quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

ESTUDO DO LIVRO VIDA E SEXO - FACILITADORAS JULIANA SOLARE E MARIA J. SANCHES



Introdução e Capítulo 1 - Vida e Sexo

Que os problemas do sexo agitam atualmente vastos setores da vida humana, é incontestável. De que forma, porém, as teses do sexo são tratadas do Plano Espiritual para o Plano Terrestre? Semelhante indagação, repetidamente endereçada a nós outros - pequenos servidores desencarnados, motivou a formação do despretensioso volume que oferecemos aqui aos leitores amigos. Com ele,não disputamos qualquer posição nova, ante os devotados lidadores da psicologia moderna que hoje esquadrinham os meandros da alma humana, para benefício da saúde mental da comunidade. Com as nossas ligeiras páginas, tão-somente desenvolvemos conceitos formulados na Codificação Kardequiana,para demonstrar que as proposições, ao redor do sexo, apaixonadamente focalizadas,na atualidade da Terra,foram objeto de criteriosas anotações do plano espiritual, no século passado, na previsão dos choques de opinião, em matéria afetiva, que a Humanidade de agora enfrenta. Nada mais realizamos que reformular o pensamento e a definição dos Mensageiros Benevolentes e Sábios que orientaram Alan Kardec, nos primórdios da Doutrina Espírita, em sua função de Consolador prometido ao mundo pelo Cristo de Deus. E para não nos delongarmos em considerações desnecessárias, concluiremos que, em torno do sexo, será justo sintetizarmos todas as digressões nas normas seguintes: Não proibição, mas educação. Não abstinência imposta, mas emprego digno, com o devido respeito aos outros e a si mesmo. Não indisciplina, mas controle. Não impulso livre, mas responsabilidade. Fora disso, é teorizar simplesmente, para depois aprender ou reaprender com a experiência. Sem isso, será enganar-nos, lutar sem proveito, sofrer e recomeçar a obra da sublimação pessoal, tantas vezes quantas se fizerem precisas, pelos mecanismos da reencarnação, porque a aplicação do sexo, ante a luz do amor e da vida, é assunto pertinente à consciência de cada um.

1. EM TORNO DO SEXO

Pergunta - O Espírito que animou o corpo de um homem pode animar o de uma mulher, numa nova existência, e vice-versa?

Sim, pois são os mesmos os Espíritos que animam os homens e as mulheres. Item nº 201 de "O livro dos espíritos". Ante os problemas do sexo, é forçoso lembrar que toda criatura traz os seus temas particulares, com referência ao assunto. Atendendo à soma das qualidades adquiridas, na fieira das próprias reencarnações, o Espírito se revela, no Plano Físico, pelas tendências que registra nos recessos do ser, tipificando-se na condição de homem ou de mulher, conforme as tarefas que lhe cabe realizar. Além disso a individualidade, muitas vezes, independentemente dos sinais morfológicos, encerra em si extensa problemática, em se tratando de vinculações e inclinações de caráter múltiplo. Cada pessoa se distingue por determinadas peculiaridades no mundo emotivo. O sexo se define, desse modo, por atributo não apenas respeitável mas profundamente santo da Natureza, exigindo educação e controle. Através dele dimanam forças criativas, às quais devemos, na Terra, o instituto da reencarnação, o templo do lar, as bênçãos da família, as alegrias revitalizadoras do afeto e o tesouro inapreciável dos estímulos espirituais. Desarrazoado subtrair-lhe as manifestações aos seres humanos, a pretexto de elevação compulsória, de vez que as sugestões da erótica se entranham na estrutura da alma, ao mesmo tempo que seria absurdo deslocá-lo de sua posição venerável, a fim de arremessá-lo ao campo da aventura menos digna, com a desculpa de se lhe garantir a libertação. Sexo é espírito e vida, a serviço da felicidade e da harmonia do Universo. Conseguintemente, reclama responsabilidade e discernimento, onde e quando se expresse. Por isso mesmo, nossos irmãos e nossas irmãs precisam e devem saber o que fazem com as energias genésicas, observando como, com quem e para que se utilizam de semelhantes recursos, entendendo-se que todos os compromissos na vida sexual estão igualmente subordinados à Lei de Causa e Efeito; e, segundo esse exato princípio, de tudo o que dermos a outrem, no mundo afetivo, outrem também nos dará.

ESTUDO DO LIVRO ENTRE A TERRA E O CÉU - CAP. 37 - ORADOR ALEXANDRE CAMARGO



37 – Reajuste

Quando os amigos se afastaram, Clarêncio cercou Zulmira de cuidados especiais, aplicando-lhe passes de reconforto.
A injeção de sangue renovador lhe fizera grande bem.
Pouco a pouco, acomodaram-se-lhe os centros de força.
Desde a desencarnação do filhinho, a pobre criatura não desfrutava tão acentuado repouso, quanto naquela hora.
Nosso instrutor recomendou a Odila preparasse o pequeno Júlio para o reencontro com a mãezinha.
Zulmira vê-lo-ia, buscando energias novas.
E enquanto nossa irmã se distanciava para o desempenho da missão que lhe fora cometida, o orientador falou, otimista:
– Um sonho reconfortante é uma bênção de saúde e alegria para os nossos irmãos encarnados.
Íamos responder, mas a doente, à semelhança das pessoas na hipnose profunda, levantou-se em Espírito, contemplando-nos, surpresa.
O olhar dela, admiravelmente lúcido, falava-nos de sua ansiedade maternal.
Clarêncio afagou-a, como se o fizesse a uma filha, rogandolhe calma e fé.
Desdobrava-se-lhe a preleção carinhosa, quando partimos.
Amparada em nossos braços, Zulmira volitou sem perceber.
Observei que o espetáculo magnificente da Natureza não lhe feria a atenção. Introvertida, apenas a imagem da criancinha morta lhe ocupava a tela mental.
O Lar da Bênção mostrava-se maravilhoso.
Flores de rara beleza coloriam a estrada e embalsamavam-na de suave perfume.
Aqui e ali, doces melodias vibravam no ar. A glória fulgurante do céu induzia-nos à oração de reverência e louvor ao Pai Celestial, mas a pobre mulher que seguia conosco parecia insensível à excelsitude do ambiente, à face da tortura interior de que se via possuída, obrigando-me a reconhecer, mais uma vez, que o paraíso da alma, em verdade, reside onde se lhe situa o amor.
Reparei que para a devoção afetuosa de Zulmira não importava o rumo. Qualquer indagação, perante aquela ternura atormentada, resultaria inútil.
Creio que, se, ao invés da refulgente luz do Lar da Bênção, apenas víssemos trevas, para aquele espírito agoniado de mãe o quadro seria de verdadeiro paraíso, desde que pudesse reter nos braços o filhinho inesquecível.
Quem poderá definir com exatidão os indevassáveis segredos que Deus colocou nos corações que amam?
Quando penetramos o berçário, onde o menino repousava, sob a abnegada vigilância de Odila e Blandina, a sofredora mãezinha tentou arrojar-se sobre a criança sonolenta, sendo delicadamente advertida por nosso orientador, que a sustentou, paternal, asseverando:
– Zulmira, não perturbes o pequenino se o amas.
– É meu filho! – bradou, semidesvairada.
– Não ignoramos que Júlio se asilou na Terra em teu regaço e, por isso, fomos teus companheiros na presente viagem para que amenizes a tua dor. Entretanto, não admitas que o egoísmo te ensombre a alma!... Certamente, o carinho materno é um tesouro inapreciável, contudo não devemos olvidar que todos somos filhos de Deus, nosso Eterno Pai! Acalma-te! Pede ao Senhor os recursos necessários para que o teu devotamento seja um auxílio positivo ao pequenino necessitado!
Tocada por essas palavras, Zulmira desfez-se em pranto.
Enlaçada afetuosamente por Odila, que tentava soerguer-lhe o ânimo, reconheceu a primeira esposa de Amaro e recordou a luta que haviam atravessado, quando do afogamento do pequeno irmão de Evelina.
O remorso voltou a refletir-se-lhe na mente e, atribulada, exclamou:
– Odila! perdoa-me, perdoa-me!... Agora vejo o inferno que te impus, despreocupando-me de teu filhinho... Hoje, pago com lágrimas minha deplorável displicência! Ajuda-me, querida irmã!...
Sê para o meu Júlio a guardiã que não fui para o teu!
A interpelada acariciou-a, compadecidamente, e ajuntou:
– Tem paciência! A aflição é um incêndio que nos consome...
Paguemos à vida o tributo da conformação na dor, para que sejamos efetivamente dignas do socorro celestial...
E, beijando-a nos olhos, aduziu:
– Enxuga as lágrimas que te fustigam inutilmente. A serenidade é o nosso caminho de reestruturação espiritual. Não te reportes ao passado... Vivamos o presente, fazendo o melhor ao nosso alcance.
– Agora, porém, que sofro as agruras de minha prova – acentuou Zulmira, em tom amargo –, penso em teu anjinho...
Odila, conchegando-a de encontro ao peito, conduziu-a para mais perto do menino adormecido e, indicando-o, aclarou, satisfeita:
– Ouve! Meu filhinho é também o teu. Júlio de hoje é o nosso Júlio de ontem. Pesados compromissos com o pretérito obriga ram-no a aceitar as dificuldades do momento... Em nosso aprendizado de agora, teve a existência frustrada por duas vezes, a fim de valorizar, com segurança, a bênção da escola terrestre.
Ante a companheira perplexa, acrescentou, convincente:
– O corpo de carne é uma veste que o nosso Júlio usou de dois modos diferentes, por nosso intermédio.
E sorrindo:
– Como vemos, somos duas mães, partilhando o mesmo amor.
Notávamos que Zulmira, admirada, estimaria algo perguntar, mas o choque da revelação como que lhe imobilizara a garganta.
No imo d'alma, decerto algo lhe alterara o campo emotivo.
Secaram-se-lhe as lágrimas, ao passo que o olhar se lhe fazia mais brilhante.
Afigurava-se-nos uma estátua viva de intraduzível expectação.
Sem resistência, deixou-se conduzir pelos braços de Odila até um leito próximo, para ajustar-se ao repouso preciso.
Agora sim – pensava, surpreendida –, começava a compreender...
Júlio prematuramente expulso da experiência material pelo afogamento, ao mundo tornara em nova tentativa que redundara em frustração...
Porquê? porquê?
O pensamento dolorido intentava penetrar os segredos do tempo, arrastando-a ao passado remoto, mas o cérebro doía-lhe, dilacerado... Realmente, não lhe seria possível naquelas circunstâncias qualquer incursão no domínio das reminiscências, mas percebia, enfim, a Bondade Eterna que reúne as almas nos mesmos laços de trabalho e esperança do caminho redentor...
Lembrou a animosidade fria que experimentara por Júlio, logo após seus esponsais, e o imanifesto ciúme que nutria, diante das atenções que Amaro lhe dispensava, e reconheceu que a Providência Divina, ligando-o ao seu coração de mãe, lhe sublimara os sentimentos...
Agora sentia por ele inexpressável carinho e iluminado amor...
De espírito assim transformado, via em Odila não mais a rival, mas a benfeitora que, sem dúvida, lhe seguira de perto a transfiguração.
Enlaçou-se a ela, em pranto silencioso, qual se lhe fora filha a ocultar-se nos braços maternais.
A primeira esposa de Amaro, imensamente comovida, correspondia-lhe as manifestações afetivas, afagando-lhe os cabelos.
– Convém-lhe o repouso – afirmou Clarêncio, amigo –, qualquer recordação agora lhe agravaria o conflito mental.
Odila desembaraçou-se da companheira, deixando-a a sós no descanso justo, e seguiu-nos.
Despedindo-nos, o instrutor aconselhou fosse Zulmira mantida no berçário mais algumas horas.
Desse modo, o corpo denso seria mais amplamente beneficiado pelo sono reparador.
Voltaríamos para reconduzi-la à residência terrestre, de maneira a garantir-lhe, tanto quanto possível, as melhoras gerais.
Afastamo-nos, assim, para regressar em breve.
Com efeito, transcorrido o tempo que o nosso instrutor julgou indispensável, tornamos ao Lar da Bênção para restituir nossa amiga ao ninho distante.
O relógio marcava nove da manhã, quando a enferma, sob a nossa vigilância, despertou no corpo físico.
Zulmira, retomando o equipamento cerebral mais denso, não conseguiu articular a lembrança da excursão que se lhe afigurou, então, delicioso sonho.
Guardava a impressão nítida de que revira o filhinho em alguma parte e semelhante certeza lhe restaurara a calma e a confiança.
Sentia-se mais leve, quase feliz.
Evelina, atendendo-lhe o chamado, identificou-lhe as melhoras, rendendo graças a Deus.
A jovem, contente, trouxe Antonina e Lisbela ao quarto. A viúva chegara cedo com a filhinha, com o melhor desejo de cooperar.
A doente saudou-as, satisfeita. Recordava-se, de modo impreciso, da noite anterior e agradeceu o cuidado de que se via objeto.
Aceitou o café substancioso que lhe foi trazido e tão reanimada se sentia que, sem qualquer cerimônia, confiou a Antonina as impressões renovadoras de que se via dominada.
Permanecia convicta de que vira Júlio e abraçara-o... Onde e como? não saberia dizer.
Mas o contentamento que a felicitava era bem o testemunho de que recolhera naquela noite benefícios reais.
– Felizmente, a transfusão de sangue foi coroada de pleno êxito!
– exclamou Evelina, encantada.
– Sim – disse Antonina, concordando –, a providência terá sido das mais proveitosas, no entanto, estou certa de que dona Zulmira terá reencontrado o filhinho no plano espiritual, readquirindo novo ânimo para a luta.
Aquela asserção confiante foi registrada pela enferma com sincera alegria.
– A senhora julga então possível? – indagou a dona da casa, de olhos faiscantes.
– Como não? – aduziu Antonina, confortada – A morte não existe como a entendemos. Do Além, nossos amados que partiram estendem-nos os braços. Tenho igualmente um filho na Vida Maior que vem sendo para mim precioso sustentáculo.
A enferma demonstrou invulgar interesse na conversação.
Há momentos na vida em que somos castigados pela fome de fé e Antonina era uma fonte irradiante de otimismo e firmeza moral.
Evelina e Lisbela retiraram-se para o interior da casa, atentas à limpeza doméstica, e as duas amigas passaram a mais íntimo entendimento.
A colaboração de Antonina fora realmente providencial, porque, ao deixarmos o domicílio do ferroviário, reparamos que Zulmira, de alma restaurada, ao toque de novas esperanças, mostrava no rosto a tranqüilidade segura de abençoada convalescença.

