quinta-feira, 28 de julho de 2011

ESTUDO DO LIVRO VIDA E SEXO - FACILITADORA JULIANA SOLARE


Capítulo 20 - Controle Sexual

Interroguem friamente suas consciências todos os que são feridos no coração
pelas vicissitudes e decepções da vida; remontem, passo a passo, à origem dos males
que os torturam e verifiquem se, as mais das vezes, não poderão dizer: Se eu houvesse feito, ou deixado de fazer tal coisa, não estaria em semelhante condição. Do item 4, do Cap. V, de "O Evangelho Segundo o Espiritismo".

Existe o mundo sexual dos Espíritos de evolução primária, inçado de ligações
irresponsáveis, e existe o mundo sexual dos Espíritos conscientes, que já adquiriram conhecimento das obrigações próprias, à frente da vida; o primeiro se constitui de homens e mulheres psiquicamente não muito distantes da selva, remanescentes próximos da convivência com os brutos, enquanto que o segundo é integrado pelas consciências que a verdade já iluminou, estudantes das leis do destino à luz da imortalidade. O primeiro grupo se mantém fixado à poligamia, às vezes desenfreada, e só, muito pouco a pouco, despertará para as noções da responsabilidade no plano do sexo, através de experiências múltiplas na fieira das reencarnações. O segundo já se levantou para a visão panorâmica dos deveres que nos competem, diante de nós mesmos, e procura elevar os próprios impulsos sexuais, educando-os pelos mecanismos da contenção. Falar de governo e administração, no campo sexual, aos que ainda se desvairam em manifestações poligâmicas, seria exigir do silvícola encargos tão-somente atribuíveis ao professor universitário, razão por que será justo deter-se alguém nesse ou naquele estudo alusivo à educação sexual apenas com aqueles que se mostrem suscetíveis de entender as reflexões exatas, nesse particular. Estabelecida a ressalva, perguntemos a nós mesmos se nos seria lícito abandonar, no mundo, os compromissos de natureza afetiva, assumidos diante uns dos outros. Assim nos externamos para considerar que a ligação sexual entre dois seres na Terra envolve a obrigação de proteger a tranqüilidade e o equilíbrio de alguém que, no caso, é o parceiro ou a parceira da experiência "a dois", e, muito comumente, os "dois" se transfiguram em outros mais, na pessoa dos filhos e demais descendentes. Urge, desse modo, evitar arrastamentos no terreno da aventura, em matéria de sexo, para que a desordem nos ajustes propostos ou aceitos não venha a romper a segurança daquele ou daquela que tomamos sob nossa assistência e cuidado, com reflexos destrutivos sobre todo o grupo, em que nos arraigamos através da afinidade.
Não se trata, em nossas definições, do chamado "vínculo indissolvível" criado por leis humanas, de vez que, em toda parte, encontramos companheiros e companheiras lesados pelo comportamento de parceiros escolhidos para a vivência sexual e que, por isso mesmo, adquirem, depois de prejudicados, o direito natural de se vincularem à outra ligação ou a outras ligações subseqüentes, procurando companhia ao nível de sua confiança e respeitabilidade; reportamo-nos ao impositivo da lealdade que deve ser respondida com lealdade, seja qual for o tipo de união em que os parceiros se comuniquem sexualmente um com o outro, sustentando o equilíbrio recíproco. Considerado o exposto, os participantes da comunhão afetiva, conscientes dos deveres que assumem, precisam examinar até que ponto terão gerado as causas da indisciplina ou deserção naquele ou naquela que desistiu da própria segurança íntima para se atirar à leviandade. Justo ponderar quanto a isso, porquanto, em muitas ocorrências dessa espécie, não é somente aquele ou aquela que se revelam desleais, aos próprios compromissos, o culpado pela ruptura na ligação afetiva, mas igualmente o companheiro ou a companheira que, por desídia ou frieza, mesquinhez ou irreflexão nos votos abraçados, induz a parceira ou o parceiro a resvalarem para a insegurança, no campo do afeto, atraindo perturbações de feição e tamanho imprevisíveis.

sexta-feira, 22 de julho de 2011

ESTUDO DO LIVRO VIDA E SEXO - FACILITADORAS JULIANA SOLARE E MARIA J. SANCHES


Capítulo 19 - Amor Livre

Pergunta: Qual das duas, a poligamia ou a monogamia é mais conforme à lei
da Natureza?
Resposta: A poligamia é lei humana cuja abolição marca Progresso social.

O casamento segundo as vistas de Deus tem que se fundar na afeição dos seres que se
unem. Na poligamia, não há afeição real: há apenas sensualidade. Item n° 701, de "O
livro dos Espíritos".

