sexta-feira, 29 de abril de 2011

ESTUDO DO LIVRO VIDA E SEXO - FACILITADORAS JULIANA SOLARE E MARIA J. SANCHES



Capítulo 11 - Alterações Afetivas

Pergunta - Nenhuma influência exercem os Espíritos dos pais sobre o filho depois do nascimento deste?

Resposta - Ao contrário: bem grande influência exercem.
Conforme dissemos, os Espíritos têm que contribuir para o progresso uns dos outros.
Pois bem, os Espíritos dos pais têm por missão desenvolver os de seus filhos pela educação. Constitui-lhes nisso uma tarefa. Tornar-se-ão culpados, se vierem a falir no seu desempenho Item n° 208, de "O livro dos Espíritos".

Muito comum se alterem as condições afetivas, depois que o navio do casamento se afasta do cais do sonho para o mar largo da experiência. Converte-se, então, a esperança em trabalho e desnudam-se problemas que a ilusão envolvia. Em muitos casos, a altura da afeição permanece intacta; entretanto, na maioria das posições, arrefece o calor em que se aquecia o casal nos dias primeiros da comunhão esponsalícia.
Urge, porém, salvar a embarcação ameaçada de soçobro, seja pelo choque contra os rochedos ocultos das dificuldades morais ou pelo naufrágio nas águas mortas do desencanto. Parceiro e parceira, nos compromissos do lar, precisam reaprender na escola do amor, reconhecendo que, acima da conjunção corpórea, fácil de se concretizar, é imperioso que a dupla se case, em espírito - sempre mais em espírito -, dia por dia. Não se inquiete o par, à frente das modificações ocorridas, de vez que toda afinidade correta, nas emoções do plano físico, evolui fatalmente para a ligação ideal, a exprimir-se na ternura confiante da amizade sem lindes. Extinta a fogueira da paixão na retorta da organização doméstica, remanesce da combustão o ouro vivo do amor puro, que se valoriza, cada vez mais, de alma para alma, habilitando o casal para mais altos destinos na Vida Superior. Isso acontece, porque os filhos que surgem são igualmente peças do matrimônio, compelindo o lar a recriar-se, de maneira incessante, em matéria de instituto endereçado ao trabalho de assistência recíproca. O carinho repartido, em princípio, a dois, passa a ser dividido por maior número de partícipes do núcleo familiar, e esses mesmos condomínios do estabelecimento caseiro, em muitas circunstâncias, são os associados da doce hipnose do namoro e do noivado, que mantinham nos pais jovens, ainda solteiros, a chama da atração entusiástica até a consumação do enlaçamento afetivo. Quase sempre, Espíritos vinculados ao casal, ora mais fortemente ao pai, ora mais especialmente ao campo materno, interessavam-se na Vida Maior pela constituição da família, à face das próprias necessidades de aprimoramento e resgate, progresso e autocorrigenda. Em vista disso, cooperaram, emação decisiva, na aproximação dos futuros pais, portando em casa, pelos processos da gravidez e do berço, reclamando naturalmente a quota de carinho e atenção que lhes é devida. Em toda comunhão mais profunda do homem e da mulher na formação do grupo doméstico, seguida de filhos a lhes compartilhar a existência, há que contar com a sublimação espontânea do impulso sexual, cabendo ao companheiro e à companheira que o colocaram em função aderir aos propósitos da vida, que tudo renova para engrandecer e aperfeiçoar. Conquanto bastas vezes sejamos recalcitrantes na sustentação do amor egoístico, desvairado em exigências de toda espécie, a pouco e pouco acabamos por entender que apenas o amor que sabiamente se divide, em bênçãos de paz e alegria para com os outros, é capaz de multiplicar a verdadeira felicidade.

