quarta-feira, 31 de outubro de 2012

LIVRO: VOLTEI DE CHICO XAVIER PELO ESPÍRITO DE FREDERICO FIGNER


A LUTA CONTINUA

Enquanto no  corpo, não formulamos a ideia  exata do que seja a realidade, além  da morte. Ainda mesmo quando o Espiritismo nos ajuda a pensar seriamente no  assunto, debalde tentaremos calcular relativamente ao futuro, depois do sepulcro.
Os quadros sublimes ou terríveis no plano externo correspondem, de alguma  sorte, à nossa expectativa; contudo, os fenômenos morais, dentro de nós, são sempre fortes e inesperados.
Antes da passagem, tudo me parecia infinitamente simples! Não passaria a morte de mera libertação do Espírito e mais nada. Seguiria  nossa alma para esferas de julgamento, de onde voltaria a reencarnar, caso não se  transferisse aos Mundos Felizes.
Compreendo hoje que aceitar esta fórmula seria o mesmo que menoscabar a  existência humana, declarando-se que o homem  apenas renascerá na Terra, respirará  entre as criaturas e, sem seguida, se libertará do corpo de baixa condensação fluídica.
Quantos conflitos, porém, entre o aparecimento e a desagregação do veículo carnal? Quantas lições; entre a infância e o declínio das forças físicas?
Reconheço, presentemente, que as dificuldades não são menores para a alma  liberta dos mais pesados impedimentos do plano material. Entre o ato de perder a  carcaça de ossos e a iniciativa de reencarnação ou de elevação, temos o tempo, e o  conteúdo desse tempo reside em nós mesmos. Quantos óbices a vencer, quantos enigmas a solucionar?
Acreditei que o fim das limitações corporais trouxesse inalterável paz no coração, mas não foi bem assim.
No fundo, em nossas organizações religiosas, somos  uma espécie de combatentes prontos a batalhar a distância de nossa moradia e, quando nos julgamos  de posse da vitória final, tornamos ao círculo doméstico para enfrentar, individualmente, a mesma guerra, dentro de casa. Vestimos a roupa de carne, a fim de  lutar e aprender e, se muitas vezes sorvemos o desencanto da derrota, em muitas  ocasiões nos sentimos triunfadores. Somos, então, filhos da turba distraída, companheiros de mil companheiros, cooperadores de mil cooperadores.
Chegou, no entanto, o momento em que a morte nos reconduz à intimidade do  lar interior. E se não houve de nossa parte a preocupação de construir, aí dentro, um  santuário para as determinações divinas, quantos dias gastamos na limpeza, no reajustamento e na iluminação?
Oh! Meus amigos do  Espiritismo, que amamos tanto!  É para você  – membros da grande família que tanto desejei servir – que grafei  estas páginas, sem a presunção de convencer! Não se acreditem quitados com a Lei,  por haverem atendido a pequeninos deveres de solidariedade humana, nem se  suponham habilitados ao paraíso, por receberem a manifesta proteção de um amigo espiritual! Ajudem a si mesmos, no desempenho das obrigações evangélicas!
Espiritismo não é somente a graça recebida, é também a necessidade de nos espiritualizarmos para as esferas superiores.
Falo-lhes hoje com experiência mais dilatada.   Depois de muitos anos, nas lides da Doutrina, estou recompondo a   aprendizagem, a fim de não ser o companheiro inadequado ou o servo inútil. Guardem  a certeza de que o Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo não é apenas um conjunto brilhante de ensinamentos sublimes para ser comentado em nossas doutrinações  –  é  Código da Sabedoria Celestial, cujos dispositivos não podemos confundir.
Agradeço, sensibilizado; a colaboração de Emmanuel e  de André Luiz, nos registros humildes de meu refazimento espiritual, nestas páginas que endereço aos irmãos de ideal e serviço.
E pedindo a Jesus nos fortaleça a todos, no trabalho a que fomos conduzidos,  de modo a entendermos além de nós, as bênçãos que nos felicitam, rogo também  ajuda para mim mesmo, a fim de que a Luz Divina me esclareça e auxílio, dentro do  novo caminho de trabalho e elevação, porque, se a experiência carnal amadurece e passa, a vida prossegue e a luta continua.

Irmão Jacob
Pedro Leopoldo, 19 de fevereiro de 1948.

