quarta-feira, 3 de abril de 2013
LIVRO: VOLTEI DE CHICO XAVIER PELO ESPÍRITO DE FREDERICO FIGNER
DESPEDIDAS
Em muitas ocasiões colaborei nos serviços de socorro aos recém-desencarnados, mormente nas preces memorativas, mas estava longe de calculas as lutas de um “morto”.
Amargurado e aflito qual me achava, ponderei os sofrimentos dos que abandonam a experiência física sem qualquer preparação. Se eu, que consagrara longos anos aos estudos espiritualistas, encontrava óbices t ão grandes, que não correria aos homens comuns, que não cogitam dos problemas relativos à alma? Ali, à frente de meus próprios amigos, sentia-me num torvelinho de contraditórias sensações. Para quem apelar?
ATENÇÕES PERTURBADORAS
Marta afagou-me a cabeça exausta e pediu-me calma. Esclareceu que as dificuldades eram justas. Muita gente se despede do mundo carnal sem obstáculos e sem desagradáveis incidentes. Inúmeras almas dormem longuíssimos sonos, outras nada percebem, na inconsciência infantil em que vazam as impressões.
Comigo, porém, a situação se modificava. Adestrara a mente para enfrentar a grande transição, no campo de serviço ativo a que me dedicara. Convivera com os problemas do Espírito, durante muito tempo, em esforço diário. Fizera relações extensas entre encarnados e desencarnadas. E não poderia evitar que perante o corpo inerte se concentrassem manifestações mentais heterogêneas. Nem todos os pensamentos ali congregados traduziam amor e auxílio fraternais. As opiniões a meu respeito divergiam entre si, formando corrente de força menos simpáticas.
Alguns conhecidos me atiravam flores que eu não merecia, ao passo que outros me crivavam de espinhos dilacerantes.
Situava-se, pois, num quadro de impressões complexas.
As informações procediam da filha querida, em suaves esclarecimentos.
Acrescentou que não devia preocupar-me em excesso. A perturbação era passageira. Quando se dispersassem as atenções centralizadas no funeral, respiraria contente.
Contrafeito, registrei as explicações, meditando no ensinamento que recebia. A vida real para mim, agora, era a do Espírito, a que recomeçava com a extinção da carcaça física.
Que desejo experimentei de materializar-me diante de todos, rogando a esmola da oração sincera! Como suspirei pela concessão de uma oportunidade de solicitar desculpas pelas minhas fraquezas! Se os amigos presente me esquecessem os erros humanos e me auxiliassem com a prece, naturalmente o equilíbrio me beneficiaria imediatamente. Vigorosos recursos os sustentariam o coração. Mas, era tarde para ensinar atitudes íntimas, de caridade e perdão.
Pensei nos que haviam partido, antes de mim, experimentando as aflições que me assaltavam, e consolei-me. E não me esqueci de que os encarnados a ajuizaram com tanta facilidade, relativamente à minha situação, também seriam chamados, depois, à verdade espiritual, tanto quanto ocorria a mim mesmo.
Não me cabia reagir inutilmente por intermédio da angústia. O tempo é o nosso abençoado renovador.
Em muitas ocasiões colaborei nos serviços de socorro aos recém-desencarnados, mormente nas preces memorativas, mas estava longe de calculas as lutas de um “morto”.
Amargurado e aflito qual me achava, ponderei os sofrimentos dos que abandonam a experiência física sem qualquer preparação. Se eu, que consagrara longos anos aos estudos espiritualistas, encontrava óbices t ão grandes, que não correria aos homens comuns, que não cogitam dos problemas relativos à alma? Ali, à frente de meus próprios amigos, sentia-me num torvelinho de contraditórias sensações. Para quem apelar?
ATENÇÕES PERTURBADORAS
Marta afagou-me a cabeça exausta e pediu-me calma. Esclareceu que as dificuldades eram justas. Muita gente se despede do mundo carnal sem obstáculos e sem desagradáveis incidentes. Inúmeras almas dormem longuíssimos sonos, outras nada percebem, na inconsciência infantil em que vazam as impressões.
