domingo, 22 de dezembro de 2013

ESTUDO DO LIVRO " O ESPÍRITO DA VERDADE " - MARIA J. SANCHES

MARCOS INDELÉVEIS
Cap. XVIII – Item 16

“As obras que eu faço, em nome de meu pai, essas testificam em mim.” – Jesus. (João, 10: 25)

Cada trecho do solo demonstra o seu valor na riqueza ou na fertilidade que apresenta...
Cada vegetal é tido na importância de seu cerne, de sua essência, de seus frutos...
Cada animal é conhecido pelas peculiaridades de importância em sua existência...
O sol constitui para todos os seres fonte inexaurível de vida, calor e luz.
A água significa o sangue do organismo terrestre.
O fogo, no crepitar da lareira ou na devastação do incêndio, demonstra realmente o seu papel inconfundível no campo imenso da criação.
O juiz é respeitado pela integridade de seus sentimentos ou temido pelas manifestações de venalidade a que se acolhe.
O professor é acatado, consoante o grau de competência que lhe é próprio.
O médico adquire confiança, conforme a sua atitude ao pé dos enfermos.
O coração materno revela a sua íntima excelsitude, no trato natural com os rebentos de seu carinho.
O filho oferece ao mundo, na experiência diária, a extensão de seu amor para com os próprios pais.
A criança, em suas expressões infantis, apresenta invariavelmente o esboço de caráter que plasmou em si mesma através das vidas passadas.
O usurário cria, em torno de si, gelada atmosfera de reprovação pelos sentimentos que nutre no imo do próprio ser.
O leviano carrega consigo constantemente os prejuízos da ociosidade ou do vício, complicando-se na intemperança dos próprios dias.
O céptico representa, onde estiver, a aridez da mente hipertrofiada pelo orgulho infeliz.
O crente, leal a si mesmo, evidencia o poder de sua fé, nas posições assumidas perante os chamamentos do mundo.
Enfim, todas as criações do excelso Pai testemunham-lhe a glória no campo infinito da vida e cada espírito se afirma bem ou mal, aproveitando-as para subir à luz ou delas abusando para descer às trevas.
Como aprendizes do evangelho, portanto, cumpre-nos indagar à própria consciência:
– ”Que tenho executado na vida como aplicação das bênçãos de Deus?”
Não nos esqueçamos, segundo a lição do senhor, que somente as obras que fizermos, em nome do pai, é que serão marcos indeléveis de nosso caminho, a testificarem de nós.

Emmanuel

domingo, 15 de dezembro de 2013

ESTUDO DO LIVRO " O ESPÍRITO DA VERDADE " - MARIA J. SANCHES

A TOMADA ELÉTRICA
Cap. VIII – Item 7

De volta à reencarnação, em breve tempo, sou trazido ao vosso recinto de oração e fraternidade por benfeitores e amigos para que algo vos fale de minha história – amargo escarmento aos levianos do ouvido e aos imprudentes da língua.
Sem ornato verbal de qualquer natureza, em minha confissão dolorosa, passo diretamente ao meu caso triste, à maneira de um louco que retorna ao juízo, depois de haver naufragado na vileza de um pântano.
Há alguns anos, em minha derradeira romagem na Terra, era eu simples comerciário de hábitos simples.
Com pouco mais de trinta anos, desposei Marina, muito mais jovem que eu, e, exaltando a nossa felicidade, construímos nosso paraíso doméstico, numa casa pequena de movimentado bairro do Rio de Janeiro.
Nossa vida modesta era um cântico de ventura, entretecido de esperanças e preces; todavia, porque fosse, de ordinário, desconfiado e inquieto, amava minha esposa com doentia paixão.
Marina era muito moça, quase menina...
Estimava as cores festivas, o cinema, a vida social, a gargalhada franca e, por guardar temperamento infantil, a curto espaço teve o nome enlaçado à maledicência que fustiga a felicidade, como a sombra persegue a luz.
Em torno de nós, fez-se o “disse-me-disse”.
Se tomávamos um bonde, éramos logo objeto de olhares assustadiços, enquanto se cochichava, lembrando-se-nos o nome...
Se passávamos numa praça, éramos, quase sempre seguidos de assovios discretos...
Começaram para mim os recados escusos, os telefonemas inesperados, as cartas anônimas e os conselhos de família, reunindo
várias acusações.
– “Marina desertara dos compromissos ao lar.”
– “Marina era ingrata e infiel.”
– “Marina respirava numa poça de lama.”
– “Marina tornara-se irregular.”
Muitas vezes, minha própria mãe, zelosa de nosso nome, chamava-me a brios, indicando-me providências.
Amigos segredavam-me anedotas irreverentes com sentido indireto.
Lutas enormes do sentimento ditavam-me desesperados conflitos.
Acabou-se em casa a alegria espontânea.
Debalde, a companheira se inocentava, alertando-me o coração; entretanto, densas trevas possuíam-me o raciocínio, induzindo-me a criar assombrosos quadros em torno de faltas inexistentes.
Como se eu fora puro, exigia pureza em minha mulher. Qual se fosse santo, reclamava-lhe santidade.
Deplorável cegueira humana!
Foi assim que, numa tarde inesquecível para o remorso que me vergasta, tilintou o telefone, buscando-me para aviso.
Três horas da tarde...
Anuncia-me alguém ao cérebro atormentado que um estranho se achava em meu aposento íntimo.
Desvairado, tomei de um revólver e busquei minha casa.
Sem barulho, penetrei nossa câmara e, de olhos embaciados no desespero, vi Marina curvada, ao lado de um homem que se curvava igualmente a dois passos de nosso leito.
Não tive dúvida e alvejei-os, agoniado... Vi-lhes o sangue a misturar-se, enquanto me deitavam olhares de imensa angústia, e porque não pudesse, eu mesmo, resistir a tamanha desdita, estilhacei meu crânio, com bala certa, caindo, logo após, para acordar no túmulo, agarrado a meu corpo, mazelento e fedentinoso, que servia de engorda a vermes famintos.
Em vão busquei desvencilhar-me do arcabouço de lama, a emparedar-me na sombra.
Gargalhadas irônicas de Espíritos infelizes cercavam-me a prisão.
Descrever minha pena é tarefa impossível no vocabulário dos homens, porque o verbo dos homens não tem bastante força para pintar o inferno que brame dentro da alma.
Por muito tempo, amarguei meu cálice de aflição e pavor, até que mãos amigas me afastaram, por fim, do cárcere de lodo.
Vim, então, a saber que Marina, sem culpa, fora sacrificada em minhas mãos de louco.
Esposa abnegada e inocente que era, simplesmente pedira a um companheiro da vizinhança consertasse, em nosso quarto humilde, a tomada elétrica desajustada, a fim de passar a roupa que me era precisa para o dia seguinte.
Transido de vergonha e enojado de mim, antes de suplicar perdão às minhas pobres vítimas, implorei, humilhado, a prova que me espera...
E é assim que, falando às almas descuidadas que cultivam na Terra o vício da calúnia, venho dizer a todas, na condição de um réu, que para me curar da própria insensatez roguei ao Pai Celeste e me foi concedida a bênção de meio século de doença e martírio, luta e flagelação na dor de um corpo cego.

Júlio

domingo, 8 de dezembro de 2013

ESTUDO DO LIVRO " O ESPÍRITO DA VERDADE " - MARIA J. SANCHES

JESUS E VOCÊ
Cap. VI – Item 6

Nosso Mestre não se serviu de condições excepcionais no mundo para exaltar a Luz da Verdade e a Bênção do Amor.
Em razão disso, não aguarde renovação exterior na vida diária, para ajudar. Comece imediatamente a própria sublimação.
Jesus não tinha uma pedra onde recostar a cabeça. Se você dispõe de mínimo recurso, já possui mais que Ele.
Jesus, em seu tempo, não desfrutou qualquer expressão social.
Se você detém algum estudo ou título, está em situação privilegiada.
Jesus esperou até aos trinta nos para servir mais decisivamente.
Se você é jovem e pode ser útil, usufrui magnífica oportunidade.
Jesus partiu aos trinta e três anos. Se você vive na idade amadurecida e dispõe do ensejo de auxiliar, agradeça ao Alto, dando mais de si mesmo.
Jesus não contou com os familiares nas tarefas a que se propôs.
Se você convive em paz no recinto doméstico, obtendo alguma cooperação em favor dos outros, bendiga sempre essa dádiva inestimável.
Jesus não encontrou ninguém que o amparasse na hora difícil.
Se você recebe o apoio de alguém nos momentos críticos, saiba ser grato.
Jesus nada pôde escrever. Se você consegue grafar pensamentos na expansão do bem, colabore sem tardança para a felicidade de todos.
Vemos, assim, que a vida real nasce e evolui no Espírito eterno e não depende de aparências para projetar-se no rumo da perfeição.
Jesus segue à frente de nós. Se você deseja acertar, basta apenas segui-lo.
Siga-mo-lo pois.

André Luiz

domingo, 1 de dezembro de 2013

ESTUDO DO LIVRO " O ESPÍRITO DA VERDADE " - MARIA J. SANCHES

PERIGO
Cap. IX – Item 1

Cada vez que a irritação te assoma aos escaninhos da mente, segues renteando sinal de perigo.
Mesmo que tudo pareça conspirar em teu prejuízo, não convertas a emoção em bomba de cólera a explodir-te na boca.
Desequilíbrio que anotes é apelo da vida a que lhe prestes cooperação.
Quando as águas, em monte, investem furiosas sobre a faixa de solo que te serve de habitação, levantas o dique, capaz de governar-lhe os impulsos.
Diante do fogo que te ameaça, recorres, de pronto, aos extintores de incêndio.
Toda vez que o curto-circuito reponta na rede elétrica, desligas a tomada de força para que a energia descontrolada não opere a destruição.
Assim também, quando a prova te visite, não transfigures a língua em chicote dos semelhantes.
Se agressões verbais te espancam os ouvidos, ergue a muralha do dever fielmente executado, em que te defendas contra o assalto da injúria.
Se a calúnia te alanceia, guarda-te em paz, no refúgio de prece.
Se a dignidade ofendida, dentro de ti, surge transformada em aceso estopim para a deflagração de revolta, deixa que o silêncio te emudeça, até que a nuvem da crise te abandone a visão.
Sobretudo à frente de qualquer companheiro encolerizado, não lhe agraves a distonia.
Ninguém cura um louco, zurzindo-lhe o crânio.
Se alguém te lança em rosto o golpe da intemperança de espírito ou se te arroja a pedrada do insulto, desculpa irrestritamente, e se volta a ferir-te, é indispensável te reconheças na presença de um enfermo em estado grave, a pedir-te o amparo do entendimento e o socorro da compaixão.

