratidão não será obstáculo para à nossa boa ação?
Não, pois devemos ser caridosos com todos, fazendo o bem indistintamente, e deixar que Deus julgue nosso atos.

O Cristo não repelia aquele que o buscava, fosse quem fosse; socorria, assim, tanto a mulher adúltera como o criminoso , sem temer que a sua reputação sofresse com isso.

Conclusão:
O egoísmo se baseia no sentimento de interesse pessoal. Constitui a negação da caridade e, por isso, o maior obstáculo ao progresso moral. Para a felicidade dos homens é necessário combatê-lo, através de um processo de reforma íntima que os torne mais sensíveis às necessidades e sofrimentos do próximo.

sexta-feira, 26 de março de 2010

ESTUDO DO LIVRO NOSSO LAR - CAPÍTULO 31 - JULIANA SOLARE



VAMPIRO


Eram vinte e uma horas. Ainda não havíamos descansado, senão em momentos de palestra rápida, necessária à solução de problemas espirituais. Aqui, um doente pedia alívio; ali, outro necessitava passes de reconforto. Quando fomos atender a dois enfermos, no Pavilhão 11, escutei gritaria próxima. Fiz instintivo movimento de aproximação, mas Narcisa deteve-me, atenciosa:
- Não prossiga - disse -; localizam-se ali os desequilibrados do sexo. O quadro seria extremamente doloroso para seus olhos. Guarde essa emoção para mais tarde. Não insisti. Entretanto, fervilhavam-me no cérebro mil interrogações.
Abrira-se um mundo novo à minha pesquisa intelectual. Era indispensável recordar o conselho da genitora de Lísias, a cada momento, para não me desviar da obrigação justa.
Logo após às vinte e uma horas, chegou alguém dos fundos do enorme parque. Era um homenzinho de semblante singular, evidenciando a condição de trabalhador humilde. Narcisa recebeu-o com gentileza, perguntando:
- Que há, Justino? Qual é a sua mensagem?
O operário, que integrava o corpo de sentinelas das Câmaras de Retificação, respondeu, aflito:
- Venho participar que uma infeliz mulher está pedindo socorro, no grande portão que dá para os campos de cultura. Creio tenha passado despercebida aos vigilantes das primeiras linhas.
- E por que não a atendeu? - interrogou a enfermeira.
O servidor fez um gesto de escrúpulo e explicou:
- Segundo as ordens que nos regem, não pude fazê-lo, porque a pobrezinha está rodeada de pontos negros.
- Que me diz? - revidou Narcisa, assustada.
- Sim, senhora.
- Então, o caso é muito grave.
Curioso, segui a enfermeira, através do campo enluarado. A distância não era pequena. Lado a lado, via-se o arvoredo tranqüilo do parque muito extenso, agitado pelo vento caricioso. Havíamos percorrido mais de um quilômetro, quando atingimos a grande cancela a que se referira o trabalhador.
Deparou-se-nos, então, a miserável figura da mulher que implorava socorro do outro lado. Nada vi, senão o vulto da infeliz, coberta de andrajos, rosto horrendo e pernas em chaga viva; mas Narcisa parecia divisar outros detalhes, imperceptíveis ao meu olhar, dado o assombro que estampou na fisionomia, ordinariamente calma.
- Filhos de Deus - bradou a mendiga ao avistar-nos, dai-me abrigo à alma cansada! Onde está o paraíso dos eleitos, para que eu possa fruir a paz desejada.
Aquela voz lamuriosa sensibilizava-me o coração. Narcisa, por sua vez, mostrava-se comovida, mas falou em tom confidencial:
- Não está vendo os pontos negros?
- Não - respondi.
- Sua visão espiritual ainda não está suficientemente educada.
E, depois de ligeira pausa, continuou:
- Se estivesse em minhas mãos, abriria imediatamente a nossa porta; mas, quando se trata de criaturas nestas condições, nada posso resolver por mim mesma. Preciso recorrer ao Vigilante-Chefe, em serviço.
Assim dizendo, aproximou-se da infeliz e informou, em tom fraterno:
- Faça o obséquio de esperar alguns minutos.
Voltamos apressadamente ao interior. Pela primeira vez, entrei em contacto com o diretor das sentinelas das Câmaras de Retificação. Narcisa apresentou-me e notificou-lhe a ocorrência. Ele esboçou um gesto significativo e ajuntou:
- Fez muito bem, comunicando-me o fato. Vamos até lá.
Dirigimo-nos os três para o local indicado.
Chegados à cancela, o Irmão Paulo, orientador dos vigilantes, examinou atentamente a recém-chegada do Umbral, e disse:
- Está mulher, por enquanto, não pode receber nosso socorro. Tratase de um dos mais fortes vampiros que tenho visto até hoje. É preciso entregá-la à própria sorte. Senti-me escandalizado. Não seria faltar aos deveres cristãos abandonar aquela sofredora ao azar do caminho? Narcisa, que me pareceu compartilhar da mesma impressão, adiantou-se suplicante:
- Mas, Irmão Paulo, não há um meio de acolhermos essa miserável criatura nas Câmaras?
- Permitir essa providência - esclareceu ele -, seria trair minha função de vigilante.
E indicando a mendiga que esperava a decisão, a gritar impaciente,
exclamou para a enfermeira:
- Já notou, Narcisa, alguma coisa além dos pontos negros?
Agora, era minha instrutora de serviço que respondia negativamente.
- Pois vejo mais - respondeu o Vigilante-Chefe.
Baixando o tom de voz, recomendou:
- Conte as manchas pretas.
Narcisa fixou o olhar na infeliz e respondeu, após alguns instantes:
- Cinqüenta e oito.
O Irmão Paulo, com a paciência dos que sabem esclarecer com amor, explicou:
- Esses pontos escuros representam cinqüenta e oito crianças assassinadas ao nascerem. Em cada mancha vejo a imagem mental de uma criancinha aniquilada, umas por golpes esmagadores, outras por asfixia.
Essa desventurada criatura foi profissional de ginecologia. A pretexto de aliviar consciências alheias, entregava-se a crimes nefandos, explorando a infelicidade de jovens inexperientes. A situação dela é pior que a dos suicidas e homicidas, que, por vezes, apresentam atenuantes de vulto.
Recordei, assombrado, os processos da medicina, em que muitas vezes enxergara, de perto, a necessidade da eliminação de nascituros para salvar o organismo materno, nas ocasiões perigosas; mas, lendo-me o pensamento, o Irmão Paulo acrescentou:
- Não falo aqui de providências legítimas, que constituem aspectos das provações redentoras, refiro-me ao crime de assassinar os que começam a trajetória na experiência terrestre, com o direito sublime da vida.
Demonstrando a sensibilidade das almas nobres, Narcisa rogou:
- Irmão Paulo, também eu já errei muito no passado. Atendamos a esta desventurada. Se me permite, eu lhe dispensarei cuidados especiais.
- Reconheço, minha amiga - respondeu o diretor da vigilância, impressionando pela sinceridade, que todos somos espíritos endividados; entretanto, temos a nosso favor o reconhecimento das próprias fraquezas e a boa vontade de resgatar nossos débitos; mas esta criatura, por agora, nada deseja senão perturbar quem trabalha. Os que trazem os sentimentos calejados na hipocrisia emitem forças destrutivas. Para que nos serve aqui um serviço de vigilância?
E, sorrindo expressivamente, exclamou:
- Busquemos a prova.
O Vigilante-Chefe aproximou-se, então, da pedinte e perguntou:
- Que deseja a irmã, do nosso concurso fraterno?
- Socorro! socorro! socorro!... - respondeu lacrimosa.
- Mas, minha amiga - ponderou acertadamente, é preciso sabermos aceitar o sofrimento retifica dor. Por que razão tantas vezes cortou a vida a entezinhos frágeis, que iam à luta com a permissão de Deus?
Ouvindo-o, inquieta, ela exibiu terrível carantonha de ódio e bradou:
- Quem me atribui essa infâmia? Minha consciência está tranqüila, canalha!... Empreguei a existência auxiliando a maternidade na Terra. Fui caridosa e crente, boa e pura...
- Não é isso que se observa na fotografia viva dos seus pensamentos e atos. Creio que a irmã ainda não recebeu, nem mesmo o benefício do remorso. Quando abrir sua alma às bênçãos de Deus, reconhecendo as necessidades próprias, então, volte até aqui.
Irada, respondeu a interlocutora:
- Demônio! Feiticeiro! Sequaz de Satã!... Não voltarei jamais!... Estou esperando o céu que me prometeram e que espero encontrar.
Assumindo atitude ainda mais firme, falou o Vigilante-Chefe com autoridade:
- Faça, então, o favor de retirar-se. Não temos aqui o céu que deseja.
Estamos numa casa de trabalho, onde os doentes reconhecem o seu mal e tentam curar-se, junto de servidores de boa vontade.
A mendiga objetou atrevidamente:
- Não lhe pedi remédio, nem serviço. Estou procurando o paraíso que fiz por merecer, praticando boas obras.
E, endereçando-nos dardejante olhar de extrema cólera, perdeu o aspecto de enferma ambulante, retirando-se a passo firme, como quem permanece absolutamente senhor de si. Acompanhou-a o Irmão Paulo com o olhar, durante longos minutos, e, voltando-se para nós, acrescentou:
- Observaram o Vampiro? Exibe a condição de criminosa e declara-se inocente; é profundamente má e afirma-se boa e pura; sofre desesperadamente e alega tranqüilidade; criou um inferno para si própria e assevera que está procurando o céu.
Ante o silêncio com que lhe ouvíamos a lição, o Vigilante-Chefe rematou:
- É imprescindível tomar cuidado com as boas ou más aparências.
Naturalmente, a infeliz será atendida alhures pela Bondade Divina, mas, por princípio de caridade legítima, na posição em que me encontro, não lhe poderia abrir nossas portas.

