quinta-feira, 25 de novembro de 2010

ESTUDO DO LIVRO ENTRE A TERRA E O CÉU - CAP. 31 - ORADOR ALEXANDRE X. CAMARGO



31 – Nova Luta

O pequeno Júlio desenvolvia-se como flor de esperança no jardim do lar, todavia, sempre mirrado, enfermiço.
Desvelavam-se os pais por assisti-lo convenientemente, contudo, por mais adequados se categorizassem os tratamentos recalcificantes, trazia doloroso estigma na garganta.
Extensa ferida na glote dificultava-lhe a nutrição.
Farinhas suculentas concorriam com o leite materno para robustecê-lo, mas em vão.
Entretanto, apesar dos cuidados que exigia, era uma bênção de felicidade para os genitores e para a irmãzinha, que sentiam em seu rostinho tenro um ponto vivo de entrelaçamento espiritual.
Muitas vezes, conchegamo-lo ao coração, rememorando os trabalhos que lhe haviam precedido o regresso ao mundo, assinalando a ternura otimista com que Odila, transformada em generosa protetora da família, lhe acompanhava o desabrochar.
O pequerrucho já começava a falar por monossílabos, em vésperas do primeiro ano de renascimento, quando nova luta surgiu.
O inverno chegara rigoroso e vasto surto de gripe espalharase ameaçador.
A tosse e a influenza compareciam pertinazes, em todos os recantos, quando, num dia de grande trabalho para nós, eis que a genitora de Evelina veio, novamente, ao nosso encontro.
Dantes, procurava assistência para Zulmira, agora demandava auxílio para Júlio.
O menino, assaltado por teimosa amidalite, jazia prostrado,
febril.
Dirigimo-nos incontinenti para o lar do ferroviário.
Com efeito, o vento soprava, úmido, sobre o largo espelho da Guanabara. As ruas, pela vestimenta pesada dos transeuntes, davam ao Rio o aspecto de uma cidade fria.
Alcançamos, sem detença, o domicílio de Amaro.
O quadro, à nossa vista, era indubitavelmente constrangedor.
Penetramos o aposento em que a criança gemia semiasfixiada, no instante preciso em que o médico da família efetuava meticuloso exame.
Clarêncio passou a reparar-lhe todos os movimentos.
A garganta minúscula apresentava extensa placa branquicenta e a respiração se fazia angustiada, sibilante.
O instrutor meneou a cabeça, como se fora defrontado por insolúvel enigma, e colocou a destra na fronte do facultativo, compelindo-o a refletir com a maior atenção.
Zulmira e Evelina, sem perceber-nos a presença, fitavam o médico, preocupadas.
Após longo silêncio, o clínico voltou-se para a dona da casa, afirmando:
– Creio devamos procurar um colega imediatamente. Enquanto a senhora telefona para o marido, chamando-o da oficina, trarei comigo um pediatra.
A torturada mãezinha conteve a custo as lágrimas que lhe borbulhavam dos olhos.
O médico tornou, cismarento, à via pública e, enquanto Evelina, rápida, corria até o armazém próximo para dar ciência ao genitor de quanto ocorria, Zulmira, presumindo-se a sós, abraçouse ao doentinho e, chorando livremente, ciciou:
– Ó meu Deus, com tanto amor recebi o filho que me enviaste!...
Não me deixes agora sem ele, Senhor!...
O pranto que lhe corria na face queimava-me o coração.
Nada pude indagar, em vista da emotividade que me tomara o espírito, mas o nosso orientador, sereno como sempre, exclamou, compadecido:
– A difteria está perfeitamente caracterizada. A deficiência congenial da glote favoreceu a implantação dos bacilos. É imprescindível o socorro urgente.
O instrutor começou a mobilizar recursos assistenciais de maior expressão, quando o ferroviário, desolado, ingressou no aposento.
Conversando com a mulher, tentava reanimá-la, quando o pediatra, conduzido pelo colega, deu entrada na humilde residência.
Ambos os médicos submeteram o petiz a prolongado exame, permutando impressões em voz baixa.
O especialista, apreensivo, após manifestar a suspeita de crupe, reclamou a análise de laboratório, decidindo transportar consigo mesmo o material necessário à inspeção.
Ao sair, prometeu opinar, dentro de algumas horas. Notificou ao pai agoniado que tudo lhe fazia crer tratar-se de garrotilho.
Entretanto, reservava o diagnóstico definitivo para depois. Se a hipótese se confirmasse, enviaria um enfermeiro de confiança para a aplicação do soro adequado.
Mantendo vigilância junto ao doentinho, o Ministro recomendou-nos, a Hilário e a mim, acompanhar o pediatra, de modo a prestar-lhe a colaboração possível ao nosso alcance.
Seguimo-lo sem hesitar.
O crepúsculo, encharcado de uma garoa fina, caía rápido.
Em minutos breves, atravessávamos o pórtico de vasto hospital, onde o nosso amigo procurou a sala em que certamente se recolhia para os trabalhos que lhe diziam respeito.
Chegados a estreito recinto, fomos defrontados por uma surpresa que nos impunha verdadeira estupefação.
Mário Silva, em seu traje branco, palestrava com dona Antonina que acomodava ao colo a pequena Lisbela, pálida e ofegante.
A jovem senhora, que não mais víramos, aguardava o especialista, trazendo a filhinha à consulta.
Amparadas por Silva, francamente atraído para a simpática visitante, ambas tiveram acesso a gabinete particular, onde o facultativo diagnosticou uma pneumonia.