quinta-feira, 28 de abril de 2011

ESTUDO DO LIVRO DESOBSESSÃO DE CHICO XAVIER E WALDO VIEIRA POR ANDRÉ LUIZ - ALEXANDRE CAMARGO



2 - PREPARO PARA A REUNIÃO: ALIMENTAÇÃO

A alimentação, durante as horas que precedem o serviço de intercâmbio espiritual, será leve.
Nada de empanturrar-se o companheiro com viandas desnecessárias.
Estômago cheio, cérebro inábil.
A digestão laboriosa consome grande parcela de energia, impedindo a função mais clara e mais ampla do pensamento, que exige segurança e leveza para exprimir-se nas atividades da desobsessão.
Aconselháveis os pratos ligeiros e as quantidades mínimas, crendo-nos dispensados de qualquer anotação em torno da impropriedade do álcool, acrescendo observar que os amigos ainda necessitados do uso do fumo e da carne, do café e dos temperos excitantes, estão convidados a lhes reduzirem o uso, durante o dia determinado para a reunião, quando não lhes seja possível a abstenção total,
compreendendo-se que a posição ideal será sempre a do participante dos trabalhos que transpõe a porta do templo sem quaisquer problemas alusivos à digestão.

ESTUDO DO LIVRO DESOBSESSÃO DE CHICO XAVIER E WALDO VIEIRA POR ANDRÉ LUIZ - ALEXANDRE CAMARGO



1 - PREPARO PARA A REUNIÃO: DESPERTAR

No dia marcado para as tarefas de desob­sessão, os integrantes da equipe precisam, a ri­gor, cultivar atitude mental digna, desde cedo.

Ao despertar pela manhã, o dirigente, os assessores da orientação, os médiuns incorpora­dores, os companheiros da sustentação ou mes­mo aqueles que serão visitas ocasionais no gru­po, devem elevar o nível do pensamento, seja orando ou acolhendo idéias de natureza superior.

Intenções e palavras puras, atitudes e ações limpas.

Evitar deliberadamente rusgas e discussões, sustentando paciência e serenidade, acima de quaisquer transtornos que sobrevenham duran­te o dia.

Trata-se de preparação adequada a assun­to grave: a assistência a desencarnados menos felizes, com a supervisão de instrutores da Vida Espiritual.

Imaginem-se os companheiros no lugar dos Espíritos necessitados de socorro e compreen­derão a responsabilidade que assumem.

Cada componente do conjunto é peça impor­tante no mecanismo do serviço. Todo o grupo é instrumentação.