terça-feira, 23 de março de 2010

ESTUDO DO LIVRO NO MUNDO MAIOR - CAPÍTULO 18 - JULIANA SOLARE



VELHA AFEIÇÃO

Não havíamos atravessado grande distância, quando curiosa assembleia de velhinhos se, postou ao nosso lado.
Mostravam todos carantonhas de aspecto lamentável. Esfarrapados, esqueléticos, traziam as mãos cheias de substância lodosa que levavam de quando em quando ao peito, ansiosos, aflitos. Ao menor toque de vento, atracavam-se aos fragmentos de lama, colocando-os de encontro ao coração, demonstrando infinito receio de perdê-los. Entreolhavam-se apavorados, como se temessem desastre próximo. Cochichavam entre si, maliciosos e desconfiados. As vezes, faziam menção de correr, mas retinham-se no mesmo lugar, entre o medo e a suspeita.
Um deles observou em voz rouquenha:
— Precisamos de alguma salda. Não podemos com delongas. E nossos negócios? nossas casas? Incalculável é a riqueza que descobrimos.
E indicava com ufania os punhados de lodo a escorregar-lhe das mãos aduncas.
— Mas... — prosseguia, pensativo — todo este ouro, que temos conosco, permanece à mercê de ladrões, nesta miserável charneca. Imprescindível é ganharmos o caminho de volta. Isto aqui assombraria a qualquer.
Escutando a singular personagem, dirigi interrogativo olhar a Calderaro, que me esclareceu, atencioso:
— São usurários desencarnados há muitos anos. Desceram a tão profundo grau de apego à fortuna material transitória, que se tornaram ineptos ao equilíbrio na zona mental do trabalho digno, por incapazes de acesso ao santuário interno das aspirações superiores. Na Crosta da Terra, não enxergavam meios de se ampararem com a ambição moderada e nobre, nem reparavam nos métodos de que usaram para atingir os fins egoísticos. Menosprezavam direitos alheios e escarneciam das aflições dos outros. Armavam verdadeiras ciladas a companheiros incautos, no propósito de sugar-lhes as economias, locupletando-se à custa da ingenuidade e da cega confiança. Tantos sofrimentos difundiram com as suas irrefletidas ações, que a matéria mental das vítimas, em maléficas emissões de vingança e de maldição, lhes impôs etérea couraça ao campo das ideias; assim, atordoadas, fixam-se estas nos delitos do pretérito, transformando-os em autênticos fantasmas da avareza, atormentada pelas miragens de ouro neste deserto de padecimentos. Não podemos predizer quando despertem, dada a situação em que se encontram.
Lamentei-os sinceramente, ao que Calderaro obtemperou:
— Enlouqueceram na paixão de possuir, acabando a sinistra aventura escravos de monstros mentais de formação indefinível.
Dispunha-me a redarguir, quando um dos anciães alçou a voz no estranho concerto, exclamando:
— Amigos, não seremos vítimas dum pesadelo? às vezes, chego a supor que estamos equivocados. Há quanto tempo deambulamos fora do lar? onde estamos? não teríamos enlouquecido?.
Oh! aquela voz! escutando-a, pavorosa dúvida se apoderou de mim. Quem estaria louco? interrogava, agora, a mim mesmo. Aquele velho ou eu?
Fixei-lhe os traços. Oh! seria possível? Aquele Espírito desventurado recordava meu avô paterno Cláudio. Afeiçoara-se a mim, desde os meus mais tenros anos. De trato glacial com os outros, afagava-me bastas vezes, acariciando-me a cabeleira infantil com as suas mãos que os anos haviam engelhado. Seus olhos fulguravam quando pousados nos meus, e minha mãe sempre afirmava que só em minha companhia ele se acalmava nas crises nervosas que lhe precederam o fim. Não me lembrava da história dele, com particularidades especiais; entretanto, não ignorava que fizera considerável fortuna em ágios escandalosos, curtindo espinhosa velhice pelo excessivo apego ao dinheiro. Conturbara-se nos últimos tempos do corpo, e via delatores e ladrões em toda a parte. Aflito, meu pai transferira-o para a nossa residência, onde minha mãe o auxiliou a vencer os derradeiros padecimentos.
Num átimo, veio-me à memória seu decesso. Trouxeram-me do colégio, onde fazia o curso secundário, para oscular-lhe as mãos frias, pela última vez. Nunca me esqueci de sua impressionante máscara cadavérica. As mãos recurvadas sobre o peito parecia guardarem, ciosamente, algum tesouro oculto, e nos olhos vítreos, que mãos piedosas não conseguiram cerrar, vagueava o pavor do ignoto, como se o acometessem trágicas visões no Além, para onde fora arrebatado a contragosto.
No curso do tempo, vim a saber que meu avo deixara valioso patrimônio financeiro, que nós, seus parentes, dissipávamos em nababescas fantasias. Tornando ao pretérito, reconheci que vigoroso laço me unia àquele desgraçado que ainda sofria o pesadelo do ouro terrestre, carregando placas de lodo que premia enternecidamente ao coração.
Enquanto as reminiscências me enchiam aquele instante, gritava-lhe um companheiro infeliz:
— Pesadelo? nunca, nunca! Ó Cláudio, não te sensibilizes tanto!.
— Ah! seu nome fora pronunciado. A confirmação estarrecera-me; quis gritar, mas não pude. Compreendendo quanto ocorria em meu íntimo, o prestativo Calderaro amparou-me, assegurando:
— André, já sei de tudo. Entendo agora a significação de tua vinda a estas paragens: Irmã Cipriana tinha razão. Não temos tempo a perder. O velho revela-se receptivo. Começou a entender que provavelmente estará em erro, que talvez respire atmosfera de pesadelo cruel. Ajudemo-lo. Urge auxiliar-lhe a visão, para que nos enxergue.
Aflito, segui o dedicado orientador que passou a aplicar recursos fluídicos sobre os olhos embaciados de meu desditoso ascendente. A entidade, com o providencial afluxo de força, ganhou provisória lucidez, e viu-nos, afinal.
— Oh! — gritou perante os colegas aterrados — que luz diferente!
E esfregando os olhos, acrescentava, dirigindo-se a nós:
— Donde vindes? sois padres?
Certo, aludia às túnicas muito alvas com que nos apresentávamos.
Avancei, lesto, e indaguei:
— Meu amigo, sois Cláudio M.... antigo fazendeiro nas vizinhanças de V...?
— Sim, conheceis-me? quem sois?
Em atitude de alívio, ajuntou com inflexão comovente:
— Desde muito estou preso nesta região misteriosa, referta de perigos e de monstros, mas abundante de ouro, de muito ouro. Vossa palavra me reanima... Oh! por piedade! ajudai-me a sair... Quero voltar.
E, ajoelhado agora, de braços estendidos para mim, repetia:
— Voltar..., rever os meus, sentir-me em casa novamente!
Abracei-o, compungido, e sem desejar chocá-lo com inoportunas revelações, expliquei-me:
— Cláudio M.... sois vítima de lamentável engano. Vossa casa antiga cerrou-se com os olhos físicos que já desapareceram! Encarcerastes o espírito num sonho vão de mentirosas riquezas. A morte vos arrebatou a alma do domicilio carnal, vai para mais de quarenta anos.
O ancião esbugalhou os olhos angustiados. Não relutou. Desatou em pranto convulso, dilacerando-me as fibras mais íntimas.
— Bem o sinto! — murmurou, inspirando compaixão. — Tenho a cabeça afogueada, incapaz de raciocinar; mas... e o ouro, o ouro que ajuntei com tanto suor?
— Reparai vossas mãos, agora que divina claridade vos bafeja o espírito! O patrimônio, acumulado à custa das dificuldades alheias, converteu-se em lodacentos detritos. Notai!
Meu avô pôs-se a contemplar as massas de lama que abraçava, e gritou, aterrorizado. Em seguida, pousando em mim os olhos lacrimosos, considerou:
— Será o castigo? Minha falta para com Ismênia exigia punição...
Como os soluços lhe asfixiassem a garganta, interroguei:
— A quem vos referis?
— A minha irmã, cujos direitos espezinhei.
Sensibilizando-nos, intensamente, prosseguiu:
— Sois enviados de Deus, e ouvi-me em confissão. Ao morrer, meu pai confiou-me uma irmã, que não era filha legítima de nossa casa. Minha mãe, dedicada e santa, criou-a com o mesmo infinito desvelo que a mim mesmo. Quando me vi, porém, sôzinho, escorracei-a do ambiente doméstico. Provei que não partilhava meus laços consangüíneos, para melhor assenhorear-me da fortuna que meu pai nos legara. A pobrezinha implorou e sofreu; no entanto, releguei-a a miserável destino, cioso da sólida base financeira que havia conseguido. Fiquei rico, multipliquei os cabedais, ganhei sempre...
E fixando as mãos enodoadas, prosseguia amargurosamente:
— E agora?...
Ia consolá-lo, abrir-lhe o coração comovido até às lágrimas; Calderaro, porém, fêz-me imperioso gesto, recomendando-me silêncio.
Meu triste antepassado continuou, descortinando-me novos campos ao sentimento:
— Onde viverão meus parentes, cujo futuro me preocupava? onde rolará o dinheiro que amontoei penosamente, olvidando minha própria alma? onde respirará minha irmã, a quem despojei de todos os recursos? porque não me ensinaram, na Terra, que a vida prosseguiria para além do sepulcro? estarei efetivamente (morto) para o mundo, ou louco e cego? Ah! mísero que sou! quem me socorrerá?
Alongando os braços ressequidos, suplicava:
— Tende piedade de mim! Meus pais foram levados ao túmulo, há muitos anos, e meus filhos, certamente, me esqueceram... Estou desprezado, sem ninguém. Valei-me, emissários do Eterno! não abandoneis um ancião traído em suas ambições e propósitos! agora, que me reconheço, tenho medo, muito medo...
Demorando em mim o olhar que grossa cortina de lágrimas ensombrava, observou:
— Meus familiares olvidaram-me o devotamento. Só uma pessoa no mundo se recordará de mim e me estenderia mãos protetores se soubesse do meu paradeiro...
Estampou expressão de ternura na máscara dolorosa e esclareceu:
— Meu neto André Luiz era a luz de meus olhos. Muita vez, os carinhos dele me aquietavam o torturado pensamento. Em muitas ocasiões manifestei, em casa, o desejo de que ele se consagrasse à Medicina. Destinei-lhe um legado para esse fim. Pretendia vê-lo fazendo o bem que eu, homem ignorante, não soubera praticar. Frequentemente me assaltava o remorso pela extorsão que infligira a minha irmã; contudo, consolava-me com a ideia de que o neto do meu coração, de algum modo, gastaria o dinheiro que eu indêbitamente aferrolhara, educando-se, como convinha, para beneficio de todos... Seria o benfeitor dos pobres e dos doentes, espargiria sementes dadivosas onde minha existência inútil espalhara pedras e espinhos de insensatez. Meu neto seria belo, querido, respeitado...
Enxugando as copiosas lágrimas, indagava em voz súplice, com a atenção presa a meus gestos:
— Quem sabe se vós, mensageiros de Deus, poderíeis levar a meu neto a tremenda noticia dos males que me devoram? Não mereço o afastamento destas masmorras em que enlouqueci, mas ser-me-á consolo saber que André tem ciência dos meus padecimentos!
Ah! não mais valeram sinais do Assistente Calderaro para que me contivesse, esperando ainda mais. Meu peito como que rebentara numa torrente de pranto irreprimível. Ali, não me achava ante assembléias superiores, cujas emissões de energia me sustentassem até ao fim no combate educativo da autodisciplina, mas, diante dos deploráveis remanescentes das paixões terrestres. Lembrei-me do meu avô, acariciando-me os cabelos; recordei que meu genitor sempre aludia aos desejos do velho, com referência à minha preparação acadêmica... Pensei nos longos anos que o mísero teria gasto, ali, agarrado às ideias de posse financeira; compreendi a extensão de meu débito para com ele, relativamente ao diploma de médico que eu não soubera honrar no mundo... Dirigi súplice olhar a Calderaro, rogando-lhe me perdoasse...
O Assistente sorriu e entendeu tudo.
Quem terá perdido, de todo, a expressão infantil, se o próprio Cristo, Supremo Guia da Terra, abriu tenros braços, um dia, no berço da manjedoura?
Tornando mentalmente a cenários da infância longínqua, senti-me novamente menino; venci de um salto o espaço que nos separava e ajoelhei-me aos pés do meu desventurado benfeitor, que me observava, agora, trêmulo e assustado. Cobri-lhe as mãos de beijos e, erguendo para ele os olhos lacrimosos, perguntei:
— Vovô Cláudio, pois o senhor não me conhece mais?
Impossível seria descrever o que se passou.
Esqueci, por momentos, os estudos que me impusera a fazer; olvidei os quadros daquele ambiente, que provocavam curiosidade e pavor. Meu espírito respirava o reconhecimento sincero e o amor puro; e, enquanto as míseras entidades emuradas na usura gritavam, revoltadas, umas, e riam outras à sorrelfa, incapazes de compreender a cena improvisada, eu, amparado por Calderaro, que também enxugava lágrimas discretas, diante da comoção que me assaltara, sustentei meu avô nos braços, como se transportara, louco de alegria, precioso fardo que me era doce e leve ao coração.

