domingo, 20 de novembro de 2011

SEMANA - ESTUDO DO EVANGELHO CAPÍTULO 24 ÍTENS 1 a 5 - MARIA J. CAMPOS


FONTE BÁSICA

KARDEC, Allan. O Evangelho Segundo o Espiritismo.

NÃO PONHAIS A CANDEIA DEBAIXO DO ALQUEIRE

1. Qual o sentido da frase “(...) não se acende uma candeia para pô-la debaixo do alqueire”?

Significa que, assim como não se acende uma luz senão para dissipar a escuridão e iluminar o ambiente, do mesmo modo aquele que possui o conhecimento das leis divinas não deve guardá-lo para si, mais divulgá-la através da palavra e, sobretudo, do exemplo.

Os que conhecem as leis divinas deverão divulgá-las para o maior número possível de criaturas. Não espalhar os conhecimentos espirituais é esconder egoisticamente a luz que poderia beneficiar a muitos.

2. Por que “nada há secreto que não haja de ser descoberto”?


Porque tudo que se acha oculto será descoberto um dia, e o que o homem ainda não pode compreender lhe será sucessivamente desvendado, senão aqui na Terra, em mundos mais adiantados.

Deus nos concede ocasiões constantes de esclarecimento, assegurando-nos o entendimento progressivo de suas leis.

3. Por que Jesus ensinava por parábolas se, ao ouvi-las, nem todos compreendiam suas mensagens?


Porque as verdades eternas contidas em suas parábolas, embora ouvidas por muitos, só podiam ser compreendidas por aqueles que já possuíam um determinado grau de adiantamento espiritual.

“Falo-lhes por parábolas, porque vendo, não vêem e, ouvindo, não escutam e não compreendem.”

4. O que devemos entender por “(...) àquele que já tem, mais lhe será dado... àquele que não tem, mesmo o que tem se lhe tirará”?

Devemos perceber, nesta passagem, uma referência aos bens espirituais: a observância dos preceitos divinos faz com que estes bens, que constituem a verdadeira riqueza do espírito, aumentem incessantemente. Por outro lado, aqueles que se ocupam apenas da vida material, esquecem-se de desenvolver os bens espirituais e o pouco progresso que possuem fica estacionado.

Não sabendo conservar nem cultivar a semente das verdades eternas, ela acaba por ser temporariamente ofuscada, dando a sensação de perda.

5. Embora a palavra de Jesus seja de conhecimento público, por que o significado de seus ensinamentos ainda permanece oculto para muitos?


Porque somos capazes de aprender apenas aquilo que está à altura do nosso entendimento. E esse entendimento é fruto do progresso intelectual e moral alcançado por nosso espírito, através de sucessivas encarnações.
Quando o significado de um ensinamento transcende os limites da nossa compreensão, ele nos confunde ou passa despercebido à nossa razão, não nos trazendo nenhum proveito.

6. Jesus pretendia que permanecêssemos ignorantes quando ocultou o sentido de alguns de seus ensinamentos?

Não. Ocultou-nos temporariamente, para que a confusão e a dúvida não se estabelecessem entre nós. Temos, a inteligência, que orienta o nosso desejo de conhecimento e nos permite a descoberta das respostas para nossas indagações.


Há sempre um momento em que a lei de progresso nos impele a buscar esses conhecimentos.

Conclusão:

Devemos espalhar os conhecimentos que possuímos em benefício de todos, pois a verdade não é para ser escondida de ninguém. Entretanto, ela pode ser gradualmente percebida por aqueles que se propõem a ir ao seu encontro.