Emmanuel

segunda-feira, 25 de novembro de 2013

ESTUDO DO LIVRO " O ESPÍRITO DA VERDADE " - MARIA J. SANCHES

A PAIXÃO DE JESUS
Cap. XIX – Item 7

O Espiritismo não nos abre o caminho da deserção do mundo. 
Se é justo evitar os abusos do século, não podemos chegar ao exagero de querer viver fora dele. Usufruamos a vida que Deus nos dá, respirando o ar das demais criaturas, nossas irmãs.
Para seguir a própria consciência, podemos dispensar a virtude intocável que forja a santidade ilusória.
Não sejamos sombras vivas, nem transformemos nossos lares em túmulos enfeitados por filigranas de adoração.
Nossa fé não é campo fechado à espontaneidade.
Encarnados e desencarnados precisamos ser prudentes, mas isso não significa devamos reprimir expansões sadias e não nos abracemos uns aos outros. A abstinência do mal não impõe restrições ao bem.
Assim como a virtude jactanciosa é defeito quanto qualquer outro, a austeridade afetada é ilusão semelhante às demais.
Não façamos da vida particular uma torre de marfim para encastelar os princípios superiores, ou estrado de exibição para entronizar o ponto de vista.
A convicção espírita não é insensível ou impertinente.
A inflexibilidade, no dever, não exige frieza de coração. Fujamos ao proselitismo fanatizante, mas nem por isso cultivemos nos outros a aversão por nossa fé.
Se o papel de vítima é sempre o melhor e o mais confortável, nem por isso, a título de representá-lo, podemos forçar a nossa existência, transformando em verdugos, à força, as criaturas que nos rodeiam.
Não sejamos policiais do Evangelho, mas candidatemo-nos a servidores cristãos.
Nem caridade vaidosa que agrave a aspereza do próximo, nem secura de coração que estiole a alegria de viver.
Quem transpira gelo, dentro em breve caminhará em atmosfera glacial.
A crença aferrolhada no orgulho desencadeia desastres tão grandes quanto aqueles criados pelo materialismo.
Não sejamos companhias entediantes.
Um sorriso de bondade não compromete a ninguém.
A fé espírita reside no justo meio-termo do bem e da virtude.
Nem o silêncio perpétuo da meia-morte, que destrói a naturalidade, nem a fala medrosa da inibição a beirar o ridículo.
Nem olhos baixos de santidade artificiosa, nem anseio inexperiente de se impor a todo preço.
Nem cumplicidade no erro, na forma de vício, nem conivência com o mal, na forma de aparente elevação.
Fé espírita é libertação espiritual. Não ensina a reserva calculada que anula a comunicabilidade, constrangendo os outros, nem recomenda a rigidez de hábitos que esteriliza a vida simples. Nem tristeza sistemática, nem entusiasmo pueril.
Abstenhamo-nos da falsa idéia religiosa, suscetível de repetir os desvios de existências anteriores, nas quais vivemos em misticismo acabrunhante.
Desfaçamos os tabus da superioridade mentirosa, na certeza de que existe igualmente o orgulho de parecer humilde.
O Espiritismo nos oferece a verdadeira confiança, raciocinada e renovadora; eis por que o espírita não está condenado a atividade inexpressiva ou vegetante.Caridade é dinamismo do amor. Evangelho é alegria. Não é sistema de restringir as idéias ou tolher as manifestações, é vacinação contra o convencionalismo absorvente.
Busquemos o povo – a verdadeira paixão de Jesus –, convivendo com ele, sentindo-lhe as dores, e servindo-o sem intenções secundárias, conforme o “amai-vos uns aos outros” – a senda maior de nossa emancipação.

Ewerton Quadros

domingo, 17 de novembro de 2013

ESTUDO DO LIVRO " O ESPÍRITO DA VERDADE " - MARIA J. SANCHES

TRANQUILIDADE
Cap. XXV – Item 9

1 – Comece o dia na luz da oração.
O amor de Deus nunca falha.

2 – Aceite qualquer dificuldade sem discutir.
Hoje é o tempo de fazer o melhor.

3 – Trabalhe com alegria.
O preguiçoso, ainda mesmo quando se mostre num pedestal de ouro maciço, é um cadáver que pensa.

4 – Faça o bem o quanto possa.
Cada criatura transita entre as próprias criações.

5 – Valorize os minutos.
Tudo volta, com exceção da hora perdida.

6 – Aprenda a obedecer no culto das próprias obrigações.
Se você não acredita na disciplina, observe um carro sem freio.

7 – Estime a simplicidade.
O luxo é o mausoléu dos que se avizinham da morte.

8 – Perdoe sem condições.
Irritar-se é o melhor processo de perder.

9 – Use a gentileza, mas de modo especial dentro da própria casa.
Experimente atender os familiares como você trata as visitas.

10 – Em favor de sua paz conserve fidelidade a si mesmo.
Lembre-se de que, no dia do Calvário, a massa aplaudia a causa triunfante dos crucificadores, mas o Cristo, solitário e vencido, era a causa de Deus.

André Luiz

domingo, 10 de novembro de 2013

ESTUDO DO LIVRO " O ESPÍRITO DA VERDADE " - MARIA J. SANCHES

O FILHO DO ORGULHO
Cap. VII – Item 11 

O melindre – filho do orgulho – propele a criatura a situar-se acima do bem de todos. É a vaidade que se contrapõe ao interesse geral. 
Assim, quando o espírita se melindra, julga-se mais importante que o Espiritismo e pretende-se melhor que a própria tarefa liberta-dora em que se consola e esclarece. 
O melindre gera a prevenção negativa, agravando problemas e acentuando dificuldades, ao invés  de aboli-los. Essa alergia moral demonstra má-vontade e transpira incoerência, estabelecendo moléstias obscuras nos tecidos sutis da alma. 
Evitemos tal sensibilidade de porcelana, que não tem razão de ser. 
Basta ligeira observação para encontrá-la a cada passo: 
É o diretor que tem a sua proposição refugada e se sente des-prestigiado, não mais comparecendo às assembléias. 
O médium advertido construtivamente pelo condutor da ses-são, quanto à própria educação mediúnica, e que se ressente, fugin-do às reuniões. 
O comentarista admoestado fraternalmente para abaixar o vo-lume da voz e que se amua na inutilidade. 
O colaborador do jornal que vê o artigo recusado pela redação e que se supõe menosprezado, encerrando atividades na imprensa. 
A cooperadora da assistência social esquecida, na passagem de seu aniversário, e se mostra ferida, caindo na indiferença. 
O servidor do templo que foi, certa vez, preterido na composição da mesa orientadora da ação espiritual e se desgosta por sentir-se infantilmente injuriado. 
O doador de alguns donativos cujo nome foi omitido nas citações de agradecimento e surge magoado, esquivando-se a nova cooperação. 
O pai relembrado pela professora das aulas de moral cristã, com respeito ao comportamento do filho, e que, por isso, se suscetibiliza, cortando o comparecimento da criança. 
O jovem aconselhado pelo irmão amadurecido e que se descontenta, rebelando-se contra o aviso da experiência. 
A pessoa que se sente desatendida ao procurar o companheiro de cuja cooperação  necessita, nos horários  em que esse mesmo companheiro, por sua vez, necessita de trabalhar a fim de prover a própria subsistência. 
O amigo que não se viu satisfeito ante a conduta do colega, na instituição, e deserta, revoltado,  englobando todos os demais em franca reprovação, incapaz de reconhecer que essa é a hora de auxílio mais amplo. 
O espírita que se nega ao concurso fraterno somente prejudica a si mesmo. 
Devemos perdoar e esquecer se quisermos colaborar e servir. 
A rigor, sob as bênçãos da Doutrina Espírita, quem pode dizer que ajuda alguém? Somos sempre auxiliados. 
Ninguém vai a um templo doutrinário para dar, primeiramente. 
Todos nós aí comparecemos, antes  de tudo, para receber, sejam quais forem as circunstâncias. 
Fujamos à condição de sensitivas humanas, convictos de que a honra reside na tranqüilidade da consciência, sustentada pelo dever cumprido. 
Com a humildade não há o melindre que piora aquele que o sente, sem melhorar a ninguém. 
Cabe-nos ouvir a consciência e segui-la, recordando que a suscetibilidade de alguém sempre surgirá no caminho, alguém que precisa de nossas preces, conquanto curtas ou aparentemente desnecessárias. 
E para terminar, meu irmão, imagine se um dia Jesus se melindrasse com os nossos incessantes desacertos... 

Cairbar Schutel

domingo, 3 de novembro de 2013

ESTUDO DO LIVRO " O ESPÍRITO DA VERDADE " - MARIA J. SANCHES

SE VOCÊ FIZER FORÇA
Cap. XXVII – Item 8 

Diz você que não pode respirar o clima de luta na experiência doméstica; entretanto, se fizer força no cultivo da renúncia santificante, fará da própria casa um refúgio de amor. 
Diz você que não mais suporta o amigo desajustado, mas se fizer força, no exercício da tolerância, é possível consiga convertê-lo amanhã em colaborador ideal. 
Diz você experimentar imenso cansaço, diante do chefe atrabiliário e inconsequente; contudo, se fizer força, sustentando a paciência, obterá nele, ainda hoje, um amigo fiel. 
Diz você que não adianta ensinar o bem; no entanto, se fizer força para exemplificar o que ensina, atingirá realizações de valor inimaginável. 
Diz você que se nota assaltado por enorme desânimo na pregação construtiva; entretanto, se fizer força, na sementeira da educação, transfigurará o seu verbo em facho de luz. 
Diz você estar desistindo da caridade, ante os golpes da ingratidão, mas se fizer força para prosseguir, ajudando sem exigência, surpreenderá na caridade a perfeita alegria. 
Diz você que está doente e nada consegue de nobre e útil; no entanto, se fizer força para superar as próprias deficiências, vence-rá a enfermidade, avançando em serviço e merecimento. 
Diz você que conversação já lhe esgotou a reserva nervosa e dispõe-se à retirada para o repouso justo; contudo, se fizer força para continuar atendendo aos ouvintes, olvidando a própria fadiga, ninguém pode prever a extensão da colheita de bênçãos que virá da sua plantação de gentileza e bondade. 
O grande bem de todos é feito nos pequenos sacrifícios de cada um. 
E se fizermos força para viver, segundo os bons conselhos que articulamos para uso dos outros, em breve tempo transformaremos a Terra em luminoso caminho para a glória real. 

André Luiz

domingo, 27 de outubro de 2013

ESTUDO DO LIVRO " O ESPÍRITO DA VERDADE " - MARIA J. SANCHES

ESPERANDO POR TI
Cap. XII – Item 8 

Antes de pronunciares a frase amarga que te explode no coração, tentando romper as barreiras da boca, pensa na bondade de Deus, que te envolve por toda parte. 
A Natureza é colo de mãe expectante... 
Assemelha-se a luz celeste ao olhar do próprio amor que te ergue, às ocultas, e o ar que respiras é assim como o sopro da ternura de alguém, a estender-te alimento invisível. 
Tudo serve em silêncio, esperando por ti. 
Abre-se a via pública, aos teus pés, à feição de amistoso convite, a água pura está pronta a mitigar-te a sede, o livro nobre aguar-da o toque de tuas mãos para consolar-te, e o fruto, pendendo da árvore, roga, humilde, que o recolhas. 
Pensa na bondade de Deus e não digas a palavra que desencoraje ou amaldiçoe. 
Cala-te, onde não possas auxiliar. 
Deixa que tua alma se enterneça, ajudando nas construções do Bem Eterno, que tudo nos dá, sem nada exigir. 
E compreenderás, então, que Deus te oferece a vida por Divina Sinfonia e que essa Divina Sinfonia pede que lhe  dês também tua nota. 