Comenta-se a possibilidade de legalização das relações sexuais livres, como se fora justo escolher companhias para a satisfação do impulso genésico, qual se apontam iguarias ou vitaminas mais desejáveis numa hospedaria. Relações sexuais, no entanto, envolvem responsabilidade.
Homem ou mulher, adquirindo parceira ou parceiro para a conjunção afetiva, não conseguirá, sem dano a si mesmo, tão-somente pensar em si.
Referentemente ao assunto, não se trata exclusivamente da ligação em base do
matrimônio legalmente constituído. Se os parceiros da união sexual possuem deveres a
observar entre si, à face de preceitos humanos, voluntariamente aceitos, no plano das chamadas ligações extralegais acham-se igualmente submetidos aos princípios das Leis Divinas que regem a Natureza. Cada Espírito detém consigo o seu íntimo santuário, erguido ao amor, e Espírito algum menoscabará o "lugar sagrado" de outro Espírito, sem lesar a si mesmo. Conferir pretensa legitimidade às relações sexuais irresponsáveis seria tratar "consciências" qual se fossem "coisas", e se as próprias coisas, na condição de objetos, reclamam respeito, que se dirá do acatamento devido à consciência de cada um? É óbvio que ninguém se lembrará, em são juízo, de recomendar escravidão às criaturas claramente abandonadas ou espezinhadas pelos próprios companheiros ou companheiras a que se entregaram, confiantes; isso, no entanto, não autoriza ninguém a estabelecer liberdade indiscriminada para as relações sexuais que resultariam unicamente em licença ou devassidão. Instituído o ajuste afetivo entre duas pessoas, levanta-se, concomitantemente, entre elas, o impositivo do respeito à fidelidade natural, ante os compromissos abraçados, seja para a formação do lar e da família ou seja para a constituição de obras ou valores do espírito. Desfeitos os votos articulados em dupla, claro que a ruptura corre à conta daquele ou daquela que a empreendeu, com o aceite compulsório das consequências que advenham de semelhante resolução. Toda sementeira se acompanha de colheita, conforme a espécie.
É razoável nos lembremos disso, porquanto o autor ou autora da defecção havida, ante os princípios de causa e efeito, é considerado violador de almas, assumindo com as vítimas a obrigação de restaurá-las, até o ponto em que as injuriou ou prejudicou, ainda mesmo quando na conceituação incompleta do mundo essas criaturas tenham sido encontradas supostamente já prejudicadas ou injuriadas por alguém. O diamante no lodo não deixa de ser diamante, sem perder o valor que lhe é próprio, diante da vida. A criatura em sofrimento não deixa de ser criação de Deus, sem perder a imortalidade que lhe é própria, à frente do Universo. Que a tentação de retorno dos sistemas poligâmicos pode ocorrer habitualmente com qualquer pessoa, na Terra, é mais que natural - é justo. Em circunstâncias numerosas, o pretérito pode estar vivo nos mecanismos mais profundos de nossas inclinações e tendências. Entretanto, os deveres assumidos, no campo do amor, ante a luz do presente, devem prevalecer, acima de quaisquer anseios inoportunos, de vez que o compromisso cria leis no coração e não se danificarão os sentimentos alheios sem resultados correspondentes na própria vida. Observem-se, nos capítulos do sexo, os desígnios superiores da Infinita Sabedoria que nos orienta os destinos e, nesse sentido, urge considerar que a Vontade de Deus, na essência, é o dever em sua mais alta expressão traçado para cada um de nós, no tempo chamado "hoje". E se o "hoje" jaz viçado de complicações e problemas, a repontarem do "ontem", depende de nós a harmonia ou o desequilíbrio do "amanhã".

quinta-feira, 14 de julho de 2011

ESTUDO DO LIVRO VIDA E SEXO - FACILITADORAS JULIANA SOLARE E MARIA J. SANCHES


Capítulo 18 - Pais e Filhos

A ingratidão é um dos frutos mais diretos do egoísmo. Revolta sempre os corações honestos. Mas, a dos filhos para com os pais apresenta caráter ainda mais odioso. Do item 9, do Cap. XIV, de "O Evangelho Segundo o Espiritismo".