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

ESTUDO DO LIVRO "SEXO E DESTINO - EXPOSITORA JULIANA SOLARE



Capítulo 1

Qual acontece entre os homens, no Mundo Espiritual que os rodeia, sofrimento e expectação esmerilam a alma, disciplinando, aperfeiçoando, reconstruindo...
Enquanto envergamos a veste física, habitualmente imaginamos o paraíso das religiões encravado para lá da morte. Sonhamos o apaziguamento integral dos sentidos, o acesso à alegria inefável que anestesie toda lembrança convertida em chaga mental. No entanto, atravessada a fronteira de cinza, eis-nos erguidos à responsabilidade inevitável, ante o reencontro da própria consciência.
Uma vida humana, a continuar-se naturalmente no Além, assume, assim, a forma de partida, em dois tempos distintos. Diferem campos e vestimentas; entretanto, a luta da personalidade, de um renascimento a outro na Terra, afigura-se laborioso prélio em duas fases. Anverso e reverso da experiência. O berço inicia, O túmulo desdobra. Com raríssimas exceções na regra, somente a reencarnação consegue transfigurar-nos de modo fundamental.
Deixamos no esquife o casulo mirrado e transportamos conosco, na mesma ficha de identificação pessoal, para outras esferas, os ingredientes espirituais que cultivamos e atraímos.
Inteligências em evolução na eternidade do espaço e do tempo, os Espíritos domiciliados na Moradia Terrestre, em abandonando o invólucro de matéria mais densa, assemelham-se, figuradamente, aos insetos. Larvas existem que se retiram do ovo e revelam-se na condição de parasitas, enquanto que outras se transformam, de imediato, em fale-nas de prodigiosa beleza, ganhando altura.
Encontramos criaturas que se afastam do estojo carnal, entrando em largos processos obsessivos, nos quais se movimentam à custa de forças alheias, ao lado de outras que, de pronto, se elevam, aprimoradas e belas, a planos superiores da evolução. E entre as que se agarram profundamente às sensações da natureza física e as que conquistam a sublime ascensão para estágios edificantes, no Grande Além, surge a gama infinita das posições em que se graduam.
Emergindo na Espiritualidade, após a desencarnação, sofremos, a princípio, o desencanto de todos os que esperavam pelo céu teológico, fácil de granjear.
A verdade aparece por alavanca renovadora. Padecendo ainda espessa amnésia, relativamente ao passado remoto, que descansa nos porões da memória, somos então defrontados por velhos preconceitos que se nos entrechocam no íntimo, tombando despedaçados. Suspiramos pela inércia que não existe. Exigimos resposta afirmativa aos absurdos da fé convencionalista e dogmática que reclama a integração com Deus para si só, excluindo, pretensiosamente, da Paternidade Divina, os que não lhe comunguem a visão acanhada.
De semelhantes conflitos, por vezes terríveis e extenuantes, nos recessos da mente, muitos de nós saímos abatidos ou revoltados para extensas incursões no vampirismo ou no desespero; a maior parte dos desencarnados, porém, a pouco e pouco se acomoda às circunstâncias, aceitando a continuidade do trabalho na reeducação própria, com os resultados da existência aparentemente encerrada no mundo, à espera da reencarnação que possibilite renovação e recomeço...
Essas ponderações afogueavam-me o pensamento, reparando a tristeza e o cansaço do meu amigo Pedro Neves, devotado servidor do Ministério do Auxílio. (1) Partilhando expedições arrojadas e valorosas em atividade benemérita, ainda não lhe víramos hesitações quaisquer. Veterano de empreendimentos socorristas, jamais entremostrara desânimo ou fraqueza, por mais opressivo se lhe evidenciasse o peso de compromissos e obrigações.
Advogado que fora, na existência última, caracterizava-se por extrema lucidez, no exame dos problemas que as eventualidades do caminho apresentassem.
Sempre denodado e humilde; agora, porém, enunciava sensíveis alterações de comportamento.
Soubera-o com breves encargos, na esfera física, para atender, de modo mais direto, a necessidades de ordem familiar, cuja extensão e natureza não me houvera sido possível perceber.
Desde então, mostrava-se arredio e desencantado, copiando o feitio de companheiros recém-chegados da Terra. Isolava-se em funda reflexão. Fugia à conversação fraterna. Queixava-se disso ou daquilo. E vez por outra, em serviço, denotava lágrimas que não chegavam a cair.
Ninguém ousava sondar-lhe o sofrimento, tal a fibra moral em que se lhe exprimiam as atitudes.
Provocando, porém, algumas horas de desafogo, num banco de jardim, busquei habilmente lançá-lo à extroversão, alegando dificuldades que me preocupavam.
Referi-me aos descendentes que deixara no mundo e às inquietações que me causavam.
Pressentia-lhe na tristeza a presença de lutas domésticas a lhe torturarem a alma, quais ulcerações em recidiva, e não me enganei.
O amigo absorveu a isca afetiva e desenovelou os sentimentos.

(1) Organização de “Nosso Lar”. — Nota do Autor espiritual.