quarta-feira, 27 de abril de 2011

ESTUDO DO LIVRO LIBERTAÇÃO - CAPÍTULO 9 - JULIANA SOLARE



Perseguidores Invisíveis

No dia imediato, pela manhã, em companhia de entidades ignorantes e transviadas, dirigimo-nos para confortável residência, onde espetáculo inesperado nos surpreenderia.
O edifício de enormes dimensões denunciava a condição aristocrática dos moradores, não só pela grandeza das linhas, mas também pelos admiráveis jardins que o rodeavam. Paramos junto à ala esquerda, notando-a ocupada por muitas personalidades espirituais de aspecto deprimente.
Rostos patibulares, carantonhas sinistras.
Indiscutivelmente, aquela construção residencial permanecia vigiada por carcereiros frios e impassíveis, a julgar pelas sombras que os cercavam.
Transpus o limiar, de alma opressa.
O ar jazia saturado de elementos intoxicantes. Dissimulei, a custo, o mal-estar, recolhendo impressões aflitivas e dolorosas.
Entidades inferiores, em grande cópia, afluiram à sala de entrada, sondando-nos as intenções.
De posse, porém, das instruções do nosso orientador, tudo fazíamos para nos assemelharmos a delinqüentes vulgares. Reparei que o próprio Gúbio se fizera tão escuro, tão opaco na organização perispirítica, que de modo algum se faria reconhecível, à exceção de nós que o seguíamos, atentos, desde a primeira hora.
Instado por Sérgio, um gaiato rapaz que nos introduziu com maneiras menos dignas, Saldanha, o diretor da falange operante, veio receber-nos.
Pôs-se a fazer gestos hostis, mas, ante a senha com que Gregório nos favorecera, admitiu-nos na condição de companheiros importantes.
— O chefe deliberou apertar o cerco? — perguntou ao nosso Instrutor, confidencialmente.
— Sim — informou Gúbio, de modo vago —, desejaríamos examinar as condições gerais do assunto e auscultar a doente.
— A jovem senhora vai cedendo, devagarinho — esclareceu a singular personagem, indicando-nos vasto corredor atulhado de substâncias fluídicas detestáveis.
Acompanhou-nos, um tanto solícito, mas desconfiado, e, em seguida a breve pausa, deixou-nos livre a entrada da grande câmara de casal.
A manhã resplandecia, lá fora, e o sol visitava o quarto, através da vidraça cristalina.
Mulher ainda moça, mostrando extrema palidez nas linhas nobres do semblante digno, entregava-se a tormentosa meditação.
Compreendi que atingíramos a intimidade de Margarida, a obsidiada que o nosso orientador se propunha socorrer.
Dois desencarnados, de horrível aspecto fisionômico, inclinavam-se, confiantes e dominadores, sobre o busto da enferma, submetendo-a a complicada operação magnética. Essa particularidade do quadro ambiente dava para espantar. No entanto, meu assombro foi muito mais longe, quando concentrei todo o meu potencial de atenção na cabeça da jovem singularmente abatida. Interpenetrando a matéria espessa da cabeceira em que descansava, surgiam algumas dezenas de “corpos ovóides”, de vários tamanhos e de cor plúmbea, assemelhando-se a grandes sementes vivas, atadas ao cérebro da paciente através de fios sutilíssimos, cuidadosamente dispostos na medula alongada.
A obra dos perseguidores desencarnados era meticulosa, cruel.
Margarida, pelo corpo perispirítico, jazia absolutamente presa, não só aos truculentos perturbadores que a assediavam, mas também à vasta falange de entidades inconscientes, que se caracterizavam pelo veículo mental, a se lhe apropriarem das forças, vampirizando-a em processo intensivo.
Em verdade, já observara, por mim, grande quantidade de casos violentos de obsessão, mas sempre dirigidos por paixões fulminatórias. Entretanto, ali verificava o cerco tecnicamente organizado.
Evidentemente, as “formas ovóides” haviam sido trazidas pelos hipnotizadores que senhoreavam o quadro.
Com a devida permissão, analisei a zona física hostilizada. Reparei que todos os centros metabólicos da doente apareciam controlados. A própria pressão sanguínea demorava-se sob o comando dos perseguidores. A região torácica apresentava apreciáveis feridas na pele e, examinando-as, cuidadoso, vi que a enferma inalava substâncias escuras que não somente lhe pesavam nos pulmões, mas se refletiam, sobremodo, nas células e fibras conjuntivas, formando ulcerações na epiderme.
A vampirização era incessante. As energias usuais do corpo pareciam transportadas às “formas ovóides”, que se alimentavam delas, automàticamente, num movimento indefinível de sucção.