Meimei 

domingo, 20 de outubro de 2013

ESTUDO DO LIVRO " O ESPÍRITO DA VERDADE " - MARIA J. SANCHES

NA TAREFA DE AJUDAR
Cap. XIII – Item 11 

Auxilie a quem lhe procure a presença, mas não se esqueça de socorrer diretamente quem padece à distância. 
Transfira a cooperação alheia aos lares menos aquinhoados, porém não se desobrigue de contribuir com a sua quota de ajuda pessoal. 
Distribua o que lhe sobre à mesa, tanto quanto no guarda roupa e na bolsa: contudo, siga além, doando a quem sofre os recursos positivos de seu sentimento. 
Empreste, com justiça, o que lhe peçam; no entanto, não menospreze transformar os seus empréstimos em dádivas fraternais. 
Colabore indiscriminadamente para o bem de todos aqueles que lhe estejam próximos; todavia, esforce-se por aprimorar os métodos da sua colaboração para ajudar melhor. 
Organize a sua vida em disciplina rigorosa no dever cumprido; ainda assim, faça o tempo de persistir no trabalho de assistência aos irmãos em luta maior. 
Atenda ao estômago faminto e ao corpo enfermo do companheiro em provação; entretanto, não recuse favorecê-lo com a palavra consoladora e com o livro nobre. 
Seja o intermediário entre distribuidores generosos e corações menos felizes; porém, não deixe de convidar, aos que se beneficiam materialmente, a se beneficiarem, do ponto de vista moral, nas visitas de socorro evangélico e solidariedade humana 
Dê o máximo de suas possibilidades no amparo aos semelhantes, mas não se satisfaça com os resultados obtidos, buscando enriquecer os seus dotes de eficiência no plantio da caridade. 
Exemplifique a beneficência, tanto quanto lhe seja possível, em todas as circunstâncias; contudo, prefira a naturalidade e a discrição para revestir assuas mínimas atitudes. 
Lembre-se de que, na tarefa de ajudar, o bem maior é sempre aquele que ainda está por fazer,à espera da nossa disposição. 

André Luiz 

domingo, 13 de outubro de 2013

ESTUDO DO LIVRO " O ESPÍRITO DA VERDADE " - MARIA J. SANCHES

RIQUEZA E FELICIDADE
Cap. XVI – Item 5 

Há ricos do dinheiro, tão ricos de usura, que se fazem mais pobres que os pobres pedintes da via pública que, muitas vezes, não dispõem sequer de um pão. Há ricos de conhecimento, tão ricos de orgulho, que se fazem mais pobres que os pobres selvagens ainda insulados nas trevas da inteligência. 
Há ricos de tempo, tão ricos de preguiça, que se fazem mais pobres que os pobres escravizados às tarefas de sacrifício. 
Há ricos de possibilidades, tão ricos de egoísmo, que se fazem mais pobres que os pobres irmãos em amargas lutas expiatórias, que de tudo carecem para ajudar. 
Há ricos de afeto, tão ricos de ciúme, que se fazem mais pobres que os pobres companheiros em prova rude, quando relegados à solidão. 
Lembra-te, pois, de que todos somos ricos de alguma coisa ante o Suprimento Divino da Divina Bondade e, usando os talentos que a vida te confia na missão de fazer mais felizes aqueles que te rodeiam, chegará o momento em quete surpreenderás mais rico que todos os ricos da Terra, porquanto entesourarás no próprio coração a eterna felicidade que verte do amor de Deus. 

Emmanuel 

domingo, 6 de outubro de 2013

ESTUDO DO LIVRO " O ESPÍRITO DA VERDADE " - MARIA J. SANCHES

PROVAS DECISIVAS
Cap. V – Item 19 

Clamas contra o infortúnio que te visita e desespera-te, sem reação construtiva, ante as horas de luta. 
Falaram-te do Senhor e dos aprendizes abnegados que o seguiram, nas horas primeiras, na senda marginada de prantos e sacrifícios... Queres, porém, comungar-lhe a paz e viver em menor esforço... 
Todavia, quase todos os grandes vultos da humanidade, em todas as épocas e em todos os povos, passaram pelo tempo das provas decisivas. 
Senão observemos: 
Cervantes ficou paralítico da mão esquerda e esteve preso sob a acusação de insolvente, mas sobrepairou acima da injúria e legou um tesouro à literatura da Terra. 
Bernard Palissy experimentou tamanha pobreza que chegou, em certo momento, a queimar a mobília da própria casa, a fim de conseguir suficiente calor nos fornos em que fazia experiências; contudo, atingiu a perfeição que desejava em sua obra de ceramista. 
Shakespeare sentiu-se em tão grande penúria, que se achou, um dia, a incendiar um teatro, tomado de desespero; entretanto, superou a crise e deixou no mundo obras primas inesquecíveis. 
Victor Hugo esteve exilado durante dezoito anos; todavia, nunca abandonou o trabalho e depôs o corpo físico, no solo de sua pátria, sob a admiração do mundo inteiro. 
Faraday, na mocidade, foi compelido a servir na condição de ajudante de ferreiro, de modo a custear os próprios estudos; no entanto, converteu-se num dos físicos mais respeitados por todas as nações. 
Hertz enfrentou imensa falta de recursos e foi vendedor de revistas para sustentar-se; entretanto, venceu as dificuldades e tornou-se um dos maiores cientistas mundiais. 
De igual modo, entre os espíritas as condições de existência terrestre não têm sido outras. 
Na França, Allan Kardec sofreu, por mais de uma década, insultuoso sarcasmo da maioria dos contemporâneos; contudo, jamais desanimou, entregando à posteridade o luminoso patrimônio da Codificação. 
Na Espanha, Amália Domingo Sóler, ainda em plenitude das forças físicas, tolerou o suplício da fome, na flagelação da cegueira; todavia, nunca duvidou da Providência Divina, consagrando ao pensamento espírita a riqueza de suas páginas imortais. 
No Brasil, Bezerra de Menezes, abdicando das fulgurações da política humana e, não obstante a posição de médico ilustre, partiu 
da Terra, em extrema necessidade material, o que não impediu a sua elevação ao título de Apóstolo. 
Em razão disso, não te deixes vencer pelos obstáculos. 
A resignação humilde, a misturar lágrimas e sorrisos, anseios e ideais, consolações e esperanças, constrói sobre a criatura invisível auréola de glória que se exterioriza em ondas de simpatia e felicidade. 
Quando o carro de tua vida estiver transitando pelo vale da aflição, recorda a paciência e continua trabalhando, confiando e servindo com Jesus. 

Lameira de Andrade

domingo, 29 de setembro de 2013

ESTUDO DO LIVRO " O ESPÍRITO DA VERDADE " - MARIA J. SANCHES

MEDIUNIDADE E JESUS
Cap. VI – Item 7 

Quem hoje ironiza a mediunidade, em nome do cristo, esquece-se, naturalmente, de que Jesus foi quem mais a honrou neste mundo, erguendo-a ao mais alto nível de aprimoramento e revelação, para alicerçar a sua eterna doutrina entre os homens. 
É assim que começa o apostolado divino, santificando-lhe os valores na clariaudiência e na clarividência entre Maria e Isabel, José e Zacarias, Ana e Simeão, no estabelecimento da Boa Nova. 
E segue adiante, enaltecendo-a na inspiração junto aos doutores do Templo; exaltando-a nos fenômenos de efeitos físicos, ao transformar a água em vinho, nas bodas de Caná; honorificando-a, nas atividades de cura, em transmitindo passes de socorro aos cegos e paralíticos, desalentados e aflitos, reconstituindo-lhes a saúde; ilustrando-a na levitação, quando caminha sobre as águas; dignificando-a nas tarefas de desobsessão, ao instruir e consolar os desencarnados sofredores por intermédio dos alienados mentais que lhe surgem à frente; glorificando-a na materialização, em se transfigurando ao lado de Espíritos radiantes, no cimo do Tabor, e elevando-a sempre, no magnetismo sublimado, seja aliviando os enfermos com a simples presença, revitalizando corpos cadaverizados, multiplicando pães e peixes para a turba faminta ou apaziguando as forças da natureza. 
E, confirmando o intercâmbio entre os vivos da Terra e os vivos da Eternidade, reaparece, Ele mesmo, ante os discípulos espantados, traçando planos de redenção que culminam no dia de Pentecostes – o momento inesquecível do Evangelho, quando os seus mensageiros convertem os Apóstolos em médiuns falantes, na praça pública, para esclarecimento do povo necessitado de luz. 
Como é fácil de observar, a mediunidade, como recurso espiritual de sintonia, não se confunde com a Doutrina Espírita que expressa atualmente o Cristianismo Redivivo, mas, sempre que enobrecida pela honestidade e pela fé, pela educação e pela virtude, é o veículo respeitável da convicção na sobrevivência. 
Assim, pois, não nos agastemos contra aqueles que a perseguem, através do achincalhe – tristes negadores da realidade cristã, ainda mesmo quando se escondam sob os veneráveis distintivos da autoridade humana –, porquanto os talentos medianímicos estiveram, incessantemente, nas mãos de Jesus, o nosso divino mestre, que deve ser considerado, por todos nós, como sendo o excelso médium de Deus. 

Eurípedes Barsanulfo

domingo, 22 de setembro de 2013

ESTUDO DO LIVRO " O ESPÍRITO DA VERDADE " - MARIA J. SANCHES

COM VOCÊ MESMO
Cap. V – Item 13 

Meu amigo, você clama contra as dificuldades do mundo, mas será que você já pensou nas facilidades em suas mãos? 
Observemos: 
Você concorre, em tempo determinado, para exonerar-se da 
multa legal, com expressiva taxa de consumo de luz e força elétricas; todavia, a usina solar que lhe fornece claridade, calor e vida, 
nem é assinalada comumente pela sua memória... 
Você salda, periodicamente, largas contas relativas ao gasto de água encanada; no entanto, nem se lembra da gratuidade da água das chuvas e das fontes a enriquecer-lhe os dias... 
Você estipendia na feira, com apreciáveis somas, todo gênero alimentício que lhe atenda ao paladar; contudo, o oxigênio – elemento mais importante a sustentar-lhe o organismo – é utilizado em seu sangue sem pesar-lhe no orçamento com qualquer preocupação... 
Você resgata com a loja novos débitos, cada vez que renova o guarda roupa, e, apesar disso, nunca inventariou os bens que deve ao corpo de carne a resguardar-lhe o Espírito... 
Você remunera o profissional especializado pela adaptação de um só dente artificial: entretanto, nada despendeu para obter a dentadura natural completa... 
Você compra a drágea medicamentosa para leve dor de cabeça; 
todavia, recebe de graça a faculdade de articular, instante a instante, os mais complicados pensamentos... 
Você gasta quantias inestimáveis para assistir a esse ou aquele espetáculo esportivo ou à exibição de um filme; contudo, guarda sem sacrifício algum a possibilidade de contemplar o solo cheio de flores e o Céu faiscante de estrelas... 
Você paga para ouvir simples melodia de um conjunto orquestral; no entanto, ouve diariamente a divina musica da natureza, sem consumir vintém... 
Você desembolsa importâncias enormes para adquirir passagens e indenizar hospedarias, sempre que se desloca de casa; não obstante, passa-lhe despercebido o prêmio vultoso que recebeu com o próprio ingresso na romagem terrestre... 
Não desespere e nem se lastime... 
Atendamos à realidade, compreendendo que a alegria e a esperança, expressando créditos infinitos de Deus, são os motivos básicos da vida a erguer-se, a cada momento, por sinfonia maravilhosa. 