A principio, falou vagamente das apreensões que lhe assomavam ao espírito agoniado. Aspirava a esquecer, alhear-se; no entanto... a retaguarda familiar no mundo lhe infligia dolorosas reminiscências difíceis de extirpar.
— É a esposa quem o aflige, assim tanto?
— Aventurei, procurando localizar o carnicão da mágoa que lhe abria as comportas do pranto silencioso.
Pedro fitou-me com a postura dolorida de um cão batido e respondeu:
— Há momentos, André, nos quais será preciso biografar-nos, ainda que superficialmente, para vascolejar o pretérito e extrair dele a verdade, somente a
verdade...
Meditou, algo sufocado por instantes, e prosseguiu:
— Não sou homem que me deixe governar por sentimentalismos, embora aprecie as emoções pelo justo valor. Além disso, a experiência, desde muito, me ensinou a raciocinar. Há quarenta anos, moro aqui e, há quase quarenta anos, a esposa compeliu-me a absoluto desinteresse do coração. Deixei-a quando a mocidade das energias físicas lhe estuava no sangue, e Enedina, compreensivelmente, não pôde sustentar-se a distância das exigências femininas.
E prosseguiu esclarecendo que ela se associara a outro homem, num segundo casamento, entregando-lhe seus três filhos por enteados. Esse novo marido, entretanto, arredou-a completamente de sua convivência espiritual. Homem ambicioso, senhoreou os cabedais que ele ajuntara, logrando multiplicá-los imensamente, à força de astúcia em arrojadas empresas comerciais. E agiu com tanta leviandade que a esposa, dantes simples, se apaixonou pelas comodidades demasiadas, gastando o tempo terrestre em prodigalidades e tafulices, até que se rojou às derradeiras viciações nos desvarios do sexo. Observando o esposo em aventuras galantes, de modo permanente, na posição de cavalheiro rico e desocupado, quis desforrar-se, estabelecendo para si mesma desordenado culto ao prazer, mal sabendo que apenas se transviava, em lamentáveis desequilíbrios.
— E meus dois filhos, Jorge e Ernesto, ludibriados pelo fascínio do ouro com que o padrasto lhes comprava a subserviência, enlouqueceram no mesmo delírio do dinheiro fácil e se animalizaram a tal ponto que nem de leve guardam qualquer traço de minha memória, não obstante serem atualmente negociantes abastados, em idade madura...
— A esposa, no entanto, ainda se encontra no mundo físico? — arrisquei, cortando a pausa longa, para que a explicação não esmorecesse.
— Minha pobre Enedina voltou, há dez anos, abandonando o corpo pela imposição da icterícia, que lhe apareceu por verdugo invisível, evocado pelas bebidas alcoólicas. Fitando-a, edemaciada, vencida, ensaiei alarmado todos os processos de socorro à minha disposição...
Atemorizava-me a perspectiva de vê-la escravizada às forças aviltantes a que se jungira sem perceber; ansiava retê-la no corpo de carne, como quem resguarda uma criança inconsciente em disfarçado refúgio. Entretanto, ai de mim! Colhida por entidades infelizes, às quais se consorciou levianamente, em vão procurei estender-lhe algum consolo, porquanto ela mesma, depois de desencarnada, se compraz na viciação, tentando a fuga impossível de si própria. Não há outro recurso senão
esperar, esperar...
— E os filhos?
— Jorge e Ernesto, hipnotizados pela riqueza material, para mim fizeram-se inabordáveis.
Mentalmente, não me registram a lembrança. Intentando captar-lhes cooperação e simpatia, o padrasto chegou a insinuar que não seriam meus filhos e sim dele próprio, através de união com minha esposa. ao tempo de minha experiência terrestre, o que Enedina, infelizmente, não desmentiu...
O companheiro esboçou um sorriso amarelo e considerou:
— Imagine! Na carne, o medo é comum, à frente dos desencarnados e, em meu caso, fui eu quem se afastou do ambiente doméstico, sob sensações de insopitável horror... Ainda assim, a bondade de Deus não me arrojou à solidão, em se tratando da ternura familiar. Tenho uma filha de quem jamais me separei pelos laços do espírito... Beatriz, que deixei na flor da meninice, suportou pacientemente as afrontas e conservou-se fiel ao meu nome. Somos, assim, duas almas, na mesma faixa de entendimento...
Pedro enxugou os olhos e acrescentou:
— Agora, com quase meio século de existência entre os homens, presa embora ao carinho que consagra ao esposo e ao filho único, prepara-se Beatriz para o regresso... Minha filha vem atravessando os derradeiros dias terrenos, com o corpo
torturado pelo câncer...
— Mas, atormenta-se você por isso? A idéia do reencontro pacífico não será, antes, motivo para alegrar-se?
— E os problemas, meu amigo? Os problemas do grupo consangüíneo? Por muitos anos, estive à margem de todas as tricas do navio familiar... Fizera-me ao oceano largo da vida... Agora, por amor à filha inesquecível, sou compelido a topar, com espírito de caridade, a irreflexão e o descaramento. Estou inapto, desambientado... Desde que me postei à cabeceira da doente querida, vejo-me na condição do aluno debilitado pela expectativa de erros constantes..
Dispunha-se Neves a prosseguir, mas urgente chamado de serviço nos impeliu à separação e, conquanto diligenciando acalmá-lo, despedi-me, sob o compromisso de irmanar-me a ele, nas tarefas de assistência à enferma, de modo mais intenso, a partir do dia seguinte.

ESTUDO DO LIVRO "SEXO E DESTINO - EXPOSITORA JULIANA SOLARE


Sexo e Destino

Sexo e destino, amor e consciência, liberdade e compromisso, culpa e resgate, lar e reencarnação constituem os temas deste livro, nascido na forja da realidade cotidiana.
Entretanto, leitor amigo, após a oração do benfeitor, que se pronunciou no limiar, nada mais nos compete que não seja entregar-te a narrativa que a Divina Providência nos permitiu alinhavar, não pelo exclusivo propósito de desnudar a verdade, mas sim no objetivo de aprender com a biblioteca da experiência.
Cremos seja desnecessário esclarecer que os nomes dos protagonistas desta história real foram substituidos por óbvias razões e que a presente biografia de grupo não pertence a outras criaturas senão a eles mesmos que no-la permitiram redigir, para a nossa edificação, depois de naturalmente consultados.
Solicitamos, ainda, permissão para dizer-te que não foi retirado um só til das verdades que a entretecem — verdades da verdade, que, fremindo de capítulo a capitulo, carreia consigo, em passagens numerosas, a luz de nossas esperanças e o amargo sabor de nossas lágrimas.

ANDRÉ LUIZ

Uberaba, 4 de julho de 1963.