Trazida a reencarnação para os alicerces dos fenômenos sócio-domésticos, não é somente a relação de pais para filhos que assume caráter de importância, mas igualmente a que se verifica dos filhos para com os pais. Os filhos não pertencem aos pais; entretanto, de igual modo, os pais não pertencem aos filhos. Os genitores devem especial consideração aos que agridem os filhos e tentam escravizá-los, qual se lhes fossem objeto de propriedade exclusiva; todavia, encontramos, na mesma ordem de frequência, filhos que agridem os pais e buscam escravizá-los, como se os progenitores lhes constituíssem alimárias domésticas. A reencarnação traça rumos nítidos ao mútuo respeito que nos compete de uns para com os outros. Entre pais e filhos, há naturalmente uma fronteira de apreço recíproco, que não se pode ultrapassar, em nome do amor, sem que o egoísmo apareça, conturbando-lhes a existência. Justo que os pais não interfiram no futuro dos filhos, tanto quanto justo que os filhos não interfiram no passado dos pais. Os pais não conseguem penetrar, de imediato, a trama do destino que os princípios cármicos lhes preservam aos filhos, no porvir, e os filhos estão inabilitados a compreender, de pronto, o enredo das circunstâncias em que se mergulharam seus pais, no pretérito, a fim de que pudessem volver, do Plano Espiritual ao renascimento no Plano Físico. Unicamente no mundo das causas, após a desencarnação, ser-lhes-á possível o entendimento claro, acerca dos vínculos em que se imanizam. Invoque-se, à vista disso, o auxílio de religiosos, professores, filósofos e psicólogos, a fim de que a excessiva agressividade filial não atinja as raias da perversidade ou da delinqüência para com os pais e nem a excessiva autoridade dos pais venha a violentar os filhos, em nome de extemporânea ou cruel desvinculação. Pais e filhos são, originariamente, consciências livres, livres filhos de Deus empenhados no mundo à obra de autoburilamento, resgate de débitos, reajuste, evolução. As leis da vida englobam-lhes a individualidade no mesmo alto gabarito de consideração. Nunca é lícito o desprezo dos pais para com os filhos e vice-versa. Não configuramos no assunto qualquer aspecto lírico na temática afetiva. Apresentamos, sumariamente, princípios básicos do Universo. A existência terrestre é muito importante no progresso e no aperfeiçoamento do Espírito; no entanto, ao mesmo tempo, é simples estágio da criatura eterna no educandário da experiência física, à maneira de estudante no internato.
Os pais lembram alunos, em condições mais avançadas de tempo, no currículo de lições, ao passo que os filhos recordam aprendizes iniciantes, quando surgem na arena de serviço terrestre, com acesso na escola, sob o patrocínio dos companheiros que os antecederam, por ordem de matrícula e aceitação. E que os filhos jamais acusem os pais pelo curso complexo ou difícil em que se vejam no colégio da existência humana, porquanto, na maioria das ocasiões, foram eles mesmos, os filhos, que, na condição de Espíritos desencarnados, insistiram com os pais, através de afetuoso constrangimento ou suave processo obsessivo, para que os trouxessem, de novo, à oficina de valores físicos, de cujos instrumentos se mostravam carecedores, a fim de seguirem rumo correto, no encalço da própria emancipação.

quinta-feira, 7 de julho de 2011

ESTUDO DO LIVRO VIDA E SEXO - FACILITADORAS JULIANA SOLARE E MARIA J. SANCHES


Capítulo 17 - Aborto

Pergunta - Constitui crime a provocação do aborto, em qualquer período de
gestação?

Resposta - Há crime sempre que transgredis a lei de Deus.
Uma mãe, ou quem quer que seja, cometerá crime sempre que tirar a vida a uma criança antes do seu nascimento, por isso que impede uma alma de passar pelas
provas a que serviria de instrumento o corpo que se estava formando. Item n° 358, de
"O Livro dos espíritos".


Falamos naturalmente acerca de relações internacionais, sociais, públicas, comerciais, clareando as obrigações que elas envolvem; no entanto, muito freqüentemente marginalizamos as relações sexuais - aquelas em que se fundamentam quase todas as estruturas da ação comunitária. Esquece-se, habitualmente, de que o homem e a mulher, via de regra, experimentam instintivo horror à solidão e que, à vista disso, a comunhão sexual reclama segurança e duração para que se mostre assente nas garantias necessárias. Impraticável, sem dúvida, impor a continuidade da ligação entre duas criaturas, a preço de violência; no entanto, à face das contingências e contratempos pelos quais o carro da união esponsalícia deve passar pelas estradas do mundo, as leis da vida, muito sabiamente, estabelecem nos filhos os elos da comunhão entre os cônjuges, atribuindo-lhes a função de fixadores da organização familiar; com a colaboração deles, os deveres do companheiro e da companheira, no campo da assistência recíproca, se revelam mais claramente perceptíveis e o lar se alteia por escola de aperfeiçoamento e de evolução, em marcha para a aquisição de mais amplos valores do espírito, no Mundo Maior. De odos os institutos sociais existentes na Terra, a família é o mais importante, do ponto de vista dos alicerces morais que regem a vida. É pela conjunção sexual entre o homem e a mulher que a Humanidade se perpetua no Planeta; em virtude disso, entre pais e filhos residem os mecanismos da sobrevivência humana, quanto à forma física, na face do orbe. Fácil entender que é assim justamente que nós, os espíritos eternos, atendendo aos impositivos do progresso, nos revezamos na arena do mundo, ora envergando a posição de pais, ora desempenhando o papel de filhos, aprendendo, gradativamente, na carteira do corpo carnal, as lições profundas do amor - do amor que nos soerguerá, um dia, em definitivo, da Terra para os Céus. Com semelhantes notas, objetivamos tão-só destacar a expressão calamitosa do aborto criminoso, praticado exclusivamente pela fuga ao dever. Habitualmente - nunca sempre – somos nós mesmos quem planifica a formação da família, antes do renascimento terrestre, com o amparo e a supervisão de instrutores beneméritos, à maneira da casa que levantamos no mundo, com o apoio de arquitetos e técnicos distintos. Comumente chamamos a nós antigos companheiros de aventuras infelizes, programando-lhes a volta em nosso convívio, a prometer-lhes socorro e oportunidade, em que se lhes reedifique a esperança de elevação e resgate, burilamento e melhoria. Criamos projetos, aventamos sugestões, articulamos providências e externamos votos respeitáveis, englobando-nos com eles em salutares compromissos que, se observados, redundarão em bênçãos substanciais para todo o grupo de corações a que se nos vincula a existência. Se, porém, quando instalados na Terra, anestesiamos a consciência, expulsando-os de nossa companhia, a pretexto de resguardar o próprio conforto, não lhes podemos prever as reações negativas e, então, muitos dos associados de nossos erros de outras épocas, ontem convertidos, no Plano Espiritual, em amigos potenciais, à custa das nossas promessas de compreensão e de auxílio, fazem-se hoje - e isso ocorre bastas vezes, em todas as comunidades da Terra - inimigos recalcados que se nos entranham à vida íntima com tal expressão de desencanto e azedume que, a rigor, nos infundem mais sofrimento e aflição que se estivessem conosco em plena experiência física, na condição de filhos-problemas, impondo-nos trabalho e inquietação. Admitimos seja suficiente breve meditação, em torno do aborto delituoso, para reconhecermos nele um dos grandes fornecedores das moléstias de etiologia obscura e das obsessões catalogáveis na patologia da mente, ocupando vastos departamentos de hospitais e prisões.