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

ALEXANDRE CAMARGO EM ENTREVISTA AO SITE " O CONSOLADOR " REVISTA SEMANAL DE DIVULGAÇÃO ESPÍRITA


ORSON PETER CARRARA
orsonpeter@yahoo.com.br
Matão, São Paulo (Brasil)

Alexandre Xavier de Camargo:

“As pessoas estão sedentas de aprofundamento e de autoconhecimento”

Experiência virtual bem-sucedida realizada na cidade paranaense de Rolândia amplia a atuação espírita e estreita os laços entre Psicologia e Espiritismo.

Alexandre Xavier de Camargo (foto), nascido em família espírita na cidade de Marília-SP em 1970 e formado em Psicologia pela Universidade Estadual de Londrina-PR, casado com Rossana Guariente de Camargo e pai de três filhos, reside em Rolândia-PR desde a infância. Com participação ativa no movimento espírita, realiza por meio da internet um trabalho interessante e inovador, em termos de divulgação espírita, que merece ser conhecido, como o leitor pode ver na entrevista que se segue.

Como psicólogo e atuando na área da Psicologia Transpessoal, aborde a influência e importância da Psicologia Transpessoal na sua ligação com os ensinos do Espiritismo.

Desde a faculdade de Psicologia sentia a necessidade de fazer a relação entre os conceitos espíritas e os conceitos da psicologia. Mas a verdade é que desde aquela época os livros de Joanna de Ângelis, assim como os de André Luiz, as obras básicas de Kardec, Hermínio Miranda e outros autores me proporcionavam uma visão bastante coerente e sólida para a minha prática posterior no consultório psicológico. Hoje eu percebo que Joanna de Ângelis tem uma ação muito importante no sentido de aproximar os autores da Psicologia Transpessoal e os autores espíritas.


De que forma você acha que o Espiritismo pode se beneficiar da proximidade com a Psicologia Transpessoal?

Penso que essa proximidade será fundamental para o desenvolvimento do Espiritismo, pois se existe um campo propício ao desenvolvimento dentro do Espiritismo é o campo do autodescobrimento. Aliás, o objetivo central do Espiritismo é o autoconhecimento para a autotransformação. Os conceitos da Psicologia Transpessoal farão a ponte entre o Espiritismo e as conceituações modernas da ciência, enquanto o Espiritismo proporcionará um imenso material de estudos e um precioso referencial ético importante ao desenvolvimento da Psicologia Transpessoal. Ambos ganharão muito com isso.

Como você encara a relação entre a mediunidade e os problemas psicoemocionais, tão presentes nas criaturas humanas?

Pela evolução do psiquismo, estamos todos a cada dia mais sensíveis, só que a primeira camada espiritual com a qual lidamos é a do Plano Espiritual Inferior, com a qual a maioria das pessoas facilmente se sintoniza, pelos maus hábitos, pensamentos infelizes, sentimentos e emoções desequilibradas. Por isso o eclodir de patologias na área psíquica e emocional é tão presente nas populações nos dias atuais. Ao longo do tempo, tenho me especializado em entender as relações entre os problemas psíquicos, como complexos de culpa, baixa autoestima e outros complexos, conflitos e alienações, e os problemas da obsessão, juntamente com a análise das características mediúnicas das pessoas que me procuram.

Como entender psicologicamente os médiuns desequilibrados em suas faculdades mediúnicas?

Antes de sermos médiuns, somos seres humanos com dificuldades específicas no campo mental e emocional, com bagagens nem sempre equilibradas. Os conflitos se expressam em nós, de forma atormentadora, e induzem a mediunidade à sintonia com os Espíritos infelizes e desequilibrados. Por isso também atendemos em nosso consultório médiuns que estão desequilibrados, e quando começamos a tratar da pessoa a mediunidade começa a se equilibrar. Então vamos concluindo que, onde exista “médium desequilibrado”, antes de tudo existia uma pessoa desequilibrada, ou necessitada de desabafo, de compreensão, de orientação, de estímulo, de mudanças em sua estrutura de vida.

Você, como psicólogo, atende muitos pacientes que vão ao seu consultório e que você percebe que possuem uma percepção mediúnica mais acentuada?

Sim, muitos. Vou formulando uma hipótese que poderá se confirmar ou não, com base nas próprias informações que o paciente nos fornece e nas observações que vamos realizando de seu comportamento. Vamos percebendo por alguns indícios aquilo que é próprio da pessoa, e o que possivelmente advém de uma hipersensibilidade mediúnica que não está encontrando meio de expressar-se de forma saudável e produtiva na vida da pessoa.

Relate o seu trabalho na internet.