ESTUDO DO LIVRO "SEXO E DESTINO - EXPOSITORA JULIANA SOLARE


Prece no Limiar

Pai de Infinita Bondade!
Este é um livro em que permitiste ao nosso André Luis traçar, em lances
palpitantes da existência, alguns conceitos da Espiritualidade Superior, em torno de sexo e destino — fotografia verbal de nossas realidades amargas que entremeaste
de esperanças eternas.
Entregando-o aos companheiros reencarnados no mundo, queremos recordar Jesus — o Enviado de Tua Ilimitada Misericórdia — naquele dia de sol em Jerusalém...
Na praça repleta de acusadores, escribas e fariseus apresentaram-lhe sofredora mulher que diziam haver apanhado em transgressão, ao mesmo tempo que o inquiriam, experimentando-lhe a conduta:
— Mestre, esta mulher foi encontrada em adultério... A lei manda apedrejar. Tu, porém, que dizes?
O Mestre contemplou demoradamente os zeladores de Moisés, e, porque nada mais adiantaria explicar-lhes ao cérebro embotado de preconceitos, disse-lhes, alongando a palavra a todos os moralistas dos séculos porvindouros:
— Quem estiver sem pecado, atire a primeira pedra!...
Jerusalém, agora, é o mundo!
Na praça extensa das convenções humanas, empenha-se o materialismo na dissolução dos valores morais, com escárnio manifesto à dignidade humana, enquanto religiões veneráveis digladiam com a Natureza, tentando, em vão, bloquear a vida, qual se quisessem ilaquear a si próprias. Ao tremendo conflito dessas forças gigantescas que lutam pelo dominio moral da Terra, enviaste, a Doutrina Espírita, em nome do Evangelho do Cristo, para asserenar os corações e comunicar-lhes que o amor é a essência do Universo; que as criaturas te nasceram do Álito divino para se amarem umas às outras; que o sexo é legado sublime e que o lar é refúgio santificante, esclarecendo, porém, que o amor e o sexo plasmam responsabilidades naturais na consciência de cada um e que ninguém lesa alguém nos tesouros afetivos, sem dolorosas reparações.
Este volume pretende afirmar, ainda, que, se não podes subtrair os culpados às conseqüências do erro em que se tornaram incursos, não permites que os vencidos sejam desamparados, desde que te aceitem a luz retificadora para o caminho. Mostra que, em tua bênção, os delinqüentes de ontem, hoje redimidos, se transfiguram em teus mensageiros de redenção para aqueles mesmos que lhes caíram, outrora, nas ciladas sombrias.
Abençoa, pois, o presente relato estu ante de verdade e esperança, e, ao confiá-lo aos nossos irmãos do mundo, deixa possamos lembrar-lhes que a existência física, seja na infância ou na mocidade, na madureza ou na velhice, é sempre dom inefável que nos cabe honorificar e que, mesmo detendo um corpo carnal rastejante ou disforme, mutilado ou enfermiço, devemos repetir diante da tua Sabedoria Incomensurável:
— Obrigado, meu Deus!

EMMANUEL

Uberaba, 4 de julho de 1963.