Antonina foi aconselhada a voltar, de imediato, ao ambiente doméstico, para a medicação da filha.
A penicilina devia ser administrada sem qualquer dilação.
Mário, demonstrando imenso carinho pela criança, prontificou-se a assisti-la.
Traria um automóvel e atenderia ao caso pessoalmente.
O chefe passeou o olhar pelo mostrador do relógio e aquiesceu, ressalvando:
– Bem, você pode cooperar com as nossas clientes, mas preciso de seu concurso em bairro distante, às vinte e duas horas.
O rapaz assumiu o compromisso de regressar a tempo e um táxi recolheu o trio, rolando na direção da casinha que visitáramos, certa vez.
Ante o inesperado daquele encontro, sentimos necessidade de um entendimento seguro com o nosso orientador.
Tornando ao quarto, onde o pequeno Júlio piorava sempre, fizemos breve relato do acontecido.
Clarêncio escutou com interesse e ponderou, preocupado:
– Não podemos perder tempo. Dirijamo-nos à casa de Antonina.
A lei está reaproximando os nossos amigos uns dos outros e Mário precisa fortalecer-se para exercitar o perdão. Os raios de ódio da parte dele podem apressar aqui o serviço inevitável da morte.
Corremos ao domicílio da valorosa mulher.
Com efeito, depois de haver iniciado o tratamento providencial da menina, agora acamada, Silva fixava a dona da casa, perguntando a si mesmo onde vira aquele torturado perfil de madona...
Guardava a nítida impressão de haver conhecido Antonina em algum lugar...
Agradavelmente surpreendido, sentia-se ali como se fora em sua própria casa.
E a simpatia não se patenteava tão somente no coração dele.
A senhora e os filhos cercavam-no de atenções.
Intimamente deslumbrado, o enfermeiro declarava de viva voz estar experimentando uma paz que há muito não conhecia, com o que Antonina se regozijava, sorrindo.
Percebendo que Haroldo e Henrique se mostravam apaixonados pelas disputas esportivas, deu curso a animada conversação em torno do futebol, conquistando-lhes o carinho.
A mãezinha, preparando o café, ingressava no alegre entendimento, de quando em quando, a fim de podar o entusiasmo dos meninos, quando a palavra deles se evidenciava menos construtiva.
Somente no decurso da afetuosa palestra, viemos a saber que nossa amiga se enviuvara. O esposo, segundo notícias recebidas de metrópole distante, havia falecido num desastre, vitimado pela própria imprudência.
Lemos no olhar de Silva o contentamento com que obtinha semelhante informe.
Começava a registrar insopitável interesse pela vida naquele ninho agasalhante que se lhe afigurava pertencer-lhe.
Às oito em ponto, Antonina, sem afetação, convidou com simplicidade:
– Sr. Mário, hoje temos nosso culto evangélico. Quer ter a bondade de partilhá-lo?
Incompreensivelmente feliz, o rapaz concordou, de pronto.
A reunião, nessa noite, foi efetuada ao redor do leito de Lisbela, que não desejava perder o benefício das orações.
Um copo de água pura foi colocado junto à cabeceira da pequenina.
E, de Novo Testamento em punho, acomodados os companheiros, Antonina recomendou a Henrique fizesse a rogativa inicial.
O menino recitou o “Pai Nosso” e, em seguida, pediu a Jesus a saúde da irmãzinha doente, com enternecedora súplica.
Vimos o nosso orientador acercar-se do recipiente de água cristalina, magnetizando-a, em favor da enferma que parecia expressivamente confortada ante a oração ouvida, e, logo após, abeirar-se de Silva, que lhe recebeu as irradiações.
– Quem abrirá hoje o Livro? – perguntou Haroldo, com graciosa malícia, fitando o hóspede inesperado.
– Certamente nosso amigo nos fará essa honra – disse a genitora, indicando o enfermeiro.
Mário, ignorando como expressar a felicidade que lhe fluía do coração, acolheu o pequeno volume, sob a atenção de Clarêncio, que lhe tocava o busto e as mãos, influenciando-o para a descoberta do texto adequado.
O moço, algo trêmulo na participação de um serviço espiritual inteiramente novo para ele, sem perceber o amparo que o envolvia, abriu em determinada passagem, qual se agisse a esmo, passando o livro a Antonina, que leu em voz pausada o versículo
vinte e cinco do capítulo 5º das anotações do Apóstolo Mateus: – “Concilia-te depressa com o teu adversário, enquanto te encontras a caminho com ele, para que não aconteça que o adversário te entregue ao juiz e o juiz te entregue ao oficial para que sejas encerrado na prisão.”
A dirigente do culto, que, naquela noite, se revelava mais retraída, pediu a interpretação dos meninos que, de modo ingênuo, se reportaram às experiências da escola, afirmando que sempre adquiriam a paz, buscando desculpar as faltas dos companheiros.
Haroldo asseverava que a professora sempre sorria contente, quando lhe via a boa vontade e Henrique salientou haver aprendido no culto do lar que era muito mais agradável o esforço de viver em harmonia com todos.
A palestra parecia ameaçada de esmorecimento, mas o nosso orientador aproximou-se de Antonina e, impondo-lhe a destra sobre a fronte, como que a impelia ao comentário justo.