Comigo, porém, a situação se modificava. Adestrara a mente para enfrentar a grande transição, no campo de serviço ativo a que me dedicara. Convivera com os problemas do Espírito, durante muito tempo, em esforço diário. Fizera relações extensas entre encarnados e desencarnadas. E não poderia evitar que perante o corpo inerte se concentrassem manifestações mentais heterogêneas. Nem todos os pensamentos ali congregados traduziam amor e auxílio fraternais. As opiniões a meu respeito divergiam entre si, formando corrente de força menos simpáticas.
Alguns conhecidos me atiravam flores que eu não merecia, ao passo que outros me crivavam de espinhos dilacerantes.
Situava-se, pois, num quadro de impressões complexas.
As informações procediam da filha querida, em suaves esclarecimentos.
Acrescentou que não devia preocupar-me em excesso. A perturbação era passageira. Quando se dispersassem as atenções centralizadas no funeral, respiraria contente.
Contrafeito, registrei as explicações, meditando no ensinamento que recebia. A vida real para mim, agora, era a do Espírito, a que recomeçava com a extinção da carcaça física.
Que desejo experimentei de materializar-me diante de todos, rogando a esmola da oração sincera! Como suspirei pela concessão de uma oportunidade de solicitar desculpas pelas minhas fraquezas! Se os amigos presente me esquecessem os erros humanos e me auxiliassem com a prece, naturalmente o equilíbrio me beneficiaria imediatamente. Vigorosos recursos os sustentariam o coração. Mas, era tarde para ensinar atitudes íntimas, de caridade e perdão.
Pensei nos que haviam partido, antes de mim, experimentando as aflições que me assaltavam, e consolei-me. E não me esqueci de que os encarnados a ajuizaram com tanta facilidade, relativamente à minha situação, também seriam chamados, depois, à verdade espiritual, tanto quanto ocorria a mim mesmo.
Não me cabia reagir inutilmente por intermédio da angústia. O tempo é o nosso abençoado renovador.
LIVRO: VOLTEI DE CHICO XAVIER PELO ESPÍRITO DE FREDERICO FIGNER
DE RETORNO A CASA
Grande movimentação de gente se fizera em volta do lar onde meus olhos de carne se haviam cerrado para sempre.
Natural atração me impulsionava a entrar, precipitadamente. O campo doméstico reclamava-me o espírito qual poderoso ímã. Entretanto, forças desconhecidas compeliam-me a retroceder.
Registrando o fenômeno, aflito, fixei Bezerra, buscando esclarecimento.
O venerável amigo contemplou-me pacientemente e falou:
– Ainda agora, reparávamos que o veículo físico de uma senhora em nada nos afetou a organização, mas aqui somos defrontados por matéria de nosso plano, envolvendo pensamentos agressivos e desfavoráveis em massa. As projeções mentais da maioria de nossos amigos, aqui congregados, formam energias contraditórias, entre si. Alguns discutem e muitos pensam de maneira inadequada ao respeito que devemos a um companheiro em transe. Para nós, adestrados na travessia de obstáculos, esta compacta emissão de forças antagônicas não constitui barreira insuperável, mas é preciso reconhecer as condições especialíssimas do seu estado. Você ainda se acha na condição do pássaro mal saído do ninho, incapaz de voar livremente.
Regozijei-me com a explicação; contudo, indaguei, curioso:
– E seu eu insistisse?
– Teria choques sumamente desagradáveis, adiando o restabelecimento de suas forças. Toda realização útil pede exercício.
Não teimei. A simples vizinhança das conversações infundia-me pronunciado mal-estar.
Recomendou Bezerra ao Irmão Andrade e Marta me assistisse, enquanto cortaria o laço que de certa forma, ainda me retinha às vísceras cadavéricas.
O regresso a casa, com as surpresas de que se fazia acompanhar, trouxe-me penosas impressões. Esforçava-me por não cair, extenuado, ali mesmo.