André Luiz 

domingo, 15 de setembro de 2013

ESTUDO DO LIVRO " O ESPÍRITO DA VERDADE " - MARIA J. SANCHES

JESUS SABE
Cap. XII – Item 7 

Disseste “não ajudo, porque esse homem é pervertido” e de outra feita, afirmaste “não auxilio, que essa mulher errou por querer”... 
Não te lembraste, porém, que Jesus, antes, lhes viu a falta e nem por isso lhes cortou o ensejo à necessária reparação. 
Não percas tempo em procurar o mal, emprega atenção em socorrer-lhe as vítimas. 
Diante desse ou daquele acontecimento amargo, sempre mais do que nós, Jesus sabe... 
Conhece o Divino Amigo onde se esconde o verme do vício, como também onde se oculta a farpa da crueldade. 
Em razão disso, não te buscaria para relacionaras úlceras alheias nem para conferir os espinhos da estrada. 
Se alguém prefere mergulhar na sombra, dize contigo: 
– “Jesus sabe.” 
Se alguém te não escuta a palavra de amor, nota em silêncio: 
– “Jesus sabe.” 
Se alguém surge enganado aos teus olhos, pensa convicto: 
– “Jesus sabe.” 
Se alguém foge de cumprir o dever, observa de novo: 
– “Jesus sabe.” 
Faze o bem que puderes e, entregando a justiça à harmonia da lei, entenderás, por fim, que Jesus nos chamou para fazer luzir a estrela da caridade onde a vida padeça o insulto da escuridão. 

Meimei

domingo, 8 de setembro de 2013

ESTUDO DO LIVRO " O ESPÍRITO DA VERDADE " - MARIA J. SANCHES

O PRIMEIRO
Cap. VII – Item 3 

“E qualquer que entre vós quiser ser o primeiro seja vosso servo.” – Jesus. (Mateus, 20: 27)

Nos variados setores da experiência humana, encontramos as mais diversas criaturas a buscarem posições de destaque e postos de diretiva. 
Há pessoas que enveredam pelas sendas do comércio e da indústria, em corrida infrene por se elevarem nas asas frágeis da posse efêmera. 
Muitas elegem a tirania risonha no campo social, para se afirmarem poderosas e dominantes. 
Outras pontificam através do intelecto, usando a Ciência como apoio da autoridade que avocam para si mesmas. 
Temos ainda as inteligências que, em nome da inovação ou da arte, se declaram francamente partidárias da delinquência e do vício, para sossegarem as próprias ânsias de fulguração nas faixas da influência. 
Todas caminham subordinadas às mesmas leis, elevando-se hoje, para descer amanhã. 
O império econômico, a autoridade terrestre ou o intelectualismo sistemático possibilitam a projeção da criatura no cenário humano, à feição de luz meteórica, riscando, instantaneamente, a imensidade dos céus. 
Em piores circunstâncias, aquele que preferiu o brilho infernal do crime, esbarra, em breve tempo, com a dureza de si mesmo, sendo constrangido a reunir os estilhaços da vida, provocados por suas ações lamentáveis, na recomposição do destino próprio. 
Grande maioria toma a aparência do comando como sendo a melhor posição, e raros chegam a identificar, no anonimato da posição humilde, o posto de carreira que conduz a alma aos altiplanos da Criação. 
Apesar de tudo, porém, a verdade permanece imutável. 
A liderança real, no caminho da vida, não tem alicerces em re-cursos amoedados. 
Não se encastela simplesmente em notoriedade de qualquer natureza. 
Não depende unicamente de argúcia ou sagacidade. 
Nem é fruto da erudição pretensiosa. 
A chefia durável pertence aos que se ausentam de si mesmos, buscando os semelhantes para servi-los... 
Esquecendo as luzes transitórias da ribalta do mundo... 
Renunciando à concretização de sonhos pessoais em favor das realizações coletivas... 
Obedecendo aos estímulos e avisos da consciência... 
E por amar a todos sem reclamar amor para si, embora na condição de servo de todos, faz-se amado da vida, que nele concentra seus interesses fundamentais. 

Emmanuel

domingo, 1 de setembro de 2013

ESTUDO DO LIVRO " O ESPÍRITO DA VERDADE " - MARIA J. SANCHES

MOEDA E MOENDA
Cap. XVI – Item 1 

Moeda é peça que representa dinheiro. 
Moenda é peça que mói alguma coisa. 
Moeda é força que valoriza. 
Moenda é força que transforma. 
Moeda é finança. 
Moenda é ação. 
Moeda é possibilidade. 
Moenda é suor. 
Moeda é recurso. 
Moenda é utensílio. 
A moeda apóia. 
A moenda depura. 
A moeda abona. 
A moenda prepara. 
Moeda parada é promessa estanque. 
Moenda inerte é instrumento inútil. 
Moeda mal dirigida traz sofrimento. 
Moenda mal governada gera desastre. 
Movimente a moeda nas boas obras e melhorará sua vida. 
Acione a moenda no serviço e terá mesa farta. 
A moeda é a moenda de seu caminho. 
Lance hoje a sua moeda, na moenda do bem, praticando os 
seus ideais de trabalho e progresso, educação e caridade, e encontrará você amanhã preciosas colheitas de simpatia e cooperação, alegria e luz. 

Hilário Silva

domingo, 25 de agosto de 2013

ESTUDO DO LIVRO " O ESPÍRITO DA VERDADE " - MARIA J. SANCHES

INDULGÊNCIA
Cap. X – Item 16 

A luz da alegria deve ser o facho continuamente aceso na atmosfera das nossas experiências. 
Circunstâncias diversas e principalmente as de indisciplina podem alterar o clima de paz, em redor de nós, e dentre elas se destaca a palavra impensada como forja de incompreensão, a instalar entre choques. 
Daí o nosso dever básico de vigiar a nós mesmos na conversação, ampliando os recursos de entendimento nos ouvidos alheios. 
Sejamos indulgentes. 
Se erramos, roguemos perdão. 
Se outros erraram, perdoemos. 
O mal que desejarmos para alguém, hoje, suscitará o mal para nós, amanhã. 
A mágoa não tem razão justa e o perdão anula os problemas, diminuindo complicações e perdas de tempo. 
É assim que a espontaneidade no bem estabelece a caridade real. 
Quem não reconhece as próprias imperfeições demonstra incoerência. 
Quem perdoa desconhece o remorso. 
Ódio é fogo invisível na consciência. 
O erro, por isso, não pede aversão, mas, entendimento. 
O erro nosso requer a bondade alheia; erro de outrem reclama a clemência nossa. 
A Humanidade dispensa quem a censure, mas necessita de quem a estime. 
E ante o erro, debalde se multiplicam justificações e razões. 
Antes de tudo, é preciso refazer, porque o retorno à tarefa é a conseqüência inevitável de toda fuga ao dever. 
Quanto mais conhecemos a nós mesmos, mais amplo em nós o imperativo de perdoar. 
Aprendamos com o Evangelho, a fonte inexaurível da Verdade. 
Você, amostra da grande prole de Deus, carece do amparo de todos e todos solicitam-lhe amparo. 
Saiba, pois, refletir o mundo em torno, recordando que o espelho, inerte e frio, retrata todos os aspectos dignos e indignos à sua volta, o pintor, consciente, buscando criar atividade superior, somente exterioriza na pureza da tela os ângulos nobres e construtivos da vida. 

André Luiz

domingo, 18 de agosto de 2013

7o. ENCONTRO DE AUTOCONHECIMENTO - PALESTRANTE: ALEXANDRE CAMARGO - PARTE 1

http://www.youtube.com/embed/aDw0J5Il_O4

7o. ENCONTRO DE AUTOCONHECIMENTO - PALESTRANTE: ALEXANDRE CAMARGO - PARTE 2

https://www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=KbHgKstxlb8#at=86

ESTUDO DO LIVRO " O ESPÍRITO DA VERDADE " - MARIA J. SANCHES

ENCONTRO MARCADO
Cap. VIII – Item 19 

Quando a aflição lhe bateu à porta, o discípulo tomou as notícias do Senhor e leu-lhe a promessa divina: – “Estarei convosco até ao fim dos séculos...” 
Acendeu-se-lhe a esperança na alma. 
E, certa manhã, partiu à procura do Mestre, à feição da corça transviada no deserto, quando suspira pela fonte das águas vivas. 
Entrou num templo repleto de luzes faiscantes, onde se venerava a memória; todavia, não obstante sentir que a fé aí brilhava entre cânticos reverentes e flores devotas, não encontrou o Divino Amigo. 
Buscou-o nos vastos recintos, onde se lhe pronunciava o nome com inflexão de supremo respeito; contudo, apesar de surpreender-lhe o ensinamento puro, no verbo daqueles que sobraçavam dourados livros, não lhe anotou a presença. 
Na jornada exaustiva, gastou as horas... Em vão, atravessou portadas e colunas, altares e jardins. 
Descia, gélida, a noite, quando escutou os gemidos de uma criança doente, abandonada à sarjeta. 
Ajoelhando-se, asilou-a amorosamente na concha dos próprios braços. Ao levantar os olhos, viu Jesus, diante dele, e, fremente, bradou: 
– Mestre! Mestre!... 
O Excelso Benfeitor afagou-lhe a cabeça fatigada, como quem lhe expungia toda a chaga de angústia, e falou, compassivo: 
– Realmente, filho meu, estarei com todos e em toda parte, até ao fim dos séculos; no entanto, moro no coração da caridade, em cuja luz tenho encontro marcado com todos os aprendizes do bem eterno... 
Debalde, tentou o discípulo reter o Senhor de encontro ao peito... 
Através da neblina, espessa das lágrimas a lhe inundarem o rosto mudo, reparou que a celeste visão se diluía no anilado fulgor do céu vespertino, mas, na acústica do próprio ser, ressoavam para ele agora as palavras inesquecíveis: 
– Toda vez que amparardes a um desses pequeninos, por amor de meu nome, é a mim que o fazeis... 

Meimei

domingo, 11 de agosto de 2013

ESTUDO DO LIVRO " O ESPÍRITO DA VERDADE " - MARIA J. SANCHES

VOZES DO EVANGELHO
Cap. XI – Item 2 

Destaque o lado bom dos seres e das coisas. 
“Examine tudo e retenha o melhor.” 
Não valorize o erro. 
“Vença o mal com o bem.” 
Auxilie sem exigência. 
“Perdoe setenta vezes sete.” 
Fuja da impertinência. 
“Não se queixem uns contra os outros, para que não sejam condenados.” 
Não se irrite. 
“Faça todas as coisas sem murmurações nem contendas.” 
Não se imponha. 
“Os discípulos do Senhor se conhecem por muito se amarem.” 
Não pressione ninguém. 
“Atente bem para a lei da liberdade.” 
Olvide a falta alheia. 
“Lance mão do arado sem olhar para trás.” 
Renuncie em silêncio. 
“O cristão existe para servir e não para ser servido.” 
Use a bondade incansável. 
“Todas as suas ações sejam feitas com caridade.” 

André Luiz

domingo, 4 de agosto de 2013

ESTUDO DO LIVRO " O ESPÍRITO DA VERDADE " - MARIA J. SANCHES

RENÚNCIA
Cap. XXIII – Item 5 

Se teus pais não procuram a intimidade do Cristo, renuncia à felicidade de vê-los comungar contigo o divino banquete da Boa Nova, e ajuda teus pais. 
Se teus filhos permanecem distantes do Evangelho, renuncia ao contentamento de sentir-lhes o coração com o teu coração na senda redentora, e ajuda teus filhos. 
Se teus amigos não conseguem, ainda, perceber o amor de Jesus, renuncia à ventura de guardá-los no calor de tua alma, ante o Sol da Verdade, e ajuda teus amigos. 
Renúncia com Jesus não quer dizer deserção. Expressa devotamento maior. 
Nele mesmo, o Senhor, vamos encontrar o sublime exemplo. 
Esquecido de muitos e por muitos relegado às agonias da negação, nem por isso se afastou dos companheiros que lhe deram as angústias do amor não amado. 
Ressurgindo da cruz, Ele, que atravessara sozinho os pesadelos da ingratidão e as torturas da morte, volta ao convívio deles e lhes diz confiante: 
– ”Eis que estarei convosco, até o fim dos séculos.” 