Foi através do site www.patalk.com. Confesso que me encantei com as possibilidades, com os recursos que encontrei para a divulgação do Espiritismo. Em uma semana, já estava abrindo a minha própria sala, que denominei Centro Espírita Maria de Nazaré, uma extensão da própria casa espírita que frequento.

Qual a primeira atividade que desenvolveu nesse Centro virtual?

A primeira atividade foi um estudo ao vivo, com teclado e voz, como sempre fazemos, do livro “O Ser Consciente” de Joanna de Ângelis.

Como as pessoas podem participar desse trabalho?

Primeiro é preciso baixar o programa no site www.paltalk.com e depois criar seu nome no paltalk e sua senha. Depois que fizer o login, poderá entrar nas salas virtuais. Nós posicionamos a nossa sala na área da América do Sul, no Brasil, e o nome da sala é: Centro Espírita Maria de Nazaré. A sala estará listada na área do Brasil somente quando estivermos nos horários de estudos citados acima.

O que é a Sala Depressão Tratamento e Cura?

É uma sala que criamos no paltalk também, como psicólogo, para deixarmos aberta 24 horas, onde se encontram vários áudios terapêuticos, palestras e explicações diversas, sobre saúde mental e emocional. É um modo que criamos para extrapolarmos o Espiritismo e a casa espírita, levando os benefícios aos companheiros de outras crenças.

Como psicólogo espírita, que experiência lhe traz a atividade de palestrante espírita? Como sente as reações, carências e potencialidades do público ouvinte das palestras realizadas costumeiramente em nossas instituições?

Sinto que as pessoas estão sedentas de aprofundamento, de autoconhecimento. E que elas querem algo a mais. Estão buscando respostas.

Você possui algum site?

Sim, tenho colocado muitos áudios de estudos, como psicólogo transpessoal, no site http://alexandrecamargo.multiply.com. Quem desejar inscrever-se no site e me adicionar pode fazê-lo, e terá acesso aos estudos.

Suas palavras finais.

De tudo que tenho aprendido nestes últimos anos, o que mais me chama a atenção é o potencial superior da criatura humana. Somente venceremos os nossos “defeitos”, preenchendo-nos com aquilo que nos está faltando, que são as virtudes divinas, que precisam ser desenvolvidas em nós. E o desenvolvimento somente se dá com estudo e trabalho, conhecimento e amor, e o exercício desse potencial. Então precisamos acreditar mais em nós e mobilizar toda a energia possível em nossos empreendimentos de crescimento pessoal.

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

SEMANA - ESTUDO DO EVANGELHO CAPÍTULO 16 ÍTEM 8 - MARIA J. CAMPOS



FONTE BÁSICA

KARDEC, Allan. O Evangelho Segundo o Espiritismo.

NÃO SE PODE SERVIR A DEUS E A MAMON

Desigualdade das Riquezas

1. Por que não são igualmente ricos todos os homens?
“Por não serem igualmente inteligentes, ativos e laboriosos para adquirir, nem sóbrios e previdentes para conservar”, nem justos o suficiente para atribuir a quem trabalha correta remuneração ao seu esforço.

A desigualdade das riquezas é inerente ao estágio evolutivo do homem. Só será resolvida à medida em que ele evoluir moralmente.

2. O problema da pobreza estaria resolvido se, num dado momento, toda a riqueza do mundo fosse igualmente repartida entre os homens?
Não, pois a cada um caberia uma parcela mínima e insuficiente; ademais, esta condição inicial de igualdade logo seria rompida pelas diferenças individuais, de sorte que alguns aumentariam seus haveres e outros perdê-los-iam.

“É aliás, ponto matematicamente demonstrado que a riqueza, repartida com igualdade, a cada um daria um parcela mínima e insuficiente.”

3. Supondo-se que a divisão equitativa da riqueza fosse estável e suficiente para todos tivessem o necessário, o que ocorreria?
“O aniquilamento de todos os grandes trabalhos que concorrem para o progresso e para o bem estar da Humanidade (...) pois já não haveria o aguilhão da necessidade, que impele os homens às descobertas e aos empreendimentos úteis.”

“Se Deus a concentra em certos pontos, é para que daí se expanda em quantidade suficiente, de acordo com as necessidades.”

4. Por que Deus concede a riqueza entre os homens?
Deus dá a estes oportunidades de, usando o livre-arbítrio, contribuir para o progresso da Humanidade e evoluir espiritualmente; distinguir o bem do mal e praticar o bem por sua vontade e esforço.

“Não deve o homem ser conduzido fatalmente ao bem, nem ao mal, sem o que não fora mais senão um instrumento passivo, irresponsável como os animais.”

5. Como distribui Deus a riqueza entre os homens?
Através das existências, Deus dá aos homens oportunidade de utilizá-la. Sendo, porém, materialmente impossível que todos a possuam ao mesmo tempo, cada um a possui por sua vez, segundo o bom uso que dela fizer.

“Assim, um que não na tem hoje, já a teve ou terá noutra existência; outro, que agora a tem, talvez não na tenha amanhã.” A miséria de hoje é fruto do uso indevido das riquezas de ontem.

6. Quando a Humanidade conhecerá uma distribuição mais justa das riquezas?
Somente quando os homens se regerem pela caridade, eliminando de seus corações o egoísmo e o orgulho, haverá maior equilíbrio na distribuição das riquezas, desaparecendo da Terra os extremos da riqueza excessiva e da miséria absoluta.

“A origem do mal reside no egoísmo e no orgulho; os abusos de toda espécie cessarão quando os homens se regerem pela lei da caridade.”

7. Como podemos contribuir para tornar menos injusta a sociedade em que vivemos?
Se nos foi dado possuir bens, devemos utilizá-los em benefício do próximo, gerando oportunidades de beneficiá-la com trabalho digno e lembrando sempre de que o supérfluo não nos pertence. Se nos encontramos privados de riquezas, cuidemos de armazenar tesouros de paciência e resignação, buscando no trabalho e na prece a superação de nossas dificuldades, sem deixar de lutar com ânimo firme por melhorias e progressos em nossas vidas.

“A pobreza é, para os que a sofrem, a prova da paciência e resignação; a riqueza é, para todos os outros, a prova da caridade e da abnegação.”

Conclusão:
A constatação de que a miséria de hoje é fruto do uso indevido das riquezas de ontem não pode ser motivo para diminuir nosso empenho na minoração das agruras dos menos afortunados.