domingo, 21 de março de 2010

SEMANA - ESTUDO DO EVANGELHO - CAPÍTULO 11 ÍTEM 10 - MARIA J. CAMPOS



FONTE BÁSICA

KARDEC, Allan. O Evangelho Segundo o Espiritismo.

AMAR O PRÓXIMO COMO A SI MESMO

A Lei do Amor

1. O que significa “elevar-se acima da matéria”?
É não se apegar demasiadamente aos bens deste mundo, dando às coisas materiais valores definitivos, mas encarar a vida como estágio passageiro e purificador da vida espiritual.

O corpo material, invólucro terrestre que nos reveste o espírito encarnado, deve ser utilizado tão somente visando ao aprimoramento moral e intelectual deste.

2. Por que essa elevação é necessária?
Porque a nossa caminhada para Deus está condicionada ao tratamento que dispensamos ao nosso próximo e esse tratamento só é conforme a justiça divina quando nos libertamos das pressões que a matéria nos imprime.

Aos bens materiais devemos dar somente o valor relativo que eles merecem. A nossa meta constante deve ser o cultivo dos bens espirituais.

3. Quais as características do homem que ama, no sentido profundo desse termo?
O homem que ama verdadeiramente se destaca por ser leal, probo, consciencioso; por fazer aos outros o que gostaria que estes lhe fizessem; por procurar suavizar as dores de seus irmãos; e por considerar como sua a grande família humana.

“Para todos os sofrimentos, tende, pois, sempre uma palavra de esperança e de conforto, a fim de que sejais inteiramente amor e justiça”.

4. Se considerarmos o período dos últimos cem anos, podemos concluir que a humanidade, hoje, é melhor?
Sem dúvida, sim. Em que pese ela haver caminhado muito pouco em relação ao ponto ideal a atingir, somos forçados a admitir que a humanidade melhorou bastante e tende a melhorar ainda mais, pois tudo na natureza está sob o influxo da lei do progresso..

Para essa caminhada atingir mais rapidamente o ponto de chegada é imprescindível a vivência do amai bastante, para serdes amado..

5. Como esse melhoramento da humanidade ocorre e pode ser percebido?
Através do progresso intelectual e moral atingido pela criatura, que lhe permite aceitar melhor as idéias novas sobre liberdade e fraternidade, que antes rejeitava.

O progresso, muitas vezes, se opera através do bem que trabalha em silêncio e no anonimato, e que no decorrer dos anos se faz sentir.

6. Que fazer diante do mal que tenta impedir nosso esforço renovador?
Perseverar no bem, já que temos a compreensão da justiça e da bondade de Deus, dentro de cada um de nós.

Não há coração tão endurecido que não ceda, a seu malgrado, ao influxo do amor verdadeiro.

7. Como o Espiritismo contribui para a melhoria da humanidade?
Esclarecendo a criatura sobre os reais valores da vida e, sobretudo, restaurando a simplicidade e a ação consoladora do evangelho de Jesus.

O movimento espírita, em razão do avanço seguro que realiza, contribui para a disseminação e aceitação das idéias de justiça e de renovação, por parte das criaturas de boa vontade.

Conclusão:
Amar, no sentido profundo do termo, é aceitar os outros como são, fazendo-lhes todo bem ao nosso alcance.
Ama o próximo é receita infalível de felicidade e condição para que nos elevemos acima da matéria, trilhando o caminho para Deus.