Lastimei a impossibilidade de consulta imediata ao Instrutor, porqüanto Gúbio, naturalmente, se estivesse livre, nos forneceria esclarecimentos amplos, mas concluí que a infortunada senhora devia ter sido colhida através do sistema nervoso central, de vez que os propósitos sinistros dos perseguidores se faziam patentes quanto à vagarosa destruição das fibras e células nervosas.
Margarida demonstrava-se exausta e amargurada.
Dominadas as vias do equilíbrio no cerebelo e envolvidos os nervos óticos pela influência dos hipnotizadores, seus olhos espantados davam idéia dos fenômenos alucinatórios que lhe acometiam a mente, deixando perceber o baixo teor das visões e audições interiores a que se via submetida.
Interrompi, no entanto, as observações acuradas, a fim de verificar a atitude psicológica do nosso orientador, que se arriscara à aventura para socorrer aquela senhora doente a quem amava por filha muito querida ao coração.
Esforçava-se Gúbio por não trair a imensa piedade que o senhoreava, diante da enferma conduzida para a morte.
Dentro de minha condição de humanidade, reconheci que, se a doente me fôsse assim tão cara, não teria vacilado um momento. Movimentaria passes de libertação, ao longo do bulbo, retirar-lhe-ia aquela carga pesada e inútil de mentes enfermiças e, em seguida, lutaria contra os perseguidores, um a um.
Nosso Instrutor, porém, assim não procedeu. Fixou a paisagem aflitiva com inequívoca tristeza, mas, logo após, demorou o olhar bondoso em Saldanha, como a pedir-lhe impressões mais profundas.
Secretamente tocado pelo impulso positivo do nosso dirigente, o chefe da tortura se sentiu na obrigação de prestar-lhe informações espontâneas.
— Estamos em serviço mais ativo, há dez dias precisamente — elucidou, resoluto. A presa foi colhida em cheio e, felizmente, não contamos com qualquer resistência. Se vieram colaborar conosco, saibam que, segundo acredito, não temos maior trabalho a fazer. Mais alguns dias e a solução não se fará esperar.
A meu ver, Gúbio conhecia todas as particularidades do assunto, mas, no propósito evidente de captar simpatia, Interrogou:
— E o marido?
— Ora — esclareceu Saldanha com escarninho sorriso —, o infeliz não tem a menor noção de vida moral. Não é mau homem; todavia, no casamento foi apenas transferido de “gozador da vida” a “homem sério”. A paternidade constituir-lhe-ia um trambolho e filhinhos, se os recebesse, não passariam para ele de curiosos brinquedos. Hoje, conduzirá a esposa à igreja.
E, reforçando a inflexão sarcástica, acentuou:
— Vão à missa, na esperança de melhoras.
Mal acabara a informação, tristonho e simpático cavalheiro, em cuja expressão carinhosa identifiquei, de pronto, o esposo da vitima, entrou no aposento, com ela permutando palavras amorosas e confortantes.
Amparou-a, prestimoso, e ajudou-a a vestir-se com esmero.
Decorridos alguns minutos, notei, apalermado, que os cônjuges, acompanhados por extensa súcia de perseguidores, tomavam um táxi na direção dum templo católico.
Seguimo-nos sem detença.
O veículo, a meu ver, transformara-se como que num carro de festa carnavalesca. Entidades diversas aboletavam-se dentro e em torno dele, desde os pára-lamas até o teto luzente.
Minha curiosidade era enorme.
Descendo à porta de elegante santuário, observei estranho espetáculo. A turba de desencarnados, em posição de desequilíbro, era talvez cinco vezes maior que a assembleia de crentes em carne e osso. Compreendi, logo, que em maior parte ali se achavam com o propósito deliberado de perturbar e iludir.
Saldanha encontrava-se excessivamente preocupado com as vítimas, para dispensar-nos maior atenção e, intencionalmente, Gúbio afastou-se um tanto, em nossa companhia, a fim de confiar-nos alguns esclarecimentos.
Penetramos o templo onde se comprimiam nada menos de sete a oito centenas de pessoas.
A algazarra dos desencarnados ignorantes e perturbadores era de ensurdecer. A atmosfera pesava.
A respiração fizera-se-me difícil pela condensação dos fluidos semicarnais ali reinantes; todavia, ao fixar os altares, confortante surpresa aliviou-me o coração. Dos adornos e objetos do culto emanava doce luz que se espraiava pelos cimos da nave visitada de sol; fazia-se perceptível a nítida linha divisória entre as energias da parte inferior do recinto e as do plano superior. Dividiam-se os fluidos, à maneira de água cristalina e azeite impuro, num grande recipiente.
Contemplando a formosa claridade dos nichos, perguntei ao nosso Instrutor:
— Que vemos? não reza o segundo mandamento, trazido por Moisés, que o homem não deve fazer imagens de escultura para representar a Paternidade Celeste?
