domingo, 14 de fevereiro de 2010

SEMANA - ESTUDO DO EVANGELHO - CAPÍTULO 10 ÍTEM 19 a 21 - MARIA J. CAMPOS



FONTE BÁSICA

KARDEC, Allan. O Evangelho Segundo o Espiritismo.


A INDULGÊNCIA 3

É PERMITIDO REPREENDER OS OUTROS, NOTAR AS IMPERFEIÇÕES DE OUTREM, DIVULGAR O MAL DE OUTREM?


1. “Ninguém sendo perfeito, seguir-se-á que ninguém tem o direito de repreender o seu próximo?”
Não é bem assim. Ocorre que há várias maneiras de se denotar os erros do próximo. Se o fazemos com o sincero propósito de contribuir para o seu progresso e agimos com moderação, é perfeitamente correta a nossa atitude e, além disso, um dever que nos compete cumprir.

Nossos atos são julgados levando em conta a nossa intenção. Se ao repreender o próximo, guardamos o propósito de denegrir a sua imagem, é claro que a nossa atitude é censurável.

2. Mesmo imbuídos de boa intenção e moderação, que outro fator devemos levar em conta ao censurar o procedimento do próximo?
Devemos, primeiramente, verificar se não adotamos o mesmo procedimento que reprovamos no próximo. Senão, onde encontrarmos a força moral necessária para repreendê-lo?

Devemos tomar para nós os conselhos que dermos aos outros. Em termos de bons procedimentos, ninguém pode exigir de outrem aquilo que não pratica.

3. Será repreensível notarem-se as imperfeições dos outros, quando daí nenhum proveito possa resultar para eles, uma vez que não sejam divulgadas?
Depende da intenção com que repreendemos. É evidente que, se elas existem, nada nos impede de notá-las, e até ai não há mal algum de nossa parte. O que será repreensível é o intuito maldoso de divulgá-las, visando ao rebaixamento do próximo.

Com relação as faltas do próximo, recomenda-nos o Evangelho que as levemos em conta, tão somente para nos servir de referencia quando da análise de nossas próprias faltas, a fim de corrigimo-nos. Nunca, porém, com o fito de denegri-lo.

4. Existe algum inconveniente de em tudo enxergar somente a manifestação do bem?
Sim, porque semelhante ilusão prejudicaria o progresso e nos impediria de aproveitar as lições que o mal traz.

O uso correto da razão, faculdade que Deus nos concede, indica-nos o certo e o errado, o bem e o mal.

5. Que proveito devemos tirar para nós das imperfeições alheias?
Elas nos alertam para o dever de auto-avaliarmos, a fim de verificar o temos a corrigir, antes de censurar os outros, sobretudo porque cada um tem o direito de agir como melhor lhe apraz.

“Precisamos nutrir o cérebro com pensamentos limpos, mas não está em nosso poder exigir que os semelhantes pensem como nós”. (Emmanuel e André Luiz/Estude e Viva – nº 22).

6. Haverá casos em que seja útil revelar o mal de outrem?
É muito delicada esta questão e, para resolvê-la, necessário se toma apelar para a caridade bem compreendida. Se as imperfeições de uma pessoa só a ela prejudicam, nenhuma utilidade haverá nunca em divulgá-la. Se, porém, podem acarretar prejuízo a terceiros, deve-se atender de preferência ao interesse do maior número. Segundo as circunstâncias, desmascarar a hipocrisia e a mentira pode constituir um dever, pois mais vale caia um homem, do que virem muitos a ser suas vítimas. Em tal caso, deve-se pesar a soma das vantagens e dos inconvenientes. - São Luís. (Paris, 1860.).

Compreender e desculpar sempre, porque todos necessitamos de compreensão e desculpa nas horas de desacerto, mas observar a coerência para que os diques da tolerância não se esbarrondem, corroídos pela displicência sistemática, patrocinando a desordem.” (Emmanuel e André Luiz/Opinião Espírita – nº 32)..

7. Que outra maneira (indireta) existe de repreender o erro do próximo, sem alardear?
Podemos demonstrar, também, a nossa reprovação ante as imperfeições do próximo, e alertá-lo para isso, através do bom exemplo que possamos dar com o nosso proceder.

Enquanto a censura – bem intencionada – consegue esclarecer e orientar, o bom exemplo convence.


Conclusão:
Antes de repreender alguém, verifiquemos se não praticamos o ato censurado: a autoridade de censura está no exemplo do bem que dá aquele que censura. Enquanto a censura bem-intencionada esclarece e orienta, o bom exemplo convence.