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

ESTUDO DO LIVRO ENTRE A TERRA E O CÉU - CAP. 36 - ORADOR ALEXANDRE CAMARGO



36 – Corações Renovados

Três dias haviam corrido sobre a libertação de Júlio.
De novo, ao lado de Zulmira, nas primeiras horas da noite, reparávamos-lhe a profunda exaustão...
O enfraquecimento progressivo impusera-lhe perigosa situação orgânica.
O próprio Clarêncio, depois de auscultá-la, anotou, apreensivo:
– Nossa irmã reclama socorro mais seguro. O esgotamento é quase completo.
A enferma recebia-lhe a assistência magnética, quando Mário, Antonina e Haroldo deram entrada em sala próxima.
Deixamos nosso instrutor com a doente e demandamos a peça em que se efetuaria o encontro familiar.
O ferroviário e a filha faziam as honras da casa.
Amaro, acolhedor, dava mostras de grande alívio. O sorriso, embora triste, era largo e espontâneo, demonstrando o contentamento interior de quem via terminar velha e desagradável desavença.
Mário, porém, surgia constrangido e desajeitado, enquanto Antonina irradiava simpatia e bondade, cativando, de improviso, a amizade dos anfitriões.
O enfermeiro apresentou a jovem senhora e o filhinho por amigos particulares e depois, evidentemente instruído pela companheira, iniciou a palestra, comentando a penosa impressão que lhe causara o falecimento do pequenino e pedia escusas por não
haver reaparecido, como reconhecia de seu dever.
A ocorrência desnorteara-o.
Caíra de cama, impressionado com o acontecimento que lhe não cabia esperar.
Falava realmente comovido, porque, lembrando os derradeiros minutos da criança, represavam-se-lhe os olhos de lágrimas que não chegavam a cair. Aquela emotividade manifesta, aliada à humildade sincera que Silva deixava transparecer, tocava o coração de Amaro, que se descerrou mais amplamente.
– Percebi – disse o dono da casa – a dor que o envolveu no momento justo em que nosso anjinho era arrebatado pela morte.
Sua aflição me comoveu muito, não só pelo devotamento do profissional que nos assistia, mas também pela afetividade pura do amigo que, há tanto tempo, se distanciara de nossos olhos.
A generosidade do ex-rival, por sua vez, influenciava o enfermeiro de modo decisivo.
As vibrações de afabilidade e carinho que se desprendiam do apontamento afetuoso modificavam-lhe o íntimo.
Mário passou a sentir balsamizante desafogo.
E, enquanto Evelina se afastava para atender à madrasta doente, reportou-se à tortura moral que o assaltara, assim que viu Júlio inerte, detendo-se na breve descrição do complexo de culpa que o acometera. Teria seguido com segurança a indicação do especialista? Enganar-se-ia, porventura, na dosagem da medicação?
Na ligeira pausa que surgiu, natural, Amaro tornou à palavra, acrescentando, bondoso:
– Não havia motivo para tamanha preocupação. Desde a primeira visita médica, compreendi que o nosso filhinho estava condenado. O soro foi o último recurso.
E, com dolorida resignação, acentuou:
– Não é a primeira vez que atravesso uma provação dessa ordem.
Há tempos, sofri a perda do caçula de meu primeiro matrimônio, estranhamente afogado numa de nossas raras excursões até à praia. Confesso que só me faltou enlouquecer. Entretanto, apeguei-me à religião para não soçobrar e hoje compreendo que somente nos compete acatar os desígnios de Deus. Não passamos de criaturas necessitadas de socorro divino, a cada instante de nossa experiência humana.
– Sem dúvida – interferiu Antonina, otimista –, sem apoio espiritual, não avançaríamos um passo no terreno da verdadeira harmonia íntima. A morte do corpo nem sempre é o pior que nos possa acontecer. Quantas vezes os pais são constrangidos a acompanhar a morte moral dos filhos, no crime ou na viciação que não conseguem interromper? Também perdi um dos rebentos que Deus me confiou, mas procurei acomodar-me à saudade sem revolta, porque a Sabedoria do Senhor não deve ser menosprezada.
– Que prazer ouvi-la! – disse o ferroviário, com discreta satisfação – Após afeiçoar-me, com mais empenho, ao Catolicismo, na leitura de Santo Agostinho, observo que abençoada renovação se fez em mim.
E fitando a interlocutora, com mais atenção, aduziu:
– A senhora é também católica?
Antonina sorriu, delicada, e informou:
– Não, senhor Amaro, em matéria de fé, aceito a interpretação evangélica do Espiritismo, entretanto, isso não impede que estejamos procurando o mesmo Mestre.
– Ah! sim, Jesus é o nosso porto – acentuou o anfitrião, liberal –, não entendo a religião por elemento separatista. A senhora, na condição de espírita, e eu, na posição de católico, possuímos uma só linguagem na fé que nos identifica. Creio que a Providência Divina, como o Sol, brilha para todos.
– É muita alegria sentir-lhe a nobreza d'alma – comentou Antonina, entusiástica –; na essência, desejamos ser cristãos sinceros e a sua generosidade me permite entrever a beleza do Cristo nas vidas nobres.
Amaro não conseguiu responder.
Um táxi parou à porta e, de imediato, o médico da família entrou para a inspeção.
Depois das saudações usuais, passou ao quarto da enferma e, porque o dono da casa se propusesse segui-lo, recomendou-lhe permanecesse na sala com as visitas, de vez que tencionava submeter a doente a meticuloso exame, pretendendo ouvi-la a sós.
Evelina veio ter conosco e, acompanhando o facultativo com o nosso olhar, vimo-lo carinhosamente recebido por Clarêncio e Odila, que se nos mostraram à porta.
A conversação passou a desdobrar-se em torno de Zulmira.
O chefe da família, preocupado, discorria sobre a esposa acamada, encarecendo a delicadeza da situação.
Zulmira, que adoecera com a enfermidade do filhinho, desde a morte dele, não mais se alimentara.
Não obstante todos os conselhos médicos e todos os apelos afetivos, demonstrava-se alheia, no mais amplo desinteresse pela vida.
Enfraquecia, de modo alarmante.
Como se quisesse dar notícias de seu círculo particular ao atento enfermeiro, relacionou os desajustes psíquicos da companheira, antes da vinda do filhinho que a morte lhes arrebatara ao convívio.
Zulmira, com a maternidade triunfante, como que se renovara.
Revelara-se mais alegre, mais viva. Readquirira a saúde plena.
Com a desencarnação da criança, nova crise de contratempos invadira-lhe a casa.
A moléstia asilara-se, ali, de novo, entre as quatro paredes.
Mário, a permutar significativos olhares com Antonina, de quando em quando se situava entre a perplexidade e o desencanto.
A confissão de Amaro constituía um testemunho de humildade pura.
Em muitas ocasiões, fantasiara-o, na própria imaginação, qual se fora um poço de orgulho e arrogância e, por muitas vezes, surpreendera-se em acalorados solilóquios, rixando com ele em pensamento.
Agora, reparava que o antagonista era um homem comum, tanto quanto ele necessitado de paz e compreensão.
O entendimento prosseguia mais afetuoso, quando o clínico tornou à sala.
De semblante torturado, dirigiu-se ao ferroviário, notificando:
– Amaro, a providência é quase impossível quando a previdência não funciona. A posição de Zulmira piorou muitíssimo nas últimas horas. O soro aplicado desde ontem não trouxe o resultado preciso. O abatimento é enorme. Creio indispensável uma
transfusão de sangue ainda esta noite, para que não sejamos amanhã surpreendidos por obstáculos insuperáveis.
Amaro empalideceu.
Antonina voltou-se em silêncio para Silva, como a dizer-lhe, de coração para coração: – Não hesite. É a sua hora de ajudar.
Aproveite a oportunidade.
Mário, acanhado, levantou-se maquinalmente e, antes que Amaro fizesse qualquer referência ao assunto, apresentou-se ao médico, explicando:
– Doutor, se a minha cooperação for aceita, sentirei prazer nisso. Sou doador de sangue no hospital em que trabalho. Um telefonema seu ao pediatra amigo, a quem o senhor recorreu no caso de Júlio, pode confirmar as minhas palavras.
E, erguendo os olhos para o ex-rival, disse, em voz quase suplicante:
– Amaro, permita-me! quero auxiliar a doente de algum modo!...
Afinal de contas, somos todos, agora, bons irmãos.
O chefe da casa, comovido, abraçou-o reconhecidamente.
– Obrigado, Silva!
Nada mais conseguiu dizer.
De olhos angustiados, dirigiu-se para o aposento da mulher, envolvendo-a em manifestações de carinho.
Antonina, colocando Haroldo junto a uma pilha de revistas velhas, pôs-se à disposição de Evelina para qualquer atividade caseira, enquanto Mário e o médico partiam, velozes, em busca do material necessário.
Transcorrida uma hora, a câmara da enferma se iluminava mais intensamente para o serviço a fazer.
Zulmira, admirada, reconheceu Mário, todavia era enorme a prostração para que pudesse demonstrar interesse ou desprazer.
Apresentada a Antonina, limitou-se a endereçar-lhe alguns monossílabos, com um breve sorriso de reconhecimento.
Assumindo a direção da enfermagem, a jovem viúva parecia uma figura providencial.
Amparou a doente com carinho, auxiliou o clínico nas tarefas do momento e, cativando a gratidão dos novos amigos, colaborou com Evelina para que todas as medidas alusivas à higiene se efetuassem harmoniosas.
Realizada a transfusão, a enferma entrou na reação característica, contudo Silva, fosse porque estivesse de si mesmo enfraquecido ou porque a quantidade de sangue tivesse sido demasiada, passou a acusar profundo abatimento.
Em seus olhos, porém, brilhava uma luz diferente.
Afigurava-se-lhe haver perdido as inquietações que o martirizavam.
Adquirira a noção de que se reabilitara, perante a própria consciência. Trouxera aos ex-adversários o próprio coração em forma de visita fraterna. E as suas próprias forças insufladas no campo orgânico da mulher que lhe fora a bem-amada, como que
lhe favoreciam a ausência dos velhos pensamentos de mágoa que, por tanto tempo, lhe haviam flagelado a vida íntima.
Registrando-lhe a queda de energias, o médico ministrou-lhe, de imediato, os recursos aconselháveis, permanecendo Mário, desse modo, comodamente instalado em larga poltrona, junto dos amigos.
Despediu-se o facultativo, mais animado.
Antonina, sem afetação, ajudou no preparo do café, que foi saboreado por todos, enquanto a conversação era reatada com alegria.
Foi então que a viúva se ofereceu para voltar. Era industriária e, na posição de mãe, responsabilizava-se por três crianças, entretanto, poderia dispor de dois dias.
Amaro salientou a dificuldade para encontrar uma enfermeira ou governanta para horas difíceis e aceitou a gentileza.
Antonina, contente, prometeu regressar, trazendo Lisbela, na manhã seguinte. Estava convencida de que a menina conseguiria entreter Zulmira, com as suas infantilidades, mitigando-lhe o coração saudoso de mãe.
Evelina abraçou-a, encantada. Simpatizara-se com Antonina, como se fossem duas irmãs.
Algo reanimado e positivamente feliz, Mário dispôs-se à retirada e um táxi foi trazido.
Num ambiente de construtiva cordialidade, desenvolveu-se a reconfortante despedida.
E Silva, fitando a companheira de excursão com reconhecimento e carinho, sentiu-se reconciliado consigo mesmo, irradiando a alegria silenciosa de quem retorna à felicidade.

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

SEMANA - ESTUDO DO EVANGELHO CAPÍTULO 16 ÍTEM 7 - MARIA J. CAMPOS



FONTE BÁSICA

KARDEC, Allan. O Evangelho Segundo o Espiritismo.

NÃO SE PODE SERVIR A DEUS E A MAMON

Utilidade Providencial da Riqueza - Provas da Riqueza e da Miséria

1. É a riqueza instrumento de perdição?
A riqueza, em si mesma, não constitui obstáculo
à salvação do homem, pois sendo Deus infinitamente justo e misericordioso, não colocaria em suas mãos algo que o arruinasse.

“Se a riqueza somente males houvesse de produzir, Deus não a teria posto na Terra.Compete ao homem fazê-la produzir bem.“

2. Mas, por que a riqueza, como ressaltou Jesus várias vezes, dificulta a salvação do homem ?
Porque estimula o egoísmo, favorece a vaidade, exacerba os apetites sensuais e o apego aos bens materiais, desviando o homem das coisas do espírito.

A riqueza é “o supremo excitante do orgulho, do egoísmo e da vida sensual.É o laço mais forte que prende o homem à Terra e lhe desvia do céu dos pensamentos.”

3. Sendo o oposto da riqueza, pode-se concluir que a miséria é prova fácil que conduz à salvação?
Não. Também a miséria é prova difícil, porque da ensejo à inveja e à revolta, dificultando a prática da caridade, que conduz o homem a Deus. Mas a riqueza é, sem dúvida, prova mais dura.