quinta-feira, 18 de março de 2010

ESTUDO DO LIVRO ENTRE A TERRA E O CÉU - CAP. 3 - ORADOR ALEXANDRE X. CAMARGO



3 - OBSESSÃO


Penetramos o mais espaçoso aposento da casa, onde uma senhora de aspecto juvenil repousava abatida e insone.
Moça de vinte e cinco anos, aproximadamente, mostrava no semblante torturado harmoniosa beleza. O rosto delicado parecia haver saído de uma tela preciosa, todavia, com a suavidade das linhas fisionômicas contrastavam a inquietação e o pavor dos olhos escuros e o abandono dos cabelos em desalinho.
Ao lado dela, descansava outra mulher, sem o veículo físico.
Recostada num travesseiro de grandes dimensões, dava a idéia de proteger a moça indiscutivelmente enferma, contudo, a vaguidão do olhar e o halo obscuro de que se cercava, não nos deixavam dúvida quanto à sua posição de desequilíbrio interior.
Conservava a destra sobre a medula alongada da senhora vencida e doente, como se quisesse controlar-lhe as impressões nervosas, e fios cinzentos que lhe fluíam da cabeça, à maneira de tentáculos dum polvo, envolviam-lhe o centro coronário, obliterando-lhe os núcleos de força.
Indiferentes ambas à nossa presença, foi possível observá-las atentamente, identificando-se-lhes a posição de verdugo e de vítima.
Arrancando-nos da indagação silenciosa em que nos demorávamos, Clarêncio explicou:
– A jovem senhora é Zulmira, a segunda orientadora deste lar, e a irmã desencarnada que presentemente lhe vampiriza o corpo é Odila, a primeira esposa de Amaro e mãezinha de Evelina, dolorosamente transfigurada pelo ciúme a que se recolheu. Empenhada em combater aquela que considera inimiga, imanta-se a ela, através do veículo perispirítico, na região cerebral, dominando a complicada rede de estímulos nervosos e influenciando os centros metabólicos, com o que lhe altera profundamente a paisagem orgânica.
– Mas, porque não há reação por parte da perseguida? – inquiri, perplexo.
– Porque Zulmira, a nossa amiga encarnada, caiu no mesmo padrão vibratório – aclarou o instrutor –. Ela também se devotou ao marido com egoísmo aviltante. Amaro sempre foi pai afetuosíssimo.
O matrimônio anterior deixou-lhe um casal de filhinhos, mas o pequeno Júlio, formosa criança de oito anos, perdeu a existência no mar. A segunda mulher nunca suportou, sem mágoa, o carinho do genitor para com os órfãos de mãe. Revoltava-se,
choramingava e doía-se constantemente, diante das menores manifestações de ternura paternal, entrelaçando-se, por isso mesmo, com as desvairadas energias da irresignada companheira de Amaro, arrebatada pela morte. Em suas preocupações doentias, Zulmira chegou a desejar a morte de uma das crianças. Pretendia possuir o coração do homem amado, com absoluto exclusivismo.
E porque as atenções de Amaro se concentravam particularmente sobre o menino, muitas vezes emitiu silenciosamente o anseio de vê-lo afogar-se na praia em que se banhavam. Certa manhã, custodiando os enteados, separou Evelina do irmão, permitindo ao petiz mais ampla incursão nas águas. O objetivo foi atingido. Uma onda rápida surpreendeu o miúdo banhista, arrojando-o ao fundo.
Incapaz de reequilibrar-se, Júlio voltou cadaverizado à superfície.
O sofrimento familiar foi enorme. O ferroviário sentiu-se psiquicamente distanciado da segunda esposa, classificando-a como relaxada e cruel com os filhinhos. Zulmira, a seu turno, acabrunhada com o acontecimento e guardando consigo a responsabilidade
indireta pelo desastre havido, caiu obsidiada ante a influência perniciosa da rival que a subjugava do plano invisível.
Clarêncio fez ligeiro intervalo e continuou:
– O sentimento de culpa é sempre um colapso da consciência e, através dele, sombrias forças se insinuam... Zulmira, pelo remorso destrutivo, tombou no mesmo nível emocional de Odila e ambas se digladiam num conflito de morte, inacessível aos olhos
humanos comuns. É um caso em que a medicina terrestre não consegue interferência.
Calara-se o Ministro.
Qual se nos registrasse a presença por intuição, Odila movimentou-se e, agarrando-se à pobre senhora com mais força, gritou:
– Ninguém a libertará! Sou infeliz mãe espoliada... Farei justiça por minhas próprias mãos...
E contemplando a enferma com expressão terrível, acrescentava:
– Assassina! Assassina!... Mataste meu filhinho! Morrerás também!...
A doente abriu desmesuradamente os olhos.
Extrema palidez cobriu-lhe a face.
Não ouvia as palavras da adversária que lhe era invisível, mas, envolta na onda magnética que a enlaçava, sentia-se morrer.
Clarêncio afagou-lhe a fronte e disse, calmo:
– Pobre moça!...
Hilário e eu, instintivamente abeiramo-nos de Odila para afastá-la com a presteza possível, mas o instrutor generoso detevenos com um gesto, advertindo:
– A violência não ajuda. As duas se encontram ligadas uma a outra. Separá-las à força seria a dilaceração de conseqüências imprevisíveis. A exasperação da mulher desencarnada pesaria demasiado sobre os centros cerebrais de Zulmira e a lipotimia
poderia acarretar a paralisia ou mesmo a morte do corpo.
– Mas, então – clamou Hilário, contrafeito –, como extinguir essa união indébita? Não será justo afastar o algoz da vítima?
Clarêncio sorriu e ponderou:
– Aqui, o quadro é diverso. Na esfera carnal, a cápsula física é precioso isolante das energias desequilibradas de nossa mente, entretanto, em nosso plano de ação, no problema que observamos, essas forças desbordam ameaçadoras sobre a infortunada mulher, cujo corpo pode ser comparado a uma lâmpada de fraca receptividade,
sobre a qual seria perigoso arremessar uma corrente superior à capacidade de resistência a que se enquadra. A inutilização seria completa.
– Que poderíamos fazer? – indagou Hilário, desapontado.
– Precisamos atuar na elaboração dos pensamentos da infortunada irmã que tomou a iniciativa da perseguição. É imprescindível dar outro rumo à vontade dela, deslocando-lhe o centro mental e conferindo-lhe outros interesses e diferentes aspirações.
– E não podemos começar, exortando-a?
O Ministro, sereno, obtemperou sem alterar-se:
– Talvez, assim de momento, não pudéssemos ou não soubéssemos.
A preparação é indispensável.
– Nada custa uma conversação de censura... – alegou meu companheiro, admirado.
– Sim, uma doutrinação pura e simples seria cabível, contudo, não podemos esquecer que a organização cerebral da vítima permanece excessivamente martelada. Nossa intervenção no campo espiritual de Odila deve ser envolvente e segura para evitar choques e contrachoques, que repercutiriam desastrosamente sobre a outra. Nem doçura prejudicial, nem energia contundente...
O instrutor dirigiu piedoso olhar às duas mulheres e prosseguiu:
– A questão nesta casa surge realmente melindrosa. É necessário buscar alguém que já tenha amealhado na alma bastante amor e bastante entendimento para conversar com o poder criador da renovação.
Refletiu alguns instantes e aduziu:
– Contamos em nossas relações com a irmã Clara. Rogaremos o concurso dela. Modificará Odila com o seu verbo coroado de luz, inclinando-a ao serviço da conversão própria. Por agora, de nossa parte, somente nos é possível a dispensação de algum alívio e nada mais.
Recomendou a Eulália assistisse Evelina para o refazimento psíquico de que a menina necessitava e, em seguida, aplicou recursos magnéticos sobre Zulmira, em passes calmantes, de longo curso.
Qual se fosse brandamente anestesiada, a enferma passou da irritação à serenidade e pareceu dormir aos olhos do esposo que chegara, de mansinho, acomodando-lhe os travesseiros.