quarta-feira, 6 de julho de 2011

ESTUDO DO LIVRO DESOBSESSÃO DE CHICO XAVIER E WALDO VIEIRA POR ANDRÉ LUIZ



27 - LIVROS PARA LEITURA

Os livros para leitura preparatória no grupo serão, de preferência:
1. «O Evangelho segundo o Espiritismo».
2. «O Livro dos Espíritos».
3. Uma obra subsidiária que comente os princípios kardequianos à luz dos ensinamentos do Cristo.
Bastarão esses recursos, porqüanto neles sintonizar-se-ão os assistentes no mesmo padrão de pensamento, em torno dos temas vitais do Espiritismo Cristão, compondo clima vibratório adequado ao trabalho em mira.
«O Livro dos Médiuns» e obras técnicas correlatas não devem ser lidos nas reuniões de desobsessão, mas sim em oportunidades adequadas, referidas nos capítulos 66 e 72.

ESTUDO DO LIVRO LIBERTAÇÃO - CAPÍTULO 11 - JULIANA SOLARE



Valiosa Experiência

Atento à sugestão do médico amigo, no dia imediato pela manhã dispôs-se Gabriel a conduzir a esposa ao exame de afamado professor em ciências psíquicas, no intuito de conseguir-lhe cooperação benfazeja.
Pude reparar, então, que a liberdade dos homens, no terreno da consulta, é quase irrestrita, porqüanto, de nosso lado, Gúbio demonstrou profundo desagrado, asseverando-me, discreto, que tudo faria por impedir a providência que somente seria profícua e aconselhável, a seu parecer, através de autoridade diferente no assunto.
O professor indicado era, segundo a opinião do nosso desvelado orientador, admirável expoente de fenômenos, portador de dons medianímicos notáveis, mas não oferecia proveito substancial aos que se acercassem dele, por guardar a mente muito presa aos interesses vulgares da experiência terrestre.
— Fazer psiquismo — falou-me o Instrutor, em voz quase imperceptível — é atividade comum, tão comum quanto qualquer outra, O essencial édesenvolver trabalho santificante. Visitar medianeiros de reconhecida competência no trato entre os dois mundos, senhores de faculdades magníficas no setor informativo, é o mesmo que entrar em contacto com os donos de soberba fortuna. Se o detentor de tão grandes bens não se acha interessado em gastar os recursos de que dispõe, a favor da felicidade dos semelhantes, o conhecimento e o dinheiro apenas lhe agravarão os compromissos no egoísmo praticado, na distração inoperante ou na perda lamentável de tempo.
Apesar da oportuna observação, notamos que o esposo da obsidiada não oferecia receptividade mental que nos favorecesse a modificação desejável.
Todo o nosso esforço sutil para colocá-lo noutro caminho redundou em fracasso. Gabriel não sabia cultivar a meditação.
Embora visivelmente preocupado, comentou o orientador:
— De qualquer modo, aqui nos achamos para ajudar e servir. Acompanharemos o casal nessa nova aventura.
Em breve tempo, entraríamos em contacto com o psiquista lembrado.
Com muito interesse, como quem sabia, de antemão, os sucessos que se desdobrariam, Saldanha acompanhou as mínimas providências, sem desagarrar-se da jovem senhora.
Alguns minutos antes das onze do dia, encontrávamo-nos todos em vasto salão de espera, aguardando a chamada.
Mais três grupos de pessoas ali se congregavam em ansiosa espera.
Demorava-se o professor em gabinete isolado, atendendo a enfermo mental que se revelava, de longe, pelas frases desconexas que proferia em alta voz.
Reparei que os presentes se faziam seguidos de grande número de desencarnados. Para definir corretamente, a casa inteira mais se assemelhava a larga colmeia de trabalhadores sem corpo físico.
Entidades de reduzida expressão evolutiva iam e vinham, prestando pouca atenção à nossa presença.
Em vista da férrea disposição de Saldanha, no sentido de manter Margarida sob severa custódia pessoal, o nosso Instrutor, alegando interesse na sondagem do ambiente, afastou-se um tanto, em nossa companhia, detendo-se no exame acurado dos consulentes.
Acercamo-nos de acolhedora poltrona, em que um cavalheiro de idade madura, dando mostras de evidente moléstia nervosa, permanecia ladeado por dois rapazes. Suor frio lhe banhava a fronte e extrema palidez, com traços de terror, lhe exteriorizava a lipotimia. Revelava-se torturado por visões pavorosas no campo íntimo, somente acessíveis a ele mesmo. Registrei-lhe as perturbações cerebrais e vi, sob forte assombro, as várias formas ovóides, escuras e diferençadas entre si, aderindo-lhe à organização perispirítica. Achava-me interessado em que o nosso Instrutor se pronunciasse. Gúbio observava-o meticulosamente, decerto nos preparando valiosos ensinamentos. Transcorridos alguns instantes, falou-nos em voz sumida:
— Vejamos a que calamidades fisiológicas podem os distúrbios da mente conduzir um homem. Temos sob nosso olhar um investigador da polícia em graves perturbações. Não soube deter o bastão da responsabilidade. Dele abusou para humilhar e ferir. Durante alguns anos, conseguiu manter o remorso a distância; todavia, cada pensamento de Indignação das vítimas passou a circular-lhe na atmosfera psíquica, esperando ensejo de fazer-se sentir. Com a maneira cruel de proceder atraiu, não só a ira de muita gente, mas também a convivência constante de entidades de péssimo comportamento que mais lhe arruinaram o teor de vida mental. Chegado o tempo de meditar sobre os caminhos percorridos, na intimidade dos primeiros sintomas de senectude corporal, o remorso abriu-lhe grande brecha na fortaleza em que se entrincheirava. As forças acumuladas dos pensamentos destrutivos que provocou para si mesmo, através da conduta irrefletida a que se entregou levianamente, libertadas de súbito pela aflição e pelo medo, quebraram-lhe a fantasiosa resistência orgânica, quais tempestades que se sucedem furiosas, esbarrondando a represa frágil com que se acredita conter o impulso crescente das águas.
Sobrevindo a crise, energias desequilibradas da mente em desvario vergastaram-lhe os delicados órgãos do corpo físico. Os mais vulneráveis sofreram consequências terríveis. Não apenas o sistema nervoso padece tortura incrível: o fígado traumatizado inclina-se para a cirrose fatal.
Sentindo-nos as interrogações silenciosas do olhar, quanto à solução possível naquele enigma doloroso, o orientador acentuou:
— Este amigo, no fundo, está perseguido por si mesmo, atormentado pelo que fez e pelo que tem sido. Só a extrema modificação mental para o bem poderá conservá-lo no vaso físico; uma fé renovadora, com esforço de reforma persistente e digna da vida moral mais nobre, conferir-lhe-á diretrizes superiores, dotando-o de forças imprescindíveis à auto-restauração. Permanece dominado pelos quadros malignos que improvisou em gabinetes isolados e escuros, pelo simples gosto de espancar infelizes, a pretexto de salvaguardar a harmonia social. A memória é um disco vivo e milagroso. Fotografa as imagens de nossas ações e recolhe o som de quanto falamos e ouvimos... Por intermédio dela, somos condenados ou absolvidos, dentro de nós mesmos.
O assunto era sedutor, mas, talvez para não acordar demasiada atenção em Saldanha e em outros Espíritos menos educados que nos contemplavam curiosamente, Gúbio passou a reparar conosco outro caso.
Abeiramo-nos de um divã, em que respeitável senhora se sentava ao lado de jovem clorótica, parecendo-me avó e neta. Dois Espíritos de aspecto sinistro rodeavam a menina, qual se devesse estar custodiada por guardas tirânicos.
A matrona aflitivamente aguardava o instante da consulta. A jovem, que proferia disparates, não falava por si. Fios tênues de energia magnética ligavam-lhe o cérebro à cabeça do irmão infeliz que se lhe mantinha à esquerda. Achava-se absolutamente controlada pelos pensamentos dele, à maneira de magnetizado e magnetizador. A doente ria sem propósito e conversava a esmo, reportando-se a projetos de vingança, com todas as características de idiotia e inconsciência.
Gúbio examinou-a com a atenção habitual e informou:
— Encontramos aqui doloroso drama do passado. A vida não pode ser considerada na conta estreita de uma existência carnal. Abrange a eternidade. É infinita nos séculos infinitos. Esta menina comprometeu-se gravemente no pretérito. Desposou um homem e desviou-lhe o irmão para vicioso caminho. O primeiro suicidou-se e o segundo asilou-se no fundo vale da loucura. Ei-los, presentemente, ao lado dela para deplorável vinda. Na atualidade, a avôzinha preparou-lhe um casamento nobre, receando deixá-la no mundo entregue a si própria; entretanto, em vésperas de concretização do plano benéfico, ambas as vítimas de outro tempo, mentalmente cristalizadas no propósito de desforra, buscam impedir-lhe a união esponsalicia. O ex-marido ultrajado, em fase primária de evolução, ainda não conseguiu esquecer-lhe a falta e ocupa-lhe os centros da fala e do equilíbrio. Enche-lhe a mente de ideias dele, subjuga-a e requisita-lhe a presença na esfera em que se encontra. Permanece a pobrezinha saturada de fluidos que lhe não pertencem. Certamente já peregrinou por diversos consultórios de psiquiatria, sem resultado, e vem até aqui procurando socorro.