“(...) pelas tentações que gera e pela fascinação que exerce, a riqueza constitui uma prova muito arriscada, mais perigosa do que a miséria.”A miséria não garante o céu. O miserável revoltado tem o mesmo destino do rico avarento.

4. Aquele que já experimentou as privações materiais acarretadas pela miséria, fará melhor uso da riqueza, caso venha a possuí-la?
Nem sempre. A riqueza, pelas facilidades que oferece, “produz tal vertigem que, muitas vezes, aquele que passa da miséria à riqueza esquece de pronto a sua primeira condição (...) e faz-se insensível, egoísta e vão.”

Quem passa da miséria à riqueza não raro torna-se ingrato, esquecendo e desprezando os que com ele partilharam privações e os ajudaram nos momentos de necessidade.

5. Se, como vimos antes, a riqueza não é um mal, a quem podemos atribuir as funestas conseqüências que produz?
Ao estado de inferioridade do espírito o homem que dela faz uso, pois ele tanto pode empregá-la em favor do próximo, elevando-se espiritualmente, como no benefício exclusivo de si mesmo, retardando seu progresso.

“Se a riqueza é causa de muitos males (...), não é a ela que devemos inculpar, mas ao homem que dela abusa, como os de todos os dons de Deus”. A riqueza assemelha-se a certos venenos que, em mãos inábeis, podem provocar a morte, mas se empregados com sabedoria, restituem a saúde.

6. Qual a função da riqueza, em nosso planeta?
Oferecer ao homem os recursos necessários ao progresso material e à satisfação das necessidades de seus habitantes.

“O homem tem por missão trabalhar pela melhoria material do planeta: desobstruí-lo, saneá-lo, dispô-lo para receber um dia toda a população que a sua extensão comportas;” e alimentar essa população que cresce incessantemente.

7. Na tarefa de promover o progresso material da Terra, não basta ao homem o auxílio da Ciência?
Sem dúvida a Ciência é de grande importância, pois, estimulando o estudo e a pesquisa, desenvolve-lhe a inteligência, fazendo-o descobrir meios fáceis, rápidos e seguros de superar obstáculos e realizar tarefas. Mas é a riqueza que permite sua excussão.

Através da Ciência o homem descobre meios de promover o progresso do planeta o bem estar da população; por meio da riqueza ele transforma as descobertas em realidade.

8. De que modo os esforços do homem em melhorar o planeta podem auxiliar seu progresso espiritual?
A busca do progresso desenvolve no homem a inteligência que, num primeiro momento, ele concentra na satisfação das necessidades materiais e, mais tarde, o ajudará na compreensão das grandes verdades espirituais.

Conclusão:
Riqueza e miséria não são prêmio nem castigo de Deus: São situações transitórias que o homem experimenta, no processo de evolução espiritual. Longe de ser um mal, a riqueza é fator de progresso material do planeta e de bem estar da Humanidade.

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

ESTUDO DO LIVRO ENTRE A TERRA E O CÉU - CAP. 35 - ORADOR ALEXANDRE CAMARGO



35 – Reerguimento moral
Consoante o programa traçado, regressamos, no dia imediato, estagiando primeiramente no lar de Zulmira, cuja posição orgânica era mais aflitiva.
A pobre senhora mostrava-se mais pálida, mais abatida.
O médico cercara-a de drogas valiosas, entretanto, a infortunada criatura demorava-se em profunda exaustão.
Amaro e Evelina desvelavam-se, preocupados; todavia, a torturada mãezinha deixava-se morrer.
Diante da nossa apreensão manifesta, o Ministro apenas afirmou:
– Aguardemos. Numa equipe, quase sempre a melhora de um companheiro pode auxiliar a melhora de outro. A recuperação de Silva, ao que me parece, influenciará nossa amiga, na defesa contra a morte.
Não se delongou por muito tempo na intervenção magnética.
Sem detença, procuramos o domicílio do enfermeiro, encontrando-o superexcitado quanto na véspera, mas abnegadamente assistido pelas freiras que persistiam, dedicadas, na oração.
As religiosas desencarnadas acolheram-nos com carinho, comunicando que o doente prosseguia em desespero.
Clarêncio, contudo, assegurou-lhes otimista que Mário passaria conosco e, após entreter-se, voltaria melhor.
Em seguida, abeirou-se do enfermo e, tocando-lhe a fronte com a destra, orou sem alarde.
Qual se recebesse preciosa transfusão de forças fluídicas, Silva aquietou-se como por encanto.
Revelou-se mais calmo, não obstante entristecido.
A expressão facial que lhe denunciava a sublevação interior transformou-se-lhe no semblante em dolorosa serenidade.
Nosso orientador desenvolveu alguns passes de auxílio e notificou:
– Silva experimenta enorme necessidade de ouvir a palavra de Antonina, contudo, está hesitante. Afirma-se intimamente envergonhado. Crê-se responsável pela morte da criança e teme o contacto com a nobreza espiritual de nossa irmã, apesar de sentir-se
arrastado para ela. Buscaremos, porém, auxiliar-lhes a reaproximação.
Acariciou a fronte do moço atormentado e acentuou:
– O desabafo descarregar-lhe-á a atmosfera mental, favorecendo-lhe o alívio e a recepção de elementos renovadores.
Em seguida, o instrutor abraçou-o, envolvendo-o em amorosa solicitude. Aquele amplexo afetuoso e longo figurou-se-nos um apelo às energias recônditas do rapaz que, de imediato, levantouse e vestiu-se.
Ignorando como explicar a si mesmo a súbita resolução que o movia, desceu para a rua, seguido de perto por nosso cuidado, e tomou o carro que o transportaria até à residência da simpática família que o acolhera carinhosamente na antevéspera.
Antonina e os filhos abriram-lhe os braços, alegremente.
A pequena Lisbela, encantada, dependurou-se-lhe ao pescoço, depois de um beijo comovente.
Achava-se ainda acamada, mas refeita e feliz.
Qual se convivesse com Mário, de longo tempo, a dona da casa fitou-o, apreensiva.
Preocupada, anotou-lhe o abatimento, enquanto o hóspede parecia esmolar-lhe, em silêncio, ajuda e compreensão.
Percebendo-lhe a angústia oculta, a jovem viúva induziu-o à conversação particular, em singelo recanto da sala, onde atendia com os filhinhos ao culto da oração.
O enfermeiro pediu-lhe desculpas por tratar de assunto pessoal e, começando por justificar a sua ausência na véspera, de frase a frase entrou na faixa dolorosa do próprio coração, desabafando...
Lembrou que ali, junto dela, recebera ensinamentos da mais elevada significação para ele e, por esse motivo, não vacilava em descerrar-lhe o espírito desolado, implorando compaixão e socorro.
Tentando confortá-lo, a interlocutora escutou-lhe a narrativa até ao fim.
Mário reportou-se à juventude, comentou os problemas psíquicos de que se via rodeado, desde a infância, descreveu-lhe o amor que nutrira pela moça que o abandonara em pleno sonho, relacionou as provas que lhe haviam castigado o brio de rapaz, salientou o esforço que despendera para recuperar-se e, por fim, extremamente conturbado, explanou sobre o reencontro com a ex-noiva e com o ex-rival, junto do pequenino agonizante... Referiuse ao ódio inexplicável que sentira pelo anjinho moribundo, encareceu os benefícios do culto evangélico em sua alma incendiada
de revolta e amargura, expondo-lhe a convicção de haver contribuído para à morte da criancinha que detestara, à primeira vista.
Guardava a impressão de haver descido a tormentoso inferno moral.
Antonina sentiu por ele a piedade amorosa com que as mães se dispõem ao soerguimento espiritual dos filhos sofredores e rogou-lhe serenidade.
Silva, contudo, em pranto convulsivo, era um doente que reclamava mais ampla intervenção.
Atraída irresistivelmente para ele, a nobre amiga deixou de sublinhar o tratamento com a palavra “senhor” e, fazendo-se mais íntima, obtemperou, carinhosa:
– Mário, quando caímos é preciso que nos levantemos, a fim de que o carro da vida, em seu movimento incessante, não nos esmague. Conhecemo-nos há dois dias, no entanto, sinto que profundos laços de fraternidade nos reúnem. Não acredito estejamos
aqui juntos, obedecendo a simples acaso. Decerto, as forças que nos dirigem a existência impelem-nos aos testemunhos afetivos desta hora. Enxugue as lágrimas para que possamos ver o caminho... Compreendo o seu drama de homem rudemente provado
na forja da vida, entretanto, se posso pedir-lhe alguma coisa,rogar-lhe-ia bom ânimo.
Fixando-o com mais doçura no olhar, prosseguiu, depois de leve pausa:
– Também eu tenho lutado muito. Lutado e sofrido. Casei-me por amor e vi-me espoliada em minhas melhores esperanças. Meu marido, antes de encontrar a morte, relegou-nos a dolorosa penúria.
Quando mais intensa era a nossa agonia doméstica, vi um filhinho morrer ao toque das aflitivas provações que nos flagelavam a casa... Graças a Deus, todavia, reconheço que seríamos tão somente ignorância e miséria sem o auxílio da dor. O sofrimento é
uma espécie de fogo invisível, plasmando-nos o caráter. Não se deixe abater, assim. Você está moço e as suas realizações no mundo podem ser as mais elevadas...
– Mas estou certo de que sou um assassino!... – soluçou o rapaz, desacoroçoado.
– Quem poderia confirmá-lo? – exclamou Antonina, com mais ternura na voz. – É indispensável recordemos que, atento à profissão, atendeu você a um menino completamente entregue ao domínio do crupe. O pequenino Júlio, à sua chegada, já estaria ofegante, sob as asas da morte.
– Mas, e a impressão? e o remorso? Sinto-me derrotado, aflito...
Tenho medo de mim mesmo...
A nobre senhora fitou o hóspede com a admirável segurança que lhe era peculiar e falou, firme:
– Mário, você acredita na reencarnação da alma?
E porque o interlocutor a contemplasse, com estranheza, continuou sem ouvir-lhe a resposta:
– Todos somos viajores no grande caminho da eternidade. O corpo de carne é uma oficina em que nossa alma trabalha, tecendo os fios do próprio destino. Estamos chegando de longe, a revivescer dos séculos mortos, como as plantas a renascerem do solo profundo... Naturalmente, você, Amaro, Zulmira e Júlio estão recapitulando alguma tragédia que ficou distanciada no espaço e no tempo, mas viva nos corações. E, mediante o carinho de sua confissão espontânea, não duvido de minha participação em algum lance da luta que motivou os acontecimentos da atualidade.
Amor e ódio não se improvisam. Resultam de nossas construções espirituais nos milênios. Provavelmente, alguma responsabilidade me compete nos serviços em cuja execução você se comprometeu.
Nossa confiança imediata, nossa associação neste assunto sem qualquer base prévia, essa simpatia fraternal com que você vem a mim e o interesse com que lhe ouço a exposição me autorizam a admitir que o presente está refletindo o passado. E, em razão disso, ofereço-me para cooperar com o seu esforço de algum modo...
– Colaborar? – atalhou o moço, quase alucinado – é impossível...
O menino está morto...
Envolta nas irradiações de Clarêncio, Antonina alegou com sensatez:
– E quem nos diz que Júlio não possa voltar à Terra? Quem nos pronunciará incapazes de algo fazer a beneficio da criancinha que partiu?
– Como? como? – indagou, atônito, o infeliz.
– Escute, Mário. O egoísmo não se revela feroz tão somente em nossas alegrias. Muitas vezes, comparece também, asfixiante e terrível, em nossas dores. Isso se verifica, quando em nossa mágoa pensamos apenas em nós. Você se declara delinqüente, amargurado, vencido, qual se fosse um herói repentinamente arrojado do altar da admiração pública à poeira da desconsideração. Admito que concentrar demasiada atenção em culpas imaginárias é mera vaidade a encarcerar-nos na angústia vazia. Enquanto lastimamos a nossa imperfeição, perdemos a hora que seria justo utilizar em nossa própria melhoria.
E, modificando a inflexão de voz, que se fez algo mais firme, acrescentou:
– Você já meditou no padecimento dos pais feridos pela separação?
já refletiu nos sonhos maternos, despedaçados? Porque não estender fraternos braços aos progenitores na sombra do infortúnio?
Creio na imortalidade da alma e na redenção dos nossos erros, penso que a renovação do dia é um símbolo da graça do Senhor sempre repetida em nosso caminho, para que lhe aproveitemos o tesouro de bênçãos no crescimento ou no reajuste... Porque
não visitar você o lar de nossos desventurados amigos, nesta hora em que naturalmente precisam de carinho e solidariedade? É possível que a Divina Bondade esteja reservando ali algum serviço para o seu propósito de elevação. Quem sabe? A volta de Júlio pode efetuar-se. Para isso, porém, será necessário reerguer o ânimo materno...
Passando da energia de conselheira à ternura de irmã, aduziu, carinhosa:
– Deixaria você a outrem o privilégio de semelhante serviço?
– Não tenho coragem! – lamentou o rapaz, chorando.
– Não, Mário! Em ocasiões dessas, não é a coragem que nos falha e sim a humildade. Nosso orgulho neste mundo, apesar de inconseqüente e vão, é por demais envolvente e excessivo. Não sabemos liberar a personalidade segregada no visco de nosso
exagerado amor próprio. Em suma, aprisionamos o coração na escura fortaleza da vaidade e não sabemos ceder...
Apegando-se ao socorro moral que lhe era lançado, o enfermeiro suplicou, pesaroso:
– Antonina, creio em sua amizade e na elevada compreensão que flui de suas palavras. Ajude-me! Não vim aqui senão rogar auxílio e discernimento. Exponha você mesma o que devo fazer.
Dê-me um plano. Perdoe-me a intimidade, tenho sido um homem sem fé... Não tenho autoridades ou amigos para quem apelar...
Não nos conhecemos senão há dias, mas encontrei em seu coração e em sua casa algo novo para meu pobre espírito... Suporte-me e ampare-me por amor de Deus, em cuja providência você crê com tanta sinceridade!...
A jovem viúva, sentindo-se verdadeiramente irmã dele, acariciou-lhe as mãos quais se fossem velhos conhecidos e agora, igualmente em lágrimas de emotividade e reconhecimento, convidou-o a visitarem juntos o casal sofredor, na noite seguinte.
Confiaria Henrique e Lisbela aos cuidados de uma parenta e seguiriam para a residência de Amaro, em companhia de Haroldo.
Desejava auxiliá-lo, a ele, Mário, na justa recuperação e, para esse fim, estimaria acompanhá-lo, de maneira a ser mais útil.
O moço aceitou a gentileza, exultante.
Estava convencido de que, ao lado de Antonina, encontraria uma solução.
Um sorriso de reconforto assomou-lhe aos lábios e foi assim que deixamos o enfermeiro atormentado, sob a eclosão de nova e abençoada esperança.