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

ESTUDO DO LIVRO LIBERTAÇÃO - CAPÍTULO 15 - JULIANA SOLARE



Finalmente, O Socorro

Entusiasmado com a atuação do nosso Instrutor, Saldanha entregou-se a gestos de humildade quase ingênua, e tanto ele quanto Leôncio passaram a cooperar ativamente conosco nos preparativos em benefício da solução que buscávamos.
Ambos solicitaram continuidade do mesmo quadro ambiente, para não acordarmos, contra nós, desavisadamente, a fúria das entidades ignorantes que se mantinham em posição contrária à nossa. Poderiam organizar-se em legião ameaçadora e estragar-nos os melhores projetos.
Conheciam processos de auxilio, iguais àquele em que funcionávamos e permaneciam informados quanto ao potencial da zona inimiga, do centro da qual poderiam surgir, de imediato, centenas de adversários, em massa, contra aquela instituição doméstica menos preparada a resistir um cerco de semelhante jaez.
Ouvindo-lhes os pareceres, atentei para a situação de Gaspar, sem dissimular minha justificada estranheza. O hipnotizador, de presença desagradabilíssima pelos fluidos menos simpáticos que emitia, continuava ausente de nossas conversações. O próprio olhar, quase vítreo, incapaz de fixar-nos, dava idéia de paralisia da alma, de petrificação do pensamento.
Não podendo sofrear a curiosidade por mais tempo, indaguei de Gúbio quanto ao que lhe ocorria. Que significava aquela máscara psicológica do magnetizador das sombras? Jazia surdo, quase cego, plenamente insensível. Respondia às mais longas e importantes perguntas, através de monossílabos, de modo vago, e demonstrava insistência irredutível, no setor de flagelação à vítima.
O orientador, agora liberto de cuidados, esclareceu, prestimoso:
— André, há obsessores marcadamente endurecidos de coração que se petrificam quando sob a influência de perseguidores ainda mais fortes e mais perversos que eles mesmos. Inteligências temíveis das trevas absorvem certos centros perispíriticos de determinadas entidades que se revelam pervertidas e ingratas ao bem e utilizam-nas como instrumentalidade na extensão do mal que elegeram por sementeira na vida. Gaspar encontra-se nessa situação. Hipnotizado por senhores da desordem, anestesiado pelos raios entorpecentes, perdeu transitoriamente a capacidade de ver, ouvir e sentir com elevação. Demora-se em aflitivo pesadelo, à maneira do homem comum, dentro do qual a dilaceração de Margarida se lhe torna a ideia fixa, obcecante.
— Mas não poderá reintegrar-se na posse dos sentidos naturais? — inquiri, sob forte impressão.
— Perfeitamente. O magnetismo é uma força universal que assume a direção que lhe ditarmos. Passes contrários à ação paralisante restitui-lo-ão à normalidade. Tal operação, contudo, exige momento adequado. Há necessidade, no feito, de recursos regeneradores intensivos, suscetíveis de serem encontrados junto a serviços de grupo, em que a colaboração de muitos se entrosa a favor de um só, quando necessário.
Nesse instante, Saldanha abeirou-se de nós e pediu instruções, sem rebuços.
— Meu benfeitor — disse a Gúbio, com reverência —, compreendo que demonstrar, de pronto, a nova situação seria atrair sobre nosso esforço terrível reação de quantos passarão a vigiar-nos desapiedadamente. Com franqueza, vejo-me num campo novo e desconheço o caminho por onde recomeçar.
O interpelado anuiu com bondade:
— Sim, Saldanha, permaneces bem inspirado. Estamos fracos para batalhar em conjunto. É indispensável que Margarida alcance melhoras positivas, antes de tudo. Aguardemos a noite.
Espero situar o caso em algum núcleo de amor fraternal. Até lá, convém guardarmos o ambiente doméstico sem alterações, mesmo porque Gaspar é outro doente, exigindo especial atenção: traz o veículo perispirítico enfermiço e viciado, reclamando caridoso concurso.
Mal não havia terminado a observação e Gabriel entrou no aposento e abeirou-se da esposa, desalentada e abatida.
Gúbio agora, senhor da situação, aproximou-se do rapaz, sem alarde, e colocou sobre a fronte dele a destra paternal, dominando-lhe, no cérebro, as zonas diretas da inspiração, dando curso, naturalmente, a forças magnéticas suscetíveis de inclinar
o problema de assistência a solução favorável.
Reparei que o esposo de Margarida, sob a influência renovadora, passou a contemplar a companheira, enternecidamente. Tomou-lhe as mãos com sincera ternura e falou, espontâneo:
— Margarida, dói-me ver-te assim, sob desânimo tão profundo.
Pequena pausa pesou sobre ambos; contudo, ao cabo de alguns momentos, tornou o marido de olhos iluminados por indefinível esperança:
— Ouve! Uma idéia súbita me brotou no pensamento. Desde muitos dias estamos atropelados por remédios violentos e medidas drásticas que não te socorreram com a eficiência precisa.
Consentes em que eu peça, em nosso favor, o concurso de algum amigo interessado em Espiritismo Cristão?
Tocada por aquela onda de abençoado carinho que fluía imperceptivelmente de Gúbio, por intermédio de Gabriel, a doente abriu os olhos, cheios de interesse novo, como quem encontrara inesperada senda salvadora e concordou, feliz:
— Estou pronta. Aceitarei qualquer recurso que consideres por tua vez justo e digno.
O esposo, num transporte de esperança, saiu precipitadamente, acompanhado de Gúbio, que nos recomendou a permanência ao lado de Saldanha, em preparativos de serviço para a noite próxima.
Na intimidade do ex-perseguidor, não perdi tempo.
Internara-me em atividade absolutamente nova para mim e desejava ampliar conhecimentos e recursos. Considerei que um trabalhador incompleto, em minha posição, precisa estudar sempre, e, aproximando-me do verdugo transformado em amigo, interroguei:
— Saldanha, como explicar tamanho temor de nosso lado, perante os companheiros retardados?
Ele fixou em mim o olhar espantado e observou:
— Meu caro, conheço suficientemente este capitulo. Se nos dispusermos a lutar abertamente, conservando conosco esta jovem senhora enferma, em padrão físico de menor resistência, o malogro em nossos objetivos de socorro a ela será questão de alguns minutos. Nos círculos inferiores em que nos encontramos, a maldade é força dominante em quase toda parte, contando com intérpretes que nos vigiam através de todos os flancos e não nos é fácil escapar. Para combater o mal e vencê-lo, urge possuir a prudência e a abnegação dos anjos. De outro modo é perder o tempo e cair, sem defesa, em perigosas armadilhas das trevas.
O novo aliado relanceou o olhar pelo quarto, a fim de certificar-se de que não vínhamos sendo ouvidos por adversários comuns, e prosseguiu:
— Eu mesmo, logo depois de minha vinda, tudo fiz por fugir ao mal, mas em vão. Velhas orações por mim aprendidas nos recessos do lar, que o tempo não consumiu de todo em meu espírito, articuladas então por minha boca, mereceram sarcasmo cruel dos inimigos do bem. Em verdade, pensamentos menos dignos me povoavam a cabeça, mas a vontade de melhorar-me era sincera em meu coração. Esforcei-me de alguma sorte, reagi quanto pude; todavia, meu impulso para o bem legitimo era, no fundo, um sopro frágil à frente de um tufão. Ao contacto dessa gente desencarnada, infeliz e vingativa, perdi o resto da compostura moral que procurava debalde sustentar. Se a alma, liberta do corpo de carne, não se encontra amparada em princípios robustos de virtude santificante, sentida e vivida, é quase impossível sair vitoriosa das ciladas escuras que nos armam.
— Entretanto — objetei —, não será essa atitude mero reflexo da ignorância insustentável?
— Admito que sim — elucidou o obsessor modificado, surpreendendo-me pela clareza de argumentação —; todavia, não desconheces que a maior dificuldade não nasce da ignorância em si mesma, mas de nossa dureza contrária à capitulação indispensável. A sabedoria golpeia a insciência, a bondade humilha a perversidade, o amor verdadeiro sitia o ódio num círculo de ferro; no entanto, aqueles que são surpreendidos no campo da inferioridade manobram contra o bem, deliberadamente, mil armas de despeito, calúnia, inveja, ciúme, mentira e discórdia, provocando perturbação e desânimo.
Assinalando-lhe a palavra tão fortemente esclarecida, cuja desenvoltura e acerto me assombravam, ponderei:
— Teu próprio caso é um exemplo vivo. Espanta-me o cabedal de teus comentários inteligentes. De nenhum modo poderias ser um ignorante.
— Ah! sim! — replicou o ex-verdugo, sorrindo — inteligência não me falta. Leitura, idem.
Estou positivamente informado com relação aos deveres de ordem geral que me competem.
Faltava-me, contudo, a companhia de alguém que conseguisse mostrar-me á eficiência e a segurança do bem, no meio de tantos males. Imagina um esfomeado a ouvir discursos. Acreditas que as palavras lhe satisfaçam as exigências do estômago? Isso foi precisamente o que me ocorreu.
Preocupado com a esposa e a nora, desencarnadas em terrível desequilíbrio, atormentado pelo filho louco e pela neta em perigo, não havia “espaço mental” em minha cabeça para simplesmente louvar teorias salvadoras. O benfeitor Gúbio, no entanto, demonstrou-me que o bem é mais poderoso que o mal. Isto para mim bastou, à saciedade. Nas dúvidas, o esclarecimento benéfico traduz verdadeira caridade.
Reparou em derredor, com extrema desconfiança no olhar, e acentuou:
— Sei, porém, de experiência própria, quem são os revoltados em cuja equipe trabalhei até ontem. Francamente, ainda não sei com certeza que será de mim mesmo. Perseguir-me-ão sem tréguas. Se puderem, conduzir-me-ão ao vale de miséria e penúria. Noto, contudo, que transformação salutar me possui agora o espírito. Convenci-me de que o bem pode vencer o mal e espero que o nosso Instrutor não me abandone. Ainda que eu sofra, a ele acompanharei. Não pretendo regressar ao repugnante caminho percorrido.
Leôncio, que nos fitava atencioso, registrando-nos a conversação, asseverou por sua vez:
— Eu também não mais posso servir nas fileiras da vingança. Estou farto...
Hipotequei aos dois nossa simpatia e prometi-lhes, em nome de nosso orientador, que lhes não faltaria acolhimento em plano superior.
Sorriam satisfeitos, quando Gúbio retomou ao compartimento da enferma, notificando que o problema fora resolvido. Margarida e o esposo compareceriam na noite próxima a uma reunião familiar, importante setor de socorro mediúnico.
A doente encarnada e Gaspar, o hipnotizador traumatizado, receberiam recursos eficientes.
Com ansiedade, aguardamos o anoitecer.
De quando em quando, Gúbio colocava a destra sobre a fronte da enferma, como a acentuar-lhe a resistência geral.
Por volta de vinte horas, um automóvel recebia o casal, que se fêz acompanhado por nós e pelo grande número de “ovóides”, ainda ligados à cabeça da enferma, sob processo de imantação.
Saldanha tivera o cuidado de despistar todos os companheiros perturbadores que intentavam seguir-nos. Tranquilizou-os com palavras amigas, afirmando, aliás com muita razão, que o assunto vinha sendo bem tratado.
Alcançando confortadora vivenda, fomos admiravelmente recebidos.
O senhor Silva, dono da casa, acolheu Gabriel e a esposa com inequívocas demonstrações de carinho, e Sidônio, o diretor espiritual dos trabalhos que se realizariam, estendeu-nos braços fraternais.
Lá dentro, quatro cavalheiros e três senhoras, os componentes habituais do círculo doméstico, ao que fomos informados, passaram a trocar idéias com os visitantes, reanimando-os e instruindo-os, até que o relógio indicasse o momento exato para os serviços da noite.
À indagação de Gúbio, Sidônio esclareceu, muito seguro:
— Nosso agrupamento produz satisfatoriamente; entretanto, poderia levar a efeito mais ampla colheita de bênçãos se a confiança no bem e o ideal de servir fôssem mais dilatados em nossos colaboradores no plano físico. Sabemos que a instrumentalidade é essencial em qualquer serviço.
O braço é intérprete do pensamento, o operário é complemento do administrador, o aprendiz é veículo do mestre. Sem companheiros encarnados que nos correspondam aos objetivos na ação santificante, como estabelecer a espiritualidade superior na Crosta da Terra?
Efetivamente, encontramos irmãos dispostos ao concurso fraternal, embora, forçoso é dizer, a maioria espere a mediunidade espetacular, a fim de cooperar conosco. Não procuram saber que todos somos médiuns de alguma força boa ou má, em nossas faculdades receptivas. Não aceitam as necessidades do serviço que nos aconselham a buscar desenvolvimento substancial na auto-iluminação, através do serviço aos nossos semelhantes, e tocam a exigir dons medianímicos, quais se fôssem dádivas milagrosas a serem transmitidas graciosamente àqueles que se lhes candidatam aos benefícios, por intermédio da antiga “varinha de condão”. Esquecem-se de que a mediunidade é uma energia peculiar a todos, em maior ou menor grau de exteriorização, energia essa que se encontra subordinada aos princípios de direção e à lei do uso, tanto quanto a enxada que pode ser mobilizada para servir ou ferir, conforme o impulso que a orienta, melhorando sempre, quando em serviço metódico, ou revestindo-se de ferrugem asfixiante e destrutiva, quando em constante repouso. Nossos amigos não percebem o valor de uma atitude desassombrada e permanente de fé positiva, dentro do caminho louvável, haja o que houver, e, não obstante cuidarmos devotadamente da crença deles, com a mesma ternura consagrada pelo lavrador vigilante à plantinha tenra que encerra a esperança do porvir, basta que espíritos perturbadores ou maliciosos os visitem, sutis, à maneira de melros num arrozal, e lá se vão os germens superiores que lhes confiamos, incessantemente, ao solo do coração. De um instante para outro, duvidam de nosso esforço, desconfiam de si mesmos, cerram os olhos ante a grandeza das leis que os cercam nos ângulos da natureza terrestre, e as energias mentais que deveriam centralizar em construção ativa e santificante, com vistas ao aprimoramento próprio, são desbaratadas quase que diariamente pela argumentação mentirosa de espíritos ingratos e menos permeáveis ao bem.