Emmanuel

domingo, 28 de julho de 2013

ESTUDO DO LIVRO " O ESPÍRITO DA VERDADE " - MARIA J. SANCHES

SEJA VOLUNTÁRIO
Cap. XX – Item 4 

Seja voluntário na evangelização infantil. 
Não aguarde convite para contribuir em favor da Boa Nova no coração das crianças. Auxilie a plantação do futuro. 
Seja voluntário no Culto do Evangelho. 
Não espere a participação de todos os companheiros do lar para iniciá-lo. Se preciso, faça-o sozinho. 
Seja voluntário no templo espírita. 
Não aguarde ser eleito diretor para cooperar. Colabore sem impor condições, em algum setor, hoje mesmo. 
Seja voluntário no estudo edificante. 
Não espere que os outros lhe chamem a atenção. Estude por conta própria. 
Seja voluntário na mediunidade. 
Não aguarde o desenvolvimento mediúnico, sistematicamente sentado à mesa de sessões. Procure a convivência dos Espíritos Superiores, amparando os infelizes. 
Seja voluntário na assistência social. 
Não espere que lhe venham puxar o paletó, rogando auxílio. 
Busque os irmãos necessitados e ajude como puder. 
Seja voluntário na propaganda libertadora. 
Não aguarde riqueza para divulgar os princípios da fé. Dissemine, desde já, livros e publicações doutrinárias. 
Seja voluntário na imprensa espírita. 
Não espere de braços cruzados a cobrança da assinatura. Envie o seu concurso, ainda que modesto, dentro das suas possibilidades. 
Sim, meu amigo. Não se sinta realizado. 
Cultive espontaneidade nas tarefas do bem. 
“A sementeira, é grande e os trabalhadores são poucos.” 
Vivemos os tempos da renovação fundamental. 
Atravessemos, portanto, em serviço, o limiar da Era do Espírito! 
Ressoam os clarins da convocação geral para as fileiras do Espiritismo. 
Há mobilização de todos. 
Cada qual pode servir a seu modo. 
Aliste-se enquanto você se encontra válido. 
Assuma iniciativa própria. 
Apresente-se em alguma frente de atividade renovadora e sirva sem descansar. 
Quase sempre, espírita sem serviço é alma a caminho de tenebrosos labirintos do umbral. 
Seja voluntário na Seara de Jesus, Nosso Mestre e Senhor! 

Cairbar Schutel

domingo, 21 de julho de 2013

ESTUDO DO LIVRO " O ESPÍRITO DA VERDADE " - MARIA J. SANCHES

CARIDADE E VOCÊ
Cap. XVI – Item 9 

Acredita você que só a caridade pode salvar o mundo; entretanto, não se demore na posição de comentarista. 
Não nos diga que é pobre e incapaz de contribuir na campanha renovadora da sublime virtude. 
Senão vejamos. 
Se você destinar a quantia correspondente a um refrigerante ou um aperitivo em cinco doses, segundo os seus hábitos,aos serviços e qualquer hospital, no fim de um mês haverá mais decisiva medicação para certo doente. 
Se você renunciar ao cinema de uma vez em cada cinco, endereçando o dinheiro respectivo a uma creche, ao término de duas ou três semanas, a instituição contará com mais leite em favor das crianças necessitadas. 
Se você suprimir um maço de cigarros em cada cinco de seu uso particular, dedicando o fruto dessa renúncia a uma casa erguida para os irmãos distanciados do conforto doméstico, em breve tempo o agasalho devido a eles será mais rico. 
Se você economizar as peças do vestuário, guardando a importância equivalente a uma delas em cada cinco, para socorro ao próximo menos feliz, no fim de um ano disporá você mesmo de recursos suficientes para vestir alguém que a nudez ameaça. 
Não espere pela bondade dos outros. 
Lembre-se daquela que você mesmo pode fazer. 
É possível que você nos responda que o supérfluo é seu próprio suor, que não nos cabe opinarem seu caminho e que o copo e o filme, o fumo e a moda são movimentados à sua custa. 
Você naturalmente está certo na afirmativa e não seremos nós quem lhe contestará semelhante direito. 
A vontade é sagrado atributo do espírito, dádiva de Deus a nós outros, para que decidamos, por nós, quanto à direção do próprio destino. 
Todavia, nosso lembrete é apenas uma sugestão aos companheiros que acreditam na força da caridade e só ganhará realmente algum valor se houver algum laço entre a caridade e você. 

André Luiz 

domingo, 14 de julho de 2013

ESTUDO DO LIVRO " O ESPÍRITO DA VERDADE " - MARIA J. SANCHES

POR AMOR A CRIANÇA
Cap. VIII – Item 18 

Nós que tantas vezes rogamos o socorro da Providência Divina, oremos ao coração da Mulher, suplicando pelos filhos das outras! Peçamos às seareiras do bem pelas crianças desamparadas, flores humanas atingidas pela ventania do infortúnio, nas promessas do alvorecer!... 
Pelas crianças que foram enjeitadas nos becos de ninguém; 
pelas que vagueiam sem direção, amedrontadas nas trevas noturnas; 
pelas que sugam os próprios dedos, contemplando, por vidraças faustosas, a comida que sobeja desperdiçada; 
pelas que nunca viram a luz da escola; 
pelas que dormem, estremunhadas, na goela escura do esgoto; 
pelas que foram relegadas aos abrigos de lama e se transformam em cobaias de vermes destruidores; 
pelas que a tuberculose espia, assanhada, através dos molambos com que se cobrem; 
pelas que se afligem no tormento da fome e mentalizam o furto do pão; 
pelas que jamais ouviram uma voz que as abençoasse e se acreditam amaldiçoadas pelo destino; 
pelas que foram perfilhadas por falsa ternura e são mantidas 
nas casas nobres quais pequenas alimárias constantemente batidas pelas varas da injúria; 
e por aquelas outras que caíram, desorientadas, nas armadilhas do crime e são entregues ao vício e à indiferença, entre os ferros e os castigos do cárcere! 
Mães da Terra, enquanto vos regozijais no amor de vossos filhos, descerrai os braços para os órfãos de mãe!... Lembremos o apelo inolvidável do Cristo: “deixai vir a mim os pequeninos”. E recordemos, sobretudo, que se o homem deve edificar as paredes 
imponentes do mundo porvindouro, só a mulher poderá convertê-lo em alegria da vida e carinho do lar. 

Emmanuel

domingo, 7 de julho de 2013

ESTUDO DO LIVRO " O ESPÍRITO DA VERDADE " - MARIA J. SANCHES

ASSIM FALOU JESUS
Cap. VI – Item 1 

Disse o Mestre: “Buscai e achareis.” 
Mesmo nos céus, você pode fixar a atenção na sombra da nu-vem ou no brilho da estrela. 
Afirmou o Senhor: “Cada árvore é conhecida pelos frutos.” 
Alimentar-se com laranja ou intoxicar-se com pimenta é problema seu. 
Proclamou o Cristo: “Orai e vigiai para não entrardes em tentação, porque o espírito, em verdade, está pronto, mas a carne é fraca.” 
O espírito é o futuro e a vitória final, mas a carne é o nosso próprio passado, repleto de compromissos e tentações. 
Ensinou o Mentor Divino: “Não condeneis e não sereis conde-nados.” 
Não critique o próximo, para que o próximo não critique a você. 
Falou Jesus: “ Quem se proponha conservar a própria vida, perdê-la-á.” 
Quando o arado descansa, além do tempo justo, encontra a ferrugem que o desgasta. 
Disse o Mestre: “Não vale para o homem ganhar o mundo inteiro, se perder sua alma.” 
A criatura faminta de posses e riquezas materiais, sem trabalho e sem proveito, assemelha-se, de algum modo, a pulga que desejas-se reter um cão para si só. 
Afirmou o Senhor: “Não é o que entra pela boca que contamina o homem.” 
A pessoa de juízo são come o razoável para rendimento da vida, mas os loucos ingerem substâncias desnecessárias para rendi-mento da morte. 
Ensinou o Mentor Divino: “Andai enquanto tendes luz.” 
O corpo é a máquina para a viagem do progresso e todo relaxamento corre por conta do maquinista. 
Proclamou o Cristo: “Orai pelos que vos perseguem e caluniam.” 
Interessar-se pelo material dos caluniadores é o mesmo que se adornar você, deliberadamente, com uma lata de lixo. 
Falou Jesus: “A cada um será concedido segundo as próprias obras.” 
Não se preocupe com os outros, a não ser para ajudá-los; pois que a lei de Deus não conhece você pelo que você observa, mas simplesmente através daquilo que você faz. 

André Luiz

domingo, 30 de junho de 2013

ESTUDO DO LIVRO " O ESPÍRITO DA VERDADE " - MARIA J. SANCHES

QUE BUSCAIS?
Cap. XVIII – Item 10

“Que buscais?” – Jesus. (João, 1: 38)
Esta simples indagação do Senhor, aos dois discípulos que o seguiam, é dirigida presentemente a todos os lidadores do Espiritismo, diante da Boa Nova renascente no mundo.
Ao obreiro modesto da assistência fraternal, exprime a Voz Superior a reclamar-lhe os frutos na colheita do bem.
Ao colaborador da propaganda doutrinária, representa a interpelação incessante acerca da tarefa de resguardar a pureza dos postulados que consolam e instruem.
Ao orientador das assembleias de nossa fé, é a pergunta judiciosa, quanto à qualidade do esforço no cumprimento dos deveres que lhe competem.
Ao servidor da evangelização infantil, surge a interrogação do Divino Mestre qual brado de alerta relativamente ao rumo escolhido para a sementeira de luz.
Ao portador da responsabilidade mediúnica, inquire Jesus pela aplicação dos talentos que lhe foram confiados.
Ao aprendiz incipiente da oficina espírita cristã constitui adequada sindicância quanto à sinceridade que traz consigo, alertando-o para os deveres justos.
A cada criatura que desperta em mais altos níveis da fé raciocinada, soa a interpelação do Senhor como sendo convite às obras em que se afirme a caridade real.
Assim, escuta no íntimo, em cada lance das próprias atividades, a austera palavra do Condutor Divino, convocando-te à coerência entre o ideal e o esforço, entre a promessa e a realização.
Analisa o que fazes.
Observa o que dizes.
Medita em torno de tuas aspirações mais ocultas.
Que resposta forneces à indagação do Senhor?
Quem segue o Cristo, vive-lhe o apostolado.
Serve, coopera e caminha avante, sem temor ou vacilação, lembrando-te de que o Verbo da Verdade incide sobre nós, cada dia, perguntando incessantemente:
– Que buscais?

Emmanuel

domingo, 23 de junho de 2013

ESTUDO DO LIVRO " O ESPÍRITO DA VERDADE " - MARIA J. SANCHES

CURA ESPIRITUAL
Cap. XXVI – Item 1


Comece orando.
A prece é luz na sombra em que a doença se instala.
Semeie alegria.
A esperança é alegria no coração.
Fuja da impaciência.
Toda irritação é desastre magnético de consequências imprevisíveis.
Guarde confiança.
A dúvida deita raios de morte.
Não critique.
A censura é choque nos agentes da afinidade.
Conserve brandura.
A palavra agressiva prende o trabalho na estaca zero.
Não se escandalize.
O corpo de quem sofre é objeto sagrado.
Ajude espontaneamente para o bem.
Simpatia é cooperação.
Não cultive os desafetos.
Aversão é calamidade vibratória.
Interprete o doente qual se fosse você mesmo.
Toda cura espiritual lança raízes sobre a força do amor.