LIVRO: VOLTEI DE CHICO XAVIER PELO ESPÍRITO DE FREDERICO FIGNER


APRESENTAÇÃO

Irmão Jacob, que ora se apresenta narrador, foi o pseudônimo adotado por aquele que, em vida, foi Frederico Figner  (1866-1947), reconhecido ativista espírita e dirigente da FEB – Federação Espírita Brasileira.
De ascendência judaica e nascido na República Tcheca,  radicou-se no Brasil, por onde viajou fazendo exibições públicas de  uma novidade àquele tempo: 
o fonógrafo  (toca-discos)  inventado pelo americano Thomas Edson.  Estabelecido no Rio de Janeiro, montou ali a “Casa Edson”  (primeira gravadora musical brasileira) e a “Odeon” (pioneira fábrica de discos nacionais).
Conforme o testemunho de amigos, Figner  prometeu aos  confrades escrever do além tão logo lhe fosse possível.
Figner tinha suas próprias convicções sobre o trespasse e os conseguintes desdobramentos –  conforme se verá no presente depoimento.  Por razão disso, em dado momento desta narração, ele confessa ao médium, nosso querido Chico Xavier, de suas surpresas, valendo estes apontamentos como acréscimos para 
nossa instrução.
Voltou, Frederico Figner, ou seja, irmão Jacob!  E suas experiências  – embora sempre devamos resguardar as particularidades de cada um  –, fora de dúvida, são ensejos para nossas reflexões.
Comecemos com esta admoestação, proferida pelo Irmão Jacob:
“Não se acreditem quitados com a lei, atendendo pequeninos deveres de solidariedade humana”.

Equipe Luz Espírita

domingo, 28 de outubro de 2012

ESTUDO DO LIVRO " O ESPÍRITO DA VERDADE " - MARIA J. SANCHES


NO REINO DA AÇÃO 
Cap. X – Item 1 

Não condene. 
Ajude ao outro. 
Cultive serenidade. 
Use os próprios recursos para fazer o bem. 
Proceda com bondade, sem exibição de virtude. 
Seja qual for o problema, façao melhor que você puder. 
Não admita a supremacia do mal. 
Fuja de todo pensamento, palavra, atitude ou gesto que possam agravar as complicações de alguém. 
Ouça com paciência e fale amparando. 
Recorde que amanhã você talvez esteja precisando também de auxilio e, em toda situação indesejável, mesmo que o próximo demonstre necessidade de reprimenda, observe, conforme a lição de Jesus, se você está em condições de atirar a pedra. 

André Luiz

domingo, 21 de outubro de 2012

ESTUDO DO LIVRO " O ESPÍRITO DA VERDADE " - MARIA J. SANCHES


A POESIA PERDIDA
Cap. VI – Item 4 

O consolador é a onipresença de Jesus na Terra. 
Ao influxo da Benemerência Celeste, ele asserena os gestos 
impensados das criaturas que gemem esporeadas pelas provações; aplaca os gritos blasfemos que se elevam de muitas bocas com 
requintes insaciáveis de orgulho; recompõe os rostos incendidos pelo fogo de multifárias paixões e soergue os proscritos do remorso que se escondem nas dores devoradoras, desmemoriados na retificação que o destino lhes retraça. 
O Consolador Prometido!... 
Sursum corda!
Res, non verba!...
Seguindo-lhe os ditames, jamais desfeches o alvo em mira, pois os olhos voltívolos não podem fixar os painéis vislumbrados nos cimos. 
Recorda que todas as cenas humanas têm seus bastidores espirituais. Se vives em ânsia de paz interior, sustém o império sobre ti mesmo. 
Espaneja em ti a carusma dos preconceitos que te dançam na mente, qual poeira de sombra, entenebrecendo-te a razão. 
Recoloque os ideais com novas tintas de alegria, esperança e coragem, no combate aos erros bastas vezes milenares. 
Estende um pensamento bom aos cépticos transviados no dédalo das indagações contraditórias, ferretoados no duelo interior da dúvida. 
Foge à voz bramidora da censura para que os teus lábios festejem os ouvidos alheios com expressões de conselho e acentos de consolo. 
Borda a palavra com doçura e repete mansamente a própria benção quando a tua voz se perca entre os clamores dos que passam a vociferar rebeldia e avançam espavoridos por veredas em chamas. 
Socorre a mães desditosas, cujos filhinhos doentes vertem lá-grimas a se transmutarem nos livores macilentos da morte. 
Afaga, ao calor das frases de fraternidade revigoradora, as têmporas encanecidas e latejantes que te suplicam algum óbolo de carinho. 
Desfaze o véu do pranto de agonia de quem chora às ocultas, no sarcófago das trevas de si mesmo. 
Derrama preces confortativas entre os peregrinos da morte que 
não se resguardaram para a Grande Viagem e carreiam o coração 
em atropelos, de espanto a espanto, ante a perpetuidade da vida. 
Em toda estrada vicejam alfombras de sorrisos e chovem lá-grimas de aflição, mas o amor, com o Cristo-Jesus, recupera a poesia perdida ao longo do nosso caminho, pois só ele transforma o miasma em perfume, o incêndio em luz, o espinho em flor, o deserto em jardim e a queda em ascensão. 