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

ESTUDO DO LIVRO LIBERTAÇÃO - CAPÍTULO 6 - JULIANA SOLARE



Observações e Novidades

De volta ao domicilio de Gregório, fomos transferidos da cela trevosa para um aposento de janelas gradeadas, onde tudo desagradava à vista. Certo, devíamos a mudança ao resultado encorajador que alcançáramos nas operações seletivas, mas, em verdade, ainda aí, nos achávamos em autêntico pardieiro. De qualquer modo, era para nós imenso consolo contemplar algumas estrelas, através do nevoeiro que assaltava a paisagem noturna.
O Instrutor, versado em expedições idênticas à nossa, recomendou-os não tocar os varões de metal que nos impediam a retirada, esclarecendo se achavam imantados por forças elétricas de vigilância e acentuando que a nossa condição ainda era de simples prisioneiros.
Aproximamo-nos, porém, das janelas que nos comunicavam com o exterior e reparei que o espetáculo era digno de estudo.
Grande movimento na via pública, congregando vários grupos de criaturas, em conversação não longe de nós.
Os diálogos e entendimentos surpreendiam. Quase todos se referiam à esfera carnal.
Questões minuciosas e pequeninas da vida particular eram analisadas com inequívoco interesse; contudo, as notas dominantes caíam no desequilíbrio sentimental e nas emoções primárias da experiência física.
Percebi diferentes expressões nos “halos vibratórios” que revestiam a personalidade dos conversadores, através das cores de variação típica.
Dirigi-me a Gúbio, buscando-lhe oportuno esclarecimento.
— Não mediste, ainda — respondeu, prestimoso — a extensão do intercâmbio entre encarnados e desencarnados. A determinadas horas da noite, três quartas partes da população de cada um dos hemisférios da Crosta Terrestre se acham nas zonas de contacto conosco e a maior percentagem desses semi-libertos do corpo, pela influência natural do sono, permanecem detidos nos círculos de baixa vibração qual este em que nos movimentamos provisoriamente. Por aqui, muitas vezes se forjam dolorosos dramas que se desenrolam nos campos da carne. Grandes crimes têm nestes sítios as respectivas nascentes e, não fôsse o trabalho ativo e constante dos Espíritos protetores que se desvelam pelos homens no labor sacrificial da caridade oculta e da educação perseverante, sob a égide do Cristo, acontecimentos mais trágicos estarreceriam as criaturas.
De alma voltada para as noções da vida imensa que o ambiente sugeria, rememorei o curso incessante das civilizações. Pensamentos mais altos clarearam-me os raciocínios. A Bondade do Senhor não violenta o coração. O Reino Divino nascerá dentro dele e, à maneira da semente de mostarda que se liberta dos envoltórios inferiores, medrará e crescerá gradativamente, sob os impulsos construtivos do próprio homem.
Que temerária concepção a de um paraíso fácil!
Gúbio percebeu-me a posição mental e falou em socorro de minhas pobres reflexões intimas:
— Sim, André, a coroa da sabedoria e do amor é conquistada por evolução, por esforço, por associação da criatura aos propósitos do Criador. A marcha da Civilização é lenta e dolorosa.
Formidandos atritos se fazem indispensáveis para que o espírito consiga desenvolver a luz que lhe é própria. O homem encarnado vive simultaneamente em três planos diversos. Assim como ocorre à árvore que se radica no solo, guarda ele raizes transitórias na vida física; estende os galhos dos sentimentos e desejos nos círculos de matéria mais leve, quanto o vegetal se alonga no ar; e é sustentado pelos princípios sutis da mente, tanto quanto a árvore é garantida pela própria seiva. Na árvore, temos raiz, copa e seiva por três processos diferentes de manutenção para a mesma vida e. no homem, vemos corpo denso de carne, organização perispirítica em tipo de matéria mais rarefeita e mente, representando três expressões distintas de base vital, com vistas aos mesmos fins.
Segundo observamos, o homem exige para sustentar-se, no quadro evolucionário, segurança relativa no campo biológico, alimento das emoções que lhe são próprias nas esferas de vida psíquica que se afinam com ele e base mental no mundo íntimo. A vida é patrimônio de todos, mas a direção pertence a cada um. A inteligência caída precipita-se, despenhadeiro abaixo, encontrando sempre, nos círculos inferiores que elege por moradia, milhões de vidas inferiores, junto às quais é aproveitada pela Sabedoria Celestial para maior glorificação da obra divina. Na economia do Senhor, coisa alguma se perde e todos os recursos são utilizados na química do Infinito Bem. Aqui mesmo, nesta cidade, tínhamos, a princípio, autêntico império de vidas primitivas que, pouco a pouco, se fêz ocupado por extensas coletividades de almas vaidosas e cruéis.
Entrincheiraram-se nestes sítios, guardando o louco propósito de hostilizar a Bondade Excelsa, e exercem funções úteis junto a enorme agrupamento de criaturas, ainda sub-humanas, não obstante atenderem a serviço que para nós outros seria presentemente insuportável. Usam a violência em largas doses, todavia, no curso dos anos, a influenciação intelectual delas trará grandes benefícios aos oprimidos de agora e estejamos convictos de que, apesar de blasonarem inteligência e poder, permanecerão nos postos que ocupam apenas enquanto perdurar o consentimento da Divina Direção, atento ao princípio que determina tenha cada assembleia o governo que merece.
O Instrutor confiou-se a pausa mais longa e concentrei minha atenção numa dupla feminina que conversava, rente à grade.
Certa mulher já desencarnada dizia para a companheira, ainda presa à experiência física, parcialmente liberta nas asas do sono:
— Notamos que você, ultimamente, anda mais fraca, mais serviçal... Estará desencantada, quanto aos compromissos assumidos?
A interpelada explicou um tanto confundida:
— Acontece que João se filiou a um círculo de preces, o que, de alguma sorte, nos vem alterando a vida.
A outra deu um salto à retaguarda, ao modo de um animal surpreendido e gritou:
— Orações? você está cega quanto ao perigo que isso significa? Quem reza cai na mansidão.
É necessário espezinhá-lo, torturá-lo, feri-lo, a fim de que a revolta o mantenha em nosso círculo. Se ganhar piedade, estragar-nos-á o plano, deixando de ser nosso instrumento na fábrica.
A interlocutora, no entanto, observou, ingênua:
— Ele se diz mais calmo, mais confiante...
— Marina — obtemperou a outra, intempestiva —, você sabe que não podemos fazer milagres e não é justo aceitar regras e intrujices de espíritos acovardados que, a pretexto de fé religiosa, se arvoram em ditadores de salvação. Precisamos de seu marido e de muitas outras pessoas que a ele se agregam em serviço e em nosso nível. O projeto é enorme e interessante para nós. Já esqueceu quanto sofremos? Eu, de mim mesma, tenho duras lições por retribuir.
E batendo-lhe esquisitamente nos ombros, acentuava:
- Não admita encantamentos espirituais. A realidade é nossa e cabe-nos aproveitar o ensejo, integralmente. Volte para o corpo e não ceda um milímetro. Corra com os apóstulos improvisados.
Fazem-nos mal. Prenda João, controlando-lhe O tempo. Desenvolva serviço eficiente e não o liberte. Fira-o devagarinho. O desespero dele chegará, por fim, e, com as forças da insubmissão que forem exteriorizadas em nosso favor, alcançaremos os fins a que nos propomos. Nada de transigência. Não se atemorize com promessas de inferno ou céu depois da morte. Em toda parte a vida é aquilo que fazemos dela.
Boquiaberto com o que me era dado perceber, reparei que a entidade astuta e vingativa envolvia a interlocutora em fluidos sombrios, à maneira dos hipnotizadores comuns.
Enderecei olhar interrogativo ao nosso orientador que, após haver atenciosamente acompanhado a cena, informou, prestimoso:
— A obsessão desse teor apresenta milhões de casos. De manhãzinha, na Esfera da Crosta, essa pobre mulher, vacilante na fé, incapaz de apreciar a felicidade que o Senhor lhe concedeu num casamento digno e tranquilo, despertará no corpo, de alma desconfiada e abatida. Oscilando entre o “crer” e o “não crer” não saberá polarizar a mente na confiança com que deve enfrentar as dificuldades do caminho e aguardar as manifestações santificantes do Alto e, em face da incerteza intima, em que se lhe caracterizam as atitudes, demorar-se-á imantada a essa irmã ignorante e infeliz, que a persegue e subjuga para conseguir deplorável vingança. Converter-se-á, por isso, em objeto de acentuada aflição para o esposo e suas conquistas incipientes periclitarão.
— Como se libertaria de semelhante inimiga? — perguntou Elói, interessado.
— Mantendo-Se num padrão de firmeza superior, com suficiente disposição para o bem.
Com esse esforço, nobre e contínuo, melhoraria intensivamente os seus princípios mentais, afeiçoando-os ás fontes sublimes da vida e, ao invés de converter-se em material absorvente das irradiações enfermiças e depressivas, passaria a emitir raios transformadores e construtivos, em beneficio de si mesma e das entidades que se lhe aproximam do caminho. Em todos os quadros do Universo, somos satélites uns dos outros, os mais fortes arrastam os mais fracos, entendendo-se, porém, que o mais frágil de hoje pode ser a potência mais alta de amanhã, conforme nosso aproveitamento individual. Expedimos raios magnéticos e recebemo-los ao mesmo tempo. É imperioso reconhecer, todavia, que aqueles que se acham sob o controle de energias cegas, acomodando-se aos golpes e sugestões da força tirânica, emitidos pelas inteligências perversas que os assediam, demoram-se, longo tempo, na condição de aparelhos receptores da desordem psíquica. Muito difícil reajustar alguém que não deseja reajustar-se. A ignorância e a rebeldia são efetivamente a matriz de sufocantes males. Ante o intervalo espontâneo, reparei, não longe de nós, como que ligadas às personalidades sob nosso exame, certas formas indecisas, obscuras. Semelhavam-se a pequenas esferas ovóides, cada uma das quais pouco maior que um crânio humano. Variavam profusamente nas particularidades. Algumas denunciavam movimento próprio, ao jeito de grandes amebas, respirando naquele clima espiritual; outras, contudo, pareciam em repouso, aparentemente inertes, ligadas ao halo vital das personalidades em movimento.