Verificando-se espontânea parada, aventurei-me a considerar:
— A referência abrange um grupo assim tão harmoniosamente constituído quanto este? Será crivel que o conjunto organizado sobre propósitos tão sadios dê guarida fácil às forças deprimentes?
O diretor da casa sorriu bem humorado e respondeu com franqueza:
— Sim, coletivamente considerando, reúnem-se agora, sob este teto amigo, e procuram-nos a companhia espiritualizante. Isto, porém, acontece por seis horas, nas cento e sessenta e oito horas de cada semana. Enquanto conosco, deixam-se envolver nas suaves irradiações da paz e da alegria, do bom ânimo e da esperança, registrando-nos as vibrações edificantes das quais desejávamos fôssem eles nossos portadores permanentes e seguros na esfera vulgar da luta humana. Todavia, tão logo se encontram a pequena distância de nossas portas, aceitam ou provocam milhares de sugestões sutis, diferentes das nossas. Choques de pensamentos adversos ao nosso programa, nascidos da mente de encarnados e desencarnados, vergastam-nos sem piedade. Raros se capacitam de que a fé representa bênção suscetível de ser aumentada, indefinidamente, e fogem ao serviço que a conservação, a consolidação e o crescimento desse dom nos oferecem a todos. Além disso, quando esse ou aquele irmão revela disposições mais avançadas para servir a bem de todos, em favor do império da luz, costuma ser imediatamente visitado, nas horas de sono físico, por entidades renitentes na prática do mal, interessadas na extensão do domínio das sombras, que lhe desintegram convicções e propósitos nascentes com insinuações menos dignas, quando o espírito do trabalhador não está cónvenientemente apoiado no desejo robusto de progredir, redimir-se e marchar para a frente.
A exposição era muito interessante e tudo faria a benefício de mais amplas elucidações ao assunto, mas o relógio marcava o momento de nossa cooperação ativa e pusemo-nos em forma.
Para os trabalhos da reunião que congregava nove pessoas terrestres, vinte e um colaboradores espirituais se movimentaram em nosso circulo de ação.
Gúbio e Sidônio, em esforço conjugado, efetuaram operações magnéticas ao redor de Margarida, desligando finalmente os “corpos ovóides” que foram entregues a uma comissão de seis companheiros que os conduziram, cuidadosamente, a postos socorristas.
Logo após, enquanto a prece e os estudos evangélicos se faziam ouvir, dentro das contribuições de nosso círculo, grande cópia de força nêurica, com a devida compensação em fluidos revigoradores de nossa esfera, foi extraida, através da boca, narinas e mãos dos assistentes encarnados, força essa que Gúbio e Sidônio aplicaram sobre Margarida e Gaspar, no evidente intuito de restaurar-lhes as energias perispiríticas.
A jovem senhora passou a demonstrar abençoados sinais de alívio e Gaspar, de impassível que se achava, pôs-se a gemer, qual se houvera acordado de intenso e longo pesadelo.
A essa altura, nosso orientador preparou Dona Isaura, senhora daquele santuário doméstico e médium do culto familiar, adestrando-lhe a faculdade de incorporação, por intermédio de passes magnéticos sobre a laringe e, em particular, sobre o sistema nervoso. Quando a hora de amor cristão aos desencarnados começou a funcionar, os orientadores trouxeram Gaspar à organização medianímica, a fim de que pudesse ele recolher algum benefício, ao contacto dos companheiros materializados na experiência física, que lhe haviam fornecido energias vitalizantes, tal como acontece às flores que sustentam, sem perceber, o trabalho salutar das abelhas operosas.
Reparei que os sentidos do insensível perseguidor ganharam inesperada percepção. Visão, audição, tato e olfato foram nele súbitamente acordados e intensificados. Parecia um sonâmbulo, despertando. À medida que se lhe casavam as forças às energias da médium, mais se acentuava o fenômeno de reavivamento sensorial. Apossando-se provisoriamente dos recursos orgânicos de Dona Isaura, em visível processo de “enxertia psíquica”, o hipnotizador gritou e chorou lamentosamente. Misturou blasfêmias e lágrimas, palavras comovedoras e palavras menos dignas, entre a penitência e a rebeldia. Escutando agora, com aguçada sensibilidade, conversou detidamente com o doutrinador. O senhor Silva, marido da médium, fêz-lhe sentir a necessidade de renovação espiritual em edificante lição que nos tocava as fibras mais íntimas, e, depois de sessenta minutos de exaustivo embate emocional, Gaspar foi conduzido por dois servidores de nossa equipe ao lugar que lhe correspondia, isto é, à posição de demente com retorno gradativo à razão.
Findos os serviços ativos, a reunião foi encerrada, notando-se que imensa alegria transbordava de todos os corações.
Margarida estava, enfim, aliviada e, em pranto, pedia ao esposo agradecesse, de viva voz, as dádivas recebidas.
Gúbio, porém, vendo Saldanha espantadiço, obtemperou:
— O triunfo essencial ainda não veio. Margarida recebeu amparo imediato, mas precisamos agora socorrer-lhe a casa, até que ela mesma incorpore à própria individualidade, em caráter definitivo, os benefícios aqui recolhidos.
Sorriu bondosamente e acrescentou:
— Para que uma planta seja efetivamente preciosa, não basta que esteja bela e perfumada na estufa protetora. É necessário receber o auxílio externo, consolidando a resistência própria, de modo a produzir utilidades no bem comum.
E passando a entender-se com Sidônio, aceitou a colaboração, por dez dias sucessivos, de doze companheiros espirituais incorporados ao agrupamento destinado a reforçar as atividades defensivas na moradia de Gabriel, de vez que, segundo Saldanha e Leôncio, do dia seguinte em diante, teríamos guerra aberta com os assalariados de Gregório, que viriam naturalmente sobre nós, temíveis e insistentes.