– Haroldo – indagou a genitora, de olhos brilhantes –, como devemos interpretar um inimigo em nossa vida?
O menino replicou, sem pestanejar:
– Mãezinha, a senhora nos ensinou que conservar um inimigo em nosso caminho é o mesmo que manter uma ferida perigosa em nosso corpo.
– A definição foi bem lembrada – falou a viúva com espontaneidade encantadora –; sem a compreensão fraterna que nos garante o culto da gentileza, sem o perdão que olvida todo mal, a existência na Terra seria uma aventura intolerável. Além disso,
quando Jesus nos ditou a lição que recordamos hoje, indubitavelmente considerava que a razão nunca vive inteira ao nosso lado.
Se fomos ofendidos, em verdade também ofendemos por nossa vez. Precisamos desculpar os outros para que os outros nos desculpem.
Quando abraçamos o ideal do bem, compete-nos tentar, por todos os meios ao nosso alcance, a justa conciliação com todos os que se encontrem conosco em desarmonia, prestando-lhes serviço para que renovem a conceituação a nosso respeito.
Mais vale para nós o acordo pacífico que a demanda mais preciosa, porque a vida não termina neste mundo e é possível que, buscando a justiça em nosso favor, estejamos cristalizando a cegueira do egoísmo em nosso próprio coração, caminhando para a morte
com aflitivos problemas. Coração que conserva rancor é coração doente. Alimentar ódio ou despeito é estender inomináveis padecimentos morais no próprio espírito.
Silva estava pálido.
Aquelas conclusões feriam-lhe, fundo, o modo de ser.
Tão desajustado se revelou escutando aqueles apontamentos que Antonina, em lhe registrando a estranheza, ponderou, sorrindo:
– O senhor decerto nunca teve inimigos... Um enfermeiro diligente será, sem qualquer dúvida, o irmão de todos...
– Sim... sim, não tenho adversários... gaguejou o moço, constrangido.
Mas, na tela mental, sem que ele pudesse controlar a eclosão das próprias reminiscências, apareceram Amaro e Zulmira, como os desafetos que ele, no âmago do espírito, não conseguia desculpar.
Odiava-os, sim, odiava-os – pensou de si para consigo –, jamais suportaria um acordo com semelhantes adversários. Entretanto, a sinceridade da interlocutora encantava-o. Aquela viúva jovem, cercada de três filhinhos, superando talvez obstáculos dos
mais inquietantes para viver, constituía um exemplo de quanto podia edificar o espírito de sacrifício. Em nenhum ambiente encontrara antes aquele calor de fé pura necessário às grandes construções de ordem moral. Além de tudo, laços de vigorosa afinidade impeliam-no para aquela mulher, com quem se simpatizara à primeira vista. Por mais vasculhasse as próprias lembranças, não conseguia recordar onde, como e quando a conhecera. Sentia, porém, que a palavra dela lhe impunha indefinível bem-estar...
Fitando-a, com enternecimento, perguntou:
– A senhora julga que devemos procurar a conciliação com qualquer espécie de inimigos?
– Sim – respondeu a interpelada sem hesitar.
– E quando os adversários são de tal modo inconvenientes que a simples aproximação deles nos causa angústia?
Antonina compreendeu que algo doloroso vinha à tona daquela consciência que lhe ouvira a dissertação, ocultando-se, e obtemperou:
– Entendo que há sofrimentos morais quase intoleráveis, entretanto a oração é o remédio eficaz de nossas moléstias íntimas.
Se temos a infelicidade de possuir inimigos, cuja presença nos perturba, é importante recorrer à prece, rogando a Deus nos conceda forças para que o desequilíbrio desapareça, porque então um caminho de reajuste surgirá para nossa alma. Todos necessitamos da alheia tolerância em determinados aspectos de nossa vida.
Os olhos de Mário cintilaram.
– E quando o ódio nos avassala, ainda mesmo quando não desejemos?
– inquiriu, preocupado.
– Não há ódio que resista aos dissolventes da compreensão e da boa vontade. Quem procura conhecer a si mesmo, desculpa facilmente...
Silva empalidecera.
Antonina percebeu que o tema lhe fustigava o coração e, amparada por nosso instrutor que a enlaçava, paternal, rematou considerando:
– Um homem, porém, na sua tarefa, é um missionário do amor fraterno. Quem socorre os doentes, penetra a natureza humana e entra na posse da grande compaixão. As mãos que curam não podem ferir...
Em seguida, o primogênito da casa fez a prece de encerramento.
A viúva serviu o café reconfortante, acompanhado de um bolo humilde.
A conversação prosseguia animada, todavia o hóspede consultou o relógio e reparou que o tempo lhe exigia a retirada.
Deu instruções a Antonina, quanto à medicação da doentinha, e pediu, respeitoso, para voltar no dia imediato, não somente para rever Lisbela, mas também para palestrar com os amigos.
A senhora e as crianças aquiesceram, felizes, afirmando-lhe que seria sempre bem-vindo, e Mário, com um sentimento novo a lhe brilhar nos olhos, seguiu dentro da noite, como quem caminhava tangido por abençoada esperança, ao encontro de novo
destino
.