Fixei, demoradamente, o quadro, com a perquirição do laboratorista diante de formas desconhecidas.
Grande número de entidades, em desfile nas vizinhanças da grade, transportavam essas esferas vivas, como que imantadas às irradiações que lhes eram próprias.
Nunca havia observado, antes, tal fenômeno.
Em nossa colônia de residência, ainda mesmo em se tratando de criaturas perturbadas e sofredoras, o campo de emanações era sempre normal. E quando em serviço, ao lado de almas em desequilíbrio, na Esfera da Crosta, nunca vira aquela irregularidade, pelo menos quanto me fora, até ali, permitido observar.
Inquieto, recorri ao Instrutor, rogando-lhe ajuda.
— André — respondeu ele, circunspecto, evidenciando a gravidade do assunto —, compreendo-te o espanto. Vê-se, de pronto, que és novo em serviços de auxílio. Já ouviste falar, de certo, numa “segunda morte”
— Sim — acentuei —, tenho acompanhado vários amigos à tarefa reencarnacionista, quando, atraídos por imperativos de evolução e redenção, tornam ao corpo de carne. De outras vezes, raras aliás, tive notícias de amigos que perderam o veículo perispiritual (1), conquistando planos mais altos. A esses missionários, distinguidos por elevados títulos na vida superior, não me foi possível seguir de perto.
Gúbio sorriu e considerou:
— Sabes, assim, que o vaso perispirítico é também transformável e perecível, embora estruturado em tipo de matéria mais rarefeita.
— Sim... — acrescentei, reticencioso, em minha sede de saber.
— Viste companheiros — prosseguiu o orientador —, que se desfizeram dele, rumo a esferas sublimes, cuja grandeza por enquanto não nos é dado sondar, e observaste irmãos que se submeteram a operações redutivas e desintegradoras dos elementos perispiríticos para renascerem na carne terrestre. Os primeiros são servidores enobrecidos e gloriosos, no dever bem cumprido, enquanto que os segundos são colegas nossos, que já merecem a reencarnação trabalhada por valores intercessores, mas, tanto quanto ocorre aos companheiros respeitáveis desses dois tipos, os ignorantes e os maus, os transviados e os criminosos também perdem, um dia, a forma perispiritual.
Pela densidade da mente, saturada de impulsos inferiores, não conseguem elevar-se e gravitam em derredor das paixões absorventes que por muitos anos elegeram em centro de interesses fundamentais. Grande número, nessas circunstâncias, mormente os participantes de condenáveis delitos, imantam-se aos que se lhes associaram nos crimes. Se o discípulo de Jesus se mantém ligado a Ele, através de imponderáveis fios de amor, inspiração e reconhecimento, os pupilos do ódio e da perversidade se demoram unidos, sob a orientação das inteligências que os entrelaçam na rede do mal. Enriquecer a mente de conhecimentos novos, aperfeiçoar-lhe as faculdades de expressão, purificá-la nas correntes iluminativas do bem e engrandecê-la com a incorporação definitiva de princípios nobres é desenvolver nosso corpo glorioso, na expressão do apóstolo Paulo, estruturando-o em matéria sublimada e divina. Essa matéria, André, é o tipo de veículo a que aspiramos, ao nos referirmos à vida que nos é superior. Estamos ainda presos às aglutinações celulares dos elementos físio-perispiríticos, tanto quanto a tartaruga permanece algemada à carapaça. Imergimo-nos dentro dos fluidos carnais e deles nos libertamos, em vicioso vaivém, através de existências numerosas, até que acordemos a vida mental para expressões santificadoras.
Somos quais arbustos do solo planetário. Nossas raízes emocionais se mergulham mais ou menos profundamente nos círculos da animalidade primitiva. Vem a foice da morte e sega-nos os ramos dos desejos terrenos; todavia, nossos vínculos guardam extrema vitalidade nas camadas inferiores e renascemos entre aqueles mesmos que se converteram em nossos associados de longas eras, através de lutas vividas em comum, e aos quais nos agrilhoamos pela comunhão de interesses da linha evolutiva em que nos encontramos.
As elucidações eram belas e novas aos meus ouvidos, e, em razão disso, calei as interrogações que me vagueavam no íntimo, para atenciosamente registrar as considerações do Instrutor, que prosseguiu:
— A vida física é puro estágio educativo, dentro da eternidade, e a ela ninguém é chamado a fim de candidatar-se a paraísos de favor e, sim, à moldagem viva do céu no santuário do Espírito, pelo máximo aproveitamento das oportunidades recebidas no aprimoramento de nossos valores mentais, com o desabrochar e evolver das sementes divinas que trazemos conosco.
O trabalho incessante para o bem, a elevação de motivos na experiência transitória, a disciplina dos impulsos pessoais, com amplo curso às manifestações mais nobres do sentimento, o esforço perseverante no infinito bem, constituem as vias de crescimento mental, com aquisição de luz para a vida imperecível. Cada criatura nasce na Crosta da Terra para enriquecer-se através do serviço à coletividade. Sacrificar-se é superar-se, conquistando a vida maior. Por isto mesmo, o Cristo asseverou que o maior no Reino Celeste é aquele que se converter em servo de todos. Um homem poderá ser temido e respeitado no Planeta pelos títulos que adquiriu à convenção humana, mas se não progrediu no domínio das idéias, melhorando-se e aperfeiçoando-se, guarda consigo mente estreita e enfermiça. Em suma, ir à matéria física e dela regressar ao campo de trabalho em que nos achamos presentemente, é submetermo-nos a profundos choques biológicos, destinados à expansão dos elementos divinos que nos integrarão, um dia, a forma gloriosa.
E porque me visse na atitude do aprendiz que interroga em silêncio, Gúbio asseverou:
— Para fazer-me mais claro, voltemos ao símbolo da árvore, O vaso físico é o vegetal, limitado no espaço e no tempo, o corpo perispirítico é o fruto que consubstancia o resultado das variadas operações da árvore, depois de certo período de maturação, e a matéria mental é a semente que representa o substrato da árvore e do fruto, condensando-lhes as experiências. A criatura para adquirir sabedoria e amor renasce inúmeras vezes, no campo fisiológico, à maneira da semente que regressa ao chão. E quantos se complicam, deliberadamente, afastando-se do caminho reto na direção de zonas irregulares em que recolhem experimentos doentios, atrasam, como é natural, a própria marcha, perdendo longo tempo para se afastarem do terreno resvaladiço a que se relegaram, ligados a grupos infelizes de companheiros que, em companhia deles, se extraviaram através de graves compromissos com a leviandade ou com o desequilíbrio.
Compreendeste, agora?
Apesar da gentileza do orientador, que fazia o possível por clarear o seu pensamento, ousei indagar:
— E se consultarmos esses esferóides vivos? ouvir-nos-ão? possuem capacidade de sintonia?
Gúbio atendeu, solícito:
— Perfeitamente, compreendendo-se, porém, que a maioria das criaturas, em semelhante posição nos sítios inferiores quanto este, dormitam em estranhos pesadelos. Registram-nos os apelos, mas respondem-nos, de modo vago, dentro da nova forma em que se segregam, incapazes que são, provisoriamente, de se exteriorizarem de maneira completa, sem os veículos mais densos que perderam, com agravo de responsabilidade, na inércia ou na prática do mal. Em verdade, agora se categorizam em conta de fetos ou amebas mentais, mobilizáveis, contudo, por entidades perversas ou rebeladas. O caminho de semelhantes companheiros é a reencarnação na Crosta da Terra ou em setores outros de vida congênere, qual ocorre à semente destinada à cova escura para trabalhos de produção, seleção e aprimoramento. Claro que os Espíritos em evolução natural não assinalam fenômenos dolorosos em qualquer período de transição, como o que examinamos. A ovelha que prossegue, firme, na senda justa, contará sempre com os benefícios decorrentes das diretrizes do pastor; no entanto, as que se desviam, fugindo à jornada razoável, pelo simples gosto de se entregarem à aventura, nem sempre encontrarão surpresas agradáveis ou construtivas.
O orientador silenciou por momentos e perguntou, em seguida:
— Entendeste a importância de uma existência terrestre?
Sim, entendia, por experiência própria, o valor da vida corporal na Crosta Planetária; contudo, ali, diante dos esferóides vivos, tristes mentes humanas sem apetrechos de manifestação, meu respeito ao veículo de carne cresceu de modo espantoso. Alcancei, então, com mais propriedade, o sublime conteúdo das palavras do Cristo: “andai, enquanto tendes luz”. O assunto era fascinante e tentei Gúbio a examiná-lo, mais detidamente; todavia, o orientador, sem trair a cortesia que lhe é característica, recomendou-me esperasse o dia seguinte.


