quarta-feira, 28 de novembro de 2012

LIVRO: VOLTEI DE CHICO XAVIER PELO ESPÍRITO DE FREDERICO FIGNER


TENTATIVA E APRENDIZADO

Depois de variadas experiências, vim a Pedro Leopoldo pela primeira vez, após a libertação.
Como se me afigurou diferente o grupo que eu visitara, em agosto de 
1937, em companhia do meu prezado Watson!
A casa humilde estava repleta de gente desencarnada.  Os companheiros, ao redor da mesa, eram poucos. Não excedia de vinte o  número de pessoas no recinto. As paredes como que se desmaterializavam, dando  lugar a vasto ajuntamento de almas necessitadas, que o orientador da casa, com a  colaboração de muitos trabalhadores, procurava socorrer coma palavra evangélica.
Entrei, ladeando três irmãos, recebendo abraços acolhedores.
Notando os cuidados do dirigente, prevendo as particularidades da reunião,  recordei os Espíritos controladores a que se referem comumente nossos companheiros da Inglaterra.
Estávamos perante equilibrado diretor espiritual.  Todas as experiências e 
realizações da noite permaneciam programadas.  Incontáveis fios de substância escura partiam, como riscos móveis, das  entidades perturbadas e sofredoras, tentando atingir os componentes da pequena  assembleia  de encarnados, mas, sob a supervisão do mentor do grupo, fez-se belo traço de luz, em torno do quadrado a que vocês se acolhiam, traço esse que atraía as  emanações de plúmbea cor, extinguindo-as.
Explicou-me um amigo que as pessoas angustiadas, sem o corpo físico. Em agosto de 1937, o Autor esteve pessoalmente em Pedro Leopoldo, acompanhado de um amigo. 
projetam escuros apelos, filhos da tristeza e da revolta, nas casas de fraternidade cristã em que se improvisam tarefas de auxílio.
Enquanto vocês oravam e atendiam a solicitações entre os dois mundos, observei que trabalhadores espirituais extraíam de alguns elementos da reunião; grande cópia de energias fluídicas, aproveitando-as na materialização de benefícios para os desencarnados em condições dolorosas. Não pude analisar toda a extensão do serviço que aí se processava, mas esclareceu-me dedicado companheiro que em todas  as sessões de fé religiosa, consagradas ao bem do próximo,  os cooperadores dispostos  a auxiliar com alegria são aproveitados pelos mensageiros dos planos superiores, que  retiram deles os recursos magnéticos que Reichenbach batizou por “forças ódicas”,  convertendo-os em utilidades preciosas para as entidades 
dementes e suplicantes.
Minha mente, contudo, interessava-se na aproximação com o médium, fixa na ideia de valer-se dele para contato menos ligeiro com o mundo que eu havia deixado.
Rompi as conveniências e pedi a colaboração do supervisor da casa, embora o  respeito que a presença dele me inspirava. Não me recebeu o pedido com desagrado. Tocou-me os ombros, paternalmente, e acentuou, esquivando-se:
—  Meu bom amigo, é justo esperar um pouco mais. Não temos aqui um serviço  de mero registro. Convém ambientar a organização mediúnica. A sintonia espiritual exige trato mais demorado.
Lembrei-me, então, imperfeito e egoísta que ainda sou, de André  Luiz. Ele não  fora espiritista; no entanto, começara, de pronto, o noticiário do “outro mundo”. O  diretor, liberal e compreensivo, mergulhou em mim os olhos penetrantes, como se  estivesse a ler as páginas mais íntimas de meu coração e, sem que eu enunciasse o que pensava, acrescentou, humilde:
—  Não julgue que André Luiz haja alcançado a iniciação, de improviso. 
Sofreu  muito nas  esferas purificadoras e frequentou-nos a tarefa durante setecentos dias  consecutivos, afinando-se com a instrumentalidade. Além disto, o esforço dele é  impessoal e reflete a cooperação indireta de muitos benfeitores nossos que respiram em esferas mais elevadas.
E passou a explicar-me as dificuldades, indicando os óbices que se antepunham  à ligação e relacionando esclarecimento científicos que não pude guardar de memória.
Em seguida, prometeu que me auxiliaria no instante oportuno.
Realmente, estava desapontado, mas satisfeito.
Avizinhara-me dos amigos, incapaz de fazer-me percebido; entretanto, começava a entender, não somente os empecilhos naturais no intercâmbio do desprendimento e da renúncia, na obra cristã que o Espiritismo, com Jesus está realizando em favor do mundo.

LIVRO: VOLTEI DE CHICO XAVIER PELO ESPÍRITO DE FREDERICO FIGNER


PRIMEIRAS VISITAS

As primeiras visitas que efetuei, junto aos núcleos doutrinários, 
verificaram-se  justamente no Rio. Minha atual situação, contudo, era muitíssimo reduzida. Quando no  corpo, identificava somente reduzida região de trabalho. 
Acompanhado de amigos que  me conduziam solícitos, reparava agora um mundo 
novo, de aspecto intraduzível.
As casas espiritistas, em função de estudo e socorro, eram verdadeiras 
colmeias  de entidades desencarnadas. Algumas, em serviço de benemerência 
evangélica;  outras, e em número imenso, vinham à cata de alívio e esclarecimento, 
a lembrar-nos multidões de acidentados às portas dos hospitais de emergência.
O volume das obrigações agigantou-se aos meus olhos.  Compreendi, então, de quanta abnegação temos necessidade, a fim de  perseverarmos no bem, 
até ao fim da luta, segundo os ensinamentos de Jesus.
Minha primeira impressão foi negativa. No fundo, cheguei a admitir, por alguns  instantes, a incapacidade da colaboração humana, ante a imensidão do serviço;  todavia, a palavra de companheiros experientes reergueu -me o bom ânimo.  Sementes minúsculas produzem toneladas de grãos que abastecem o mundo;  assim também, os germes da boa-vontade improvisam atividades  heroicas a edificação humana.
Essa conclusão tranquilizou-me e tive a alegria de fazer-me notado em ários  centros da doutrina, valendo-me da cooperação de alguns médiuns que me interpretaram a personalidade. As oportunidades, porém, não me ofereciam recursos ao noticiário mais completo.
Comecei a guerrear meu individualismo gritante e,  examinando a respeitabilidade dos interesses alheios, não me senti suficientemente  encorajado a interferências que redundassem ao prejuízo do bem geral.