— Encontrará remédio adequado? — interrogou Elói, sob forte impressão.
— Não me parece muito bem encaminhada — elucidou o nosso dirigente, sem presunção. Exige renovação interior e, ao que acredito, não obterá nesta casa senão ligeiro paliativo. Em casos de obsessão como este, em que a paciente ainda pode reagir com segurança, faz-se indispensável o curso pessoal de resistência. Não adianta retirar a sucata que perturba um imã, quando o próprio ímã continua atraindo a sucata.
Efetivamente, seríamos singularmente favorecidos por ensinanlentos novos se persistíssemos no estudo em foco; todavia, Saldanha, de longe, nos endereçava olhar indagador e era preciso seguir adiante.
Buscamos o recanto mais escuro do salão, onde dois homens, em idade madura, se mantinham em silêncio. De imediato, reconhecemos que um deles guardava indiscutível desequilíbrio orgânico. Muito pálido e abatido, demonstrava sinais de profunda inquietação.
Junto deles se encontrava uma entidade desencarnada, de humilde aspecto. Tomei-a por parte integrante da vasta coleção de Espíritos perturbados que ali funcionava; entretanto, com agradável surpresa para mim, dirigiu-se a Gúbio, exclamando de maneira discreta:
— Já lhes identifiquei, pelo tom vibratório, a posição de amigos do bem.
Indicando o enfermo, acentuou:
— Venho aqui na defesa deste amigo. Segundo estarão informados, dispomos no recinto de vigoroso operador mediúnico, sem iluminação interior de maior vulto. Assalariou ele algumas dezenas de Espíritos desencarnados, de educação incipiente, que lhe absorvem az emanações e trabalham cegamente sob suas ordens, tanto para o bem quanto para o mal.
Sorrindo, acrescentou:
— Nesta casa, o enfermo não é amparado pelo socorrista de que se vem valer e, sim, pela assistência espiritual edificante de que possa desfrutar.
E porque eu indagasse, com respeito ao doente, explicou, gentil:
— Este companheiro é austero administrador de serviços públicos. Na condição de mordomo e disciplinador, incapaz de usar o algodão da ternura em feridas alheias, adquiriu ódios gratuitos e silenciosas perseguições que lhe vergastam a mente, sem cessar, desde muitos anos, com perigosos reflexos no sistema circulatório, zona menos resistente do seu cosmos físico. Lutando, desassombrado, por reajustar a concepção de funcionários relapsos, mas sem armas de amor na própria defensiva, apresenta consideráveis prejuízos nas veias coronárias. Semelhantes ataques de forças imponderáveis visaram-lhe igualmente o fígado e o baço, que se revelam em lamentáveis condições. Acontece, porém, que a grande corrente de perseguidores, despertados por sua ação enérgica e educativa, conseguiu insinuar nos médicos, que o assistem, a necessidade de uma intervenção na vesícula biliar, preparando-se-lhe, com isso, um choque operatório, que lhe imporá a morte inesperada do corpo. O plano foi admiravelmente bem delineado. Entretanto, pelo bem que existe no fundo da severidade com que o nosso companheiro tem agido, buscaremos socorrê-lo através do médium que deliberou visitar. Recebi instruções, no sentido de obstar a operação cirúrgica e confio na vitória de minha tarefa.
Francamente, eu gostaria de levar a efeito um exame no paciente, para verificar até que ponto havia sofrido os golpes mentais em serviço, mas o olhar de Gúbio se fizera imperativo.
Cabia-nos a execução de deveres importantes e precisávamos retornar ao Saldanha. O problema de Margarida era complexo e competia-nos enfrentar-lhe a solução, de ânimo firme.
O obsessor da infortunada senhora, sentindo-nos o concurso espontâneo, acolheu-nos sem desconfiança.
Assumindo ares de pessoa superinteligente, comunicou ao nosso Instrutor que resolvera solicitar a neutralidade dos servos espirituais do professor operante. Com fina sagacidade asseverou que era necessário evitar a piedade do médium e confundir-lhe as observações, através de todos os recursos possíveis.
Em seguida à elucidação que me surpreendeu, rogou a presença de um dos colaboradores mais influentes e apareceu diante de nós a esquisita figura de um anão de semblante enigmático e expressivo.