André Luiz

domingo, 16 de junho de 2013

ESTUDO DO LIVRO " O ESPÍRITO DA VERDADE " - MARIA J. SANCHES

HÁ UM SÉCULO
Cap. XXV – Item 2

I
Allan Kardec, o Codificador da Doutrina Espírita, naquela triste manhã de abril de 1860, estava exausto, acabrunhado.
Fazia frio.
Muito embora a consolidação da Sociedade Espírita de Paris e a promissora venda de livros, escasseava o dinheiro para a obra gigantesca que os Espíritos Superiores lhe haviam colocado nas mãos.
A pressão aumentava...
Missivas sarcásticas avolumavam-se à mesa.
Quando mais desalentado se mostrava, chega a paciente esposa, Madame Rivail – a doce Gaby –, a entregar-lhe certa encomenda, cuidadosamente apresentada.

II
O professor abriu o embrulho, encontrando uma carta singela.
E leu:
“Sr. Allan Kardec:
Respeitoso abraço.
Com a minha gratidão, remeto-lhe o livro anexo, bem como a sua história, rogando-lhe, antes de tudo, prosseguir em suas tarefas de esclarecimento da Humanidade, pois tenho fortes razões para isso.
Sou encadernador desde a meninice, trabalhando em grande casa desta capital.
Há cerca de dois anos casei-me com aquela que se revelou minha companheira ideal.Nossa vida corria normalmente e tudo era alegria e esperança, quando, no início deste ano, de modo inesperado, minha Antoinette partiu desta vida, levada por sorrateira moléstia.
Meu desespero foi indescritível e julguei-me condenado ao desamparo extremo.
Sem confiança em Deus, sentindo as necessidades do homem do mundo e vivendo com as dúvidas aflitivas de nosso século, resolvera seguir o caminho de tantos outros, ante a fatalidade...
A prova da separação vencera-me, e eu não passava, agora, de trapo humano.
Faltava ao trabalho e meu chefe,reto e ríspido, ameaçava-me com a dispensa.
Minhas forças fugiam.
Namorara diversas vezes o Sena e acabei planeando o suicídio.
“Seria fácil, não sei nadar” – pensava.
Sucediam-se noites de insônia e dias de angústia. Em madrugada fria, quando as preocupações e o desânimo me dominaram mais fortemente, busquei a Ponte Marie.
Olhei em torno, contemplando a corrente... E, ao fixar a mão
direita para atirar-me, toquei um objeto algo molhado que se deslocou da amurada, caindo-me aos pés.
Surpreendido, distingui um livro que o orvalho umedecera.
Tomei o volume nas mãos e, procurando a luz mortiça de poste vizinho, pude ler, logo no frontispício, entre irritado e curioso:
“Esta obra salvou-me a vida. Leia-a com atenção e tenha bom
proveito. – A. Laurent.”
Estupefato, li a obra O Livro dos Espíritos, ao qual acrescentei breve mensagem, volume esse que passo às suas mãos abnegadas, autorizando o distinto amigo a fazer dele o que lhe aprouver.”
Ainda constavam da mensagem agradecimentos finais, a assinatura, a data e o endereço do remetente.
O Codificador desempacotou, então, um exemplar de O Livro dos Espíritos ricamente encadernado, em cuja capa viu as iniciais do seu pseudônimo e na página do frontispício, levemente manchada, leu com emoção não somente a observação a que o missivista se referira, mas também outra, em letra firme:
“Salvou-me também. Deus abençoe as almas que cooperaram em sua publicação. – Joseph Perrier.”

III
Após a leitura da carta providencial, o Professor Rivail experimentou nova luz a banhá-lo por dentro...
Aconchegando o livro ao peito, raciocinava, não mais em termos de desânimo ou sofrimento, mas sim na pauta de radiosa esperança.
Era preciso continuar, desculpar as injúrias, abraçar o sacrifício e desconhecer as pedradas...
Diante de seu espírito turbilhonava o mundo necessitado de renovação e consolo.
Allan Kardec levantou-se da velha poltrona, abriu a janela à sua frente, contemplando a via pública, onde passavam operários e mulheres do povo, crianças e velhinhos...
O notável obreiro da Grande Revelação respirou a longos haustos e, antes de retomar a caneta para o serviço costumeiro, levou o lenço aos olhos e limpou uma lágrima...

Hilário Silva

domingo, 9 de junho de 2013

ESTUDO DO LIVRO " O ESPÍRITO DA VERDADE " - MARIA J. SANCHES

TERNURA
Cap. XIV – Item 3

Mãezinha querida.
Lembro-me de ti quando acordei para recordar.
Debruçada no meu berço,cantavas baixinho e derramavas no meu rosto pequeninas gotas de luz, que mais tarde, vim a saber serem lágrimas.
Aconchegaste-me no colo, como se me transportasses a brandos ninhos, desde então nunca mais me deixaste.
Quando os outros iam à festa, velavas comigo, ensinando-me a
pronunciar o bendito nome de Deus... Noutras ocasiões, trabalhavas de agulhas nos dedos, contando histórias de bondade e alegria para que eu dormisse sonhando...
Se eu fugia, quebrando o pente, ou se voltava da escola com a roupa em frangalhos, enquanto muita gente falava em castigos, afagavas minhas mãos entre as tuas ou beijavas os meus cabelos em desalinho.
Depois cresci, vendo-te ao meu lado, à feição de um anjo entre quatro paredes... Cresci para o mundo, mas nunca deixei de ser, em teus braços, a criança pela qual entregaste a vida.
E, até agora, dia a dia, esperas,paciente e doce, o momento em que me volto para teus olhos, sorrindo pra mim e abençoando-me sempre, ainda mesmo quando os meus problemas te retalhem o peito por lâminas de aflição!...
Hoje ouvi a música dos milhões de vozes que te engrandecem...
Quis apanhar as constelações do Céu e misturá-las ao perfume das flores que desabrocham no chão, para tecer-te uma coroa de reconhecimento e carinho, mas, como não pudesse, venho trazer-te as pétalas de amor que colhi em minh'alma.
Recebe-as Mãezinha!...Não são pérolas, nem brilhantes da Terra... São as lágrimas de ternura que Deus me deu para que te oferte o meu coração, transformado num poema de estrelas.

Meimei

domingo, 2 de junho de 2013

ESTUDO DO LIVRO " O ESPÍRITO DA VERDADE " - MARIA J. SANCHES

MATERNIDADE
Cap. XIV – Item 1

Vemos em cada manifestação da Vida determinada meta de desenvolvimento, qual anseio do próprio Deus a concretizar-se.
Na Criação, o clímax da grandeza.
Na caridade, o vértice da virtude.
Na paz, a culminância da luta.
No êxito, a exaltação do ideal.
Nos filhos, a essência do amor.
No lar, a glória da união.
De igual modo, a maternidade é a plenitude do coração feminino que norteia o progresso.
Concepção, gravidez, parto e devoção afetiva representam estações difíceis e belas de um ministério sempre divino.
Láurea celeste na mulher de todas as condições, define o interrogável recurso à existência humana, reclamando paciência e carinho, renúncia e entendimento.
Maternidade esperada.
Maternidade imprevista.
Maternidade aceita.
Maternidade hostilizada.
Maternidade socorrida.
Maternidade desamparada.
Misto de júbilo e sofrimento, missão e prova, maternidade, em qualquer parte, traduz intercâmbio de amor incomensurável, em que desponta, sublime e sempre novo, o ensejo de burilamento das almas na ascensão dos destinos.
Principais responsáveis por semelhante concessão da Bondade Infinita, as mães guardam a chave de controle do mundo.
Mães de sábios...
Mães de idiotas...
Mães felizes...
Mães desditosas...
Mães jovens...
Mães experientes...
Mães sadias...
Mães enfermas...
Ao filtro do amor que lhes verte do seio, deve o Plano Terrestre o despovoamento dos círculos inferiores da Vida Espiritual,
para que o Reino de Deus se erga entre as criaturas.
Mães da Terra! Mães anônimas!
Sois vasos eleitos para a luz da reencarnação!
Por maiores se façam os suplícios impostos à vossa frente, não recuseis vosso augusto dever, nem susteis o hálito do filhinho nascente – esperança do Céu a repontar-vos do peito!...
Não surge o berço em vosso coração por acaso.
Mantende-vos, assim, vigilantes e abnegadas, na certeza de que se muitas vezes cipoais e espinheiros são vossa herança transitória entre os homens, todas vós sereis amparadas e sustentadas pela Bênção do Amor Eterno, sempre que marchardes fiéis à Excelsa Paternidade da Providência Divina.