— Sim — concordou o orientador —, e determina o Testamento que ninguém se deve curvar diante delas. Efetivamente, pois, André, é um erro criar ídolos de barro ou de pedra para simbolizar a grandeza do Senhor, quando nossa obrigação primordial é a de render-lhe culto na própria consciência; entretanto, a Bondade Divina é infinita e aqui nos achamos perante apreciável quantidade de mentes infantis.
E sorrindo, acrescentou:
— Quantas vezes, meu amigo, a criança acalenta bibelôs, a fim de preparar-se convenientemente para as responsabilidades da vida madura. Ainda existem na Terra tribos primitivas que adoram o Pai na voz do trovão e coletividades vizinhas da taba que fazem de vários animais objeto de idolatria. Nem por isso o Senhor as abandona. Vale-se dos impulsos elevados que elas lhe oferecem e socorre-lhes as necessidades educativas. Nesta casa de oração, os altares recebem as projeções de matéria mental sublimada dos crentes. Há quase um século, as preces fervorosas de milhares deles aqui envolvem os nichos e apetrechos do culto. É natural que resplandeçam. Através de semelhante material, os mensageiros celestes distribuem dádivas espirituais com todos quantos sintonizem com o plano superior. A luz que oferecemos ao Céu serve sempre de base às manifestações do Céu para a Terra.
Ante ligeira pausa, alonguei o olhar pela multidão bem vestida.
Quase todas as pessoas, ainda aquelas que ostentavam nas mãos delicados objetos de culto, revelavam-se mentalmente muito distantes da verdadeira adoração à Divindade. O halo vital de que se cercavam definia pelas cores o baixo padrão vibratório a que se acolhiam. Em grande parte, dominavam o pardo-escuro e o cinzento-carregado. Em algumas, os raios rubro-negros denunciavam cólera vingativa que, a nossos olhos, não conseguiriam disfarçar. Entidades desencarnadas, em deplorável situação, espalhavam-se em todos os recantos, nas mesmas características.
Reconheci que os crentes elegantes, ainda mesmo que desejassem orar com sinceridade, precisariam despender imenso esforço.
A liturgia anunciou o inicio da cerimônia, mas, com grande assombro para mim, o sacerdote e os acólitos, não obstante se dirigirem para o campo de luz do altar-mor, envergando soberba vestimenta, jaziam em sombras, sucedendo o mesmo aos assistentes. Entretanto, procedendo de mais alto, três entidades de sublime posição hierárquica se fizeram visíveis à santa mesa, com o evidente propósito de ali semearem os benefícios divinos. Magnetizaram as águas expostas, saturando-as de princípios salutares e vitalizantes, como acontece nas sessões de Espiritismo Cristão, e, em seguida, passaram a fluidificar as hóstias, transmitindo-lhes energias sagradas à fina contextura.
Admirado, voltei a observar a plateia religiosa, mas os irmãos ignorantes que operavam no templo, sem corpo físico, tanto quanto ocorria aos encarnados, nem de longe registravam a presença dos nobres emissários espirituais que agiam em nome do Infinito Bem.
Reparei, através do halo de muita gente, que determinado número de frequentadores se esforçava por melhorar a atitude mental na oração. Reflexos arroxeados, tendendo a vacilante brilho, apareciam aqui e acolá; contudo, os malfeitores desencarnados propositadamente se postavam ao pé dos que se candidatavam à fé renovadora e reverente, buscando conturbá-los.
Não longe, fixei a atenção numa senhora que acompanhava o sacerdote com o manifesto desejo de receber a bênção celestial; os olhos úmidos e os tênues raios de luz, que se lhe projetavam da mente, diziam da sincera aspiração à vida superior que, naquele instante, lhe banhava o pensamento devoto; entretanto, dois transviados da esfera inferior, percebendo-lhe a esperança construtiva, tentavam anular-lhe a atenção e, segundo o que me foi permitido verificar, lhe sugeriam reminiscências de baixo teor, inutilizando-lhe a tentativa.
Voltei-me para o orientador, que prestimosamente explicou:
— A história de gênios satânicos, atacando os devotos de variados matizes, é, no fundo, absolutamente verdadeira. As inteligências pervertidas, incapazes de receber as vantagens celestes, transformam-se em instrumentos passivos das inteligências rebeladas, que se interessam pela ignorância das massas, com lastimável menosprezo pela espiritualidade superior que nos governa os destinos. A aquisição de fé, por isto mesmo, demanda trabalho individual dos mais persistentes. A confiança no bem e o entusiasmo de viver que a luz religiosa nos infunde modificam-nos a tonalidade vibratória. Lucramos infinitamente com a imersão das forças interiores no sublimado idealismo da crença santificante, a que nos afeiçoamos; todavia, o serviço real que nos cabe não se resume só a palavras. A profissão de fé não é tudo. A experiência da alma no corpo denso destina-se, de maneira fundamental, ao aprimoramento do indivíduo. É nos atritos da marcha que o ser se desenvolve, se apura e ilumina. Não obstante, a tendência dos crentes, em geral, é a de fugir aos conflitos da senda. Pessoas existem que depois de servirem ao ideal religioso, durante dois anos, pretendem o repouso de vinte séculos. Em todas as casas de fé, os mensageiros do Senhor distribuem favores e bênçãos compatíveis com as necessidades de cada um; entretanto, é imprescindível que se prepare o coração nas linhas do mérito, a fim de recolhê-los. Entre emissão e recepção, prevalece o imperativo da sintonia. Sem esforço preparatório, é impossível ambientar o benefício. Embalde imporíamos, de imediato, ao homem selvagem a vida num palácio erguido pela cultura moderna. Aos acordes de nossa música, preferiria ele os ruidos da ventania, e um cabaz de flechas lhe pareceria mais valioso que um dos nossos mais perfeitos parques industriais. Portanto, para que alguém se coloque a caminho das eminências sociais, é indispensável seja educado, de boa vontade, aceitando as sugestões de melhoria e serviço.
Gúbio espraiou o olhar através da multidão que presenciava a cerimônia, aparentemente contrita, e acentuou:
— Em verdade, a missa é um ato religioso tão venerável quanto qualquer outro em que os corações procuram identificar-se com a Proteção Divina; no entanto, raros são aqueles que trazem até aqui o espírito efetivamente inclinado à assimilação do auxilio celestial. E para a formação de semelhante clima interior, cada crente, além do serviço de purificação dos sentimentos, necessitará também combater a influência dispersiva e perturbadora que procede dos companheiros desencarnados que lhe buscam arrefecer o fervor.
Continuou Gúbio a prestar-nos valiosos esclarecimentos alusivos à solenidade, enquanto a missa se encaminhava para a fase final.
As vozes do coro como que projetavam vibrações harmoniosas e lúcidas ao longo da nave radiosa, e vi, num deslumbramento, que muitos Espíritos sublimes penetraram o recinto, de semblante glorificado, rumando para o altar, onde o celebrante elevava o cálice, depois de abençoar a sagrada partícula.
Intensa luminosidade fluía do sacrário, envolvendo todo o material do culto, mas, surpreendido, reparei que o sacerdote, ao erguer a oferta sublime, apagou a luz que a revestia com os raios cinzento-escuros que ele próprio expedia em todas as direções. Logo após, quando se preparou a distribuir o alimento eucarístico entre os onze comungantes que se prosternavam, humildes, à mesa adornada de alvo linho, notei que as hóstias, no prateado recipiente que as custodiava, eram autênticas flores de farinha, coroadas de doce esplendor. Irradiavam luz com tanta força que o magnetismo obscuro das mãos do ministro não conseguia inutilizá-las. Todavia, à frente da boca que se dispunha a receber o pão simbólico, enegreciam como por encanto. Sòmente uma senhora, ainda jovem, cuja contrição era irrepreensível, recolheu a flor divina com a pureza desejável. Vi a hóstia, qual foco de fluidos luminescentes, atravessar a faringe, alojando-se-lhe a claridade em pleno coração.
Intrigado, procurei ouvir o Instrutor que, muito ponderado, elucidou sem delonga:
— Apreendeste a lição? O celebrante, apesar de consagrado para o culto, é ateu e gozador dos sentidos, sem esforço interior de sublimação própria. A mente dele paira longe do altar. Acha-se sumamente interessado em terminar a cerimônia com brevidade, de modo a não perder uma alegre excursão em perspectiva. Quanto aos que compartilharam à mesa da eucaristia, cheios de sentimentos rasteiros e sombrios, eles mesmos se incumbem de anular as dádivas celestes, antes que lhes tragam benefícios imerecidos. Temos aqui grande quantidade de crentes titulares, mas muito poucos amigos do Cristo e servidores do bem.
O “ite, missa est” dispersou os fiéis que, ao fim da reunião, mais se assemelhavam a barulhento bando de passarinhos de bela plumagem.
Absorto em fundas reflexões, ante o que me fora dado observar, acompanhei o nosso orientador e Elói, para junto da enferma e do esposo, que se retiraram, de regresso ao lar, cercados pelo mesmo séquito de entidades infelizes, sem a menor alteração.

