quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

LIVRO: VOLTEI DE CHICO XAVIER PELO ESPÍRITO DE FREDERICO FIGNER


Minha filha!
Observando-me relegado às próprias obras (por que não confessar?), senti-me  sozinho e amedrontei-me. Esforcei-me por  gritar, implorando socorro, porém, os músculos não mais me obedeceram.
Busquei abrigar-me na prece, mas o poder de coordenação escapava-me.
Não conseguiria precisar se eu era um homem a morrer ou um náufrago a debater-se em substância desconhecida, sob extremo nevoeiro.  Naquele intraduzível conflito, lembrei mais insistentemente o dever de orar nas  circunstâncias mais duras... Rememorei a passagem evangélica em que Jesus acalma  a tempestade, perante os companheiros espavoridos, rogando ao Céu salvação e piedade...
Forças de auxílio dos nossos protetores espirituais, irmanadas à minha confiança, sustaram as perturbações. Braços vigorosos, não obstante invisíveis para mim, como que me reajustavam no leito. Aflição asfixiante, contudo, oprimia-me o íntimo. Ansiava por libertar-me. Chorava conturbado, jungido ao corpo desfalecente,  quando tênue luz se fez perceptível ao meu olhar. Em meio do suor copioso lobriguei  minha filha Marta a estender-me os braços. Estava linda como nunca. Intensa alegria  transbordava-lhe do semblante calmo. Avançou, carinhosa, enlaçou-me o busto e  falou-me, terna, aos ouvidos:  “Agora, paizinho, é necessário descansar”.

“A CRISE DA MORTE” – Nota do autor espiritual. 

Tentei movimentar os braços de modo a retribuir-lhe o gesto de amor, 
mas não pude erguê-los. Pareciam guardados sob uma tonelada de chumbo.
O pranto de júbilo e reconhecimento, porém, correu-me abundante dos olhos. Quem era Marta, naquela hora, para mim? Minha filha ou minha mãe? Difícil responder. Sabia apenas que a presença dela representava o mundo diferente, em nova revelação. E entreguei-me, confiado, aos seus carinhos, experimentando felicidade impossível de descrever.