Expedito, Saldanha pediu-lhe cooperação sem rebuços, esclarecendo que o operador da casa não deveria penetrar o problema de Margarida, na intimidade. Prometia-lhe, em troca do favor, não só a ele, mas também a outros auxiliares no assunto excelente remuneração em colônia não distante. E descreveu-lhe, com largas promessas quanto lhe poderia proporcionar em regalo e prazeres no cortiço de entidades perturbadas e ignorantes, onde conhecêramos Gregório.
O serviçal manifestou indisfarçado contentamento e assegurou que o médium não perceberia patavinas.
Com justificada curiosidade, acompanhei o desenrolar dos acontecimentos.
Logo à entrada do gabinete, percebi que a oficina não inspirava segura confiança.
O professor pôs-se imediatamente a combinar o preço do trabalho de que se encarregaria, exigindo adiantadamente de Gabriel significativo pagamento. O intercâmbio ali, entre as duas esferas, se resumia a negócio tão comum quanto outro qualquer.
Sem detença, reconheci que o médium, se podia controlar, de algum modo, os Espíritos que se alimentavam de seu esforço, era também facilmente controlado por eles.
O recinto jazia repleto de entidades em fase primária de evolução.
Saldanha, excessivamente atarefado, anunciou-nos que presidiria, de perto, aos trâmites da ação mediúnica, notificando-nos, prazeroso, que lhe fora hipotecada plena ajuda das entidades ali dominantes.
Em razão disso, podíamos analisar os fatos, em companhia de Gúbio, recolhendo preciosa lição.
Depois de visivelmente satisfeito no acordo financeiro estabelecido, colocou-se o vidente em profunda concentração e notei o fluxo de energias a emanarem dele, através de todos os poros, mas muito particularmente da boca, das narinas, dos ouvidos e do peito. Aquela força, semelhante a vapor fino e sutil, como que povoava o ambiente acanhado e reparei que as individualidades de ordem primária ou retardadas, que coadjuvavam o médium em suas incursões em nosso plano, sorviam-na a longos haustos, sustentando-se dela, quanto se nutre o homem comum de proteína, carboidratos e vitaminas.
Examinando a paisagem, Gúbio esclareceu-nos em voz imperceptível aos demais:
— Esta força não é patrimônio de privilegiados. É propriedade vulgar de todas as criaturas, mas entendem-na e utilizam-na sômente aqueles que a exercitam através de acuradas meditações.
É o “spiritus subtilissimus” de Newton, o “fluido magnético” de Mesmer e a “emanação ódica” de Rei chenbach. No fundo, é a energia plástica da mente que a acumula em si mesma, tomando-a ao fluido universal em que todas as correntes da vida se banham e se refazem, nos mais diversos reinos da natureza, dentro do Universo. Cada ser vivo éum transformador dessa força, segundo o potencial receptivo e irradiante que lhe diz respeito. Nasce o homem e renasce, centenas de vezes, para aprender a usá-la, desenvolvê-la, enriquecê-la, sublimá-la, engrandecê-la e divinizá-la.
Entretanto, na maioria das vezes, a criatura foge à luta que interpreta por sofrimento e aflição, quando é inestimável recurso de auto-aprimoramento, adiando a própria santificação, caminho único de nossa aproximação do Criador.
Vendo a cena que se desenrolava, ponderei:
— É forçoso convir, porém, que este vidente é vigoroso na instrumentalidade. Permanece em perfeito contacto com os Espíritos que o assistem e que encontram nele sólido sustentáculo.
— Sim — confirmou o orientador, sereno —, mas não vemos aqui qualquer sinal de sublimação na ordem moral, O professor de relações com a nossa esfera, inabordável, por enquanto, ao homem comum, sintoniza-se com as emissões vibratórias das entidades que o acompanham em posição primitivista, pode ouvir-lhes os pareceres e registrar-lhes as considerações. Entretanto, isto não basta. Desfazer-se alguém do veículo de carne não é iniciar-se na divindade. Há bilhões de Espíritos em evolução que rodeiam os homens encarnados, em todos os círculos de luta, muito inferiores, em alguns casos, a eles mesmos e que, fàcilmente, se convertem em instrumentos passivos dos seus desejos e paixões. Daí, o imperativo de muita capacidade de sublimação para quantos se consagram ao intercâmbio entre os dois mundos, porque, se a virtude é transmissível, os males são epidêmicos.
Nesse ínterim, reparamos que o médium, desligado do corpo físico, se punha a ouvir, atencioso, justamente a argumentação do assalariado mais inteligente, cuja cooperação Saldanha requisitara.