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

ESTUDO DO LIVRO NOSSO LAR - CAPÍTULO 48 - JULIANA SOLARE



Culto Familiar

Talvez que a praticantes do Espiritismo não fosse tão surpreendente a reunião a que compareci, em casa de Lísias. Aos meus olhos, porém, o quadro era inédito e interessante. Na espaçosa sala de estar, reunia-se pequena assembléia de pouco mais de trinta pessoas. A disposição dos móveis era a mais simples.
Enfileiravam-se poltronas confortáveis, doze a doze diante do estrado, onde o Ministro Clarêncio assumira posição de diretor, cercando-se da senhora Laura e dos filhos. A distância de quatro metros, aproximadamente, havia um grande globo cristalino, da altura de dois metros presumíveis, envolvido, na parte inferior, em longa série de fios que se ligavam a pequeno aparelho, idêntico aos nossos alto-falantes.
Numerosas indagações me bailavam no cérebro.
Na sala extensa, cada qual tomara lugar adequado, mas observava conversações fraternas em todos os grupos.
Achando-me ao lado de Nicolas, antigo servidor do Ministério do Auxílio e íntimo da família de Lísias, ousei perguntar alguma coisa. O companheiro não se fez rogado e esclareceu:
- Estamos prontos; contudo, aguardamos a ordem da Comunicação.
Nosso irmão Ricardo está na fase da infância terrestre e não lhe será difícil desprender-se dos elos físicos, mais fortes, por alguns instantes.
- Mas virá ele até aqui? - indaguei.
- Como não? - revidou o interlocutor. - Nem todos os encarnados se agrilhoam ao solo da Terra. Como os pombos-correio que vivem, por vezes, longo tempo de serviço, entre duas regiões, espíritos há que vivem por lá entre dois mundos.
E, indicando o aparelho à nossa frente, informou:
- Ali está a câmara que no-lo apresentará.
- Por que o globo cristalino? - perguntei, curioso. - Não poderia manifestar-se sem ele?
- É preciso lembrar - disse Nicolas, atenciosamente - que a nossa emotividade emite forças suscetíveis de perturbar. Aquela pequena câmara cristalina é constituída de material isolante. Nossas energias mentais não poderão atravessá-la.
Nesse instante, foi Lísias chamado ao fone por funcionários da Comunicação. Era chegado o momento. Poder-se-ia começar o trabalho culminante da reunião.
Verifiquei, no relógio de parede, que estávamos com quarenta minutos depois da meia-noite. Notando-me o olhar interrogativo, disse Nicolas em voz baixa:
- Somente agora há bastante paz no recente lar de Ricardo, lá na Terra. Naturalmente, a casa descansa, os pais dormem, e ele, em a nova fase, não permanece inteiramente junto ao berço...
Não lhe foi possível continuar. O Ministro Clarêncio, levantando-se, pediu homogeneidade de pensamentos e verdadeira fusão de sentimentos.
Fez-se grande quietude, e Clarêncio disse comovedora e singela prece. Em seguida, Lísias se fez ouvir na citara harmoniosa, enchendo o ambiente de profundas vibrações de paz e encantamento. Logo após, Clarêncio tomou novamente a palavra:
- Irmão - disse - , enviemos, agora, a Ricardo a nossa mensagem de amor.
Observei, então, com surpresa, que as filhas e a neta da senhora Laura, acompanhadas de Lísias, abandonavam o estrado, tomando posição junto dos instrumentos musicais. Judite, Iolanda e Lísias se encarregaram,respectivamente, do piano, da harpa e da citara, ao lado de Teresa e Eloísa, que integravam o gracioso coro familiar.
As cordas afinadas casaram os ecos de branda melodia e a música elevou-se, cariciosa e divina, semelhante a gorjeio celeste. Sentia-me arrebatado a esferas sublimes do pensamento, quando vozes argentinas embalaram o interior. Lísias e as irmãs cantavam maravilhosa canção, composta por eles mesmos.
Muito difícil frasear humanamente as estrofes significativas, cheias de espiritualidade e beleza, mas tentarei fazê-lo para demonstrar a riqueza das afeições nos planos de vida que se estendem para além da morte.
Pai querido, enquanto a noite Traz a benção do repouso, Recebe, pai carinhoso, Nosso afeto e devoção!...