ESTUDO DO LIVRO ENTRE A TERRA E O CÉU - CAP. 2 - ORADOR ALEXANDRE X. CAMARGO



2 - NO CENÁRIO TERRESTRE

Numa sala ampla, em que numerosas entidades trabalhavam solícitas, Clarêncio recebeu da jovem um pequeno gráfico que passou a examinar, cauteloso.
Em seguida, comentou, espontâneo:
– Ainda agora, falávamos de responsabilidade. Eis um fato que nos ilustra os conceitos.
E, exibindo o documento que trazia nas mãos, explicou:
– Temos aqui uma oração comovedora que superou as linhas vibratórias comuns do plano de matéria mais densa. Parte de uma devotada servidora que se ausentou de nossa cidade espiritual, há precisamente quinze anos terrestres, para determinadas tarefas na reencarnação. Não seguiu, porém, desassistida. Permanece sob nossa orientação, O nascimento e o renascimento, no mundo, sob o ponto de vista físico, jazem confiados a leis biológicas de cuja execução se incumbem Inteligências especializadas, contudo, em suas características morais, subordinam-se a certos ascendentes do
espírito.
O Ministro deteve-se alguns instantes, analisando a pequenina e complicada ficha, todavia, como se provocasse a continuidade da lição que recebíamos, meu companheiro considerou:
– Mas, indiscutivelmente, na reencarnação há um programa de serviço a realizar...
– Sim, sem dúvida – aclarou o instrutor –, quanto mais vastos os recursos espirituais de quem retorna à carne, mais complexo é o mapa de trabalho a ser obedecido. Quase todos temos do pretérito expressivo montante de débito a resgatar e todos somos desafiados pelas aquisições a fazer. Nisso está o programa, significando
em si uma espécie de fatalidade relativa no ciclo de experiências que nos cabe atender; entretanto, a conduta é sempre nossa e, dentro dela, podemos gerar circunstâncias em nosso benefício ou em nosso desfavor. Reconhecemos, assim, que o livre arbítrio, também relativo, é uma realidade inconteste em todas as esferas
de evolução da consciência. Não podemos olvidar, contudo, que, em todos os planos, marchamos em verdadeira interdependência.
Nas linhas da experiência física, até certo ponto, os filhos precisam dos pais, os doentes necessitam dos médicos e os moços não prescindem do aviso dos mais velhos. Aqui, a habilitação depende dos educadores, o amparo eficiente exige quem saiba distribuí-lo e a transferência de domicílio para trabalho enobrecedor, quando
se trata de Espíritos sem méritos absolutos, reclama o endosso de autoridades competentes.
– Mas, que vem a ser uma oração refratada? – indagou o meu colega, mordido de curiosidade.
Hilário fora igualmente médico no mundo e, tanto quanto eu, permanecia em tarefas ligadas à responsabilidade de Clarêncio, adquirindo conhecimentos especializados.
– A prece refratada é aquela cujo impulso luminoso teve a sua direção desviada, passando a outro objetivo.
Inclinávamo-nos a desfechar novas perguntas, no entanto o orientador sossegou-nos, esclarecendo:
– Esperem. Reconhecerão comigo que nos achamos todos imanados uns aos outros.
Em seguida, falou para a jovem que o observava, respeitosa:
– Chame a irmã Eulália.
Alguns momentos passaram, rápidos, e a cooperadora mencionada apareceu irradiando bondade e simpatia.
– Irmã – disse Clarêncio, preciso –, este gráfico registra aflitivo apelo de Evelina, cuja volta ao aprendizado na carne foi garantida por nossa organização. Parece-me estar a pobrezinha em extremas dificuldades...
– Sim – concordou a interpelada –, Evelina, apesar da fragilidade do novo corpo, vem sustentando imensa luta moral. O pai, sobrecarregado de questões íntimas, tem a saúde periclitante e a madrasta vem sofrendo obstinada perseguição, por parte de nossa desventurada Odila.
– A genitora de Evelina?
– Sim, ela mesma. Ainda não se resignou a perder a primazia feminina no lar. Há dois anos empenho energia e boa vontade por dissuadi-la. Vive, porém, enovelada nos laços escuros do ciúme e não nos ouve. O egoísmo desbordante fá-la esquecida dos compromissos que abraçou. Zulmira, por sua vez, a segunda esposa de Amaro, desde a morte do pequenino Júlio caiu em profundo abatimento.
Como não ignoramos, o pequeno desencarnou afogado, consoante as provas de que se fez devedor. A madrasta, contudo, que chegou a desejar-lhe o desaparecimento por não amá-lo, encontrando-se sob as sugestões da mulher que a precedeu nas atenções do marido, crê-se culpada... Evelina, depois de perder o maninho em trágicas circunstâncias, acha-se desorientada, entre o genitor aflito e a segunda mãe, em desespero... Ainda anteontem, pude vê-la. Chorava, comovedoramente, diante da fotografia da mãezinha desencarnada, suplicando-lhe proteção. Odila, porém,
envolvida nas teias das próprias criações mentais, não se mostra capaz de corresponder à confiança e à ternura da menina. Ela, entretanto, tem insistido com tal vigor na obtenção de socorro espiritual que as suas rogativas, quebrando a direção, chegam até aqui, de tal modo...
Reparávamos o pequeno gráfico em Silêncio.
Sustando a pausa longa, o Ministro fixou Hilário e indagou:
– Compreendem agora o que seja uma oração refratada? Evelina recorre ao espírito materno que não se encontra em condições de escutá-la, mas a solicitação não se perde... Desferida em elevada freqüência, a súplica de nossa irmãzinha vara os círculos inferiores e procura o apoio que lhe não faltará.
Passeando em nós o olhar muito lúcido, concluiu:
– Desejariam cooperar conosco na tarefa assistencial?
Sem dúvida, o caso fascinava-nos a atenção.
O orientador, no entanto, recomendou esperássemos dois dias.
Desejava inteirar-se, a sós, de todas as ocorrências, para instruir-nos com segurança, quando estivéssemos a usufruir-lhe a companhia.
Nossa excursão, todavia, foi marcada e, no momento preciso, achávamo-nos a postos.
Sem delonga na viagem, Clarêncio, Eulália, Hilário e eu encontramo-nos em residência modesta, mas confortável, num dos bairros do Rio de Janeiro.
O relógio citadino acusava exatamente vinte e uma horas.
Entramos.
Em estreito compartimento, à guisa de gabinete de trabalho e biblioteca, um homem de trinta e cinco anos presumíveis lia, com visíveis sinais de preocupação, um manual de mecânica.
Na secretária singela, desdobravam-se publicações diversas, denunciando-lhe os estudos.
Clarêncio, assumindo com mais propriedade o papel de mentor do nosso grupo, informou, gentil:
– Este é Amaro, o chefe da casa. Tem, no longo pretérito, complicados compromissos. Em muitas ocasiões, usou projéteis e lâminas de ferro para o mal. Hoje, é servidor categorizado numa ferrovia...
Em seguida, passamos a gracioso quarto próximo.
Encantadora adolescente de catorze anos bordava iniciais num lenço de linho.
Magra e triste, parecia concentrar a mente nos olhos grandes e serenos. Não nos assinalou a presença, mas, ao contacto das mãos espirituais do Ministro, revelou indefinível contentamento interior.
Instintivamente, desviou o olhar do pano alvo e fixou-o num retrato de mulher que pendia da parede. Sorriu, enlevada, qual se conversasse com a imagem, enquanto Clarêncio nos dizia:
– Esta é a nossa Evelina, cuja reencarnação foi por nós organizada, faz alguns anos. A fotografia é uma lembrança da mãezinha que já partiu. Evelina está ligada aos pais, através de imenso amor, desde séculos remotos. Veio ao encontro de criaturas e
situações das quais necessita para a garantia da própria ascensão, mas trouxe também consigo a tarefa de auxiliar os progenitores.
No momento, acredita-se amparada pela mãezinha, entretanto, pelos méritos já acumulados na vida espiritual, é ela mesma quem continua socorrendo o coração materno, ainda em luta...
Abracei, comovido, a mocinha extática, que se guardava em luminoso halo de tranqüilidade e, por alguns instantes, meditei na grandeza do amor e na sublimidade da oração.