André Luiz

quinta-feira, 30 de maio de 2013

ESTUDO DO LIVRO " SEXO E DESTINO " - MARIA J. SANCHES E JULIANA SOLARE


CAPÍTULO  7


Duas semanas precisamente sobre o desastre em Copacabana e Marita amanheceu preparada à desencarnação.
Moreira inspirava piedade. Aqueles dias abençoados de ensinamento e dor lhe haviam alterado a vida íntima. Percebendo que a menina entrara nos derradeiros lances da decadência orgânica, chorava, consternado.
Marita desligava-se, a pouco e pouco, de toda a relação com o mundo corpóreo.
Nem mesmo o calor daquele amigo generoso que a sustentava, qual se lhe ofertasse um pulmão suplementar, a interessava mais...
Conquanto imóvel, sentia-se agora lúcida, profundamente lúcida. Os olhos que davam quase apagados; no entanto, o apoio magnético  incessante lhe descerrava a luz da visão espiritual.
Nos últimos dois dias, atingira avançada renovação. Assinalava com absoluta clareza as palestras frequentes que Cláudio mantinha com médicos e enfermeiros, gravava as preces e os comentários de Agostinho e Salomão, na hora do passe.
De começo, ao experimentar que as mãos paternas lhe asseavam o corpo, desesperava, clamando de si para consigo que não se conformava com tanta humilhação... Lançava pensamentos de revolta contra o destino que a jungia daquele modo a um homem que odiava; entretanto, à força de perceber-lhe a ternura reverente, expungindo-lhe as excreções que se lhe agarravam à epiderme ferida, acabou plantando no coração um sentimento novo.  Enterneceu-se, transfigurou-se. Ouvia-o falar em Deus e, às vezes, identificava-lhe os dedos a lhe roçarem a fronte, ao mesmo tempo que entremeava afagos  e orações... Num dos minutos comovedores em que ela cismava, sem atinar com os motivos daquela transformação, Félix aproximou-se... Acariciou-lhe paternalmente os cabelos em desalinho e disse, na convicção de quem centralizava todas as energias, a fim de sugerir-lhe, com êxito, a atitude aconselhável:
— Filha, perdoa, perdoa!...
Ela registrou, emocionada, a voz desconhecida e recordou a  mãezinha que a deixara no berço.
Sim — concluía —, somente o amor materno voltaria do túmulo para inclinar-lhe o coração incendiado à fonte da indulgência...
Perdoar — monologou — que outra coisa lhe competia fazer  diante da morte?
Sim, devia partir olvidando mágoas e afrontas... Reconhecia-se na armadura dos ossos, à feição de pinto no ovo. Tênue pancada ou breve movimento conseguiria despejá-la e deveria sair, conquanto não soubesse para onde... Por que não seguir, apagando as labaredas que lhe requeimavam os sentimentos?...
Meditou naquelas mãos que a despiam, enxugando-lhe a pele molhada para vesti-la outra vez, com o carinho apenas visto nas mães quando tocam, de manso, os filhinhos doentes, e concluiu que lhe cabia desculpar, esquecer...
Compadeceu-se, então, diante do pai irrefletido. Perdoar-lhe, sim!... Pensou nisso, com o júbilo de quem achara uma bênção... Ele agora a respeitava, limpava-a, orava... Viveria na Terra, talvez carregando amargas penas, enquanto que ela viajaria para regiões que ignorava, apegando-se, porém,à confiança naquela voz que lhe impelia o espírito atribulado à calmaria do perdão... Rememorou-lhe o pranto da noite em que lhe declarara a paixão despropositada e tocou-se de entendimento. Pobre pai aquele que nunca desfrutava refúgio no próprio lar!... Teria um cérebro normal um homem assim, varado em casa, diariamente, qual se fosse um cão infeliz? Quem poderia saber se ele se aproximara dela na condição de um enfermo buscando lenitivo que não sabia qualificar, na turvação dos próprios sentidos? Provavelmente havia recebido, na pensão de Crescina, o assalto de um louco e não a injúria de um homem!... Por que não justificar o pai que se dementara?... Reconstituiu-lhe, na memória, os gestos de brandura e de amor, nos
brincos da infância. Cláudio lhe fora o único amigo...  Se chorava em pequenina, recolhia-se-lhe ao colo, buscando o regaço de mãe que não tivera. Demorou-se a revê-lo nas telas da imaginação, transportando-a nos braços para que se distraísse, admirando os bichos do jardim zoológico... Degustava, de novo, mentalmente, os sorvetes que ele lhe adquiria, prazeroso, nas tardes de verão... Recordava, recordava.... Não, não! — bradava-lhe a consciência, o pai  não era perverso, era bom... Como recusar-lhe compaixão se Dona Márcia o abandonava, se Marina lhe evitava a presença? Decerto, sofrera muito, antes de conturbar-se... Como não exculpar a loucura de uma noite, num benfeitor de vinte anos? Por que não morrer, abençoando semelhante dedicação? De que modo condená-lo,se ele, Cláudio, prosseguia ali, paciente e abnegado, tolerando-a?...
Recordou a mãe adotiva, imaginou-se à frente da irmã e aspirou, em espírito, à reconciliação com elas... Quem afirmaria que Dona Márcia  e Marina também não estivessem sob desequilíbrios ocultos? quem diria com certeza que não fossem doentes? Naquele instante em que se harmonizava com Cláudio, queria igualmente conciliar-se com ambas. Estavam perdoadas por todas as incompreensões e, no Intimo, pedia-lhes perdão por todos os dissabores que, involuntariamente, lhes tivesse causado!... No desfile das reminiscências, Gilberto não faltou. A figura do rapaz surdiu-lhe na cabeça, envolvida das doces vibrações do sonho que lhe constituíra a luz da vida!... Não conseguiria odiar a quem amava tanto!... Gilberto
teria encontrado razões para afastar-se dela e também, naquelas reflexões graves e extremas, lhe aparecia na ternura revestido com a beleza  de um companheiro amado e limpo!...
Ao enunciar esses pensamentos, Marita sentiu-se mais leve, quase feliz!...
Intentou movimentar-se, gritar ao pai que ela o considerava um homem de bem, que não detinha motivo algum para acusá-lo, que os sucessos  na moradia de Crescina tinham sido apenas um lamentável engano, que ela realmente morreria, rogando-lhe, no entanto, viver e continuar a ser bom!... Contudo, só ao pensar no próprio so erguimento, teve a impressão de que se algemava a uma estátua.
Nenhuma reação favorável nos membros hirtos, nenhuma voz na garganta que lhe parecia de pedra; todavia, tão grande e tão heroico se  lhe externou o esforço da alma renovada, que bagas de pranto lhe rolaram dos olhos semi mortos.
Desde esse minuto solene de pacificação, começou a distinguir, vagamente, vozes e formas do plano espiritual, entre alegre e amedrontada, qual se estivesse acordando num clarão transpassado de bruma...
Fitando-lhe o semblante orvalhado de lágrimas, Nogueira, reanimado, chamou o médico.
Aquilo não seria indício de reação, de melhora?
O facultativo, porém, meneou a cabeça, circunspecto, e pediu mais tempo de observação, a fim de pronunciar-se, concluindo, no entanto, de si para consigo que a menina se achava em condição pré-agônica, transtornada, delirante...
Clareado o dia que antecedeu a noite da desencarnação,  o clínico prestimoso convidou Cláudio a entendimento e comunicou-lhe, por fim, que a moça não mais viveria muitas horas. Para a Ciência, tudo terminava... Que ele, pai afetuoso e crente, orasse segundo a fé que alimentava no coração, buscando forças...
Nogueira baixou os olhos e agradeceu, humilde. Telefonou para Agostinho e Salomão, participando-lhes o aviso.
Os amigos vieram à noitinha.
Rogou orassem por ele, queria ser digno da fé que aceitara. Pela primeira vez, pediu um passe em favor de si mesmo. Baixou os olhos e espalmou as mãos para recebê-lo, imitando o gesto de uma criança infeliz, suplicando uma esmola.
O velho farmacêutico e o negociante consolaram-no. Não seria justo reter a menina padecente num corpo qual aquele, deprimido e irrecuperável; no entanto, ao se despedirem, achavam-se ambos engasgados de emoção.
Cláudio, mais desolado que nunca, às nove horas solicitou licença para trancar-se. Queria estar só com a filha, dizer-lhe adeus. Ninguém recusou aquele favor suplicado com humildade.
Isolado à frente dela, Nogueira demorou-se a meditar... Recompunha o pretérito na memória, imaginando as estradas percorridas por ruínas das quais se via afastado para sempre. Entretanto, ao fixar a agonizante, pelo amor purificado que lhe passara a dedicar, simbolizava, na existência junto dela, o futuro de que se via distante. Entre o passado que lhe inspirava repugnância e o porvir na comunhão espiritual com a filha querida, sentia-se esmagado, sozinho...
Enternecia-nos as recônditas fibras da alma contemplar aquele homem vergado ao peso do suplício moral, fugindo a recordações para entrar em prece... Os gritos inarticulados do peito jugulado de angústia ao apelarem para Deus, no silêncio do quarto, assemelhavam-se a cânticos de dor que as lágrimas sufocavam!...
Ás onze, o irmão Félix e outros amigos, incluídos Neves e Percília, estavam conosco.
Em todos os semblantes, a expectativa discreta, com exceção de Moreira, que se agitava em pranto.
O instrutor levantou-o num gesto de brandura, comunicando-lhe que a tarefa terminara. Que não se deveria vitalizar, por mais tempo aqueles pulmões que a morte começava a enregelar. O triste amigo obedeceu, em choro convulso.
Em seguida, impondo as mãos naquela cabeça despenteada, Félix transmitiu-lhe subitâneo calor.
Marita senhoreou inopinada agilidade mental. Supunha-se reviver, renascer.
Escutava os ruídos em derredor, com extrema acuidade auditiva...
O benfeitor abeirou-se de Cláudio e segredou-lhe algo. Certo, sugeria-lhe conversar, despedir-se. Ignorando-se tocado pelo mentor espiritual, vimo-lo revestido de estranha coragem.
Nogueira ergueu-se, avançou dois passos e ajoelhou-se ao pé da agonizante...
Pousou a cabeça rente ao corpo imóvel, mas a intensa emotividade traiu-lhe as energias. O pranto abalava-lhe os membros, ao jeito de  tempestade sacudindo os galhos de um tronco prestes a cair.
Marita percebia-lhe o arfar do tórax, na escala ascendente dos soluços, e desejou acariciá-lo; contudo, os braços se lhe afiguraram parafusados à cama.
Amparado nas forças magnéticas de Félix, que passou a apoiá-lo inteiramente, Cláudio cobrou ânimo, recolheu o exemplar de O Evangelho segundo o Espiritismo», que deixara na cadeira próxima, e falou com voz trêmula: — Filha do meu coração, se você me escuta, atenda a seu pai,por piedade!...
Perdoe-me!...
Não sei se você sabe que estou transformado... Conheci Jesus,  minha filha, e sei hoje que Deus é misericórdia, que ninguém morre, ninguém... Sei que a justiça está em nós mesmos, que sofremos pelos males que praticamos, mas Deus não nos recusa o resgate!... Compreendo o mal que fiz a  você, sou um criminoso, mais nada... Pense, minha filha, no remorso que carregarei pelo resto da vida!...
Você sabe que vou agora caminhar sem ninguém, aguentando a solidão que mereço... Onde você estiver, compadeça-se de seu pai!... Confie em Jesus e nos bons Espíritos!...
Eles sabem que você não se suicidou, sabem que sou um assassino... Ah!
minha filha, pense nesta palavra assim tão triste!... Assassino! Auxilie-me a lavar esta mancha da consciência! Rogue por mim aos enviados do Cristo, para que eu tenha a força de fazer o que devo fazer!...
Cláudio fez ligeira pausa, ao ver que o rosto da filha  se cobria de lágrimas e, ansiando reconhecê-la devolvida à própria consciência para que lhe assinalasse a renovação, guardou a íntima certeza de que ela o escutava,em plena lucidez, bem dizendo-lhe os votos de melhoria. Aflito e expectante, na convicção de que estava sendo ouvido e entendido, continuou:
— Apesar de tudo, filha querida, não fique triste com minha súplica!... Sou um réu, mas tenho esperança! Veja a revelação de Jesus que eu achei!...
Em seguida, com as mãos trementes, num gesto de piedosa confiança, colocou-lhe o livro na destra inerme.
A filha desperta registrou a presença do volume sobre os dedos inteiriçados e respondeu com o pranto mais vivo, mais copioso.
Nogueira, encorajado por aquela manifestação de inteligência, levantou a voz e rogou-lhe escutasse o que tinha a dizer...
Declarando saber-se diante de amigos espirituais, que lhe testemunhariam a sinceridade, e certo de que empenhava a própria alma nas afirmações que se dispunha a formular, abriu-se à filha.
