quarta-feira, 8 de maio de 2013
LIVRO: VOLTEI DE CHICO XAVIER PELO ESPÍRITO DE FREDERICO FIGNER
ANTE A NECRÓPOLE
Assistia, enfim, ao sepultamento de minhas vísceras cansadas. A solenidade, referentemente à qual tanta vez me reportara, descortinava-se-me ao olhar possuído de assombro.
De envolta com as relações afetiva do mundo compacta assembleia de desencarnados se pôs em movimento. Nosso grupo continuava reduzido, mas aumentara. Outros amigos se reuniram a nós, abraçando-me. Declarava-me desejosos de me acompanhar na passagem para a esfera próxima.
Intensa curiosidade dominava-me as emoções, quando o cortejo estacou.
Era a entrada para a necrópole, afinal.
Todo o local se enchia de gente desencarnada. Francamente, intentei seguir para dentro, mas Bezerra, num abraço fraternal, recomendou, compassivo:
– Meu amigo, não tente a lição agora. Recordemos a parábola e deixemos aos mortos o cuidado de enterrar os mortos.
Em seguida, solicitou aos novos circunstantes nos deixassem a sós, até o instante da retirada definitiva.
Percebendo-me o desapontamento, observou-me, bem-humorado:
– Jacob, você não sabe o que está desejando. Por enquanto, os enterros muito concorridos impõem grandes perturbações à alma. Além disso, não desconhece que as vibrações daqueles que o amam procura-lo em qualquer parte.
Em virtude do parecer respeitável, afastei-me do corpo moto, no momento em que penetrava a nova moradia.
A PASSAGEM
Quantas vezes; julguei que morrer constituísse mera libertação, que a alma, ao se desvencilhar dos laços carnais, voejaria em plena atmosfera usando as faculdades volitivas! Entretanto, se é fácil alijar o veículo físico, é muito difícil abandonar a velha morada do mundo.
Posso hoje dizer que os elos morais são muito mais fortes que os liames da carne e, se o homem não se preparou, convenientemente, para a renúncia aos hábitos antigos e comodidades dos sentidos corporais, demorar-se-á preso ao mesmo campo de luta em que a veste de carne se decompõe e desaparece. E se esse homem complicou o destino, assumindo graves compromissos à frente dos semelhantes, através de ações criminosas, debater-se-á, chorará e reclamará embalde, porque as leis que mantêm coesos os astros do Céu e as células da Terra lhe determinam o encarceramento nas próprias criações inferiores.
Se o bem salva e ilumina, o mal perde e obscurece.
Livremo-nos do débito, para que não venhamos a mergulhar no resgate laborioso, e corrijamos o erro, enquanto a hora é favorável, evitando a retificação muita vez dolorosa.
NA EXPECTATIVA INQUIETANTE
Agora, que me desembaraçara do corpo grosseiro, então restituído à terra, mãe comum das formas mortais, intrigava-me o próprio destino.
Abandonamos o cemitério e, preocupado, reparei que Marta sorria afavelmente para mim. Bezerra e o Irmão Andrade despediram-se com afetuoso abraço, declarando que nos esperariam dentro de duas horas, em determinado sítio fronteiro ao mar.
Minha filha respondeu por mim, afirmando que não faltaríamos. Sozinhos, agora, perguntou-me se não pretendia dizer adeus ao antigo ninho doméstico.
AQUIESCI, CONTENTE
Com que ansiedade tornei ao ambiente familiar! Contemplei enternecido, tudo o que fora amontoado pela ternura das filhas em derredor das minhas necessidades de velho e, de permeio com o pranto que me assomou abundante aos olhos, aí espalhei os meus pensamentos e votos de paz e reconhecimento.
Visitei o núcleo de trabalho em que tantas vezes fora beneficiado pela graça divina, abracei espiritualmente alguns amigos e pus-me a caminho, na direção da praia.
A que destino me conduzia? Desencarnado como me achava, por que motivo não me vinha à lembrança, de súbito, toda a trama da reminiscência do passado? Por que razão não me recordava da anterior libertação espiritual? Onde se localizaria minha nova habitação? Na região europeia em que eu reencarnara ou na zona americana em que fora servido pelas benditas oportunidades do serviço e da experiência?
Marta assinalou-me a inquietude e recomendou-me paciência. Teria os problemas solucionados, pouco a pouco.