ESTUDO DO LIVRO ENTRE A TERRA E O CÉU - CAP. 1 - ORADOR ALEXANDRE X. CAMARGO



1 - EM TORNO DA PRECE

No Templo do Socorro1, o Ministro Clarêncio comentava a sublimidade da prece e nós o ouvíamos com a melhor atenção.
– Todo desejo – dizia, convincente – é manancial de poder. A planta que se eleva para o alto, convertendo a própria energia em fruto que alimenta a vida, é um ser que ansiou por multiplicar-se...
– Mas todo petitório reclama quem ouça – interferiu um dos companheiros. – Quem teria respondido aos rogos, sem palavras, da planta?
O venerando orientador respondeu, tranqüilo:
– A Lei, como representação de nosso Pai Celestial, manifesta-se a tudo e a todos, através dos múltiplos agentes que a servem.
No caso a que nos reportamos, o Sol sustentou o vegetal, conferindo-lhe recursos para alcançar os objetivos que se propunha atingir.
E, imprimindo significativa entonação à voz, continuou:
– Em nome de Deus, as criaturas, tanto quanto possível, atendem às criaturas. Assim como possuímos em eletricidade os transformadores de energia para o adequado aproveitamento da força, temos igualmente, em todos os domínios do Universo, os transformadores da bênção, do socorro, do esclarecimento... As correntes centrais da vida partem do Todo-Poderoso e descem a flux,transubstanciadas de maneira infinita. Da luz suprema à treva total, e vice-versa, temos o fluxo e o refluxo do sopro do Criador, através de seres incontáveis, escalonados em todos os tons do
1 Instituição da cidade espiritual em que se encontra o Autor. (Nota do
Autor espiritual).
Instinto, da inteligência, da razão, da humanidade e da angelitude, que modificam a energia divina, de acordo com a graduação do trabalho evolutivo, no meio em que se encontram. Cada degrau da vida está superlotado por milhões de criaturas... O caminho da ascensão espiritual é bem aquela escada milagrosa da visão de Jacob, que passava pela Terra e se perdia nos céus... A prece, qualquer que ela seja, é ação provocando a reação que lhe corresponde.
Conforme a sua natureza, paira na região em que foi emitida ou eleva-se mais, ou menos, recebendo a resposta imediata ou remota, segundo as finalidades a que se destina. Desejos banais encontram realização próxima na própria esfera em que surgem.
Impulsos de expressão algo mais nobre são amparados pelas almas que se enobreceram. Ideais e petições de significação profunda na imortalidade remontam às alturas...
O mentor generoso fez pequeno intervalo, como a dar-nos tempo para refletir e acentuou:
– Cada prece, tanto quanto cada emissão de força, se caracteriza por determinado potencial de freqüência e todos estamos cercados por Inteligências capazes de sintonizar com o nosso apelo, à maneira de estações receptoras. Sabemos que a Humanidade Universal, nos infinitos mundos da grandeza cósmica, está constituída pelas criaturas de Deus, em diversas idades e posições...
No Reino Espiritual, compete-nos considerar igualmente os princípios da herança. Cada consciência, à medida que se aperfeiçoa e se santifica, aprimora em si qualidades do Pai Celestial, harmonizando-se, gradativamente, com a Lei. Quanto mais
elevada a percentagem dessas qualidades num espírito, mais amplo é o seu poder de cooperar na execução do Plano Divino, respondendo às solicitações da vida, em nome de Deus, que nos criou a todos para o Infinito Amor e para a Infinita Sabedoria...
Quebrando o silêncio que se fizera natural para a nossa reflexão,
o irmão Hilário perguntou:
– Contudo, como interpretar o ensinamento, quando estivermos à frente de propósitos malignos? Um homem que deseja cometer um crime estará também no serviço da prece?
– Abstenhamo-nos de empregar a palavra “prece”, quando se trate do desequilíbrio – aduziu Clarêncio, bondoso –, digamos “invocação”.
E acrescentou:
– Quando alguém nutre o desejo de perpetrar uma falta está invocando forças inferiores e mobilizando recursos pelos quais se responsabilizará. Através dos impulsos infelizes de nossa alma, muitas vezes descemos às desvairadas vibrações da cólera ou do vício e, de semelhante posição, é fácil cairmos no enredado poço
do crime, em cujas furnas nos ligamos, de imediato, a certas mentes estagnadas na ignorância, que se fazem instrumentos de nossas baixas idealizações ou das quais nos tornamos deploráveis joguetes na sombra. Todas as nossas aspirações movimentam
energias para o bem ou para o mal. Por isso mesmo, a direção delas permanece afeta à nossa responsabilidade. Analisemos com cuidado a nossa escolha, em qualquer problema ou situação do caminho que nos é dado percorrer, porquanto o nosso pensamento
voará, diante de nós, atraindo e formando a realização que nos propomos atingir e, em qualquer setor da existência, a vida responde, segundo a nossa solicitação. Seremos devedores dela pelo que houvermos recebido.
O Ministro sorriu, benevolente, e lembrou:
– Estejamos convictos, porém, de que o mal é sempre um círculo fechado sobre si mesmo, guardando temporariamente aqueles que o criaram, qual se fora um quisto de curta ou longa duração, a dissolver-se, por fim, no bem infinito, à medida que se reeducam as Inteligências que a ele se aglutinam e afeiçoam. O Senhor
tolera a desarmonia, a fim de que por intermédio dela mesma se efetue o reajustamento moral dos espíritos que a sustentam, de vez que o mal reage sobre aqueles que o praticam, auxiliando-os a compreender a excelência e a imortalidade do bem, que é o inamovível fundamento da Lei. Todos somos senhores de nossas criações e, ao mesmo tempo, delas escravos infortunados ou felizes tutelados. Pedimos e obtemos, mas pagaremos por todas as aquisições. A responsabilidade é principio divino a que ninguém poderá fugir.
Nesse instante, uma jovem de semblante calmo penetrou no recinto e, dirigindo-se ao nosso orientador, falou algo aflita:
– Irmão Clarêncio, uma de nossas pupilas do quadro de reencarnações sob suas diretrizes pede socorro com insistência...
– É um apelo individual urgente? – indagou o Ministro, preocupado.
– É assunto inquietante, mas numa prece refratada.
O prestimoso instrutor convidou-nos a acompanhá-lo e seguimo-lo, atentamente.

segunda-feira, 15 de março de 2010

SEMANA - ESTUDO DO EVANGELHO - CAPÍTULO 11 ÍTEM 9 - MARIA J. CAMPOS



FONTE BÁSICA

KARDEC, Allan. O Evangelho Segundo o Espiritismo.