Enquanto as estrelas cantam
Na luz que as empalidece,
Vem unir à nossa prece A voz do teu coração.
Não te perturbes na estrada
De sombras do esquecimento,
Não te doa o sofrimento.
Jamais te firas no mal.

Não temas a dor terrestre,
Recorda a nossa aliança,
Conserva a flor da esperança Para a ventura imortal.
Enquanto dormes no mundo,
Nossas almas acordadas,
Relembram as alvoradas,
Desta vida superior;
Aguarda o porvir risonho,
Espera por nós que, um dia,

Volveremos à alegria, Do jardim do teu amor.
Vem a nós, pai generoso,
volta à paz do nosso ninho,
torna às luzes do caminho,
ainda que seja a sonhar;
esquece, um minuto, a Terra,
e vem sorver da água pura.
De consolo e de ternura.
Das fontes de "Nosso Lar".

Nossa casa não te olvida.
O sacrifício, a bondade,
A sublime claridade.
De tuas lições no bem;
Atravessa a sombra espessa,
Vence, pai, a carne estranha,
Sobe ao cume da montanha,
Vem conosco orar também.


Às derradeiras notas da bela composição, notei que o globo se cobria, interiormente, de substância leitoso-acinzentada, apresentando, logo em seguida, a figura simpática de um homem na idade madura. Era Ricardo.
Impossível descrever a sagrada emoção da família, dirigindo-lhe amorosas saudações.
O recém-chegado, após falar particularmente à companheira e aos filhos, fixou o olhar amigo em nós outros, pedindo fosse repetida a suave canção filial, que ouviu banhado em lágrimas. Quando se calaram as últimas notas, falou comovidamente:
- Oh! meus filhos, como é grande a bondade de Jesus, que nos aureolou o culto doméstico do Evangelho com as supremas alegrias desta noite! Nesta sala temos procurado, juntos, o caminho das esferas superiores; muitas vezes recebemos o pão espiritual da vida e é, ainda aqui, que nos reencontramos para o estímulo santo. Como sou feliz!
A senhora Laura chorava discretamente. Lísias e as irmãs tinham os olhos marejados de pranto.
Percebi que o recém-chegado não falava com espontaneidade e não podia dispor de muito tempo entre nós. Possivelmente, todos ali mantinham análoga impressão, porque vi Judite abraçar-se ao globo cristalino, ouvindoa exclamar carinhosamente:
- Pai querido, diga o que precisa de nós, esclareça em que poderemos ser úteis ao seu abnegado coração!
Observei, então, que Ricardo pousou o olhar profundo na senhora Laura e murmurou:
- Sua mãe virá ter comigo, em breve, filhinha! Mais tarde, virão vocês, igualmente! Que mais eu poderia desejar, para ser feliz, senão rogar ao Mestre que nos abençoe para sempre?
Todos chorávamos, enternecidos.
Quando o globo começou a apresentar, de novo, os mesmos tons acinzentados, ouvi Ricardo exclamando, quase a despedida:
- Ah! filhos meus, alguma coisa tenho a pedir-lhes do fundo de minhalma! roguem ao Senhor para que eu nunca disponha de facilidades na Terra, a fim de que a luz da gratidão e do entendimento permaneça viva em meu espírito!...
Aquele pedido inesperado me sensibilizou e surpreendeu ao mesmo tempo. Ricardo endereçou a todos saudações carinhosas e a cortina de substância cinzenta cobriu toda a câmara, que, em seguida, voltou ao aspecto normal.
O Ministro Clarêncio orou com sentimento e a sessão foi encerrada, deixando-nos imersos em alegria indescritível.
Dirigi-me ao estrado para abraçar a senhora Laura, exprimindo-lhe de viva voz minha profunda impressão e reconhecimento, quando alguém me atalhou os passos quase junto à dona da casa, que se ocupava a atender às numerosas felicitações dos amigos presentes.
Era Clarêncio, que me falou em tom amável:
- André, amanhã acompanharei nossa irmã Laura à esfera carnal. Se lhe apraz, poderá vir conosco para visitar sua família.
Não podia ser maior a surpresa. Profunda sensação de alegria me empolgou, mas lembrei instintivamente o serviço das Câmaras.
Adivinhando-me, porém, o pensamento, o generoso Ministro voltou a dizer:
- Você tem regular quantidade de horas de trabalho extraordinário a seu favor. Não será difícil a Genésio conceder-lhe uma semana de ausência, depois do primeiro ano de cooperação ativa.
Possuído de júbilo intenso, agradeci, chorando e rindo ao mesmo tempo. Ia, enfim, rever a esposa e os filhos amados.