quarta-feira, 20 de abril de 2011

ESTUDO DO LIVRO VIDA E SEXO - FACILITADORAS JULIANA SOLARE E MARIA J. SANCHES



Capítulo 10 - Filhos

Os laços do sangue não criam forçosamente os liames entre os Espíritos. O corpo procede do corpo, mas o Espírito não procede do Espírito, porquanto o Espírito já existia antes da formação do corpo.
Não é o pai quem cria o Espírito de seu filho; ele mais não faz do que lhe fornecer o invólucro corpóreo, cumprindo-lhe, no entanto, auxiliar o desenvolvimento
intelectual e moral do filho, para fazê-lo progredir.

Do item 8, do Cap. XIV, de "O Evangelho Segundo o Espiritismo".

Entre os casais, surge comumente o problema do abandono, pelo qual o parceiro lesado é compelido à carência afetiva. Criaturas integradas na comunhão recíproca, o afastamento uma da outra provoca, naturalmente, em numerosas circunstâncias, o colapso das forças mais íntimas naquela que se viu relegada a escárnio ou esquecimento. Justo observar que toda criatura prejudicada usufrui o direito de envidar esforços na própria recuperação. Análogo princípio prevalece nas conjunções do sentimento, sempre efetuadas com fins determinados em vista. O companheiro ou a companheira menosprezada no círculo doméstico detém a faculdade de refazer as condições que julgue necessárias à própria euforia, com base na consciência tranqüila. Não existem obrigações de cativeiro para ninguém nos fundamentos morais da Criação. Um ser não dispõe de regalias para abusar impunemente de outro, sem que a vítima se veja espontaneamente liberta de qualquer compromisso para com o agressor. Em matéria afetiva, porém, se a união sexual trouxe filhos à paisagem terrestre, é razoável que as Leis da Vida reconheçam na criatura lesada a permissão de restabelecer a harmonia vibratória em seu mundo emotivo, logicamente dentro da ética que sustenta a tranqüilidade da vida intima; entretanto, essas mesmas Leis da Vida rogam, sem impor, às vítimas da deslealdade ou da prepotência que não renunciem ao dever de amparar os filhos, notadamente se esses filhos ainda não atingiram a puberdade que lhes traçará começo à compreensão dos problemas sexuais que afligem a Humanidade. Em sobrevindo semelhantes crises, haja no parceiro largado em desprezo uma revisão criteriosa do próprio comportamento para verificar até que ponto haverá provocado a agressão moral sofrida e, embora se reconheça culpado ou não, que se renda, antes de tudo, à desculpa incondicional, ante o ofensor, fundindo no coração os títulos ternos que tenha concedido ao companheiro ou à companheira da comunhão sexual no título de irmão ou de irmã, de vez que somos todos espíritos imortais, interligados perante Deus, através dos laços da fraternidade real.
Aprenda o parceiro moralmente danificado que só pelo esquecimento das faltas uns dos outros é que nos endereçaremos à definitiva sublimação e que nenhum de nós, os filhos da Terra, está em condições de acusar nos domínios do sentimento, porquanto os virtuosos de hoje podem ter sido os caídos de ontem e os caídos de hoje serão possivelmente os virtuosos de amanhã a quem tenhamos talvez de rogar apoio e bênção, quando a Justiça Eterna nos venha descerrar a imensidão de nossos débitos, acumulados em existências que deixamos para trás nos arquivos do tempo. Homem ou mulher em abandono, se tem filhos pequeninos, que se voltem, acima de tudo, para essas aves ainda tenras do pábulo doméstico, agasalhando-as sob as asas do entendimento e da ternura, por amor a Deus e a si mesmos, até que se habilitem aos primeiros contactos conscientes com a vida terrestre, antes de se aventurarem à adoção de nova companhia; isso porque podem usar a atribuição natural que lhes compete, no que se refere a possíveis renovações, sem se arriscarem a agravar os problemas dos filhos necessitados de arrimo e sem complicarem a própria situação perante o futuro.