AMAR O PRÓXIMO COMO A SI MESMO

A Lei do Amor

1. O que faz desenvolver em nós o amor divino?
As ações benéficas de pessoas bondosas, cujo amor nos contagia. Em última instância, para os mais rebeldes, o tempo e a dor.

“O amor é de essência divina e todos vós, do primeiro ao último, tendes, no fundo do coração, a centelha desse fogo sagrado”.

2. Que papel exerce a reencarnação, considerando a lei de amor?
É uma benção de Deus, através da qual se reúnem inimigos do passado em uma mesma família, a fim de mutuamente se ajustarem diante da lei de amor. É a oportunidade que Deus nos concede de fazer o bem a quem tenhamos feito o mal.

A reencarnação é, por isso, um dos instrumentos de aplicação da lei de amor.

3. É correto dedicar amor a apenas um círculo íntimo e restrito de parentes e amigos?
Não. Jesus, ao proclamar o amai o vosso próximo como a vós mesmos, não estabeleceu limites para esse amor. Ao contrário, simbolizou no próximo a Humanidade inteira.

A prática da lei de amor, tal como Deus a entende, consiste em amar a todos os nossos irmãos, indistintamente.

4. Qual o efeito da lei de amor para o homem?
Melhoramento moral para a raça humana e felicidade durante a vida terrestre e após esta. Os mais rebeldes também a ela se ajustarão, ainda que mais tarde, quando observarem os benefícios da prática dessa lei.

O Espiritismo contribui para que essa lei seja mais claramente compreendida e seus efeitos rapidamente sentidos.

5. O endurecimento do coração do homem constitui obstáculo à implantação da lei de amor na Terra?
Não, porque endurecimento é temporário. Ao contágio do verdadeiro amor, o coração humano cede, pois que se vê tocado pelo desejo de vivenciar a caridade, a humildade, a paciência e todas as demais virtudes que o amor inspira.

A Terra, orbe de provação e de exílio, será então purificada por esse fogo sagrado e verá praticadas, na sua superfície, todas as virtudes filhas do amor.

6. O que devemos fazer para nos ajustar à lei de amor?
Como primeiro passo, tolerar os que convivem conosco, buscando perdoar quem nos ofende, auxiliando o próximo, na medida de nossas possibilidades, enfim, atendendo fielmente ao chamamento de Jesus, contido no amai-vos uns aos outros.

Não basta apenas o homem deixar de fazer aos outros aquilo que não quer que lhe façam, mais deve ele também fazer aos outros tudo aquilo que gostaria lhe fizessem.


Conclusão:
Do amor decorrem todas as virtudes. Todos temos no íntimo essa centelha divina, cabendo-nos fazê-la germinar e desenvolver, ajustando-nos, assim, à lei de amor. Um dia, todos seremos virtuosos e, em conseqüência, felizes.

segunda-feira, 1 de março de 2010

SEMANA - ESTUDO DO EVANGELHO - CAPÍTULO 11 ÍTENS 8 - MARIA J. CAMPOS



FONTE BÁSICA

KARDEC, Allan. O Evangelho Segundo o Espiritismo.

AMAR O PRÓXIMO COMO A SI MESMO

A Lei do Amor

1. Por que o amor constitui a essência da doutrina de Jesus ?
Porque sua doutrina, destinada a orientar a elevação espiritual da criatura, resume-se por inteiro no amor, que é o mais elevado dos sentimentos e lição fundamental do nosso aprendizado na Terra.

Em sua origem, o homem só tem instintos; quando mais avançado e corrompido, só tem sensações; quando instruído e depurado, tem sentimentos.

2. Qual o efeito da lei de amor na criatura humana?
Essa lei, quando definitivamente implantada no coração do homem, substitui a personalidade pela fusão do seres, e extingue as misérias sociais, dando lugar aos sentimentos nobres de fraternidade e respeito pelo semelhante.

O homem, então, ama com amplo amor os seus irmãos em sofrimento, desconhecendo a miséria do corpo e da alma.

3. Em que consiste a reencarnação?
É o triunfo sobre a morte, revelando às criaturas o seu patrimônio intelectual, isto é, o seu aprendizado anterior acumulado, e a certeza de que esse aprendizado não se faz de uma só vez e sim, no decurso de várias vidas.

A reencarnação, que o Espiritismo desvendou, é um dos instrumentos de aplicação da lei do amor.

4. Qual a finalidade da reencarnação?
Assegurar ao espírito oportunidade de progresso espiritual, através do retorno à vida material. Por meio do reencontro com aqueles aos quais se ligou, em outras vidas, a criatura repara os possíveis erros do passado e se exercita na prática do amor, promovendo, assim, sua elevação espiritual.

Através da reencarnação, a Providência Divina concede os meios para o necessário desenvolvimento dos sentimentos que, certamente, resgatarão da matéria o homem.

5. Por que é necessário vencer os instintos, em proveito do sentimento?
Porque a predominância dos instintos nos seres significa atraso e permanência no ponto de partida. É necessário vencer os instintos, acelerando nossa caminhada rumo à meta, que é a pratica sublime do amor, o mais puro dos sentimentos.

“Os instintos são a germinação e os embriões do sentimento.” “(...) Os seres menos adiantados são os que, emergindo pouco a pouco de suas crisálidas, se conservam escravizados aos instintos”.

6. Qual a melhor maneira de suplantar os instintos e acelerar o nosso progresso?
Estudando, compreendendo e vivenciando os ensinamentos contidos no Evangelho de Jesus, agora renovados pelo Espiritismo, que nos recomenda: Amai muito, para seres amados.

“É então que, compreendendo a lei de amor, que liga todos os seres, buscareis nela os gozos suavíssimos da alma, prelúdios das alegrias celestiais”.

Conclusão:
Todo o nosso aprendizado na Terra visa ao domínio do amor, sentimento por excelência, do qual os instintos e as sensações são fases embrionárias. Quanto mais rapidamente vencermos essas fases, mais cedo compreenderemos e vivenciaremos a lei de amor, que liga todos os seres.