domingo, 14 de novembro de 2010

SEMANA - ESTUDO DO EVANGELHO CAPÍTULO 15 ÍTENS 6 e 7 - MARIA J. CAMPOS



FONTE BÁSICA

KARDEC, Allan. O Evangelho Segundo o Espiritismo.

FORA DA CARIDADE NÃO HÁ SALVAÇÃO

Necessidade da Caridade Segundo São Paulo

1. O que nos ensina São Paulo, nesta 1ª Epístola aos Coríntios?
Paulo nos ensina que a virtude por excelência é a caridade; e que de nada nos vale possuir grandes conhecimentos, ter imensa fé ou distribuir riqueza em favor dos necessitados, se não tivermos caridade.

“Ainda quando eu falasse todas as línguas dos homens e a língua dos próprios anjos, se eu não tiver caridade, serei como o bronze que soa e um címbalo que retine.”

2. Então, fazer doações ao próximo não é caridade?
Nem sempre. Caridade é doar irradiando o amor silencioso, sem propósito de recompensa, desejo de reconhecimento ou espírito de vaidade.

“Quem dá para mostrar-se, é vaidoso. Quem dá para livrar-se do sofredor é displicente... Quem dá para situar o nome na galeria dos benfeitores e dos santos, é invejoso.” (Emmanuel/Vinha de Luz – mens.163).

3. É possível se praticar a caridade e fazer, ao mesmo tempo, o mal aos outros?
Não. A verdadeira caridade se faz acompanhar dos mais nobres e sublimes sentimentos, repelindo instintivamente os sentimentos inferiores.

“Ninguém pode servir a dois senhores, porque ou odiará a um e amará a outro, ou se prenderá a um e dispensará o outro.”

4. O que se entende por “a caridade é branda e benfazeja”?
Que esta virtude é suave e mansa, voltada somente à prática do bem. Quem a pratica guarda consigo a paz interior e transmite aos outros ao mor fraterno.

“Bem-aventurado todo aquele que cede algo de si próprio a benefício dos outros, ainda que seja tão somente uma palavra de benção para o conforto de uma criança esquecida.” “A caridade é paciente.” “A caridade não é invejosa.”.

5. E, por “a caridade não é temerária nem precipitada”, o que se entende?
Que a caridade é prudente e cautelosa, nunca se apressando em julgar pelas aparências nem agindo de modo impulsivo ou leviano.

“A caridade não suspeita mal.” “(...) não se rejubila com a injustiça, mas se rejubila com a verdade.” “(...) tudo suporta, tudo crê, tudo espera, tudo sofre.”

6. Por que Paulo considera a caridade mais excelente que a fé e a esperança?
Porque “a caridade está ao alcance de toda gente: do ignorante como do sábio, do rico como do pobre, e independe de qualquer crença particular.”.

“Filhos, a estrada real para Deus chama-se Caridade. (...) Caridade para com amigos. Caridade com adversários. Caridade com os bons.
Caridade com os menos bons”. Todas as virtudes são inúteis, sem o veículo da caridade.


7. A caridade, portanto, dispensa a presença de religião?
Sim. O ateu pode ser caridoso e , portanto, bem-visto aos olhos de Deus, enquanto o adepto de uma religião pode não praticar a caridade, infringindo, assim, a divina lei de amor.

As religiões têm função meramente esclarecedora, mas não asseguram a prática das virtudes que nos conduzem a Deus: isto depende de nosso esforço individual.

Conclusão:

A caridade, por independer de recursos intelectivos, de crença religiosa. De fé, está ao alcance de todas as pessoas. Por isso, São Paulo a colocou, tão enfaticamente, acima de todas as virtudes.