Confessou ali, diante dela, todas as faltas de que se acusava; relatou-lhe o drama de Aracélia; asseverou que sinceramente ignorava fosse ela filha dele, o que apenas viera a saber por informação de Márcia, porquanto, leviano e inconsequente qual fora, na mocidade, admitia, erroneamente, que Aracélia desempenhara o papel de companheira para vários homens; participou-lhe que a  esposa o chamara à realidade, na noite horrível em casa de Crescina; descreveu como se abatera, atormentado pelo arrependimento, desde que a vira prostrada, implorava-lhe perdão por havê-la induzido ao suicídio... Comunicou-lhe haver lido e aprendido muito sobre reencarnação, desde o primeiro dia de hospital, e asseverou-se persuadido de que ambos se achavam ligados, através de múltiplas existências; disse que a paixão alimentada por ele teria sido fruto da invigilância e da crueldade que ainda trazia no coração... Acrescentava, porém, ali, ante os padecimentos dela que lhe constituíam sentença de dor inapelável, que prometia regenerar-se, por mais áspero o reajuste...
Finda a longa exposição, que Marita assinalou, compungidamente, frase por frase, Nogueira retirou o livro da mão pequenina e descarnada, rematando em choro convulsivo:
— Tenho orado e tenho recebido a misericórdia de Deus para mim, malfeitor...
Mas se a Bondade Infinita me pode favorecer ainda com nova esmola, abençoe-me, filha querida, dê-me um sinal de benevolência, antes de partir... Se você está ouvindo o réu que sou, acompanhe-me neste desejo... Ore  também!... Rogue a Deus forças... Mova um dedo, um dedo só para que eu saiba que você perdoou a seu pai!... Não me deixe na incerteza, agora que vou recomeçar o destino, entregue às consequências de minhas próprias faltas!.
Registrando os soluços paternos, que lhe revolviam a alma, a jovem associou-se-lhe aos votos. Desejou ansiosamente, veementemente, satisfazer-lhe o pedido...
Perdão!... Perdão!... A palavra ressoava-lhe no espírito, à maneira de cântico que descesse do céu, ecoando nas paredes em torno!... Perdão!... Aquelas seis letras, enfileiradas em forma de sons, pareceram-lhe música da eternidade, que estivesse sendo executada no firmamento, em trompas de estrelas, cujos brandos acentos lhe aliviavam o coração!...
A pobre menina concentrou todas as energias num pensamento de confiança e de gratidão a Deus e rogou, mentalmente: — «Perdão, Senhor!... Perdão para meu pai, perdão para mim!... Perdão para todos os que erraram!... Perdão para todos os que caíram!... »
Aguçaram-se-lhe as percepções e sentiu-se como que banhada de alegria inefável... Contemplou Cláudio, distintamente agora,  fitou Moreira em lágrimas e, alongando a atenção mais serenamente em derredor do leito, viu-nos a todos. Félix, em silêncio, endereçou-lhe eflúvios magnéticos a determinada área cerebral, e Cláudio, atônito, viu a destra inerme levantar-se...
Agoniado e reconhecido, tomou avidamente aqueles pequenos dedos frios e quis dizer «obrigado, meu Deus!», tentando, debalde, movimentar a garganta que os soluços embargavam; contudo, em lugar da palavra dele,  foi a voz de Félix que se ergueu, de nosso lado, arrebatando nos em prece:
— Senhor Jesus, nós te agradecemos a felicidade que nos concedeste na lição do sofrimento, nestes dias de trabalho e de expectação!...
Obrigado, Senhor, pelas horas de aflição que nos clarearam a alma, pelos minutos de dor que nos despertaram as consciências! Obrigado por estas duas semanas de lágrimas que realizaram por nós o que não nos  foi possível fazer em meio século de esperança!..
Em te alçando nosso agradecimento e louvor pedimos ainda!... Lança, por misericórdia, a tua bênção na irmã que se despede e no companheiro que ficará.
Transfunde-lhes o pesar em renovação, a mágoa em regozijo!... Recebe-lhes o pranto, como sendo a oração que te elevam, aguardando-te a paz no caminho!...
Entretanto, Mestre, não te exoramos a piedade somente para eles, irmãos bem-amados, que consideramos filhos da própria alma!... Suplicamos-te arrimo para todos os que resvalaram nos enganos do sexo desorientado, quando nos ofereceste o sexo por estrela de amor a brilhar, assegurando-nos a  alegria de viver e garantindo-nos os recursos da existência!...
Consente, Senhor, possamos relacionar, diante de ti, aqueles irmãos que as convenções terrestres tantas vezes se esquecem de nomear, quando te dirigem o coração.
Abençoa os que se tresmalharam na insana ou no infortúnio, em nome do amor que não chegaram a conhecer!
Socorre nossas irmãs entregues à prostituição, já que todas  nasceram para a felicidade do lar, e corrige com tua munificência os que as impeliram para a viciação das forças genésicas; acolhe as vítimas do aborto, arrancadas violentamente ao claustro materno, dentro dos prostíbulos ou em recintos que a impunidade acoberta, e retifica, sob teu auxílio, as mães que não vacilaram asfixiar-lhes ou degolar-lhes
os corpos em formação; restaura as criaturas sacrificadas pelas deserções afetivas, que não souberam encontrar outro recurso senão o suicídio  ou o manicômio para ocultarem o martírio moral que lhes transcendeu a capacidade de resistência, e compadece-te de todos aqueles que lhes escarneceram da ternura, transformando-se, quase sempre, em carrascos sorridentes e empedernidos; protege os que renasceram desajustados, no clima da inversão, suportando constrangedoras tarefas ou padecendo inibições regenerativas, e recupera os que se reencarnaram nessa prova, sem forças para sustentar as obrigações assumidas, afogando a existência em devassidão; recolhe as crianças que foram seviciadas e renova, com
a tua generosidade, os estupradores que se animalizaram,  inconscientes; agasalha os que rolaram na desencarnação prematura, por efeito de golpes homicidas, nas tragédias da insatisfação e do desespero, e ampara os que  se lhes tornaram os verdugos padecentes, vergastados pelo remorso, seja na liberdade atenazada de angústia ou no espaço estreito dos calabouços!...
Mestre, digna-te reconduzir ao caminho justo os homens e as mulheres, nossos irmãos, que, dominados pela obsessão ou traídos pela própria fraqueza, não conseguiram manter os compromissos de fidelidade ao tálamo doméstico; reequilibra os que fazem da noite pasto à demência; conforta os que exibem mutilações e moléstias resultantes dos excessos ou dos erros passionais que praticaram nesta ou em outras existências; reabilita a cabeça desvairada dos que exploram o filão de trevas do lenocínio; regenera o pensamento insensato dos que abusam da mocidade, propinando-lhe entorpecentes; e sustenta os que rogaram antes da reencarnação as lágrimas da solidão afetiva e as receberam na Terra, por medida expiatória aos desmandos sexuais, a que se afeiçoaram, em outras vidas, e que, muitas vezes, sucumbem de inanição e desalento, em cativeiro familiar, sob o desprezo de parentes insensíveis, a cuja felicidade consagraram a juventude!...
Senhor, estende também a destra misericordiosa sobre os corações retos e enobrecidos!
Desperta os que repousam nos ajustes legais, acatados nas organizações terrestres, e esclarece os que respiram em lares, revestidos pela dignidade que mereceram, a fim de que tratem com humanidade e compaixão os que ainda não podem guardar-lhes os princípios e imitar-lhes os bons exemplos!... Ilumina o sentimento das mulheres engrandecidas pelo sacrifício e pelo trabalho, para que não desamparem aquelas outras que, até agora, ainda não conquistaram a maternidade premiada pelo respeito do mundo, e que, tantas vezes, lhes suportam a brutalidade dos filhos nos lupanares! Sensibiliza o raciocínio dos homens que
encaneceram honrados e puros, de modo a que não abandonem os jovens
desditosos e transviados!...
Senhor, não consintas que a virtude se converta em fogo no tormento dos caídos e nem permitas que a honestidade se faça gelo nos corações!...
Tu, que desceste às vielas do mundo para curar os enfermos, sabes que todos aqueles que jornadeiam na Terra, atormentados pela carência de alimentação afetiva ou alucinados pelos distúrbios do sexo, são doentes  e infelizes, filhos de Deus, necessitados de tuas mãos!...
Inspira-nos em nossas relações uns com os outros e clareia-nos o entendimento para que saibamos ser agradecidos à tua bondade, para sempre!... Quando Félix emudeceu, o compartimento demorava-se invadido pelo clarão que se lhe exteriorizava do peito; contudo, não éramos somente nós, os comandados dele, que trazíamos, ali, o espírito subjugado por intensa emoção!...
Todas as entidades desencarnadas, em serviço no estabelecimento, mesmo as que se vinculavam a outros cultos religiosos, se perfilavam à frente do acanhado recinto, discretas e atenciosas... Espíritos ignorantes e vampirizadores, em trânsito nos sítios adjacentes, acorreram para junto de nós, atraídos pelos jorros de luz solar que o aposento irradiava em todas as direções, e, muitos deles, a curta distância, baixavam a fronte, emocionados e reverentes. Aquele quarto da venerável instituição socorrista, em plena noite, na rua do Resende, assemelhava-se a fulgurante coração de alvenaria, constelado de amor!...
Cláudio nada ouvia, mas, empolgado pelas vibrações balsâmicas do ambiente, chorava, de manso, percebendo a mão gélida que se colara  às dele, afrouxando a pressão do adeus. Agoniado, fitou o semblante da filha e notou que o palor da morte nele esboçava o derradeiro sorriso... Levantou-se e cerrou,cuidadosamente, aquelas pálpebras fatigadas, orvalhando-as de lágrimas; no entanto, renteando com ele, Moreira não continha os soluços.
Telmo aplicava passes anestesiantes à jovem e um médico espiritual, que se nos incorporara ao trabalho de equipe, cortou os últimos ligamentos que ainda retinham a alma cativa ao corpo inerme.
Quando viu Marita liberta e agasalhada nos braços de Félix, figurando-se uma criança cansada e adormecida, Moreira, na aflição e na humildade dos que se olvidam integralmente, para destacarem os que mais amam,indagou, desolado: — Irmão Félix, que farei doravante, inútil como sou?
— Moreira — respondeu o instrutor, abençoando-o com o olhar —, somos uma família só.
Muito em breve, terás o necessário, de modo a retomar o  convívio de Marita, que pede agora paz e refazimento; mas, antes, somos nós os companheiros que te pedem auxílio! Marina sofre... Precisamos libertá-la. Contamos contigo como quem tudo espera de um amigo, de um irmão!...
O ex-assessor de Cláudio, ansiando patentear correta submissão, pôs-se genuflexo e deixou pender a fronte, confundido ao reconhecer que o orientador lhe rogava sanar uma brecha que ele, Moreira, havia agravado, e prometeu, em pranto, atender à obrigação que se lhe indicava. Tudo o que anelava agora, acentuou, era aprender, auxiliar, dedicar-se ao bem, trabalhar, .......
Felizes da Terra! Quando passardes ao pé dos leitos de quantos atravessam prolongada agonia, afastai do pensamento a ideia de lhes acelerardes a morte!...
Ladeando esses corpos amarrotados e por trás dessas bocas mudas, benfeitores do plano espiritual articulam providências, executam encargos nobilitantes, pronunciam orações ou estendem braços amigos!
Ignorais, por agora, o valor de alguns minutos de reconsideração para o viajor que aspira a examinar os caminhos percorridos, antes do regresso ao aconchego do lar.
Se não vos sentis capacitados a oferecer-lhes uma frase de consolação ou o socorro de uma prece, afastai-vos e deixai-os em paz!... As lágrimas que derramam são pérolas de esperança com que as luzes de outras auroras lhes rociam a face!.
Esses gemidos que se arrastam do peito aos lábios, semelhando soluços encarcerados no coração, quase sempre traduzem cânticos de alegria, à frente da imortalidade que lhes fulgura do Além!...
Companheiros do mundo, que ainda trazeis a visão limitada aos arcabouços da carne, por amor aos vossos sentimentos mais caros, dai consolo e silêncio, simpatia e veneração aos que se abeiram do túmulo! Eles não são as múmias torturadas que os vossos olhos contemplam, destinadas à lousa que a poeira carcome... São filhos do Céu, preparando o retorno à Pátria, prestes a transpor o rio da Verdade, a cujas margens, um dia, também vós chegareis!...
Ao entardecer, Agostinho e Salomão acompanharam Cláudio e os despojos da filha até ao Caju.
Cerimônia simples que a prece consagrou.
De volta, Nogueira, acabrunhado, despediu-se dos amigos,  na Cinelândia, e tomou táxi para o Flamengo.
Alcançou o prédio, subiu e, sequioso de companhia, abriu  a porta. Vasculhou peça por peça e sentiu frio no corpo e na alma...
No apartamento deserto não havia ninguém.