Em rápidos minutos, alcançamos a praia.
Para onde me dirigiria?
Assistia, enfim, ao sepultamento de minhas vísceras cansadas. A solenidade, referentemente à qual tanta vez me reportara, descortinava-se-me ao olhar possuído de assombro.
De envolta com as relações afetiva do mundo compacta assembleia de desencarnados se pôs em movimento. Nosso grupo continuava reduzido, mas aumentara. Outros amigos se reuniram a nós, abraçando-me. Declarava-me desejosos de me acompanhar na passagem para a esfera próxima.
Intensa curiosidade dominava-me as emoções, quando o cortejo estacou.
Era a entrada para a necrópole, afinal.
Todo o local se enchia de gente desencarnada. Francamente, intentei seguir para dentro, mas Bezerra, num abraço fraternal, recomendou, compassivo:
– Meu amigo, não tente a lição agora. Recordemos a parábola e deixemos aos mortos o cuidado de enterrar os mortos.
Em seguida, solicitou aos novos circunstantes nos deixassem a sós, até o instante da retirada definitiva.
Percebendo-me o desapontamento, observou-me, bem-humorado:
– Jacob, você não sabe o que está desejando. Por enquanto, os enterros muito concorridos impõem grandes perturbações à alma. Além disso, não desconhece que as vibrações daqueles que o amam procura-lo em qualquer parte.
Em virtude do parecer respeitável, afastei-me do corpo moto, no momento em que penetrava a nova moradia.
A PASSAGEM
Quantas vezes; julguei que morrer constituísse mera libertação, que a alma, ao se desvencilhar dos laços carnais, voejaria em plena atmosfera usando as faculdades volitivas! Entretanto, se é fácil alijar o veículo físico, é muito difícil abandonar a velha morada do mundo.
Posso hoje dizer que os elos morais são muito mais fortes que os liames da carne e, se o homem não se preparou, convenientemente, para a renúncia aos hábitos antigos e comodidades dos sentidos corporais, demorar-se-á preso ao mesmo campo de luta em que a veste de carne se decompõe e desaparece. E se esse homem complicou o destino, assumindo graves compromissos à frente dos semelhantes, através de ações criminosas, debater-se-á, chorará e reclamará embalde, porque as leis que mantêm coesos os astros do Céu e as células da Terra lhe determinam o encarceramento nas próprias criações inferiores.
Se o bem salva e ilumina, o mal perde e obscurece.
Livremo-nos do débito, para que não venhamos a mergulhar no resgate laborioso, e corrijamos o erro, enquanto a hora é favorável, evitando a retificação muita vez dolorosa.
NA EXPECTATIVA INQUIETANTE
Agora, que me desembaraçara do corpo grosseiro, então restituído à terra, mãe comum das formas mortais, intrigava-me o próprio destino.
Abandonamos o cemitério e, preocupado, reparei que Marta sorria afavelmente para mim. Bezerra e o Irmão Andrade despediram-se com afetuoso abraço, declarando que nos esperariam dentro de duas horas, em determinado sítio fronteiro ao mar.
Minha filha respondeu por mim, afirmando que não faltaríamos. Sozinhos, agora, perguntou-me se não pretendia dizer adeus ao antigo ninho doméstico.
AQUIESCI, CONTENTE
Com que ansiedade tornei ao ambiente familiar! Contemplei enternecido, tudo o que fora amontoado pela ternura das filhas em derredor das minhas necessidades de velho e, de permeio com o pranto que me assomou abundante aos olhos, aí espalhei os meus pensamentos e votos de paz e reconhecimento.
Visitei o núcleo de trabalho em que tantas vezes fora beneficiado pela graça divina, abracei espiritualmente alguns amigos e pus-me a caminho, na direção da praia.
A que destino me conduzia? Desencarnado como me achava, por que motivo não me vinha à lembrança, de súbito, toda a trama da reminiscência do passado? Por que razão não me recordava da anterior libertação espiritual? Onde se localizaria minha nova habitação? Na região europeia em que eu reencarnara ou na zona americana em que fora servido pelas benditas oportunidades do serviço e da experiência?
Marta assinalou-me a inquietude e recomendou-me paciência. Teria os problemas solucionados, pouco a pouco.
Em rápidos minutos, alcançamos a praia.
Para onde me dirigiria?