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

ESTUDO DO LIVRO ENTRE A TERRA E O CÉU - CAP. 30 - ORADOR ALEXANDRE X. CAMARGO



30 – Luta por Renascer

Um mês correra célere sobre os acontecimentos que vimos de narrar, quando Odila nos procurou, suplicando ajuda.
Vinha triste, atormentada.
Zulmira, incompreensivelmente para ela, havia contraído perigosa amidalite. Sofria muito.
Por seis dias consecutivos, informou nossa amiga inquieta, achava-se no trabalho de vigilância.
Esforçara-se, quanto lhe era possível, por liberá-la de semelhante aborrecimento físico, entretanto, via baldadas todas as providências.
Desolada, induzira Amaro a trazer um médico, no que foi obedecida, mas o facultativo não atinava com a causa íntima da enfermidade e, ignorando a verdadeira posição da cliente, poderia ameaçar-lhe a tarefa maternal com a aplicação de recursos impróprios.
Rogava-nos, por isso, socorro imediato.
Clarêncio não se delongou na assistência precisa.
Era noite, quando demandamos o ninho doméstico que já se nos fizera familiar.
Zulmira, no leito, demorava-se em aflitiva prostração. Cabelos em desalinho, olheiras arroxeadas e faces rubras de febre, parecia aguardar a chegada de alguém que a auxiliasse na debelação da crise.
A supuração das amídalas poluíra-lhe o hálito e lhe impunha dores lancinantes.
A pobre senhora apenas gemia, semi-sufocada, exausta...
O esposo e a filha desdobravam-se em carinho, procurando reanimá-la, mas Zulmira, que deixáramos, trinta dias antes, corada e bem disposta, revelava-se agora profundamente abatida.
Drogas variadas alinhavam-se em prateleira próxima.
Nosso instrutor examinou-as, cuidadosamente, e, percebendonos a admiração, disse comovido:
– Zulmira reclama nosso concurso diligente. Precisamos garantir-lhe o êxito na missão esposada.
Carinhosamente, aplicou-lhe recursos magnéticos, detendo-se de modo particular na região do cérebro e na fenda glótica.
A doente acusou melhoras imediatas.
Reabilitou-se o movimento circulatório.
A febre decresceu, propiciando-lhe repouso, e o sono reparador surgiu por fim, favorecendo-lhe a recuperação.
Hilário indagou sobre a causa da moléstia insidiosa, que tão violenta se apresentara, ao que Clarêncio respondeu, seguro:
– A questão é sutil. A mulher grávida, além da prestação de serviço orgânico à entidade que se reencarna, é igualmente constrangida a suportar-lhe o contacto espiritual, que sempre constitui um sacrifício quando se trata de alguém com escuros débitos de consciência. A organização feminina, durante a gestação, sofre verdadeira enxertia mental. Os pensamentos do ser que se acolhe ao santuário íntimo envolvem-na totalmente, determinando significativas alterações em seu cosmo biológico. Se o filho é senhor de larga evolução e dono de elogiáveis qualidades morais, consegue
auxiliar o campo materno, prodigalizando-lhe sublimadas emoções e convertendo a maternidade, habitualmente dolorosa, em estação de esperanças e alegrias intraduzíveis, mas no processo de Júlio observamos duas almas que se ajustam nas mesmas dívidas e na mesma posição evolutiva. Influenciam-se mutuamente.
O Ministro fez longa pausa, tornando aos passes, a benefício da enferma.
Odila acompanhava-o, atenciosa.
De todos nós, parecia ela a mais preocupada com as lições ouvidas. Identificava-se-lhe o interesse de tudo aprender para tornar-se ali mais útil.
Findos alguns instantes, Clarêncio continuou:
– Se Zulmira atua, de maneira decisiva, na formação do novo veículo do menino, o menino atua vigorosamente nela, estabelecendo fenômenos perturbadores em sua constituição de mulher. A permuta de impressões entre ambos é inevitável e os padecimentos que Júlio trazia na garganta foram impressos na mente maternal,
que os reproduz no corpo em que se manifesta. A corrente de troca entre mãe e filho não se circunscreve à alimentação de natureza material; estende-se ao intercâmbio constante das sensações diversas. Os pensamentos de Zulmira guardam imensa força sobre Júlio, tanto quanto os de Júlio revelam expressivo poder sobre a nova mãezinha. As mentes de um e de outro como que se justapõem, mantendo-se em permanente comunhão, até que a Natureza complete o serviço que lhe cabe no tempo. De semelhante associação, procedem os chamados “sinais de nascença”. Certos estados
íntimos da mulher alcançam, de algum modo, o princípio fetal, marcando-o para a existência inteira. É que o trabalho da maternidade assemelha-se a delicado processo de modelagem, requisitando, por isso, muita cautela e harmonia para que a tarefa seja perfeita.
Em seguida, o Ministro, com devoção paternal, levou a efeito diversas operações magnéticas de auxílio à cavidade pélvica, afirmando a necessidade de socorro ao útero, em vista do complicado e difícil desenvolvimento de Júlio reencarnante.