Retornara a dispneia. Se o leito estivesse à minha disposição, nele buscaria, sem delonga, refúgio confortante.
Marta ajudou-me, esclarecendo que a hora se caracterizava por muita ansiedade no coração dos entes que me consagravam sincera estima na Terra, que inúmeros pensamentos de angústia convergiam sobre mim e, por isso, eu devia resistir, garantindo a tranquilidade própria.
Considerando o que ouvia, procurei acalmar-me.
As forças que me colhiam em cheio, insofreáveis e impetuosas, surpreendiam-me, dolorosamente, qual se fossem corrente elétricas. Vozes imprecisas cercavam-me os ouvidos.
Onde me encontrava? Entre amigos ou no centro de um redemoinho de energias desconhecidas, mais furiosas que as do vento forte?
O Irmão Andrade percebeu-me o desajustamento e sustentou-me nos braços com mais carinho e segurança.
Não ignorava que muitos amigos meus ali se encontravam; entretanto, apesar do imenso desejo de revê-los, via-me inibido de semelhante satisfação.
Meus olhos se mantinham turvos e minha mente jazia atormentada.
Grande movimentação de gente se fizera em volta do lar onde meus olhos de carne se haviam cerrado para sempre.
Natural atração me impulsionava a entrar, precipitadamente. O campo doméstico reclamava-me o espírito qual poderoso ímã. Entretanto, forças desconhecidas compeliam-me a retroceder.
Registrando o fenômeno, aflito, fixei Bezerra, buscando esclarecimento.
O venerável amigo contemplou-me pacientemente e falou:
– Ainda agora, reparávamos que o veículo físico de uma senhora em nada nos afetou a organização, mas aqui somos defrontados por matéria de nosso plano, envolvendo pensamentos agressivos e desfavoráveis em massa. As projeções mentais da maioria de nossos amigos, aqui congregados, formam energias contraditórias, entre si. Alguns discutem e muitos pensam de maneira inadequada ao respeito que devemos a um companheiro em transe. Para nós, adestrados na travessia de obstáculos, esta compacta emissão de forças antagônicas não constitui barreira insuperável, mas é preciso reconhecer as condições especialíssimas do seu estado. Você ainda se acha na condição do pássaro mal saído do ninho, incapaz de voar livremente.
Regozijei-me com a explicação; contudo, indaguei, curioso:
– E seu eu insistisse?
– Teria choques sumamente desagradáveis, adiando o restabelecimento de suas forças. Toda realização útil pede exercício.
Não teimei. A simples vizinhança das conversações infundia-me pronunciado mal-estar.
Recomendou Bezerra ao Irmão Andrade e Marta me assistisse, enquanto cortaria o laço que de certa forma, ainda me retinha às vísceras cadavéricas.
O regresso a casa, com as surpresas de que se fazia acompanhar, trouxe-me penosas impressões. Esforçava-me por não cair, extenuado, ali mesmo.
Retornara a dispneia. Se o leito estivesse à minha disposição, nele buscaria, sem delonga, refúgio confortante.
Marta ajudou-me, esclarecendo que a hora se caracterizava por muita ansiedade no coração dos entes que me consagravam sincera estima na Terra, que inúmeros pensamentos de angústia convergiam sobre mim e, por isso, eu devia resistir, garantindo a tranquilidade própria.
Considerando o que ouvia, procurei acalmar-me.
As forças que me colhiam em cheio, insofreáveis e impetuosas, surpreendiam-me, dolorosamente, qual se fossem corrente elétricas. Vozes imprecisas cercavam-me os ouvidos.
Onde me encontrava? Entre amigos ou no centro de um redemoinho de energias desconhecidas, mais furiosas que as do vento forte?
O Irmão Andrade percebeu-me o desajustamento e sustentou-me nos braços com mais carinho e segurança.
Não ignorava que muitos amigos meus ali se encontravam; entretanto, apesar do imenso desejo de revê-los, via-me inibido de semelhante satisfação.
Meus olhos se mantinham turvos e minha mente jazia atormentada.
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