Manuel Quintão

domingo, 14 de outubro de 2012

ESTUDO DO LIVRO " O ESPÍRITO DA VERDADE " - MARIA J. SANCHES


DISCÍPULOS DE CRISTO 
Cap. VI – Item 3 

Somos discípulos do Cristo. 
Mas, repetindo com Ele a sublime afirmação: – “Pai nosso que estais no céu”, esperamos que Deus se transforme em nosso Escravo particular, atento às nossas ilusões e caprichos. 
Somos discípulos do Cristo. 
Contudo, redizendo junto a Ele as inesquecíveis palavras de submissão ao Criador: – ”Seja feita a vossa vontade”, assemelhamo-nos a vulcões de imprecações, sempre que nos sintamos contrariados na execução de pequeninos desejos. 
Somos discípulos do Cristo. 
Entretanto, refazendo com Ele a súplica ao Pai de Infinito Amor: – ”o pão de cada dia dai-nos hoje”, reclamamos a carcaça do boi e a safra do trigo exclusivamente para a nossa casa, esquecendo-nos de que, ao redor de nossa mesa insaciável, milhares de companheiros desfalecem de fome. 
Somos discípulos do Cristo. 
Todavia, depois de implorar com o Sábio Orientador à Eterna Justiça: – “perdoai as nossas dívidas”, mentalizamos, de imediato, a melhor maneira de cultivar aversões e malquerenças, aperfeiçoando, assim, os métodos de odiar os mais fortes e oprimir os mais fracos. 
Somos discípulos do Cristo. 
No entanto, mal acabamos de pedir a Deus, em companhia do Grande Benfeitor: – “Não nos deixeis cair em tentação”, procuramos, por nós mesmos, aprisionar o sentimento nas esparrelas do vício. 
Somos discípulos do Cristo. 
Contudo, rogando ao Todo-Poderoso, junto do Inefável Companheiro: – “livrai-nos de todo mal”, construímos canhões e fabricamos bombas mortíferas para arrasar a vida dos semelhantes. 
Somos discípulos do Cristo. 
Mas convertemos o próximo em alimária de nossos interesses escusos, olvidando o dever da fraternidade, para desfrutarmos, no mundo, a parte do leão. 
É por isso que somos, na atualidade da Terra, os cristãos incrédulos, que ensinam sem crer e pregam sem praticar, trazendo o cérebro luminoso e o coração amargo. 
E é assim que, atormentados por dificuldades e crises de toda espécie – aflitiva colheita de velhos males –, cada qual de nós tem necessidade de prosternar-se perante o Mestre Divino, à maneira do escriba do Evangelho, guardando n’alma o próprio sonho de felicidade, enfermiço ou semimorto, a exorar em contraditória rogativa: 
– ”Senhor, eu creio! Ajuda a minha incredulidade!” 

Jacinto Fagundes

domingo, 7 de outubro de 2012

ESTUDO DO LIVRO " O ESPÍRITO DA VERDADE " - MARIA J. SANCHES

CONTRASTES
Cap. III – Item 6


Existem contrastes exprimindo desigualdades.
Muitas criaturas encarnadas querem fugir da vida humana; contudo, as filas da reencarnação congregam milhares de candidatos ansiosos pelorenascimento...
Legiões de trabalhadores se esquivam do trabalho; no entanto, sempre há multidões de desempregados...
Numerosos alunos negligenciam os estudos; todavia, inúmeros jovens não têm qualquer oportunidade de acesso às casas de instrução, embora o desejem ardentemente...
*
Existem contrastes tecendo contradições.
Tudo prova a presença do Criador no Universo; todavia, mentes recheadas de conhecimento não crêem na Realidade Divina...
Todos podemos dar algo em favor do próximo; no entanto, muitos possuem em abundância e nada oferecem a ninguém...
Temos a apologia da paz onipresente; contudo, extensa maioria forja a guerra dentro de si mesma...
Existem contrastes gravando ensinamentos.
Há direitos idênticos e deveres semelhantes; contudo, há vontades diferentes, experiências diversas e méritos desiguais...
A caridade mais oculta aos homens é, no entanto, a mais conhecida por Deus...
A vida humana constitui cópia imperfeita da Vida Espiritual; todavia, a perfeição das grandes Almas desencarnadas da Terra foi adquirida no solo rude do planeta...


André Luiz