segunda-feira, 18 de abril de 2011

SEMANA - ESTUDO DO EVANGELHO CAPÍTULO 17 ÍTENS 1 e 2 - MARIA J. CAMPOS



FONTE BÁSICA

KARDEC, Allan. O Evangelho Segundo o Espiritismo.

SEDE PERFEITOS

1. Por que a busca da perfeição implica amarmos, inclusive, nossos inimigos e fazermos o bem aos que nos odeiam, perseguem ou caluniam?
Porque a perfeição só é atingida quando o coração se vê despojado de toda e qualquer mácula de rancor, ódio e ressentimento para com o semelhante.

“Amai os vossos inimigos; fazei o bem aos que vos odeiam e orai pelos que vos perseguem e caluniam.”

2. Que importância tem o nosso inimigo no tocante ao nosso aperfeiçoamento?
O nosso inimigo é colocado por Deus ao nosso lado, a fim de que sejamos advertidos com mais franqueza do que faria um amigo, porquanto aquele nenhum interesse tem em mascarar a verdade.

O nosso inimigo, aparente obstáculo da nossa caminhada, é, na verdade, instrumento de nosso aperfeiçoamento.

3. Qual a vantagem de só amarmos a quem nos ama?
Nenhuma, pois fazer assim é um simples dever de gratidão.

“Porque, se somente amardes os que vos amam, que recompensa tereis disso?” Os criminosos e malfeitores também ama aqueles que lhes são caros.

4. Em que consiste a perfeição a que a humanidade é capaz de atingir, e que mais a aproxima da Divindade?
Na prática do mandamento de Jesus, que nos ensina a “(...) amarmos os nossos inimigos, fazermos o bem aos que nos odeiam e orarmos pelos que nos perseguem.

“(...) a essência da perfeição é a caridade na sua mais ampla acepção, porque implica a prática de todas as outras virtudes.”

5. Todos seremos, um dia, perfeitos?
Sem dúvida. Temos em nós o germe de todas as virtudes, que se desenvolverão em função de nosso livre arbítrio.

“Todos os vícios têm seu princípio no egoísmo e no orgulho, que são a negação da caridade.”

6. Que regra máxima nos concede Deus para mais rapidamente conquistarmos a perfeição?
O Evangelho de Jesus, em sua simplicidade, sem os aparatos perecíveis da falsa intelectualidade. Encerra o Evangelho as leis morais da vida, cuja carência de conhecimento e aplicação é o problema prioritário da humanidade.”

“(...) os elementos da verdadeira caridade são: a benevolência, a indulgência, a abnegação e o devotamento.”

Conclusão:

A prática da caridade, em sua mais ampla acepção, constitui o único caminho para a conquista da perfeição. Manifesta-se no amor ao próximo extensivo aos nossos inimigos, no fazer o bem aos que nos odeiam e no orar pelos que nos perseguem e caluniam.