domingo, 10 de novembro de 2013

ESTUDO DO LIVRO " O ESPÍRITO DA VERDADE " - MARIA J. SANCHES

O FILHO DO ORGULHO
Cap. VII – Item 11 

O melindre – filho do orgulho – propele a criatura a situar-se acima do bem de todos. É a vaidade que se contrapõe ao interesse geral. 
Assim, quando o espírita se melindra, julga-se mais importante que o Espiritismo e pretende-se melhor que a própria tarefa liberta-dora em que se consola e esclarece. 
O melindre gera a prevenção negativa, agravando problemas e acentuando dificuldades, ao invés  de aboli-los. Essa alergia moral demonstra má-vontade e transpira incoerência, estabelecendo moléstias obscuras nos tecidos sutis da alma. 
Evitemos tal sensibilidade de porcelana, que não tem razão de ser. 
Basta ligeira observação para encontrá-la a cada passo: 
É o diretor que tem a sua proposição refugada e se sente des-prestigiado, não mais comparecendo às assembléias. 
O médium advertido construtivamente pelo condutor da ses-são, quanto à própria educação mediúnica, e que se ressente, fugin-do às reuniões. 
O comentarista admoestado fraternalmente para abaixar o vo-lume da voz e que se amua na inutilidade. 
O colaborador do jornal que vê o artigo recusado pela redação e que se supõe menosprezado, encerrando atividades na imprensa. 
A cooperadora da assistência social esquecida, na passagem de seu aniversário, e se mostra ferida, caindo na indiferença. 
O servidor do templo que foi, certa vez, preterido na composição da mesa orientadora da ação espiritual e se desgosta por sentir-se infantilmente injuriado. 
O doador de alguns donativos cujo nome foi omitido nas citações de agradecimento e surge magoado, esquivando-se a nova cooperação. 
O pai relembrado pela professora das aulas de moral cristã, com respeito ao comportamento do filho, e que, por isso, se suscetibiliza, cortando o comparecimento da criança. 
O jovem aconselhado pelo irmão amadurecido e que se descontenta, rebelando-se contra o aviso da experiência. 
A pessoa que se sente desatendida ao procurar o companheiro de cuja cooperação  necessita, nos horários  em que esse mesmo companheiro, por sua vez, necessita de trabalhar a fim de prover a própria subsistência. 
O amigo que não se viu satisfeito ante a conduta do colega, na instituição, e deserta, revoltado,  englobando todos os demais em franca reprovação, incapaz de reconhecer que essa é a hora de auxílio mais amplo. 
O espírita que se nega ao concurso fraterno somente prejudica a si mesmo. 
Devemos perdoar e esquecer se quisermos colaborar e servir. 
A rigor, sob as bênçãos da Doutrina Espírita, quem pode dizer que ajuda alguém? Somos sempre auxiliados. 
Ninguém vai a um templo doutrinário para dar, primeiramente. 
Todos nós aí comparecemos, antes  de tudo, para receber, sejam quais forem as circunstâncias. 
Fujamos à condição de sensitivas humanas, convictos de que a honra reside na tranqüilidade da consciência, sustentada pelo dever cumprido. 
Com a humildade não há o melindre que piora aquele que o sente, sem melhorar a ninguém. 
Cabe-nos ouvir a consciência e segui-la, recordando que a suscetibilidade de alguém sempre surgirá no caminho, alguém que precisa de nossas preces, conquanto curtas ou aparentemente desnecessárias. 
E para terminar, meu irmão, imagine se um dia Jesus se melindrasse com os nossos incessantes desacertos... 

Cairbar Schutel