quarta-feira, 17 de abril de 2013

LIVRO: VOLTEI DE CHICO XAVIER PELO ESPÍRITO DE FREDERICO FIGNER

DESLIGADO ENFIM

Mais alguns instantes escoaram difíceis,  quando inopinado abalo me revolveu o  ser. Supus haver sido projetado a enorme distância. O Irmão Andrade e Marta; naturalmente prevenidos ampararam-me com mais forças.
Confesso que o choque me assaltou com tão grande violência que julguei chegado o momento de “outra morte”.
Dentro em pouco, no entanto, o coração se refez, equilibrou-se a respiração e  Bezerra surgiu, sorridente, a indagar se o desligamento ocorrera normal.
Abraçaram-me os três, satisfeitos.
Explicou-me o respeitável benfeitor que, até ali,  meu corpo espiritual fora como  que um “balão cativo”, mas doravante disporia de real liberdade interior.
Pensaria com  clareza, movimentar-me-ia sem obstáculos e deteria faculdades mais precisas.
Com efeito, não obstante sentir-me enfraquecido e sonolento,  guardava mais  segurança. Meus olhos e ouvidos, principalmente, registravam imagens e sons, com  relativa exatidão. As perturbações da hora não me afetavam com intensidade de minutos antes.
Esclareceu Bezerra que, na maioria dos casos, não seria possível libertar os desencarnados tão apressadamente, que a rápida solução do problema liberatório dependia, em grande parte, da vida mental e dos ideais a que se liga ao homem na experiência terrestre. Recomendou-me observar por mim mesmo as transformações de que era objetivo.
Examinei-me, com atenção, e reparei efetivamente que, no íntimo, me achava  fortalecido e remoçado, sem a carga de mazelas fisiológicas.   Conseguia locomover-me sem auxílio, embora imperfeitamente. Inalava o ar  com alegria e Marta notou que meu júbilo será maior e minha sensação de leveza mais fascinante, quando eu pudesse respirar o oxigênio de cima, qual nadador que bebe a água cristalina da corrente purificada, distante do tisnado líquido das margens.
Francamente, a morte do corpo fora milagroso banho de rejuvenescimento. Sentia-me alegre, robusto e feliz.
Readquirindo minhas possibilidades de analisar com exatidão, passei a refletir nos problemas de ordem material.
Como se fixaria o futuro doméstico? Que providências mobilizar a benefício de  todos? Tais indagações como que me requisitavam a mente a plano diverso.
Faleciam-me as forças de novo.
Bezerra percebeu o que se passava, bateu-me nos ombros amigavelmente, e aconselhou:
– Você conhece agora, mais que nunca, o poder do pensamento. Procure o Alto.
Compreendi a referência e modifiquei-me interiormente.