domingo, 14 de outubro de 2012

ESTUDO DO LIVRO " O ESPÍRITO DA VERDADE " - MARIA J. SANCHES


DISCÍPULOS DE CRISTO 
Cap. VI – Item 3 

Somos discípulos do Cristo. 
Mas, repetindo com Ele a sublime afirmação: – “Pai nosso que estais no céu”, esperamos que Deus se transforme em nosso Escravo particular, atento às nossas ilusões e caprichos. 
Somos discípulos do Cristo. 
Contudo, redizendo junto a Ele as inesquecíveis palavras de submissão ao Criador: – ”Seja feita a vossa vontade”, assemelhamo-nos a vulcões de imprecações, sempre que nos sintamos contrariados na execução de pequeninos desejos. 
Somos discípulos do Cristo. 
Entretanto, refazendo com Ele a súplica ao Pai de Infinito Amor: – ”o pão de cada dia dai-nos hoje”, reclamamos a carcaça do boi e a safra do trigo exclusivamente para a nossa casa, esquecendo-nos de que, ao redor de nossa mesa insaciável, milhares de companheiros desfalecem de fome. 
Somos discípulos do Cristo. 
Todavia, depois de implorar com o Sábio Orientador à Eterna Justiça: – “perdoai as nossas dívidas”, mentalizamos, de imediato, a melhor maneira de cultivar aversões e malquerenças, aperfeiçoando, assim, os métodos de odiar os mais fortes e oprimir os mais fracos. 
Somos discípulos do Cristo. 
No entanto, mal acabamos de pedir a Deus, em companhia do Grande Benfeitor: – “Não nos deixeis cair em tentação”, procuramos, por nós mesmos, aprisionar o sentimento nas esparrelas do vício. 
Somos discípulos do Cristo. 
Contudo, rogando ao Todo-Poderoso, junto do Inefável Companheiro: – “livrai-nos de todo mal”, construímos canhões e fabricamos bombas mortíferas para arrasar a vida dos semelhantes. 
Somos discípulos do Cristo. 
Mas convertemos o próximo em alimária de nossos interesses escusos, olvidando o dever da fraternidade, para desfrutarmos, no mundo, a parte do leão. 
É por isso que somos, na atualidade da Terra, os cristãos incrédulos, que ensinam sem crer e pregam sem praticar, trazendo o cérebro luminoso e o coração amargo. 
E é assim que, atormentados por dificuldades e crises de toda espécie – aflitiva colheita de velhos males –, cada qual de nós tem necessidade de prosternar-se perante o Mestre Divino, à maneira do escriba do Evangelho, guardando n’alma o próprio sonho de felicidade, enfermiço ou semimorto, a exorar em contraditória rogativa: 
– ”Senhor, eu creio! Ajuda a minha incredulidade!” 

Jacinto Fagundes