(1) O perispírito, mais tarde, será objeto de mais amplos estudos das escolas espiritistas cristãs. — Nota do Autor espiritual.

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

SEMANA - ESTUDO DO EVANGELHO CAPÍTULO 16 ÍTEM 5 - MARIA J. CAMPOS



FONTE BÁSICA

KARDEC, Allan. O Evangelho Segundo o Espiritismo.

NÃO SE PODE SERVIR A DEUS E A MAMON

Parábola do Mau Rico

1. Como explicar que duas criaturas, filhas do mesmo Deus de amor, possam experimentar situações tão opostas?
Deus, em sua justiça, trata cada um conforme suas ações e concede a todos oportunidades de progresso: o rico recebeu a prova da fortuna para desenvolver a solidariedade; o mendigo recebeu a prova da miséria para recobrar a humildade e a resignação.

O sofrimento de hoje nos aponta as faltas do passado e constitui oportunidade de alegrias futuras.

2. Como agiram eles, diante da oportunidade recebida?
Lázaro suportou seu padecimento com paciência e resignação; o rico conservou-se egoísta e indiferente ao sofrimento alheio, utilizando a fortuna apenas em beneficio próprio.

Lázaro, com sua resignação, obteve méritos, progredindo espiritualmente. O rico, com seu egoísmo, retardou a caminhada evolutiva, adquirindo mais dívidas para reparar.

3. Que aconteceu a cada um deles, quando a morte física os retirou do mundo material?
Cada um foi tratado de acordo com suas obras: a Lázaro foi concedida a consolação; Ao rico foram reservados a agonia e o desespero.

“ Ora, aconteceu que esse pobre morreu e foi levado pelos anjos para o seio de Abraão. O rico também morreu e teve por sepulcro o inferno...”

4. Que devemos entender pela palavra “inferno” usada por Jesus nesta passagem?
O sofrimento que acomete o espírito quando, percebendo o mal que praticou, debate-se no remorso e padece terríveis aflições pela impossibilidade de aproximar-se de Deus .

“Quando se achava nos tormentos, levantou os olhos e viu de longe Abraão e Lázaro em seu seio”.

5. Então, o rico sofria por estar afastado de Deus?
Certamente. Do mesmo modo, Lázaro era ditoso por encontrar-se em harmonia com a lei de Deus, pois todos fomos criados para Dele nos aproximar continuadamente, vivendo de conformidade com seus preceitos.

O destino do homem é viver na presença de Deus. É só Nele que experimentaremos a plenitude da paz e da felicidade que tanto buscamos.

6. A quem o rico pediu auxílio, quando se encontrava em aflição?
Àquele a quem desprezava em vida.
Aprofundar a questão com discussões e comentários, observando o raciocínio do ponto de destaque correspondente.)

Devemos sempre, aos nossos irmãos em sofrimento, o socorro fraterno, pois também precisaremos do seu auxílio, tanto na vida material como na espiritual.

7. A que “abismo” se referia Abraão, nesta parábola?
À impossibilidade de um espírito impregnado de egoísmo e indiferença, como o do rico, obter alívio para suas dores através de mérito de um espírito evoluído como Lázaro.

É a condição evolutiva do espírito que determina seu estado de bem-aventurança ou sofrimento; e a ninguém é dado evoluir se não por mérito próprio, adquirido na prática incessante do bem.

8. Por que, na parábola contada por Jesus, Abraão não atendeu ao pedido do rico, para que Lázaro desce testemunho do seu sofrimento a seus irmãos?
Porque sabia que a incredulidade dos homens não é vencida nem por manifestações nem por revelações de qualquer natureza, mas pela reflexão sincera acerca das eis divinas, embora elas estejam em nossa consciência.

O esclarecimento do espírito é tarefa reservada a cada um. Os meios que auxiliam o esclarecimento do espírito estão sempre ao nosso alcance: o Evangelho de Jesus, a prece, os exemplos edificantes de nossos irmãos. Basta que os busquemos para recobrarmos a consciência das leis divinas.

9. É possível nos mantermos permanentemente ignorantes das leis divinas, sem jamais refletirmos sinceramente sobre elas?
Não. Há um momento em que a dor comparece em nossa vida impelindo-los, compulsoriamente, à reflexão.

Citar Lázaro como exemplo do sofrimento que aproxima o homem de Deus.

Conclusão:
O progresso espiritual é tarefa individual e intransferível. Ninguém pode abrandar o sofrimento daquele que na Terra se afastou das leis divinas e retardou, assim, sua caminhada evolutiva, se não ele próprio, pelo retorno ao Pai, através da prática do bem.