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

ESTUDO DO LIVRO VIDA E SEXO - FACILITADORAS JULIANA SOLARE E MARIA J. SANCHES


Capítulo 26 - À Margem do Sexo

"Lembrai-vos daquele que julga em última instância, que vê os movimentos íntimos de cada coração e que, por conseguinte, desculpa muitas vezes as faltas que censurais, ou reprova o que relevais, porque conhece o móvel de todos os atos.
Lembrai-vos de que vós, que clamais em altas vozes anátema, tereis, quiçá, cometido
faltas mais graves. Do item 16, do Cap. X, de "O Evangelho Segundo o Espiritismo".


Companheiros da Terra, à frente de todas as complicações e problemas do sexo, abstende-vos de censura e condenação. Todos nós, os Espíritos em aperfeiçoamento nos climas do Planeta estamos emergindo de passado multimilenar, em que as tramas da alma se entreteciam em labirintos de sombra, para que as bênçãos do aprendizado se nos fixassem no espírito.
Ainda assim, achamo-nos todos muito longe da meta por alcançar. Se alguém vos parece cair, sob enganos do sentimento, silenciai e esperai!
Se alguém se vos afigura tombar em delinqüência, por desvarios do coração, esperai e silenciai!... Sobretudo, compadeçamo-nos uns dos outros, porque, por enquanto, nenhum de nós consegue conhecer-se tão exatamente, a ponto de saber hoje qual o tamanho da experiência afetiva que nos aguarda amanhã. Calai os vossos possíveis libelos, ante as supostas culpas alheias, porquanto nenhum de nós, por agora, é capaz de medir a parte de responsabilidade que nos compete a cada um nas irreflexões e desequilíbrios dos outros. Somos todos peças integrantes de uma só família, operando em dois mundos, simultaneamente - aquele das inteligências corporificadas no plano físico e aquele outro das inteligências desencarnadas que se domiciliam nas regiões da mesma Terra que habitais, disputando convosco, tanto quanto igualmente entre si, a aquisição de recursos substanciais da evolução. Não dispomos de recursos para examinar as consciências alheias e cada um de nós, ante a Sabedoria Divina, é um caso particular, em matéria de amor, reclamando compreensão. A vista disso, muitos de nossos erros imaginários no mundo são caminhos certos para o bem, ao passo que muitos de nossos acertos hipotéticos são trilhas para o mal de que nos desvencilharemos, um dia!... Abençoai e amai sempre. Diante de toda e qualquer desarmonia do mundo afetivo, seja com quem for e como for, colocai-vos, em
pensamento, no lugar dos acusados, analisando as vossas tendências mais íntimas e,
após verificardes se estais em condições de censurar alguém, escutai, no âmago da
consciência, o apelo inolvidável do Cristo: "Amai-vos uns aos outros, como eu vos
amei.

FIM

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

SEMANA - ESTUDO DO EVANGELHO CAPÍTULO 22 ÍTENS 1 a 4 - MARIA J. CAMPOS


FONTE BÁSICA

KARDEC, Allan. O Evangelho Segundo o Espiritismo.

INDISSOLUBILIDADE DO CASAMENTO

1. Em que sentido devemos entender as palavras de Jesus: “Não separe o homem o que Deus juntou”?

Devemos entendê-las com referência à união dos seres ligados por afinidade espiritual, por si só indissolúvel e conforme a lei de Deus; e não acerca da união onde predomina o interesse puramente material.

Apenas os laços de afinidade espiritual e de mútuo afeto são indissolúveis, porque conforme à lei de Deus , os interesses materiais são passageiros e logo desaparecem.

2. Qual a diferença entre a lei divina e a humana?


A lei divina é imutável: é a mesma em todos os tempos e em todos os países, enquanto a lei humana muda segundo o tempo, os lugares e o progresso da inteligência.

O casamento constitui um dos primeiros atos de progresso nas sociedades humanas, porque estabelece a solidariedade fraterna entre os seres.

3. Como estas duas leis – divina e humana – podem ser identificadas no casamento?


No casamento, o que é de ordem divina é a união dos sexos, destinada à substituição dos seres que morrem, ficando ao encargo da lei humana as condições que regulam essa união.

O casamento observa-se entre todos os povos, se bem que em condições diversas, conforme o tempo e o lugar.

4. Que outra lei divina, além da de reprodução, rege a união dos sexos?


A par desta lei divina de reprodução, comum a todos os seres vivos, outra lei divina e imutável deve ser observada, de cunho exclusivamente moral, que é a lei de amor.

“Nem a lei civil nem os compromissos dela decorrentes podem suprir a lei do amor, quando esta não preside a união.”

5. O que ocorre aos que se casam por interesses materiais?


Terão de aprender a se amar, pela renúncia e abnegação.

“Quis Deus que os seres se unissem pelos laços da carne, mas também pelos da alma.”

6. As separações são contrárias à lei de Deus?


Se for para atender interesses circunstanciais e materiais, sim. Mas, se for para evitar males maiores, não. É mais humano, mais caridoso e mais moral, restituir a liberdade a seres que não podem mais viver juntos, do que mantê-los unidos.

Em nossos dias, geralmente, o casamento não leva em conta a afeição entre dois seres, mas a satisfação do orgulho, da vaidade, da cupidez. Numa palavra: de todos os interesses materiais.”

7 - A lei humana é inútil?


Não. Pela dificuldade que oferece às separações irresponsáveis, ela assegura a manutenção dos filhos e auxilia os infratores a se ajustar à lei de Deus, que é de amor.

A lei civil tem por fim regular as relações sociais e os interesses das famílias, de acordo com as exigências da civilização.

Conclusão:

Quando um homem e uma mulher se unem por laços de afeto mútuo e afinidade entre os espíritos, essa união é, por si só, indissolúvel, porque está de acordo com as leis de Deus. Caso contrário, quando predominam os interesses puramente materiais, é fonte de dores e sofrimentos, por contrariar a lei de amor.