Meu colega, avançando mais longe, talvez tentando converter aquela hora de fraternidade tanto quanto possível em hora de estudo, recordou algumas de suas experiências médicas, acrescentando:
– É comum a verificação de exagerada sensibilidade na mulher que engravida. A transformação do sistema nervoso, nessas circunstâncias, é indiscutível. Muitas vezes, a gestante revela decréscimo de vivacidade mental e, não raro, enuncia propósitos da mais rematada extravagância. Há mulheres que adquirem antipatias súbitas, outras se recolhem a fantasias tão inesperadas quanto injustificáveis. Em muitas ocasiões na Terra, perguntei a mim mesmo se a gravidez, na maioria dos casos, não acarreta temporária loucura...
O orientador sorriu e obtemperou:
– A explicação é muito clara. A gestante é uma criatura hipnotizada a longo prazo. Tem o campo psíquico invadido pelas impressões e vibrações do Espírito que lhe ocupa as possibilidades para o serviço de reincorporação no mundo. Quando o futuro
filho não se encontra suficientemente equilibrado diante da Lei, e isso acontece quase sempre, a mente maternal é suscetível de registrar os mais estranhos desequilíbrios, porque, à maneira de um médium, estará transmitindo opiniões e sensações da entidade que a empolga.
– Afligia-me observar – lembrou Hilário, com interesse – a inopinada aversão de muitas gestantes contra os próprios maridos...
– Sim, isso ocorre sempre que um inimigo do pretérito volta à carne, a fim de resgatar débitos contraídos para com aquele que lhe servirá de pai.
– Temos, contudo, os casos – ponderei, curioso – em que na ribalta do mundo vemos filhas que foram evidentemente fortes desafetos das mães em passado remoto ou próximo, tal a animosidade que lhes caracteriza as relações. Reparamos que, em tais
ocorrências, as filhas são muito mais afins com os pais, vivendo psiquicamente em harmoniosa associação com eles e distanciadas espiritualmente das mãezinhas que, por vezes, tudo fazem debalde para quebrar as barreiras de separação. Em ligações dessa natureza, surgirão obstáculos à reencarnação?
Clarêncio fitou-me de maneira significativa e respondeu:
– De modo algum. A esposa, por devotamento ao companheiro, cede facilmente à necessidade da alma que volta ao reduto doméstico para fins regeneradores e, em se tratando de alguém com intensa afinidade junto ao chefe do lar, vê-se o marido docemente impulsionado a oferecer maior coeficiente afetivo à companheira,
de vez que se sente envolvido por forças duplas de atração. Sob dobrada carga de simpatia, dá muito mais de si mesmo em atenção e carinho, facilitando a tarefa maternal da mulher.
A elucidação clara e lógica satisfez-nos plenamente.
Palestramos ainda por alguns minutos, nos quais o nosso orientador ministrou variadas instruções a Odila, habilitando-a para socorros de emergência.
Regressamos, edificados, ao nosso círculo de trabalho comum, no entanto, depois de alguns dias, a primeira esposa do ferroviário tornou até nós, solicitando nova intervenção.
Zulmira, informou aflita, atravessava estarrecedora crise orgânica.
Vômitos incoercíveis perturbavam-na, cruelmente.
Não tolerava a mais leve alimentação.
O sistema digestivo apresentava alterações profundas.
O médico agia baldadamente, visto que o estômago da enferma zombava de todos os recursos.
Não nos delongamos para a execução do trabalho assistencial.
Revelava-se a gestante, efetivamente, em condições ameaçadoras.
As náuseas repetidas provocavam a gradativa incursão da anemia.
Clarêncio, porém, submeteu-a a passes magnéticos de longo curso, prometendo que a medida se faria seguir das melhoras necessárias.
Deveres diversos convocavam-nos a presença, em outros setores.
Ainda assim, depois das despedidas, Hilário perguntou pelo motivo de semelhante fenômeno, que, declarou ele, em toda a sua experiência médica na Terra não conseguira explicar.
– Estamos certos de que a ciência do porvir ajudará a mulher na defesa contra essa espécie de aborrecimento orgânico asseverou o Ministro, com segurança, encontrando definições de ordem fisiológica para tais conflitos, mas, no fundo, o desequilíbrio é de essência espiritual. O organismo materno, absorvendo as emanações da entidade reencarnante, funciona como um exaustor de fluidos em desintegração, fluidos esses que nem sempre são aprazíveis ou facilmente suportáveis pela sensibilidade feminina.
Daí, a razão dos engulhos freqüentes, de tratamento até agora muito difícil.
Semelhante nota oferecia-nos valioso material de meditação.
O tempo desdobrou-se semana após semana.
Insistimos na visitação à residência de Amaro, de quando em quando, convocados ou não para o trabalho, até que, certa manhã, Odila veio até nós com o júbilo de uma criança feliz, anunciando que o menino tornara à luz terrestre.
De conformidade com a aprovação da pequena família, chamar-se-ia novamente Júlio.
Comungamos da sua profunda alegria e, com a solidariedade dos amigos sinceros, voltamos a abraçá-lo.