— Volte, meu amigo — asseverava, jactancioso, ao médium desdobrado —, e diga ao esposo de nossa irmã doente que o caso orgânico é simples. Bastar-lhe-á o socorro médico.
— Não é uma obsidiada vulgar? — inquiriu o médium, algo hesitante.
— Não, não, isto não! Esclareça o problema. O enigma é de medicina comum. Sistema nervoso em frangalhos. Esta senhora é candidata aos choques da casa de saúde. Nada mais.
— Não seria lícito algo tentar em favor dela? — tornou o psiquista, sensibilizado.
O interpelado riu-se numa tranquilidade de pasmar e rematou:
— Ora, ora, você deve saber que, individualmente, cada criatura tem o seu próprio destino. Se nosso concurso fôsse eficiente, não teria gosto para tergiversações. Não há tempo a perder.
A essa altura, Saldanha endereçava-lhe um sorriso de satisfação, aprovando o alvitre e fazendo-nos sentir como é possível enganar a muitos, quando o homem apenas confia na estreiteza da sua própria observação.
Perante o quadro que nos era dado apreciar, ousei dirigir-me discretamente a Gúbio, indagando:
— Não nos achamos diante de autêntica manifestação espiritista?
— Sim — confirmou em tom grave —, à frente de legítimo fenômeno dentro do qual uma individualidade encarnada recebe os pareceres de outra, ausente do envoltório carnal. Entretanto, André, os companheiros de ideal cristão, corporificados na Crosta da Terra, vão compreendendo agora que o fenômeno em si é tão rebelde quanto o rio encachoeirado que rola a esmo, sem comportas, sem disciplina. Jamais endossaremos um Espiritismo dogmático e intolerante. É imprescindível, porém, que o clima da prece, da renúncia edificante, do espírito de serviço e fé renovadora, através de padrões morais nobilitantes, constitua a nota fundamental de nossas atividades no psiquismo transformador, a fim de que nos encontremos, realmente, num serviço de elevação para o Supremo Pai. Temos aqui um médium de possibilidades ricas e extensas, que, pelo simples comércio vulgar a que reduziu a movimentação de suas faculdades, não acorda impressões construtivas naqueles que o buscam. Pode ser um cooperador valioso em certas circunstâncias, mas não é o trabalhador ideal, suscetível de provocar o interesse dos grandes benfeitores da Vida Superior. Estes não se animariam a comprometer grandes instruções por intermédio de servidores, bem intencionados embora, que não vacilam em vender as essências divinas em troca de recursos amoedados da luta comum. O caminho da oração e do sacrifício é, portanto, indispensável ainda a quantos se propõem dignificar a vida. A prece sentida aumenta o potencial radiante da mente, dilatando-lhe as energias e enobrecendo-as, enquanto a renúncia e a bondade educam a todos os que se lhes acercam da fonte, enraizada no Sumo Bem. Não basta, dessa maneira, exteriorizar a força mental de que todos somos dotados e mobilizá-la. É indispensável, acima de tudo, imprimir-lhe direção divina. É por esta razão que pugnamos pelo Espiritismo com Jesus, única fórmula de não nos perdermos em ruinosa aventura.
Compreendi os preciosos argumentos do Instrutor, pronunciados à meia voz, e, extremamente impressionado, guardei respeitoso silêncio.
O vidente retomou a gaiola física, finalizando a operação simplesmente técnico-mecânica de contacto com a nossa esfera, sem qualquer resultado no capítulo de elevação espiritual que lhe melhorasse o ambiente. Abriu os olhos, reajustou-se na cadeira e informou a Gabriel que o problema seria solucionado com a colaboração da psiquiatria. Comentou a situação precária dos nervos da doente e chegou a indicar um especialista de seu conhecimento para que novo método de cura fôsse tentado.
O casal agradeceu, comovidamente, e, enquanto se articulavam as despedidas, o professor recomendou à enferma resistência e cautela, ante os estados mentais depressivos.
A jovem senhora recebeu as observações com o desencanto e a dor de quem se sente alvejado pelo sarcasmo, e partiu.
Saldanha, à nossa vista, abraçou os cooperadores, que tão bem haviam desempenhado a deplorável tarefa, combinou ocasião de encontro amistoso, a fim de comemorarem o que se lhes figurava significativo triunfo e, em seguida, notificou-nos em voz firme:
— Vamos, amigos! quem começa a vingança deve marchar seguro até ao fim.
Endereçou-lhe Gúbio triste sorriso, com que disfarçava a aflição extrema, e acompanhou-o, humildemente.